John Wesley
'Assim que, se alguém está em
Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez
novo'. (II
Corintios 5:17)
I.
O pecado permanece em alguém que crê em Cristo?
II.
Qual as diferenças entre o pecado interior e o pecado exterior?
III. A carne - a natureza má – opõe-se ao
Espírito, até mesmo nos crentes.
IV.
Um homem não pode ser limpo, consagrado, santo, ao mesmo tempo em que é impuro,
não consagrado e não santo.
V.
Existe em cada pessoa dois princípios contraries: natureza e graça.
I
1.
Existe, então, pecado naquele que está em Cristo? O pecado permanece naqueles
que crêem Nele? Existe algum pecado naqueles que são nascidos de Deus, ou eles
estão totalmente livres dele? Que ninguém imagine que esta seja uma questão de
mera curiosidade; ou que seja de pequena importância, se for determinado um
caminho ou o outro. Antes, é um ponto de extrema relevância para todos os
cristãos sérios; decidirem o que mais proximamente concerne à sua felicidade
presente e eterna.
2.
E, ainda assim, eu não sei se isto foi, alguma vez, discutido na igreja
primitiva. Decerto, não existiu espaço para disputas concernentes a ela, já que
todos os cristãos estavam de acordo. E, até onde eu tenho observado, todo o
corpo de cristãos do passado, que nos deixaram algo escrito, declararam a uma
só voz, que, mesmo os crentes em Cristo, até que eles estejam 'fortalecidos
no Senhor, e no poder de sua força', têm necessidade de 'lutar com a
carne e sangue', com uma natureza pecaminosa, assim como, 'com
principados e potestades'.
3.
E neste contexto, nossa Igreja (como realmente na maioria dos termos) copia
exatamente segundo a igreja primitiva; declarando em seu Nono Artigo: 'O
pecado original é a corrupção da natureza de todo homem, de forma que ele está
inclinado ao mal, pela sua própria natureza; assim sendo, a carne cobiça,
contrariamente ao Espírito. E esta influência da natureza permanece; sim,
naqueles que estão regenerados; de maneira que, a luxúria da carne não é objeto
da lei de Deus. E, embora não exista condenação para aqueles que crêem, ainda
assim, esta luxúria tem em si mesma a natureza do pecado'.
4.
O mesmo testemunho é dado, através de todas as outras igrejas; não apenas,
através da igreja grega e romana, mas através de toda igreja reformada na
Europa, de qualquer que seja a denominação. De fato, alguns desses parecem
levar a coisa muito longe; descrevendo a corrupção do coração do crente, como
que dificilmente admitindo que ele tem domínio sobre ela, mas que, antes, é seu
escravo; e, por esses meios, eles fazem uma pequena distinção entre um crente e
um descrente.
5. Para
evitarem este extremo, os muitos homens bem intencionados, particularmente
esses, debaixo da direção do recente Conde Zinzendorf [líder
Morávio (denominação Protestante, surgida no século XVIII, pela renovação do
antigo movimento dos Irmãos Boêmios, que dá ênfase à vida cristã pura e simples
e à fraternidade dos homens. Mais comumente conhecida como Irmãos Morávios)], foram para o outro lado, afirmando que
'todos os crentes verdadeiros não são apenas salvos do domínio do pecado, mas
da existência do pecado interior, assim como exterior; de maneira que ele não
mais permanece neles':E desses, por volta de
vinte anos atrás, muitos de nossos compatriotas absorveram a mesma opinião de
que, até mesmo a corrupção da natureza, não está mais, naqueles que crêem em
Cristo.
6. É
verdade que, quando os alemães foram pressionados, eles logo admitiram (muitos
deles, pelo menos) que 'o pecado ainda permanece na carne, mas não no
coração de um crente'; e, depois de um tempo, quando o absurdo disto foi
mostrado, eles razoavelmente desistiram do ponto; admitindo que o pecado ainda
permanecia, embora não reinasse, naquele que é nascido de Deus.
7. Mas
o inglês que recebeu isto deles (alguns diretamente, alguns de segunda e
terceira mão) não foi tão facilmente convencido a se desfazer de uma opinião
favorita. E, até mesmo quando a generalidade deles se convenceu de que ela era
extremamente indefensável, alguns poucos não puderam ser persuadidos a
desistir, mas mantiveram-na até hoje.
II
1.
Por causa desses que realmente temem a Deus, e desejam conhecer 'a verdade
que está em Jesus'; não pode ser impróprio considerar o ponto com calma e
imparcialidade. Ao fazer isto, eu uso indiferentemente as palavras, regenerado,
justificado, ou crentes; desde que, embora eles não tenham precisamente o mesmo
significado (o Primeiro, implicando uma mudança interior, verdadeira; o
Segundo, uma mudança relativa; e o Terceiro, os meios pelos quais, tanto uma
quanto a outra é forjada); ainda assim, elas convergem para a mesma coisa; já
que todos os que crêem são ambos, justificados e nascidos de Deus.
