John Wesley
'Além
do mais, quando jejuares, não sede como os hipócritas de semblante triste.
Porque eles desfiguram seus rostos, para que pareçam aos homens que jejuam,
Verdadeiramente eu digo que eles já receberam as suas recompensas. Mas tu,
quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava seu rosto; para que não pareças aos
homens que jejuam, mas junto ao teu Pai que está em secreto: E teu Pai, que
está em secreto, os recompensará. (Mateus
6:16-18)
1.
Tem sido empenho de satanás, desde o começo do mundo, separar o que Deus tem
juntado; separar a religião interior da exterior; colocar uma dessas, em
contradição com a outra. E, nisto, ele tem encontrado não pouco sucesso, em
meio àqueles que eram 'ignorantes de seus conselhos'.
Muitos, em todas as épocas, têm um
zelo para com Deus, mas não de acordo com o conhecimento; têm estado
rigorosamente atados à 'retidão da lei'; na execução das obrigações
exteriores; mas, nesse meio tempo, completamente descuidados da retidão interior;
a 'retidão que é de Deus, pela fé'. E muitos têm corrido para o extremo
oposto, descuidando das obrigações exteriores; talvez, até mesmo, falando mal
da lei, e criticando a lei', na medida em que ela ordena o desempenho deles.
2. É, através desse mesmo
conselho de satanás, que a fé e as obras têm sido, tão freqüentemente,
colocadas em conflito, uma com a outra. E muitos que tinham um zelo por Deus,
têm, por um tempo, caído na armadilha, contrária. Alguns têm exaltado a fé, até
a completa exclusão das boas obras; não apenas de ser a causa de nossa
justificação, (porque nós sabemos que o homem é justificado livremente pela
redenção que está em Jesus), mas de ser o fruto necessário dela; sim, por ter
algum lugar na religião de Jesus Cristo. Outros, ansiosos para evitar esse
engano perigoso, têm corrido para o caminho extremamente oposto; tanto
sustentando que as boas obras foram a causa, ou pelo menos a condição prévia,
da justificação, -- quanto falado delas, como se elas fossem tudo em tudo, a
completa religião de Jesus Cristo.
3. Da mesma maneira, a finalidade e os
meios da religião têm sido colocados em contradição, um com o outro. Alguns
homens bem-intencionados parecem ter colocado toda a religião, no atendimento
às orações da Igreja; no receber a Ceia do Senhor; no ouvir sermões; em ler os
livros de devoção; negligenciando, nesse meio tempo, a finalidade disso tudo: o
amor a Deus e ao próximo. E esta mesma coisa tem confirmado outros, na
negligência, se não, menosprezando as ordenanças de Deus, -- insultando, de maneira tão infame, para
corroer e destruir a mesma finalidade
que eles designaram estabelecer.
4. Mas, de todos os meios da
graça, dificilmente existe algum concernente aos homens que vão para os grandes
extremos, do que aquele do qual nosso Senhor fala, nas palavras acima
mencionadas: o jejum religioso. Como alguns o têm exaltado, além de toda
Escritura e razão; -- e outros têm descuidado disto extremamente. Como que se
desforrando, através da depreciação, tanto quanto os primeiros, da
supervalorização! Aqueles que têm falado dele, como se ele fosse tudo em tudo;
se não, a finalidade em si mesmo, ainda assim infalivelmente unido a ele:
Estes, como se ele fosse exatamente nada; como se ele fosse um trabalho
infrutífero, que não tem relação, afinal, com isso. Visto que é certo que a
verdade se situa entre ambos. Ele não é tudo; nem, ainda assim, é nada. Ele não
é a finalidade, mas é um meio preciso; o meio que o próprio Deus tem ordenado,
e no qual, entretanto, quando é propriamente usado, ele irá certamente nos dar
sua bênção.
Com o objetivo de colocar isto tudo
de uma maneira mais clara, eu me esforçarei para mostrar:
I.
Qual
a natureza do jejum, e quais os tipos e graus dele.
II.
Quais
as razões, os alicerces, e as finalidades dele:
III.
Como
nós podemos responder à maioria das objeções plausíveis:
IV.
De
que maneira ele pode ser executado.
I.
1.
Eu vou me esforçar para mostrar, Primeiro, qual é a natureza do jejum, e quais
os diversos tipos e graus dele. Quanto à natureza dele, todos os escritores
inspirados, ambos no Velho e no Novo Testamento, tomaram a palavra jejuar, em
um sentido simples: não comer; abster-se do alimento. Isto está tão claro, que
seria trabalho perdido citar as palavras
de Davi, Neemias, Isaias, e os Profetas que se seguiram, ou nosso Senhor e seus
Apóstolos; todos concordando nisto, que jejuar é não comer, por um tempo
determinado.
