John Wesley
'Ora
Moisés descreve a justiça que é pela lei, dizendo: O homem que fizer estas
coisas viverá por elas. Mas a justiça que é pela fé diz assim: Não digas em teu
coração: Quem subirá ao céu? (isto é, a trazer do alto a Cristo.) Ou: Quem
descerá ao abismo? (isto é, a tornar a trazer dentre os mortos a Cristo.) Mas
que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a
palavra da fé, que pregamos'
(Romanos 10:5-8)
1.
O Apóstolo não contrapõe a aliança dada por Moisés, com a aliança dada por
Cristo. Se nós, alguma vez, imaginamos isto, foi por falta de observar que a
última, tanto quanto a primeira parte dessas palavras, foi falada pelo próprio
Moisés para o povo de Israel, e isto, concernente à aliança que, então, havia. (Deuteronômio
30:11-14) 'Porque este mandamento, que hoje te ordeno, não te é
encoberto, e tampouco está longe de ti. Não está nos céus, para dizeres: Quem
subirá por nós aos céus, que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o
cumpramos? Nem tampouco está além do mar, para dizeres: Quem passará por nós
além do mar, para que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos?
Porque esta palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a
cumprires'. Mas é a aliança da graça, que Deus, através de Cristo, tem
estabelecido, com homens de todas as épocas, (tanto quanto diante e sob o
desígnio judeu, desde que Deus foi manifestado na carne) que Paulo confronta
com as obras feitas com Adão, enquanto no paraíso, mas comumente supôs ser
apenas a aliança que Deus tem feito com o homem, particularmente por aqueles
judeus a quem o Apóstolo escreve.
2.
É destes que ele fala tão afetuosamente, no início desse capítulo: (Romanos
10:1-3) 'Irmãos, o bom desejo do
meu coração e a oração a Deus por Israel é para sua salvação. Porque lhes dou
testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento. Porque sendo
ignorantes da justiça de Deus', (da justificação que flui de sua mera graça
e misericórdia, livremente perdoando nossos pecados através do Filho de seu
amor, pela redenção que está em Jesus), 'buscando estabelecer a sua própria
retidão', (a própria santidade deles, antecedente à fé 'nele que
justifica o descrente' como o alicerce do perdão e aceitação deles) 'não
têm se submetido à retidão de Deus', e, conseqüentemente buscam a morte no
erro de suas vidas.
3.
Eles eram ignorantes de que 'Cristo é a finalidade da lei, para a retidão a
todo aquele que crê'; -- que, através da oblação de si mesmo, uma vez
oferecida, Ele colocou um fim à primeira lei ou aliança, (que, realmente, não
foi dada por Deus a Moisés, mas à Adão, em seu estado de inocência), o estrito
teor, a respeito do qual, sem qualquer diminuição, foi, 'Faça isto, e
viverá'; e, ao mesmo tempo, conseguido por nós aquela aliança melhor, 'Creia,
e viverá'; creia, e você será salvo; agora salvo, ambos da culpa e do poder
do pecado, e, da conseqüência, da paga dele.
4.
E quantos são igualmente ignorantes disto agora, mesmo entre esses que são
chamados pelo nome de Cristo! Quantos têm agora um 'zelo por Deus',
ainda assim, não o têm de 'acordo com o conhecimento'; mas estão ainda buscando 'estabelecer sua
própria justiça', como o alicerce do perdão e aceitação deles; e, portanto,
veementemente recusando-se a 'submeterem a si mesmos à retidão de Deus!'.
Certamente, o desejo de meu coração, e oração para o Deus por vocês, irmãos, é
que possam ser salvos. E, com o objetivo de remover essa grande pedra de tropeço de nosso caminho, eu vou me
esforçar para mostrar, Primeiro, qual a retidão, que é pela lei, e qual 'a
retidão que é pela fé'. Em Segundo Lugar, a insensatez de se acreditar na
retidão da lei, e a sabedoria de submeter-se àquela que é da fé.
