Veja o que escreveu um internauta aqui nesse blog, a respeito do artigo “Os Sábados de Colossenses 2:16” (Partes 1, 2, 3 e 4 – primeiro link:
http://novotempo.com/namiradaverdade/index.php?s=colossenses&paged=2):
“… Concordo que “xeipoypafov” não tenha o significado de “lei”… Mas como traduzir ou interpretar 2 Coríntios 3:7, onde diz que “se o ministério de MORTE GRAVADO COM LETRAS EM PEDRA, tornou-se em glória, de forma que os filhos de Israel não podiam contemplar a face de Moisés por causa da glória do seu rosto, que já estava se acabando…”?
“Paulo chama de ministério de morte as letras gravadas em pedras, letras essas que só temos relatado no velho testamento, conhecido também como os 10 mandamentos, ou como você preferir lei moral.
“Sei que você não vai me responder mesmo, deixo essa para o senhor resolver.
Confesso que gostaria muito em ver o senhor responder tal pergunta.
Paz do Senhor Jesus, o nosso único descanso espiritual, independente de dia (Mt. 11.28-30).” (Grifos acrescentados).
Esse é o desafio do internauta Jean Patrik. Primeiramente fico feliz em ver que o amigo entende que Colossenses 2:14 não se refere à Lei. Isso é indício de que estuda a Bíblia e busca a verdade.
A seguir, responderei conforme os tópicos que apresentou. Aguardarei suas considerações.
“COMO TRADUZIR 2 CORÍNTIOS 3:7?”
Mais que traduzido, o texto precisa ser corretamente interpretado.
Se a Lei de Deus é o “ministério da morte”, então o Criador é um assassino, pois, Ele nos pede obediência (João 14:15). Agora, se o ministério da morte for visto como a forma como a Lei era aplicada aí sim as coisas ficam fáceis de entender. Não devemos nos esquecer que no contexto da carta aos Coríntios “O propósito do apóstolo era refutar aos seus adversários judaizantes de Corinto [... 2 Coríntios 11:22] cujo ministério era da “letra” e não do “espírito”.” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 6, p. 847). Os judaizantes que questionavam o ministério de Paulo haviam pervertido a compreensão correta da Lei e, por isso, a forma como eles ministravam os ensinamentos de Deus se tornou um fardo.
Também é importante lembrarmos que Paulo destaca nesse verso uma das funções da Lei: mostrar que somos pecadores (ler Romanos 3:20). Ela é chamada de “ministério da morte” por que mostra a nossa condição pecaminosa e, ao mesmo tempo, nos condena à morte eterna como punição (Romanos 6:23; ler 2 Coríntios 3:9). Por cauã dos Dez Mandamentos sentimos a necessidade de um Salvador e consequentemente vamos a Ele para sermos salvos (por Ele).
Portanto, Paulo está argumentando o seguinte em 2 Coríntios 3:7: “A Lei não é o meio de salvação, assim como pensam os judaizantes. Ela mostra nossa condição miserável para recorrermos a Jesus. Ela não tem função salvífica. Precisa ser obedecida com a ajuda do Espírito Santo (verso 6) por que é Ele quem a escreve no coração do ser humano (Hebreus 8:10)”. Longe de ser o caminho da salvação (Efésios 2:8, 9) a Lei é o resultado de um coração transformado pela graça de Jesus (Efésios 2:10; Tito 3:7-8). Paulo não está abolindo a Lei (mesmo porque Jesus não deu autoridade para ser humano algum fazer isso – ver Mateus 5:17-19), mas, colocando-a no seu devido lugar. Se não fosse esse propósito do apóstolo, 1 Timóteo 1:8 perderia o sentido:
“Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo” 1 Timóteo 1:8.
A Lei de Deus existente em toda a Sua Palavra é considerada “santa, justa e boa” (Romanos 7:12). Não cremos que Paulo tivesse “dupla personalidade” ao ponto de afirmar que o mandamento “santo, justo e bom” seja “o ministério da morte” quando observado da maneira correta.