2.
Por pecado, eu entendo aqui pecado interior; qualquer temperamento pecaminoso,
paixão ou afeição, como orgulho, vontade própria, amor ao mundo, de algum tipo,
ou em algum grau; tal como cobiça, ira, impertinência; qualquer disposição
contrária à mente que estava em Cristo.
3.
A questão não é concernente ao pecado exterior; quer um filho de Deus cometa
pecado ou não. Nós todos concordamos e sinceramente mantemos 'que ele que
comete pecado é do diabo'. Nós concordamos, 'que quem é nascido de Deus
não comete pecado'. Nem agora inquirimos, se o pecado interior irá
permanecer sempre nos filhos de Deus; se ele irá continuar na alma, por quanto
tempo ela continue no corpo: Nem, ainda assim, inquirimos, se uma pessoa
justificada possa reincidir em um pecado interior ou exterior; mas,
simplesmente isto: um homem justificado ou regenerado está liberto de todo
pecado, tão logo ele seja justificado? Não existe, então, pecado algum em seu
coração? – nem mesmo depois, a não ser, se ele cair da graça?
4.
Nós admitimos que o estado de uma pessoa justificada é inexprimivelmente grande
e glorioso. Ele é nascido novamente, 'não do sangue; nem da carne; nem da
vontade do homem, mas de Deus'. Ele é filho de Deus, um membro de Cristo,
um herdeiro do trono dos céus. 'A paz de Deus, que ultrapassa todo
entendimento, mantém seu coração e mente em Jesus Cristo'. Mesmo seu corpo
é um 'templo do Espírito Santo', e uma 'morada de Deus, através do
Espírito'. Ele é 'feito novo em Jesus Cristo': Ele é lavado; ele é
santificado. Seu coração é purificado pela fé; ele é limpo 'de toda
corrupção que está no mundo'; 'o amor de Deus espalha-se em seu coração,
pelo Espírito Santo que é dado a ele'. E, por quanto tempo ele 'caminha
no amor' (o que ele pode sempre fazer), ele adora a Deus em espírito e em
verdade. Ele mantém Seus mandamentos, e faz todos as coisas que são agradáveis
aos olhos de Deus; assim, exercitando a si mesmo, como para 'ter a
consciência que evita a ofensa, em direção a Deus, e em direção ao homem':
E ele tem poder, tanto sobre o pecado exterior quanto interior, até mesmo, do
momento em que ele é justificado.
III
1.
'Mas ele não está, então, liberto de todo pecado, de modo que não exista
pecado em seu coração?'.Eu não posso dizer isto; eu não posso acreditar
nisso; porque Paulo diz o contrário. Ele está falando para crentes e
descrevendo o estados dos crentes em geral, quando ele diz: (Gálatas 5:17)
'Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e
estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis'. Nada pode
ser mais explícito. O Apóstolo afirma aqui diretamente que a carne - a natureza
pecaminosa, se opõe ao Espírito, mesmos nos crentes; que, mesmo no regenerado,
existem dois princípios, 'contrários um ao outro'.
2. Novamente:
Quando ele escreve para os crentes em Corinto; para aqueles que foram santificados
em Jesus Cristo, (I Corintios 1:2) 'À igreja de Deus que está em
Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em
todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e
nosso', ele diz: (I Corintios 3:1) 'E eu, irmãos, não vos pude
falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com
leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda
agora podeis, Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja,
contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os
homens?'. Agora aqui o Apóstolo fala junto àqueles que eram
inquestionavelmente crentes; a quem, no
mesmo fôlego, ele denominou seus irmãos
em Cristo, -- como sendo ainda, em uma medida - carnais. Ele afirma que existia
inveja (um temperamento pecaminoso), ocasionando contenda entre eles, e ainda
assim, ele não fez a menor insinuação de que eles tivessem perdido sua fé. Mais
do que isto, ele manifestadamente declara que eles não haviam perdido; porque,
então, eles não seriam bebês em Cristo. E (o que é mais notável de tudo), ele
fala de serem carnais, e bebês em Cristo, como uma e a mesma coisa; mostrando
plenamente que todo crente que todo crente é (em um grau) carnal, enquanto ele
é apenas um bebê em Cristo.
3. De
fato, este grande ponto, o de que existem dois princípios contrários nos
crentes, -- natureza e graça; a carne e o Espírito, mencionados, através de
todas as Epistolas de Paulo; sim, através de todas as Escrituras; quase todas
as direções e exortações, neste contexto, estão alicerçadas nesta suposição;
apontando para os temperamentos e práticas errôneos naqueles que eram, não
obstante, reconhecidos pelos escritores inspirados, serem crentes. E eles eram
continuamente exortados a combater e conquistar estes, pelo poder da fé que
estava neles.