I
1. E,
Primeiro, 'a retidão que é a da lei diz, o homem que faz tais coisas, deverá
viver por elas'. Observem constantemente e perfeitamente todas essas coisas
para fazê-las, e então, você viverá para sempre. Essa lei, ou aliança,
(usualmente chamada de Aliança das Obras), dada por Deus ao homem no paraíso,
requeria uma perfeita obediência em todas as suas partes, completa e não
faltando em coisa alguma, como a condição de sua permanência eterna na
santidade e felicidade, por meio dos quais, ele foi criado.
2.
Requeria-se que aquele homem preenchesse toda retidão interior ou exterior,
negativa ou positiva: Que ele pudesse, não apenas abster-se de toda palavra
inútil, e evitar toda obra pecaminosa, mas que mantivesse toda afeição, todo
desejo, todo pensamento, em obediência à vontade de Deus: Que ele pudesse
continuar santo, como Aquele que o havia criado era santo, ambos no coração, e
em toda a forma de conversação: Que ele pudesse ser puro no coração, assim como
Deus é puro; perfeito como seu Pai nos céus era perfeito: Que ele pudesse amar
o Senhor, seu Deus, com todo seu coração, com toda sua alma, com toda sua
mente, e com toda sua força; que ele pudesse amar cada alma que Deus fez, assim
como Deus o amava: Que, através dessa benevolência universal, ele pudesse
habitar em Deus (que é amor), e Deus nele: Que ele pudesse servir ao Senhor,
seu Deus, com toda as suas forças, e em todas as coisas, simplesmente
objetivando a sua glória.
3. Essas eram as coisas que a
retidão da lei requereu, para que aquele
que as cumprisse, pudesse viver por meio disto. Mas, mais além, requereu-se que
essa obediência completa a Deus; essa santidade interior e exterior; essa
conformidade, ambos do coração e vida para sua vontade, seria perfeita em
escalas. Nenhuma diminuição, nenhuma permissão poderia possivelmente ser feita,
por escassez, em algum nível, como de um jota ou um til, tanto da lei exterior,
quanto da interior. Se todo mandamento relacionado às coisas exteriores fosse
obedecido, ainda assim, isto não seria suficiente, a menos que cada um fosse
obedecido, com toda a força, na mais alta medida, e da maneira mais perfeita.
Nem respondia à pretensão dessa aliança, o amar a Deus, com todo poder e
faculdade, a menos que Ele fosse amado, com a completa capacidade de cada um, e
com toda a possibilidade da alma.
4. Uma coisa a mais era
indispensavelmente requerida pela retidão da lei, ou seja, que esta obediência
universal, essa perfeita santidade, ambos do coração e vida, pudesse ser
perfeitamente ininterrupta também; pudesse continuar, sem qualquer interrupção,
do momento em que Deus criou o homem, e soprou em suas narinas o fôlego da
vida, até os dias, em que seu julgamento tivesse terminado, e ele pudesse ser
confirmado na vida eterna.
5.
A retidão, então, que é da lei, fala dessa maneira: "Tu, ó homem de
Deus, permanecerás firme no amor, na imagem de Deus, por meio do qual foste
criado. Se tu permaneceres na vida, mantenhas os mandamentos, que agora foram
escritos em teu coração. Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de
toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Amarás, toda alma que Ele criou,
como a ti mesmo.. Desejarás nada, a não ser, Deus. Almejarás a Deus, em todos
os teus pensamentos, em toda palavra e obra. Não te desviarás, em um só
movimento de corpo ou alma, Dele, a tua marca, a recompensa de teu alto
chamado; e que tudo que existe em ti, seja um louvor ao Seu santo nome; todo
poder e faculdade de tua alma, de todo o tipo, em qualquer grau, e em todo o
momento de tua existência. 'Isto faças, e viverás': Tua luz brilhará; teu amor
inflamar-se-á, cada vez mais, até que sejas recebido no alto, na casa de Deus,
nos céus, para reinares com ele, para todo o sempre'".