Por que ele afirmaria que a Lei é boa e pode ser seguida de forma legítima se a mesma não mais vigora depois da morte de Cristo? Analisem isso todos os sinceros filhos de Deus que acessam esse blog.
Paulo incentiva em suas cartas uma obediência interna, pelo Espírito (2 Coríntios 3:6). Afinal, não existe desobediência pelo Espírito em Romanos 8. Quem ler esse capítulo e continuar crendo na ideia horrorosa de que a Lei foi abolida, terá de dar contas a Deus, pois, mesmo obedecendo a Deus com a ajuda do Espírito Santo, o texto é claro em afirmar que, os que não estão em harmonia com a Lei de Deus, O desagradam:
“Porque as pessoas que vivem de acordo com a natureza humana têm a sua mente controlada por essa mesma natureza. Mas as que vivem de acordo com o Espírito de Deus têm a sua mente controlada pelo Espírito. As pessoas que têm a mente controlada pela natureza humana acabarão morrendo espiritualmente; mas as que têm a mente controlada pelo Espírito de Deus terão a vida eterna e a paz. Por isso as pessoas que têm a mente controlada pela natureza humana se tornam inimigas de Deus, pois não obedecem à lei de Deus e, de fato, não podem obedecer a ela. As pessoas que vivem de acordo com a sua natureza humana não podem agradar a Deus.” Romanos 8:5-8 (Nova Tradução Na Linguagem de Hoje)
Deixar de lado a Lei é “viver de acordo com a natureza humana” o que trará morte espiritual. Viver no Espírito é, pela graça de Deus, obedecê-Lo (lembrando que a santificação é um processo que leva a vida toda). Como a tese antinomista (de que a lei foi abolida) pode resistir a tal argumento do apóstolo Paulo?
Seguir os Dez Mandamentos não mata ninguém… (2 Coríntios 3:7) – Parte 2
Os oponentes à Lei de Deus apresentam um “quadro comparativo” entre o Antigo e o Novo Testamento para “provar” que “o mandamento do Sábado não foi repetido nos escritos dos apóstolos”.
Essa ideia não pode ser chamada de argumento, tamanho o absurdo que o cristão é levado a aceitar se ela for verdadeira:
1) Que o Novo Testamento difere do Antigo. Então a Bíblia não é uma só – seria uma heresia afirmar uma coisa dessas, de acordo com 2 Timóteo 3:16;
2) Que o Deus do Antigo Testamento, manifesto também na Segunda Pessoa da Divindade (Isaías 44:6; compare com Apocalipse 1:17) erra, no seguinte sentido: “bom: pedi para os Israelitas guardarem o Sábado. Como não deu certo, chamarei a Lei de ministério da morte e tirarei das pessoas a obrigação de me adorarem no meu santo dia (Isaías 58:13, 14; Marcos 2:27, 28).”
3) Que o Espírito Santo, a Terceira Pessoa da Trindade, se contradiz. “Eu disse em Hebreus 8:10 que, o resultado da santificação efetuada por mim é a inscrição e impressão dos mandamentos no íntimo do ser humano. Já em 2 Coríntios 3:7 digo que a Lei que manda não matar, não roubar, não adulterar, é ministério de morte. Por isso, quem quiser aceite Hebreus 8:10 e, os que preferirem fiquem somente com 2 Coríntios 3:7.”
4) Que Jesus em João 5:39, ao nos orientar a examinarmos as Escrituras, estaria insinuando: “Leiam todo o Antigo Testamento mas não aceitam os Dez Mandamentos, mesmo que eu tenha guardado o Sábado, como afirma Lucas 4:16” [só faltava alguém dizer que “Jesus guardava o Sábado por que era judeu...” sendo que o texto afirma claramente que o Salvador separava o sétimo dia SEGUNDO O COSTUME DELE. Ele não veio agradar os judeus; pelo contrário, os desagradou bastante naquela época...]