4. E
quem pode duvidar, a não ser que existia fé no anjo da igreja de Efésios,
quando nosso Senhor disse a ele: (Apocalipse 2:2-4) 'Conheço as tuas
obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e
puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e eles não são, e tu os achaste
mentirosos. E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te
cansaste'. Mas existia, nesse meio tempo, nenhum pecado em seu coração?
Existia, ou Cristo não teria acrescentado: 'Não obstante, tenho contra ti
que deixaste o teu primeiro amor'. Este foi um pecado real que Deus viu em
seu coração; do qual, adequadamente, ele é exortado a se arrepender. E ainda
assim, nós não temos autoridade para dizer, que, mesmo então, ele não tem fé.
5.
Mais do que isso, o anjo da igreja de Pérgamo, também é exortado a se
arrepender, o que sugere pecado, embora nosso Senhor expressamente diga: (Apocalipse
2:13, 16) 'Conheço as tuas obras, e onde habitas, que é onde está o
trono de Satanás; e reténs o meu nome, e não negaste a minha fé, ainda nos dias
de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás
habita. (...) Arrepende-te, pois, quando não em breve virei a ti, e
contra eles batalharei com a espada da minha boca'. E ao anjo na igreja de
Sardes, ele diz: (Apocalipse 3:2) 'Sê vigilante, e confirma os
restantes, que estavam para morrer; porque eu não achei tuas obras perfeitas
diante de Deus'. O bem que ainda restava estava pronto para morrer; mas
estava verdadeiramente morto. De modo que ainda havia uma faísca de fé, mesmo
nele; o que está de acordo ordenando para segurar firme: (Apocalipse 3:3)
'Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te.
E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora
sobre ti virei'.
6. Uma
vez mais: Quando o Apóstolo exorta os crentes em (2 Coríntios 7:1) 'Ora, amados, pois que temos
tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito;
aperfeiçoando a santificação no temor de Deus', ele plenamente ensina que
esses crentes não estavam ainda limpos disso.
Você
irá perguntar: 'Mas ele que se abstêm de toda a aparência do mal, ipso
facto, limpa a si mesmo de toda imundícia?'. Não, de maneira alguma. Por
exemplo: um homem me insulta: eu sinto ressentimento, o que é imundícia do
espírito; ainda assim, eu não digo uma palavra. Aqui, eu 'me abstenho de
toda a aparência do mal'; mas isto
não me limpa da imundícia do espírito, como eu experimento para minha tristeza.
7.
E, como esta posição: 'Não existe pecado em um crente; nenhuma mente carnal;
nenhuma inclinação à apostasia', é, então, contrária à palavra de Deus,
assim, é para a experiência de seus filhos. Esses continuamente sentem
um coração inclinado à apostasia; uma tendência natural para o mal; uma
predisposição a separar-se de Deus, e se aderirem às coisas da terra. Eles
estão diariamente conscientes do pecado permanecendo em seus corações, --
orgulho, vontade própria, descrença; e do pecado, aderindo a tudo o que eles
falam ou fazem, até mesmo, às suas melhores ações, e as mais santas obrigações.
Ainda assim, ao mesmo tempo em que eles 'sabem que são de Deus'; eles
não duvidam disto, por um momento. Eles sentem seu Espírito, claramente, 'testemunhando
com o espírito deles, que eles são filhos de Deus'. Eles 'se regozijam
em Deus, através de Jesus Cristo, por meio de quem, eles têm agora recebido a
redenção'. De modo que eles igualmente garantiram que o pecado está neles,
e que 'Cristo é neles, a esperança da glória'.
8. 'Mas
Cristo pode estar no mesmo coração, em que o pecado está?'. Sem dúvida que pode; do contrário
ele nunca poderia ser salvo disto. Onde está a doença, lá está o médico,
exercendo seu trabalho; lutando, até que lance fora o pecado. Decerto que
Cristo não pode reinar, onde o pecado reina; nem Ele irá habitar onde algum
pecado é permitido. Mas Jesus está e habita no coração de todo crente que
esteja lutando contra todo o pecado; embora não seja ainda purificado, de
acordo com a purificação do santuário.
9.
Foi observado antes, que a doutrina oposta, -- a de que não existe pecado nos
crentes, -- é completamente nova na igreja de Cristo; já que nunca foi ouvida,
durante cento e dezessete anos; nunca, até que foi descoberta pelo conde
Zinzendorf. Eu não me lembro de ter visto a menor insinuação dela, tanto nos
escritores antigos, quanto modernos; exceto, talvez, em alguns dos selvagens e
entusiastas antinomianos [os que acreditavam que, pela fé e
a graça de Deus anunciadas no Evangelho, os cristãos são libertados, não só da
lei de Moisés, mas de todo o legalismo e padrões morais de qualquer cultura]. E esses, igualmente, dizem e
desdizem, admitindo que existe pecado na sua carne, embora nenhum pecado em
seus corações. Mas, apesar da doutrina ser nova, ela está errada; porque a
religião antiga é a única verdadeira; e nenhuma doutrina pode ser correta, a
menos que seja exatamente a mesma 'que fora desde o início'.