6. Mas
a retidão que é da fé fala dessa maneira: Não diga ao teu coração, Quem subirá aos céus, ou
seja, trará Cristo do alto para a terra'; (como se fosse alguma tarefa
impossível a que Deus requereu que tu executasses previamente, com o objetivo
de tua aceitação); ou, Quem deverá descer para as profundezas: ou seja, trazer
Cristo de entre os mortos'; (como se isto ainda restasse ser feito, pelo que tu
deverás ser aceito); 'mas o que ela diz?'. A palavra, conforme o teor do
qual tu podes agora ser aceito, como herdeiro da vida eterna, 'está próxima
a ti, mesmo em tua boca, e em teu coração; ou seja, a palavra da fé que nós
pregamos',-- a nova aliança que Deus tem agora estabelecido com o homem
pecador, através de Jesus Cristo.
7. Através
da 'retidão que é da fé', significa, aquela condição de justificação,
(e, em conseqüência, de salvação presente e final, se nós resistirmos nisto até
o fim) que foi dada por Deus ao homem caído, através dos méritos e mediação de
seu Unigênito. Esta foi a parte revelada a Adão, logo após a sua queda; estando
contida em sua promessa original, feita a ele e sua semente, concernente a
Semente da Mulher, que deveria 'esmagar a cabeça da serpente'. (Gênesis
3:15) 'E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a
sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar'. Ela
foi um pouco mais claramente revelada a Abrão, através do anjo de Deus, dos
céus, dizendo: (Gênesis 17:16) 'Porque
eu a hei de abençoar, e te darei dela um filho; e a abençoarei, e será mãe das
nações; reis de povos sairão dela'. E foi ainda mais completamente
conhecida a Moisés, Davi, e todos os profetas que se seguiram; e, através
deles, às muitas pessoas de Deus, em suas respectivas gerações. Mas, ainda a
maior parte, mesmo desses, era ignorante dela; e muito poucos entenderam-na
claramente. Entretanto, 'vida e imortalidade' não foram assim
'trazidas à luz', aos judeus do passado, como elas são agora trazidas a
nós, 'através do Evangelho'.
8. Agora,
essa aliança não diz ao homem pecador: 'Execute a obediência, sem pecado, e
viva'. Se este fosse o termo, ela
teria nenhum proveito, através de tudo que Cristo fez e sofreu por ele, do que
se lhe fosse requerido, com o objetivo da vida, 'ascender ao céu e trazer
Cristo do alto'; ou 'descer às
profundezas', para o mundo
invisível, e 'erguer Jesus de entre os mortos'. Ela não requer qualquer
impossibilidade de ser feita: (Embora ao homem comum, o que ela requer seja
impossível; não o será para o homem assistido pelo Espírito de Deus): Esta era
apenas para escarnecer a fraqueza humana. De fato, falando estritamente, a
aliança da graça não requer que façamos alguma coisa, afinal, como sendo absoluta
e indispensavelmente necessária, com o objetivo de nossa justificação; mas
apenas, crer Nele que, por causa de seu Filho, e da expiação que Ele fez, 'justifica o não santo, que não trabalha', e
imputa sua fé, a ele por retidão. Assim sendo Abraão 'creu no Senhor, e ele
imputou isto a ele por retidão'. (Gênesis 15:6) 'E creu ele no
Senhor, e imputou-lhe isto por justiça'.'E ele recebeu o sinal da circuncisão,
o selo da retidão da fé, -- para que ele pudesse ser o pai de todos os que
crêem, -- para que a retidão pudesse ser imputada junto a eles também'.
'Agora ela
não foi escrita por causa de um apenas, ou seja', por exemplo, a fé 'foi
imputada a Ele; mas por nós também, a quem ela deveria ser imputada'; a
quem a fé deveria ser imputada por retidão; deveria permanecer no lugar da
obediência perfeita, com o objetivo da aceitação com Deus; 'se nós crêssemos
Nele, que ressuscitou Jesus, nosso Senhor, dos mortos; que foi entregue' à
morte, 'por nossas ofensas, e ressuscitou para nossa justificação'.
(Romanos 4:11) 'E recebeu o sinal da circuncisão, selo da
justiça da fé, quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os
que crêem, estando eles também na incircuncisão; a fim de que também a justiça
lhes seja imputada'.
