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quarta-feira, 21 de março de 2012

O “sacrifício” da filha de Jefté – Juízes 11:29-40.

Essa questão tem gerado algumas divergências, mas que não precisam causar desarmonia nas igrejas cristãs.
Alguns comentaristas acreditam – e assim posiciona-se o Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia – que, realmente, a filha de Jefté foi sacrificada. Outros, como por exemplo, o professor de Teologia no Unasp (que hoje descansa no Senhor), Pedro Apolinário, acreditam que na verdade ela não foi sacrificada, mas sim devotada à perpétua virgindade.
[Querendo aprofundar-se no estudo do tema recomendo a leitura do livro do professor Apolinário, intitulado Leia e Compreenda Melhor a Bíblia – Imprensa Universitária Adventista - fone: (19) 3858-9000)]
O detalhe é que, de acordo com o original hebraico, as duas teses podem ser defendidas:
O texto de Juízes 11:31 também poderia ser traduzido da seguinte forma: “… será do Senhor e lhe oferecerei [a Deus] um holocausto [ou seja, de um animal]” ao invés de “… será do Senhor, e eu o oferecerei [uma pessoa] em holocausto”.
Os defensores do sacrifício da filha de Jefté argumentam (entre outras coisas) que (1) Deus poderia ter perdoado a atitude de seu servo imprudente (o que é verdade, pois o perdão do Senhor é ilimitado) e que, (2) se a filha dele fosse apenas dedicada à perpétua virgindade, não necessitaria de dois meses para chorá-la.
Já os que não adotam essa linha de interpretação (eu, por exemplo) afirmam que (1) ela necessitou de dois meses para chorar pela sua perpétua virgindade não porque iria morrer, mas sim porque o voto de seu pai era de natureza irremissível e que, (2) seria difícil provar que Jefté fosse ignorante em relação às leis de Deus em relação aos sacrifícios humanos, expostas em Levítico 18:21; 20: 2-5; Deuteronômio 12:31; 18:10, etc. Por isso (por ter tido fé em Deus e não por ter sacrificado cruelmente a filha), Jefté pôde ser mencionado na galeria dos heróis da fé em Hebreus 11 (verso 32).
Seja qual for a opinião que adotemos, não nos esqueçamos de que o mais importante é respeitarmos nossos irmãos e, de forma alguma, ferirmos a consciência de quem pensa diferente sobre esse texto bíblico. A compreensão ou não desse tipo de detalhe não interferirá em nossa salvação individual e muito menos em nosso entendimento do caráter amoroso de Deus.
Leandro Soares de Quadros
Jornalista – consultor bíblico

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