10.
Um argumento a mais contra essa doutrina nova e não bíblica, pode ser esboçada
das conseqüências terríveis dela. Se alguém diz: 'Eu sinto ira hoje'. Eu
devo replicar: 'Então, você não tem fé?'. Um outro diz: 'Eu sei que o
que você aconselha é bom, mas minha vontade é completamente contrária a isto'.
Eu devo dizer a ele: 'Então, você é um descrente, debaixo da ira e maldição
de Deus?'. Qual será a conseqüência natural disto? Porque, se ele acredita
no que eu digo, sua alma não apenas será afligida e magoada, mas, talvez, seja
totalmente destruída, visto que, como ele 'irá lançar fora' aquela 'confiança
que tem na grande recompensa de galardão': E, tendo lançado fora sua
proteção, como ele irá 'extinguir os dados certeiros do iníquo?'. Como
ele irá superar o mundo? – vendo que 'essa é a vitória que domina o mundo,
até mesmo nossa fé?'.
Ele
se encontra desarmado, em meio aos seus inimigos; exposto a todos os assaltos
deles. Qual a surpresa então, se ele for totalmente dominado; se eles o
tornarem escravos da vontade deles; sim, se ele cair, de uma maldade para
outra, e nunca mais ver o bem? Por conseguinte, eu não posso, por nenhum meio,
receber essa afirmação, de que não existe pecado no crente, do momento em que
ele é justificado.
Em
Primeiro Lugar, porque é contrário a todo o teor das Escrituras; -- Em Segundo
Lugar, porque é contrário à experiência dos filhos de Deus, -- Em terceiro
lugar, porque é absolutamente novo, nunca ouvido no mundo, até ontem; -- e, em
Último Lugar, porque é naturalmente atendido com as mais fatais conseqüências;
não apenas afligindo aqueles a quem Deus não tem afligido, mas, talvez,
arrastando-os para a perdição eterna.
IV
1.
Contudo, permita-nos ouvir atentamente aos principais argumentos desses que se
esforçam para sustentar isto. Primeiro, é das Escrituras que eles tentam provar
que não existe pecado no crente. Eles argumentam assim: 'As Escrituras dizem
que todo crente é nascido de Deus, é limpo, santo e consagrado; é puro no
coração; tem um novo coração; e é um templo do Espírito Santo. Agora, como 'aquele
que é nascido da carne, é carne', é completamente mal, assim, 'aquele
que é nascido do Espírito é espiritual', e completamente bom. Novamente: Um
homem não pode ser limpo, consagrado, santo, e, ao mesmo tempo, impuro, não
consagrado, não santo. Ele não pode ser puro e impuro; ou ter um coração novo e
velho, juntos. Nem pode sua alma ser não santa, enquanto ele é o templo do
Espírito Santo.
Eu
tenho colocado essa objeção, tão fortemente quanto possível, para que todo seu
peso possa aparecer. Permita-nos examiná-la, parte por parte.
(1) 'Que
aquele que é nascido do Espírito é espiritual, é completamente bom'. Eu admito o texto, mas não a
observação. Porque o texto afirma isto, e não mais, -- que todo homem que 'é
nascido do Espírito', é um homem espiritual. Ele o é: Mas embora ele seja,
ainda assim, não será completamente espiritual. Os cristãos de Corinto eram
homens espirituais; ou eles não teriam sido cristãos, afinal; e, ainda assim,
eles não eram completamente espirituais: eles eram, em parte, ainda carnais. --
'Mas eles eram caídos da graça'. Paulo diz que não. Eles eram até mesmo,
bebês em Cristo.
(2) 'Mas
um homem não pode ser limpo, consagrado, santo, e ao mesmo tempo, impuro, não
consagrado, não santo'. Decerto que ele pode. Assim eram os Coríntios:
'Vocês estão lavados', diz o Apóstolo, 'vocês estão consagrados';
ou seja, limpos da 'fornicação, idolatria, bebedeira', e todos os outros
pecados exteriores.
(I Corintios 6:9) 'Não sabeis que os injustos não hão de herdar o
reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros,
nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os
bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. E é o
que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido consagrados, mas
haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso
Deus'; e, ainda assim, ao mesmo
tempo, em outro sentido da palavra, eles eram não consagrados; eles não estavam
lavados; não interiormente limpos de toda inveja, conjecturas diabólicas,
parcialidade, -- 'Mas certo, eles não tinham um novo coração e um velho
coração, juntos'. Na verdade, eles tinham, porque, naquele mesmo momento,
seus corações eram verdadeiramente, embora que não inteiramente, renovados. A
mente carnal deles foi pregada na cruz; ainda assim, não estava totalmente
destruída. -- (I Corintios 6:19) 'Ou não sabeis que o vosso corpo é o
templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não
sois de vós mesmos?'; e é igualmente certo, que eles eram, em algum grau,
carnais, ou seja, não santos.