Pela
segurança da remissão de nossos pecados, e da segunda vida a vir, àqueles que
crêem:
(Romanos 4:23-25) 'Ora, não só por causa dele está escrito, que
lhe fosse tomado em conta, mas também por nós, a quem será tomado em conta, os
que cremos naquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor o qual
por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação'.
9. O
que diz, então, a aliança do amor clemente e imerecido, e a misericórdia
redentora? 'Crê no Senhor Jesus Cristo, e tu serás salvo'. No dia em que
tu creres, certamente viverás. Serás restaurado, para o favor de Deus; e em seu
prazer é vida. Deverás ser salvo da maldição, e da ira de Deus. Deverás ser
vivificado da morte do pecado, na vida da retidão. E, se tu resistires, até o
fim, crendo em Jesus, nunca irás provar a segunda morte; mas, tendo sofrido com
teu Senhor, deverás também viver e reinar com Ele, para todo o sempre.
10.
Agora 'esta palavra está próxima a ti'. Esta condição de vida é clara e
fácil, e está sempre à mão. 'Está em tua boca, e em teu coração', através da operação do Espírito de Deus. No
momento em que 'tu creres em teu coração', Nele, a quem Deus ergueu
de entre os mortos', e 'confessares
com tua boca, o Senhor Jesus', como teu Senhor e teu Deus, 'tu deverás
ser salvo', da condenação, da culpa e punição de teus primeiros pecados, e
terás poder, para servires a Deus, na santidade verdadeira, todos os dias
restantes de tua vida.
11.
Qual é a diferença, então, entre a 'retidão que é da lei', e a 'retidão que é da fé:' – entre a
primeira aliança, ou a aliança das obras, e a segunda, a aliança da graça? A
diferença essencial e imutável é esta: Uma supõe que ele, a quem ela é dada, já
seja santo e feliz, criado na imagem, e desfrutando do favor de Deus; e
prescreve a condição em que ele poderá continuar nela, no amor e alegria, vida
e imortalidade: A outra supõe que ele, a quem ela é dada, seja agora impuro e
infeliz, expulso da gloriosa imagem de Deus, tendo a ira de Deus habitando
nele, e precipitando-se, através do pecado, por meio do qual sua alma está
morta, para a vida corpórea, e morte eterna; e para o homem neste estado, ela
prescreve a condição, por meio da qual ele poderá recuperar a pérola que ele perdeu, poderá recuperar o favor
e a imagem de Deus, recuperar a vida de Deus em sua alma, e ser restaurado para
o conhecimento e amor de Deus, que é o início da vida eterna.
12.
Novamente: A aliança de obras, com o objetivo da continuidade do homem no favor
de Deus, em seu conhecimento e amor, na santidade e felicidade, requereu do
homem perfeito, uma obediência perfeita e ininterrupta a cada ponto da lei de
Deus. Enquanto que a aliança da graça, com o objetivo da recuperação do homem
do favor, e da vida de Deus, requer apenas fé; fé viva, Nele que, através de
Deus, justifica aquele que não o obedeceu.
13. Ainda,
novamente: A aliança das obras requereu de Adão e todos os seus filhos, pagarem
o preço, eles mesmos, em razão do que, eles receberiam todas as bênçãos futuras
de Deus. Mas, na aliança da graça, vendo que não temos nada a pagar, Deus 'livremente
nos perdoa a todos': Contanto, apenas, que acreditemos Nele que pagou o
preço por nós; que deu a si mesmo como 'Sacrifício expiatório, pelos nossos
pecados; pelos pecados do mundo todo'.
14. Assim, a primeira aliança
requereu o que está agora longe de todos os filhos dos homens; ou seja, uma
obediência, sem pecado, que está distante daqueles que 'são concebidos e
nascidos no pecado'. Ao passo que a segunda requer o que está à mão; como
se pudesse ser dito: 'Tu és pecado! Deus é amor! Tu, pelo pecado, foste
excluído da glória de Deus; ainda assim, existe misericórdia Nele. Traze,
então, todos os seus pecados para o perdão de Deus, e eles se extinguirão como
uma nuvem. Se tu não fosses impuro, não haveria porque Ele justificar a ti como
impuro. Mas, agora, aproxima-te, na completa segurança da fé. Ele fala, e ela é
feita. Tu não deves temer, apenas crer; porque, sempre o justo Deus justifica
todos que crêem em Jesus'.