2. A isto, outras
circunstâncias foram usualmente anexadas, pelos antigos, que não tinham conexão
necessária com ele. Tais coisas eram o negligenciar de suas vestimentas; deixar
de lado aqueles ornamentos, que eles estavam acostumados a usar; o colocar-se
em murmuração; o espalhar cinza sobre suas cabeças; ou de colocar aniagem
próxima à pele. Mas nós encontramos pouca menção feita no Novo Testamento de
alguma dessas circunstâncias indiferentes. Nem parece que alguma pressão tenha
sido colocada sobre elas, pelos cristãos das épocas mais puras; contudo, alguns
penitentes poderiam voluntariamente usá-las, como sinais exteriores da
humilhação interior. Muito menos, os Apóstolos ou os cristãos contemporâneos a
eles, batiam ou rasgavam suas próprias carnes: Tal disciplina como esta não era
inconveniente aos sacerdotes ou adoradores de Baal. Os deuses dos pagãos, eram
demônios; e isto era, sem dúvida, aceitável ao ser deus demoníaco, quando seus
sacerdotes (I Reis 18:28) 'E eles clamavam a grandes vozes, e se
retalhavam com facas e lancetas, conforme o seu costume, até derramarem sangue
sobre si'. Mas isto não pode ser
agradável a Ele, nem eles se tornam Seus seguidores; daquele que 'não vem
para destruir a vida dos homens, mas para salvá-las'.
3. Quanto aos graus ou
medidas do jejum, nós podemos ter exemplos de alguns que têm jejuado diversos
dias seguidos. Assim, Moisés, Elias, e nosso abençoado Senhor, estando dotados
de força supernatural, para aquele propósito, registraram ter jejuado, sem
intermissão, 'quarenta dias e quarenta noites'. Mas o tempo do jejum,
mais freqüentemente mencionado nas Escrituras, é um dia, de manhã, até a noite.
E este foi o jejum comumente observado em meio aos cristãos antigos. Mas além
desse, eles tinham também os seus meio-jejuns (semijejum, como Tertuliano os
denomina), no quarto e sexto dia da semana (quarta e sexta-feira), durante o
ano, no qual eles não tomam substância alguma, até as três horas da tarde; o
tempo em que eles retornam do serviço público.
4. Proximamente relatado a
isto, é o que nossa igreja parece peculiarmente significa pelo termo
abstinência; que pode ser usado, quando não jejuamos inteiramente, por motivos
de enfermidade ou fraqueza corpórea. Isto é comer pouco; a abstinência em
parte; o tomar a menor quantidade de alimento do que usual. E não me lembro da
algum exemplo bíblico disto. Mas nem posso eu condená-lo; já que a Escritura
não o faz. Pode ter seu uso, e receber a bênção de Deus.
5. O menor tipo de jejum, se
pode ser chamado por este nome, é o abster-se de alguma comida agradável.
Disto, nós temos diversos exemplos nas Escrituras., além daquele de Daniel e
seus irmãos, quem de uma consideração pessoal, ou seja, a que eles 'não
poderiam se corromper com a porção do manjar do rei, nem com o vinho que ele
bebia; portanto, pediu ao chefe dos eunucos que lhe concedesse não se
contaminar', (uma provisão diária a qual o Rei tinha designado para eles),
requerida e obtida, do príncipe dos eunucos, grãos de leguminosas para comer e
água para beber. (Daniel 1:8-12). Talvez, de uma imitação enganosa disto
poderia brotar o mesmo costume antigo de abster-se de carne e vinho, durante
tais épocas, como era reservar-se para o para jejum e abstinência; -- se,
antes, esse costume não se erguesse da supertição de que esses eram os
alimentos mais preferidos, e uma crença de que era próprio usar o que era menos
agradável naquele tempo de solene aproximação a Deus.
6.