2.
'Entretanto, existe uma Escritura a mais que irá colocar esse assunto fora
de questão': (II Corintios 5:17) 'Assim que, se alguém está em
Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez
novo'. 'Agora certamente um homem não pode ser uma nova criatura, e uma
velha criatura de uma só vez'. Sim, ele pode: Ele pode ser parcialmente
renovado, o que foi o mesmo caso com aqueles em Corinto. Eles foram,
inegavelmente, 'renovados no espírito de suas mentes', ou eles não
poderiam ter sido 'bebês em Cristo'. Ainda assim, eles não tinham a
mente total que estava em Cristo, porque eles invejavam um ao outro. "Mas
é dito expressamente: 'as velhas coisas se passaram: todas as coisas se fizeram
novas'". Mas nós não devemos interpretar as palavras do Apóstolo, de
maneira a que ele contradiga a si mesmo.
E se nós o tornarmos consistente consigo mesmo, o significado claro das
palavras é este: Seu velho julgamento, concernente à justificação, santidade,
felicidade, de fato, concernentes a todas as coisas de Deus, em geral, são
agora passadas; assim como seus velhos desejos, objetivos, afeições,
temperamentos e conversa. Todos esses se tornaram inegavelmente novos;
grandemente mudados do que eles eram; e, ainda assim, embora eles sejam novos,
eles não estão totalmente novos. Ainda, ele sente, para sua tristeza e
vergonha, restos do velho homem, também a decadência manifesta de seus
temperamentos e afeições, anteriores, posto que eles não podem obter vantagem
alguma sobre ele, por quanto tempo ele vigia junto à oração.
3.
Todo este argumento: 'Se ele está limpo, ele é limpo'; 'Se ele está,
ele é santo'; (e vinte expressões mais desse mesmo tipo podem ser facilmente
empilhadas). É realmente nada melhor, do que brincar com palavras. É uma
falácia argumentar do particular para o geral; inferir uma conclusão geral, de
premissas particulares. Proponha a sentença inteira, e ela ficará assim: 'Se
ele é santo, afinal, ele é santo completamente'. Isto não procede: todo
bebê em Cristo é santo, e ainda assim, não completamente. Ele está salvo do
pecado; ainda assim, não inteiramente: O pecado permanece, embora não reine. Se
você pensar que ele não reina (nos bebês, pelo menos, quer seja este o caso com
homens jovens ou adultos), você certamente não tem considerado a altura, a
profundidade, a largura, e comprimento da lei de Deus; (mesmo a lei do amor,
escrita por Paulo, no décimo-terceiro capítulo de Corintios); e que toda anomia,
desconformidade, ou desvio, para com esta lei, é pecado. Agora, não existe
desconformidade a ela, no coração ou vida de um crente? O que pode ser
em um cristão adulto, é outra questão; mas que estranho deve ser para a
natureza humana, aquele que pode possivelmente imaginar que este é o caso com
todo bebê em Cristo!
4. 'Portanto
agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam
segundo a carne, mas segundo o Espírito'. (Romanos 8:1).
[O que se segue,
por algumas páginas, é uma resposta a um documento, publicado na Cristian
Magazine, p. 577-592. Eu estou surpreso que o Sr. Dodd tenha dado a tal
documento um lugar em sua revista, o que é diretamente contrário ao Nono Artigo
– Editor]
[Esta é a carta
escrita por John Wesley ao Sr. Dodd – acréscimo da tradutora]
-------
05 de Março,
1767
Ao Editor de
Lloyd´s Evening Post
"Senhor",
"Muitas
vezes, o redator da Christian Magazine tem me atacado sem medo ou finura; e,
por este meio, ele tem convencido seus leitores imparciais de uma coisa, pelo
menos — que (como, vulgarmente, se diz) seus dedos comicham, para estar diante
de mim; que ele tem o desejo passional de medir espadas comigo. Mas eu tenho um
outro trabalho em minhas mãos: eu posso aplicar o pouco que resta da minha vida
em propósitos melhores!"
"Os fatos
de seu último ataque são esses: Trinta e cinco, ou, trinta e seis anos atrás,
eu admirava muito o caráter do cristão perfeito desenhado por Clemens
Alexandrinus. Há vinte e cinco, ou, vinte e seis anos, um pensamento me veio à
mente: esboçar tal caráter, por mim mesmo; apenas, que de uma maneira mais
bíblica e, principalmente, nas próprias palavras da Escrituras: isto eu
intitulei: ‘O Caráter de um Metodista’, acreditando que,
curiosamente, poderia incitar mais pessoas a ler isso, e, também, que alguns
preconceitos pudessem, desse modo, ser removidos do homem sincero".