II
1.
Uma vez, essas coisas, consideradas, seria fácil mostrar, como eu propus fazer,
em Segundo Lugar, a tolice de confiar na 'retidão que é da lei', e a sabedoria que é submeter-se 'à retidão
que é da fé'. A insensatez desses que ainda confiam na 'retidão que é da
lei', cujos termos são, 'Faça isto, e viva', pode aparecer
abundantemente por esta razão: Ela parte de um erro: mesmo o seu primeiro passo
é um equívoco básico: Porque, antes que eles pudessem, alguma vez, pensar em
clamar por alguma bênção, nos termos dessa aliança, eles deveriam supor que
eles mesmos estivessem, nas mesmas condições que aqueles, aos quais essa
aliança fora feita. Mas que suposição inútil é esta; já que foi feita a Adão,
em um estado de inocência. Quão deficiente deve ser aquela construção que se
situa em tais fundações. E quão tolos são os que, assim, constroem sobre areia!
Que parece nunca ter considerado que a aliança das obras não foi dada para o
homem, quando ele estava 'morto nas transgressões e pecados',, mas
quando ele estava vivo para Deus, quando ele conheceu nenhum pecado, mas era
santo, como Deus é santo; que se esqueceu de que ela nunca foi designada para a
recuperação do favor e vida de Deus, uma vez perdida, mas apenas para a
continuação e crescimento, disto, até que possa ser completa na vida eterna.
2. Nem
quem está, assim, buscando estabelecer a sua 'própria retidão, que é da
lei', cogita qual seja aquela maneira de obediência ou retidão, que a lei
indispensavelmente requer. Ela deve ser perfeita e completa em todo ponto, ou
ela não responde à pretensão da lei. Mas qual de vocês é capaz de executar tal
obediência; ou, conseqüentemente, viver por meio dela? Quem entre vocês cumpre
cada jota e til, mesmo dos mandamentos exteriores de Deus? – fazendo nada,
grande ou pequeno, daquilo que Deus proíbe? – deixando nada do que Ele ordenou,
inacabado? – dizendo nenhuma palavra inútil? – tendo sua conversa sempre 'adequada
para ministrar a graça para seus ouvintes?' – e, 'o que quer que coma ou
beba; ou o que quer que você faça, fazendo tudo para a glória de Deus?'. E
quão menos, você é capaz de cumprir todos os mandamentos interiores de Deus! –
aqueles que requerem que cada temperamento e movimento de sua alma possam ser
santidade junto ao Senhor! Você é capaz de 'amar a Deus com todo o seu
coração?' – amar toda a humanidade, como a sua própria alma? –'orar sem
cessar? – em todas as coisas dando graças?' – ter Deus sempre diante de
você? – e manter cada afeição, desejo e pensamento, em obediência à sua lei?
3. Você pode considerar mais
além que a retidão da lei não requer apenas a obediência a todo comando de
Deus, negativo e positivo, interno e externo, mas igualmente no grau perfeito.
Em qualquer instância que seja, a voz da lei é, 'tu servirás ao Senhor teu
Deus com toda a tua força'. Ela não permite qualquer redução dessa espécie:
ela não perdoa falha: ela condena todo que se exclui da completa medida da
obediência, e imediatamente pronuncia uma punição sobre o ofensor: Ela
considera apenas as regras invariáveis da justiça, e diz, 'Eu não sei
mostrar misericórdia'.
4.