5) Que os LINDOS princípios morais dos Dez Mandamentos – que nos ajudam a nos relacionarmos com Deus, com o próximo e que dão qualidade de vida – não são mais necessários em nosso mundo que quer viver sem princípios! Veja o que está por trás de cada um dos Dez Mandamentos encontrados em Êxodo 20:1-17 e em Deuteronômio 5:6-21:
Primeiro mandamento: Lealdade a Deus
Segundo mandamento: Adorar a Deus
Terceiro mandamento: Respeitar a Deus
Quarto mandamento [que a grande maioria não gosta]: Santidade e adoração ao Criador (Êxodo 20:11) e Salvador (Deuteronômio 5:15)
Quinto mandamento: Respeito pela autoridade
Sexto mandamento: Amor ao próximo
Sétimo mandamento: Pureza
Oitavo mandamento: Honestidade
Nono mandamento: Verdade, autenticidade
Décimo mandamento: Contentamento
Já imaginou tais princípios de vida sendo chamados de “ministério da morte”? Até que ponto um ser humano pode chegar…
[E ainda tem a questão do dízimo, querido leitor. Gostaria de saber de Jean Patrik se o mandamento do dízimo, pelo fato de “não ser repetido no Novo Testamento” também foi abolido...]
Isso já seria suficiente para concluirmos e encerrarmos a discussão, pois, se toda a Bíblia é da autoria do Espírito Santo, não há como separá-la em Antigo e Novo Testamento, a não ser com fins didáticos. Porém, como escreveu A. B. Christianini sobre um “quadro” que “mostra os outros nove mandamentos sendo repetidos “menos o quarto preceito”: “…aquele gráfico [é] omisso…” (CHRISTIANINI. Subtilezas do Erro, 1981, p. 187)e, por tal motivo, preciso continuar.
Na Bíblia há textos que mostram cerca de 90 reuniões religiosas no dia de Sábado, nos dias do Novo Testamento (Conferir A. B. Christianini em Subtilezas do Erro. Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1981, p. 186-189).
Lembremos de que o exemplo fala MUITO MAIS que as palavras… Se Cristo, os apóstolos e os demais judeus cristãos se reuniram no Sábado para adoração, será que eles guardavam o domingo ou acreditavam na abolição da Lei? Pense nisso com carinho.
O que outros autores cristãos dizem sobre a Lei e 2 Coríntios 3:7
Para finalizar, é importante expor para os sinceros a opinião de eminentes teólogos sobre o assunto:
SALOMÃO L. GINSBURG, pastor batista: “As idéias que alguns fazem da Lei de Deus, são errôneas e muitas vezes perniciosas. O arrojo ou a ousadia dos tais, chega a ponta de ensinar ou fazer sentir que a Lei já foi abolida… Os que ensinam a mentira de que a lei não possui mais valor … ainda não leram com certeza os versículos que nos servem de texto (S. Mat. 5:17-19). Deus não muda, nem o Seu poder, nem a Sua glória; os Seus preceitos são eternos.
“Vamos mais longe: essa Lei é a base da moralidade social, e será crível que tal base seja abolida, isto é, que se mate, adultere, furte, calunie? Não! Essa Lei é toda digna de nossa admiração, respeito e acatamento.
“Jesus veio pôr em prática a Lei e não abolir.” – O Decálogo ou os Dez Mandamentos, p.p. 4 e 7
WILLIAM BRACLAY, uma das maiores autoridades em Novo Testamento para os protestantes:
“A velha aliança era mortífera. Por quê? Produzia uma relação legal entre o homem e Deus. Com efeito, dizia: “Se você deseja manter sua relação com Deus, deve guardar estas leis, e se as transgride, perderá sua relação.”
“Portanto estabelecia uma situação em que Deus era essencialmente o juiz e o homem um delinqüente perpetuamente em falta perante o estrado do juízo de Deus. Era mortífera porque matava certas coisas… Os judeus preferiam a velha aliança, a lei. Rechaçavam a nova, a nova relação em Cristo. Não se trata de que a velha aliança fosse má; mas sim estava situada num lugar de segunda importância, era um degrau no caminho…” – The Second Letter to the Corinthians, p.p. 37, 38.