"Mas, para
que ninguém imaginasse que eu pretendia um elogio a mim, ou aos meus amigos, eu
me resguardei contra isso, no próprio título da página, dizendo tanto em meu
nome como no deles:'Não como se eu já tivesse atingindo, tampouco como se já
fosse perfeito'".
“Para o mesmo
efeito, eu falo na conclusão: ‘Esses são os mesmos princípios e práticas de
nossa religião; sãos as marcas de um verdadeiro Metodista’; que é, um
verdadeiro cristão; como eu, imediatamente, depois, expliquei: ‘por esses
princípios apenas fazer com que aqueles que estão no ridículo, assim chamados,
desejem ser distinguidos de outros homens’. ‘Por essas marcas fazer com que nós
trabalhemos, para distinguir a nós mesmos daqueles, cujas mente e vida, não
estão de acordo com o Evangelho de Cristo’”.
“Este inferior,
ou Dr. Dodd, diz, ‘Um metodista é, de acordo com o Sr. Wesley, um que é
perfeito, e não peca em pensamento, palavra, ou ação’. Senhor, queira me
desculpar! Isso não é ‘de acordo com o Sr. Wesley’. Eu tenho dito com todas as
palavras que eu não sou perfeito; e, ainda você me permite ser um Metodista! Eu
disse a você, categoricamente, que eu não consegui o caráter que eu esbocei.
Você irá fixar isso em mim, apesar dos meus dentes? ‘Mas o Sr. Wesley diz que
outros Metodistas têm’, Eu não digo tal coisa! O que eu digo, depois de ter
dado um relato bíblico de um perfeito cristão, é isso: ‘Por essas marcas o
Metodista deseja ser distinguido de outros homens; por essas marcas nós
trabalhamos para distinguir a nós mesmos’. E você não deseja e trabalha para o
mesmo propósito?”.
"Mas você
insiste: 'O Sr. Wesley afirma que o Metodista (isto é, todos os Metodistas) é,
perfeitamente, santo e íntegro'. Onde eu afirmei isso? Não, em alguma
propaganda religiosa! Diante disso, eu afirmo justo o contrário; e que eu
afirmo isso, seja lá onde for, é mais do que eu sei. Fique à vontade, senhor, de assinalar o
local: até que isso seja feito, tudo o que você acrescentou (amargo, o
suficiente) é mera 'trovoada'; e os Metodistas (assim chamados) podem ainda
declarar (sem qualquer punição de sua sinceridade) que eles não vêm à mesa
santa 'confiando em sua própria retidão, mas nas múltiplas e grandiosas
misericórdias de Deus'".
Eu
sou, senhor,
Seu,
John
Wesley
--------------
®
Esses
são reunidos, como se eles fossem a mesma coisa. Mas eles não o são. A culpa é
uma coisa, o poder outra, e a existência outra, ainda. Que os crentes estão
livres da culpa e poder do pecado nós admitimos; que eles estão livres da
existência dele, nós negamos. Nem isto, de alguma maneira, se conclui desses
textos. Um homem pode ter o Espírito de Deus habitando nele, e pode 'caminhar,
segundo o Espírito', embora ele
sinta ainda 'a carne entregando-se à luxúria, contra o Espírito'.
5. "Mas
a 'igreja é o corpo de Cristo'
- (Colossenses 1:24) 'Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na
minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a
igreja'; isto implica que seus membros são lavados de todas as suas
sujidades; do contrário irá se seguir que Cristo e Belial estão incorporados um
com o outro".
®
Não.
Pelo fato de 'aqueles que são o corpo místico de Cristo, ainda sentirem a
carne cobiçando contra o Espírito', isto não quer dizer que Cristo tem
alguma camaradagem com o diabo; ou com aquele pecado que ele os capacita a
resistir e dominar!
6. "Mas os cristãos 'chegaram ao monte Sião, e à cidade do Deus
vivo, à Jerusalém celestial', onde 'nada corrompido entra?".' (Hebreus
12:22): Ou seja, céu e terra, todos concordam, todos são uma grande
família.
®
E
são igualmente santos e corrompidos, enquanto eles 'caminham segundo o
Espírito'; embora conscientes que existe um outro princípio neles, e que 'estes
são contrários um ao outro'.
7.
'Mas os cristãos estão reconciliados para Deus. Agora isto não poderia ser,
se alguma mente carnal restasse; porque esta é inimiga contra Deus:
Conseqüentemente, nenhuma reconciliação pode ser efetiva, a não ser através de
sua total destruição'.
®
Nós
estamos 'reconciliados para Deus, através do sangue na cruz': E, naquele
momento, a corrupção da natureza, que é inimiga de Deus, foi colocada debaixo
de nossos pés; a carne não teve mais domínio sobre nós. Mas ela ainda existe; e
ela ainda é, em sua natureza, inimiga
com Deus, cobiçando contra seu Espírito.
8.
"Mas em (Gálatas 5:24) 'E os que são de Cristo crucificaram a
carne com as suas paixões e concupiscências'". "Mais do que
isto', (Colossenses 3:9) 'eles já despiram o velho homem com seus
feitos'".
®
Eles
o fizeram; e, no sentido acima descrito, 'as coisas velhas são passadas, e
todas as coisas se tornaram novas'. Existe ema centena de textos, e
eles podem ser citados, para o mesmo
efeito; e todos irão admitir a mesma resposta – "Mas, para dizer
tudo em uma só palavra': (Efésios 5:25) 'Cristo amou a
igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a santificar, purificando-a com
a lavagem da água, pela palavra; para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa,
sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível'".
E, assim, será no final: Mas não foi, ainda, desde o começo.
9.
'Mas que a experiência fala: Todos os que são justificados encontram,
naquele momento, uma liberdade absoluta de todos os pecados'.
®
Isto
eu duvido; mas se eles encontram, isto acontece, mesmo depois? Caso não
alcancem coisa alguma. – 'Se eles não encontram, é culpa deles'. Isto
necessita ser provado.
10.
'Mas, na própria natureza das coisas, um homem pode ter orgulho nele, e não
ser orgulhoso; ter ira, e ainda assim, não estar irado?'
®
Um
homem pode ter orgulho nele; pode pensar, em algumas particularidades, acima do
que deveria pensar, (e, assim, ser orgulhoso, naquele particular), mas, no
entanto, não ser um homem orgulhoso, em seu caráter geral. Ele pode ter raiva
nele; sim, e uma forte inclinação para uma raiva furiosa, sem dar oportunidade
a ela. – 'Mas a ira e o orgulho podem estar naquele coração, onde apenas a
mansidão e humildade são sentidos?'. Não. Mas algum orgulho e ira
podem estar no coração, onde existe humildade e mansidão.
'É não é proveitoso dizer que esses temperamentos
estão lá, mas que eles não reinam:porque o pecado não pode, em alguma espécie
ou grau, existir onde ele não reina; porque a culpa e o poder são propriedades
essenciais do pecado. Portanto, onde um deles está, todos deverão estar'.
®
De
fato, estranho! 'O pecado não pode, em alguma espécie ou grau, existir, onde
ele não reina?'. Absolutamente contrário, a toda experiência, a todas as
Escrituras, a todo bom-senso. Ressentimento de uma afronta é pecado; é anomia,
desconformidade para com a lei do amor. Isto tem existido em mim milhares de
vezes. Ainda assim, ele não reinou, e não reina. --
'Mas a culpa e poder são propriedades essenciais do
pecado; portanto, onde um está, todos deverão estar'.
®
Não.
No exemplo, diante de nós, se o ressentimento que eu sinto não prolifera, mesmo
por um momento, não existe culpa, afinal; nenhuma condenação de Deus sobre esse
assunto. E, neste caso, ele não tem poder: embora ele 'cobice contra o
Espírito', ele não pode prevalecer.
Aqui, portanto, como, em milhares de exemplos, existe pecado, sem tanto culpa
ou poder.
11.
'Mas a suposição de haver pecado em um crente, é significativo com todas as
ciosas assustadoras e desanimadoras. Isto sugere a contenda com o poder que tem
a possessão de nossa força; mantêm usurpação dele de nossos corações; e lá
promove a guerra contra nosso Redentor'.
®
Não
assim: A supondo-se que o pecado esteja em nós, isto não implica que ele tem a
possessão de nossas forças; não mais do que um homem crucificado tem a posse
daqueles que o crucificaram. Como implica pouco que 'o pecado mantenha sua
usurpação de nossos corações'. O usurpador é destronado. Ele permanece, de
fato, onde ele uma vez reinou; mas permanece algemado. De maneira que se, em
algum sentido, ele 'efetua a guerra', ainda assim, ele vai se tornando
mais e mais fraco, enquanto o crente segue de força e força, em vitória, em
vitória.
12.
'Eu ainda não estou satisfeito: Ele que tem pecado nele, é um escravo do
pecado. Portanto, você supõe que um homem seja santificado, enquanto ele é
escravo do pecado. Agora, se você admite que os homens possam ser justificados,
enquanto eles têm orgulho, ira, ou descrença neles; mais ainda, se você afirma
que esses estão (pelo menos por um tempo), em todo aquele que é justificado;
qual a surpresa de termos tantos crentes orgulhosos, irados, descrentes?!
®
Eu
não suponho que algum homem que seja justificado, seja um escravo do pecado.
Ainda assim, eu suponho que o pecado permaneça (pelo menos por um tempo), em
todo aquele que está justificado.
'Mas, se o pecado permanece em um crente, ele é um
homem pecador: Se o orgulho, por exemplo, ele é orgulhoso; se obstinação,
então, ele é obstinado; se descrença, então, ele é um descrente;
conseqüentemente, não é um crente, afinal. Como, então, ele se difere dos
descrentes, dos homens degenerados?'.
®
Isto
ainda é brincar com as palavras. Significa não mais do que, se existe pecado,
orgulho, obstinação nele, então – existe pecado, orgulho, obstinação. E isto,
ninguém pode negar. Neste sentido, então, ele é orgulho, ou obstinado. Mas ele
não é orgulhoso ou obstinado, no mesmo sentido que os descrentes são; ou seja,
governados pelo orgulho e vontade própria. Neste contexto, ele difere dos
homens degenerados. Estes obedecem ao pecado. Ele não. A carne está em ambos.
Mas eles caminham 'segundo a carne'; e ele 'caminha segundo o
Espírito'.
'Mas como um descrente pode ser um crente?'.
®
Estas
´palavras têm dois significados. Elas significam tanto nenhuma fé, quanto pouca
fé; tanto a ausência da fé, ou a fraqueza dela. No primeiro sentido, o descrente não é um crente; no segundo, eles
são todos bebês. A fé deles está comumente misturada com dúvida e temor; ou
seja, no segundo sentido, com descrença. 'Por que temeis', diz o Senhor,
'ó homens de pouca fé?' (Mateus 8:26). Novamente: 'Ó tu, homem de
pouca fé, porque motivo duvidais?'. Vocês vêem aqui, que havia descrença
nos crentes; pouca fé e muita fé.
13. 'Mas
esta doutrina de que o pecado permanece no crente; de que um homem pode estar
no favor de Deus, enquanto ele tem pecado em seu coração; certamente, tende a
encorajar os homens ao pecado'.
®
Entenda
a proposição corretamente, e tal conseqüência não irá se seguir. Um homem pode
estar no favor de Deus, embora ele sinta pecado; mas não se ele se entrega a
ele. Ter pecado não significa perder o favor de Deus; mas dar oportunidade a
ele, sim. Embora a carne em vocês 'cobicem contra o Espírito', vocês
podem ainda ser filhos de Deus; mas, se vocês 'caminham segundo a carne',
vocês são filhos do diabo. Agora, esta doutrina não encoraja a obedecer ao
pecado, mas a resistir a ele, com todas as nossas forças.
V
1.
A somatória de tudo é esta: Existem, em cada pessoa, mesmo depois que ela é
justificada, dois princípios contrários: natureza e graça, denominada por
Paulo, de carne e Espírito. Por isso, embora os bebês em Cristo estejam
santificados, ainda assim, será apenas em parte. Em um grau, de acordo com a
medida da sua fé, eles são espirituais; mas, em outro, são carnais. Desta
forma, os crentes são continuamente exortados a vigiar contra a carne, tanto
quanto contra o mundo e o diabo. E isto concorda com a experiência constante
dos filhos de Deus. Enquanto eles sentem esse testemunho, em si mesmos, eles
sentem sua vontade, não totalmente resignada à vontade de Deus. Eles sabem que
eles estão Nele; mas ainda, encontram um coração pronto para se separar de
Dele; uma propensão para o mal, em muitas instâncias, e uma relutância para o
que é bom. A doutrina contrária é totalmente nova; nunca ouvida na Igreja de
Cristo, desde o tempo de sua vinda para o mundo, até o tempo do Conde
Zinzendorf; e ela é atendida com as mais fatais conseqüências. Ela remove a
vigilância contra nossa natureza pecaminosa; contra a Dalila que nos disseram
que tinha ido, embora ela ainda esteja em nosso seio. Ela faz em pedaços a
proteção dos crentes fracos, despojados de sua fé, e, assim, deixando-os
expostos a todos os assaltos do mundo, da carne e do diabo.
2.
Que possamos, portanto, segurar firme a doutrina perfeita, 'uma vez entregue
para os santos', e concedida aos oráculos de Deus na terra, para todas as
gerações que se seguiram: A de que, embora estejamos renovados, limpos,
purificados, santificados, e verdadeiramente crermos em Cristo, no momento;
ainda assim, nós não estamos renovados, limpos, purificados, completamente; já
que a carne; a natureza pecaminosa, ainda permanece (embora dominada), e
guerreia contra o Espírito. Quanto mais usamos de toda diligência para 'lutar
a boa luta da fé'. Quanto mais sinceramente 'vigiamos e oramos'
contra o inimigo nela. Quanto mais cuidadosamente permitimos nos 'colocar no
amor total de Deus'; embora, 'contendamos com a carne, e sangue e
principados, e com poderes, e espíritos pecaminosos, nos altos lugares',
mais seremos capazes de resistir, no dia de tentação; e, tendo feito tudo,
permanecermos.
[Editado por Angel Miller, estudante da
Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções por George Lyons para a
Wesley Center for Applied Theology.]
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