Quem, então, pode se apresentar, diante de tal Juiz, que é 'extremado para
marcar o que é feito de errado?'. Quão fracos são aqueles que desejam ser
tentados, no obstáculo onde 'nenhuma carne viva pode ser justificada!' --
ninguém da descendência de Adão. Porque, suponha que nós agora mantenhamos todo
mandamento, com toda nossa força; ainda assim, uma simples brecha que fosse,
destruiria completamente toda nossa reivindicação para a vida. Se ofendermos,
alguma vez, em algum ponto, essa retidão está no fim. Porque a lei condena todo
aquele que não executa tanto a obediência ininterrupta quanto a perfeita. De
modo que, de acordo com a sentença desta, para aquele que uma vez pecou, em
algum grau, 'resta apenas um olhar temeroso, por causa da indignação
irascível que deverá devorar os adversários' de Deus.
5. Não
é, então, o supra-sumo da tolice, o homem caído buscar vida, através da
retidão? -- o homem que foi 'moldado na maldade, e que foi concebido no
pecado?' -- que é, pela natureza, toda mundana, sensual, diabólica;
completamente corrupta e abominável; em quem, até que ele encontre graça, 'nenhuma
coisa boa habita'; mais ainda, quem não pode ter, por si mesmo, pensamento
algum bom; quem é, de fato, todo pecado, uma mera protuberância da descrença; e
quem comete pecado, em todo fôlego que toma; cujas transgressões atuais, em
palavra e ação, são mais em número do que os cabelos de sua cabeça? Que
estupidez, que insensibilidade deve ser para tal verme impuro, culpado,
desamparado, como este, sonhar em buscar aceitação, através de sua própria
retidão, de viver pela 'retidão que é da lei!'.
6.
Agora, o que quer que as considerações provem da tolice de se confiar na 'retidão
que é da lei', elas provam, igualmente, a sabedoria de se submeter à 'retidão
que é de Deus pela fé'. Isto foi fácil de ser mostrado, com respeito a cada
uma das considerações precedentes. Mas, para acenar isto, a sabedoria do
primeiro passo, até aqui, o desaprovar nossa própria retidão, claramente
aparece disto, agir de acordo com a verdade, com a real natureza das coisas.
Porque, o que é mais do que reconhecer, com nosso coração, assim como lábios, o
verdadeiro estado em que nos encontramos? Reconhecer que trazemos conosco, para
este mundo, uma natureza corrupta e pecadora; mais corrupta, realmente, do que
podemos conceber facilmente, ou podemos encontrar palavras para expressar? –
que, por isso, nós estamos propensos a tudo que é mau, e avesso a tudo que é
bom; que somos cheios de orgulho, vontade própria, paixões obstinadas, desejos
insensatos, afeições vis e excessivas; amantes do mundo; amantes do prazer,
mais do que amantes de Deus? – que nossas vidas têm sido nada melhores do que
nossos corações, mas, de muitas formas, pecaminosas e ímpias; de tal maneira,
que nossos pecados atuais, ambos na palavra e ação, têm sido como as estrelas
do firmamento, pela quantidade; que, sobre todos esses relatos, nós estamos
desagradando a Ele que tem os olhos mais puros, do que para observar
iniqüidade; e merecendo nada Dele, a não ser indignação, ira e morte, o devido
salário do pecado? -- que nós não
podemos, através de alguma de nossas retidões (porque, na verdade, temos
nenhuma, afinal); nem, através de alguma de nossas obras (porque elas são como
a árvore, sobre a qual, elas florescem), submetermo-nos à ira de Deus, ou
impedirmos a punição que temos justamente merecido; sim, que, se deixados por
nossa conta, nós deveremos ser, unicamente, cada vez piores; mergulharemos,
mais e mais profundamente no pecado; ofenderemos a Deus, mais e mais, com
nossas obras diabólicas, e com os temperamentos pecaminosos da nossa mente
carnal, até que atinjamos completamente a medida de nossas iniqüidades, e
tragamos, sobre nós mesmos, a destruição imediata? E este não é o mesmo estado,
em que, através da natureza nós estamos? Reconhecer isto, então, ambos com
nosso coração e lábios, ou seja, repudiar nossa própria retidão, 'a retidão
que é da lei', é agir de acordo com a real natureza das coisas, e,
conseqüentemente, é um exemplo da verdadeira sabedoria.
7. A sabedoria de submeter-se
á 'retidão da fé' aparece mais além dessa consideração, que é a retidão
de Deus: Eu quero dizer aqui, que se trata daquele método de reconciliação com
Deus, que tem sido escolhido e estabelecido, através do próprio Criador, não
apenas, porque Ele é o Deus da sabedoria, mas porque Ele é o Senhor soberano do
céu e terra, e de toda criatura que Ele criou. Agora, como não é adequado ao
homem dizer junto a Deus, 'O que fazes tu?' -- como ninguém, que não esteja extremamente
isento de entendimento, irá contender com Aquele que é mais poderoso do que
ele; com Ele cujo reino governa sobre tudo; então, esta é verdadeira sabedoria;
é a marca do profundo entendimento: sujeitar-se ao que quer que ele tenha
escolhido; dizer nisso, como em todas as coisas, 'É o Senhor, que ele faça
como lhe parece bom'.
8.
Pode ser, mais além, considerado que foi da mera graça, do amor livre, da
misericórdia imerecida, que Deus tem concedido ao homem pecador algum caminho
de reconciliação consigo mesmo; que nós não fomos tirados de Suas mãos, e
inteiramente apagados de Sua lembrança. Portanto, qualquer que seja o método
que Ele se agradou indicar, de sua misericórdia terna, de sua bondade
imerecida, por meio do qual seus inimigos, que têm tão profundamente se
revoltado com Ele, e há tanto tempo e obstinadamente, se rebelado contra Ele,
podem ainda encontrar favor aos seus olhos, é, sem dúvida, nossa sabedoria
aceitar isto com toda gratidão.
9. Para
mencionar, a não ser uma consideração mais: É sabedoria objetivar, a melhor finalidade,
através dos melhores meios. Agora, a melhor finalidade que alguma criatura pode
buscar é a felicidade em Deus. E a melhor finalidade que a criatura caída pode
perseguir é a recuperação do favor e imagem de Deus. Mas o melhor; de fato, o
único meio debaixo do céu, dado ao homem, por meio do qual, ele pode recuperar
o favor de Deus, que é melhor do que a própria vida, ou a imagem de Deus; que é
a verdadeira vida da alma, é submeter-se 'à retidão que é da fé', o
acreditar no Unigênito Filho de Deus.
III
1. Portanto,
quem quer que tu sejas, que desejas ser perdoado, e reconciliado, para o
favor de Deus, não digas, em teu coração, 'Eu devo, primeiro, fazer isto; eu
devo, primeiro, subjugar todo pecado; interromper toda palavra e obra
pecaminosa, e fazer todo bem a todos os homens; ou, eu devo, primeiro, ir para
a igreja receber a Ceia do Senhor, ouvir mais sermões, e fazer mais orações'. Ai
de mim, meu irmão! Tu estás claramente saindo fora do caminho. Tu és ainda 'ignorante
da retidão de Deus', e estás 'buscando estabelecer tua própria retidão',
como o alicerce de tua reconciliação. Tu não sabes que tu não podes fazer nada,
a não ser pecar, até que sejas reconciliado para Deus? Por que, então, tu dizes, 'eu devo fazer
isto, e isto, primeiro, e, então, eu devo crer?'. Não! Que, primeiro, tu
creias! Creias no Senhor Jesus Cristo, o Conciliador para teus pecados. Permite
que seu bom alicerce, primeiro seja colocado, e, então, deverás fazer todas as
coisas, bem.
2. Nem
digas, em teu coração, 'Eu não posso ser ainda aceito, porque não sou bom o
suficiente'. Quem é bom o suficiente – quem, alguma vez, foi – para merecer
aceitação nas mãos de Deus? Algum filho de Adão foi bom o suficiente para isto?
– ou alguém será, até a consumação de todas as coisas? E como para ti, tu não
és bom, afinal: Em ti não habita coisa alguma boa. E tu nunca serás, até que tu
creias em Jesus. Antes, tu te acharás cada vez pior. Mas existe alguma
necessidade em se ser pior, para que se seja aceito? Tu já não és mau o
suficiente? Decerto que tu és, e Deus sabe. E tu mesmo não podes negar isto.