Seguir os Dez Mandamentos não mata ninguém… (2 Coríntios 3:7) – Parte 3
A. HOPKINS STRONG (teólogo batista): “Nem tudo na lei mosaica está abolido na cruz. Cristo não cravou em Sua cruz nenhum mandamento do Decálogo.” “A graça deve ser entendida, contudo, não como abolindo a lei, mas como estabelecendo-a e reforçando-a (Rom. 3:31 ‘estabelecemos a lei’) – Systematic Theology, vol. 2, p.p. 408 e 548.
MOODY, outra grande autoridade em Novo Testamento:
“O contraste entre a letra mata e o espírito vivifica não é um contraste entre o extremo literalismo e o livre manejo das Escrituras (como no método alegórico de interpretação); antes, o contraste é entre a Lei e um sistema de salvação que exige obediência perfeita (cons. Rm. 3:19,20; 7:1-14; 8:1-11; Gl. 3:1-14) e o Evangelho como o dom da graça de Deus em Cristo. Mesmo a Lei, entretanto, pode levar uma alma a Cristo (cons. Gl. 3:15-29; mas o judaísmo degenerado transformou-a em uma massa de formas sem vida (cons. Is. 1:10-20; Jr. 7:21-26)…” – Comentário Bíblico Moody sobre 2 Coríntios 3, p. 16.
Nem mesmo observadores do domingo concordam com doutrina da abolição da Lei.
“JESUS É O ÚNICO DESCANSO ESPIRITUAL INDEPENDENTE DE DIA – MATEUS 11:28-30
Até que ponto chegou o ser humano: o de invocar o nome de Jesus para “justificar” um comportamento desobediente… O mais saudável é reconhecer que o problema está em nós. Que não conseguimos guardar a Lei sozinhos e, por isso, a graça de Deus precisa atuar em nosso ser. Se agirmos assim, seguiremos pelo caminho da vida cristã rumo à santificação pelo Espírito Santo. Ao invés de acharmos o problema na Lei de Deus precisamos reconhecer que o problema está em nós. Se justificarmos nossa desobediência com a ideia de que “a Lei foi abolida”, não daremos ao Senhor a oportunidade de mudar nosso interior por que não estaremos sendo sinceros com Ele.
Realmente, o descanso espiritual precisa ser diário. Esse é o tema de Hebreus 4, que nos convida a entrarmos no repouso da graça. O repouso na graça – pela fé em Jesus – precisa ser desfrutado 24h durante toda a nossa vida. Todavia, no Sábado podemos repousar espiritualmente em Cristo por mais tempo que nos outros dias da semana. Uma pessoa que ama a Jesus irá descansar nEle também no Sábado por que:
1) Ele [Deus] criou esse “santuário no tempo” para desfrutarmos da companhia dEle – Gênesis 2:1-3; Êxodo 20:8-11 (o fato de no Sábado Deus ter dado mais tempo para ficarmos com Ele já bastaria para derrubar o argumento de que o descanso espiritual anula o descanso semanal);
2) Ela [a pessoa] terá consciência de que durante a semana, em meio às atividades de rotina, não há como separar um tempo de 24h para descansar espiritualmente em Cristo;
3) Ela não irá questionar a Deus ou se justificar dizendo que “o mais importante é guardar um dia em sete” pelo fato de ela aceitar o Senhorio de Deus na vida dela. Se Deus falou que é azul, não vou argumentar que pode ser vermelho. Se Ele disse para descansar no Sábado, por que farei birra com meu Pai Celeste e dizer que “eu quero” observar o domingo como dia santo?
O fato de em Hebreus 4 o autor usar o Sábado do sétimo dia como um símbolo do descanso em Cristo é uma prova irrefutável a favor do quarto mandamento. Se o sábado foi “cravado na cruz”; se “o dia de guarda foi mudado para domingo” por que o sábado – e não o domingo ou a sexta-feira – é usado como base do argumento do autor de Hebreus 4?
Espero que esse estudo ajude ao irmão Jean Patrick em seu estudo da Bíblia e a todo leitor que busca de coração fazer a vontade do seu Deus, pela graça que vem dEle (Romanos 11:5, 6).
Um abraço a todos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário