Não bebemos nem servimos bebidas com cafeína em nossa casa. Meus filhos questionam a postura da Igreja Adventista sobre essa questão, uma vez que muitos de seus amigos da igreja fazem uso dessas bebidas em casa e até em atividades da igreja. A igreja mudou sua posição sobre a cafeína?
Por Allan R. Handysides e Peter N. Landless
Não, a igreja não mudou sua posição na questão do chá, café e outras bebidas que têm cafeína. Nos Regulamentos Eclesiástico-Administrativos da Associação Geral de 2007/2008, página 293, lemos o seguinte: “É desaconselhado o uso do café, chá e outras bebidas que contêm cafeína e qualquer substância prejudicial.”Também, no Concílio Anual, no outono de 2007, a administração da igreja confirmou que “Os ministérios adventistas de cuidado da saúde devem promover apenas as práticas baseadas na Bíblia ou no Espírito de Profecia, ou métodos de prevenção de doenças, tratamentos e manutenção da saúde baseados em evidências” (Ibid., p. 297).
Temos declarações firmes do Espírito de Profecia concernentes às bebidas que contêm cafeína, aconselhando o não uso. Ellen White nunca falou da cafeína propriamente dita, mas a descrição que ela faz dos efeitos do chá e do café reflete as ações dessa substância, e presumimos que esteja falando contra ela.
Há alguns relatórios confusos, provenientes da literatura científica, de estudos que mostram aparentes benefícios da cafeína para a saúde. O “lobby” pró-cafeína faz com que esses dados cheguem a nossa caixa postal com objetivo e rapidez!
Entretanto, a farmacologia básica da cafeína não mudou. Ela é a droga psicoativa mais popular do mundo (mudança de humor), mais amplamente usada do que o álcool e o fumo. Pode levar à dependência física, a qual, por definição, resulta na síndrome de abstinência, quando a ingestão habitual é interrompida abruptamente. Quando isso acontece, muitos e variados sintomas podem ocorrer, incluindo dor de cabeça, canseira, irritabilidade, falta de concentração e náusea.
Embora a morte provocada por “overdose” de cafeína não seja comum, acontece e pode ser intencional, podendo ocorrer com a ingestão de cafeína em comprimidos, mas com o aumento da popularidade de refrigerantes com cafeína e bebidas energéticas, os médicos de pronto socorro e toxicólogos estão percebendo um aumento de problemas e sintomas relacionados com a cafeína, especialmente entre jovens.
Em 2006, cerca de quatro bilhões de dólares americanos foram gastos em bebidas energéticas apenas nos Estados Unidos, o que é indicação da tendência mundial. Além disso, quinhentas novas marcas de bebidas energéticas foram introduzidas em todo o mundo, no mesmo ano. As chamadas “bebidas energéticas” têm níveis significativamente mais altos de cafeína do que a maioria dos refrigerantes que contêm cafeína. A análise desse cenário revela o seguinte: crianças e jovens são expostos a refrigerantes açucarados; depois, a cafeína é adicionada e, na seqüência, as bebidas energéticas. O passo seguinte é a adição de álcool às bebidas energéticas, que são divulgadas e comercializadas de uma forma muito semelhante. A confusão de marcas pode acontecer facilmente, auxiliada pela estratégia de dar preço mais baixo à bebida energética com álcool do que às não alcoólicas. Além disso, a fabricação e comercialização desses produtos têm como consumidor-alvo o jovem, que almeja ser um “bêbado bem acordado”. Que enganação! Um em cada três adolescentes usa bebidas energéticas comparado a um em dez adultos. Temos o dever de informar nossos jovens, dar o devido exemplo em nossos próprios hábitos e usar nossa influência contra esse ataque do mal contra nossa sociedade.
A cafeína é útil como componente de certos analgésicos usados no tratamento de enxaqueca e para outros tipos de dor. Pode representar alívio para quem precisa fazer uso de tais medicamentos. Ellen White menciona que usou café (presume-se que esteja se referindo à cafeína) em algumas ocasiões, como medicamento. (Ver Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 302.)
Fazemos bem em orar e aplicar coerentemente o princípio da temperança: “A verdadeira temperança nos ensina a dispensar inteiramente todas as coisas nocivas, e usar judiciosamente aquilo que é saudável” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 562).
Allan R. Handysides, é diretor do Departamento do Ministério da Saúde da Associação Geral.
Peter N. Landless, é diretor executivo da ICPA e diretor associado do Ministério da Saúde.
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