Então, não demora. Todas as coisas estão agora prontas. 'Levanta-te, e limpa
teus pecados'. A fonte está aberta. Agora é o tempo de deixar-te limpo do
sangue do Cordeiro. Agora ele irá 'purificar' a ti, e tu serás 'alvo
como a neve'.
3.
Não digas, 'Mas eu não estou contrito o suficiente: Eu não estou
suficientemente consciente dos meus pecados'. Eu sei disso. Eu gostaria, em
Deus, que tu estivesses mais consciente deles; mais arrependido, milhares de
vezes mais do que tu estás. Mas não seja por isto. Pode ser que Deus te torne
assim, não antes que tu creias, mas, em crendo. Pode ser que tu não mais irás
murmurar, até que tu ames muito, porque tu tens tido muito perdão. Nesse meio
tempo, olhe para Jesus. Observe o quanto Ele te ama! O que mais Ele poderá
fazer por ti, que Ele já não tenha feito?
Ó,
o Cordeiro de Deus, alguma vez foi dor; alguma vez foi amor como o teu? Olhe
firmemente para Ele, até que Ele olhe para ti, e penetre em teu duro coração.
Então, que tua 'cabeça' possa ser 'águas', e teus 'olhos
fontes de lágrimas'.
4. Nem ainda digas, 'Eu devo
fazer alguma coisa mais, antes de vier para Cristo'. Eu admito, supondo que
teu Senhor possa demorar em sua vinda, seria adequado e certo esperar por ela,
fazendo, tanto quanto tu tens poder, o que Ele ordenou a ti. Mas não existe
necessidade de fazer tal suposição. Como tu sabes que Ele irá demorar? Talvez,
Ele vá aparecer, ao romper do dia nas alturas, antes da luz da manhã. Ó, não
estabelece para Ele um horário! Espera por Ele todo o momento! Agora Ele está
próximo! Até mesmo à porta!
5.
E para que finalidade, tu esperarás por mais sinceridade, antes que teus
pecados sejam apagados? – para tornar a ti mais merecedor da graça de Deus? Ai de
mim! Tu ainda 'estabeleces tua própria retidão'. Ele irá ter
misericórdia, não porque tu a mereces, mas porque a compaixão Dele não falha;
não porque tu és reto, mas porque Jesus Cristo expiou por teus pecados.
Novamente,
se existir alguma coisa boa na sinceridade, por que tu esperas por ela, antes
que tu tenhas fé? – vendo que a própria fé é apenas a raiz do que quer que seja
realmente bom e santo. Acima de tudo, por quanto tempo tu irás esquecer, que o
quer que faças, ou o que quer que tenhas feito, antes que teus pecados sejam
perdoados de ti, não importa em nada com Deus, quanto a procurar por teu
perdão? -- sim, e que todos eles devem ser deixados para trás, pisoteados,
tendo nenhuma consideração a respeito, ou tu nunca irás encontrar favor às vistas
de Deus; porque, até então, tu não pudeste pedir isto, como um mero pecador,
culpado, perdido, inacabado, tendo nada a pleitear, nada a oferecer a Deus, mas
apenas os méritos de seu bem amado Filho, 'que amou a ti, e deu a si mesmo
por ti!'.
6. Para concluir. Quem quer
que tu sejas, Ó homem, que tenhas a sentença da morte em ti mesmo; que sentes a
ti mesmo um pecador condenado, e tens a ira de Deus habitando sobre ti: Junto a
ti, diz o Senhor, não, 'Faças isto' – obedeças, perfeitamente, todos os
meus mandamentos, -- e 'viverás'; mas, 'Creias no Senhor Jesus
Cristo, e tu serás salvo'. A palavra da fé está próxima a ti: Agora, neste
momento, neste exato momento, em teu estado presente, pecador como tu és,
exatamente como tu és, creia no Evangelho; e 'Eu serei misericordioso, junto
à tua misericórdia, e de tuas iniqüidades não mais me lembrarei'.
[Editado anonimamente, na Memorial University of
Newfoundland, com correções de George
Lyons da Northwest Nazarene College, para a Wesley Center for Applied Theology.]
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