Nas igrejas judias, havia alguns jejuns determinados. Tais eram o jejum do
sétimo mês, apontado pelo próprio Deus, para ser observado por toda Israel,
debaixo de mais severa penalidade. E o Senhor falou a Moisés dizendo: No
décimo dia desse sétimo mês, será o Dia da Expiação: tereis santa convocação, e
afligireis a vossa alma, e oferecereis oferta queimada ao Senhor. E, naquele
mesmo dia, nenhuma obra, vós fareis, porque é o Dia da Expiação, para fazer
expiação por vós, perante o Senhor vosso Deus. Porque, toda alma que naquele
mesmo dia, se não afligir, será extirpada do seu povo' (Levítico
23:26-30). Diversos outros jejuns determinados foram acrescidos a esse, no
tempo subseqüente. Assim, menção é feita, pelo Profeta Zacarias, do jejum, não
apenas 'do sétimo, mas também do quarto, do quinto e do décimo mês'. (Zacarias
8:19) 'Assim diz o Senhor dos exércitos : O jejum do quarto mês , e o
jejum do quinto, e o jejum do sétimo, e o jejum do décimo mês, serão para a
casa de Judá, gozo, e alegria, e festividade solene; amai pois, a verdade e a
paz'.
Nas
igrejas cristãs antigas, havia igualmente jejuns determinados, e esses, ambos
anual e semanalmente. Do primeiro tipo, era aquela antes da Páscoa, observada
por alguns, durante vinte e quatro horas; por outros, por uma semana inteira;
por muitos, por duas semanas; não fazendo uso de alimento até o entardecer de
cada dia: Do último, aqueles do quarto e sexto dias da semana, (como Epifanius
escreve, comentando como um fato inegável), -- que eram observados, em toda
terra habitável; pelo menos, em cada parte onde alguns cristãos construíram sua
morada.
Os
jejuns anuais em nossa Igreja são os 'quarenta dias da Quaresma; o Têmpora
[Os três dias de jejum prescritos pela Igreja Católica
na primeira semana da quaresma, na primeira de pentecostes, nas terceiras
semanas de setembro e dezembro],
nas quatro estações; o Rogação [segunda,
terça e quarta-feira antes da Ascensão do Senhor], e o Vigília ou Véspera,
com diversas festivais solenes; -- o Semanal, todas as sextas-feiras do
ano; com exceção do Natal'.
Mas, além desses que foram fixados,
em cada nação temente a Deus, havia sempre jejuns ocasionais, apontados, de
tempos em tempos, como as circunstâncias e ocasiões particulares de cada
necessidade. Então, quando 'os filhos de Moabe, e os filhos de Amon, e com
eles alguns outros doa amonitas vieram à peleja contra Josafá. Então, vieram
alguns que deram aviso a Josafá, dizendo: vem contra ti uma grande multidão de
além mar e da Síria; e eis que já estão
em Hazazom-Tamar, que é Em-Gedi. Então, Josafá temeu e pôs-se a buscar o
Senhor; e apregoou jejum em todo Judá' (2 Cron. 20:1-3). E, assim, 'E
aconteceu, no ano quinto de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá, no mês
nono', quando eles estavam temerosos do Rei da Babilônia, os Príncipes de 'Judá
apregoaram jejum diante do Senhor a todo o povo em Jerusalém'. (Jeremias
36:9).
E, de igual maneira, pessoas comuns,
que prestam atenção aos seus caminhos, e desejam caminhar humildemente e
intimamente com Deus, irão encontrar freqüentes oportunidades para, em
determinadas épocas, afligirem assim suas almas diante de seu Pai que está em
secreto. E é para este tipo de jejum que as direções, dadas aqui,
principalmente e primeiramente se referem.
II
1.
Eu prossigo mostrando, em Segundo lugar, quais são os fundamentos, as razões, e
as finalidades do jejum.
Primeiro,
os homens que estão debaixo de fortes emoções da mente, que foram afetados com
alguma paixão veemente, tais como tristeza e medo, são freqüentemente tragados
por elas, e, até mesmo, se esquecem de comer do seu pão. Em tais ocasiões eles
têm pouco cuidado com o alimento, nem mesmo com o que é necessário para
sustentar a natureza; muito menos, por alguma iguaria ou variedade; sendo
tomado por pensamentos completamente diferentes. Assim, quando Saul disse: 'Mui
angustiado estou, porque os filisteus guerrearam contra mim, e Deus se tem
desviado de mim, e não me responde mais, nem pelos ministérios dos profetas;
nem por sonhos; por isso te chamei a ti, para que me faças saber o que hei de
fazer'. É registrado que 'Ele não
tinha comido ´pão todo o dia, nem toda a noite' (I Samuel 28:15-20).
Assim, aqueles que estavam no navio com Paulo, quando nenhuma pequena
tempestade caiu sobre eles, e toda a
esperança de que pudessem ser salvos tinha ido embora... É já hoje o
décimo-quarto dia que esperais e permaneceis sem comer, não havendo provado
nada'; nenhum alimento regular, por quatorze dias seguidos (Atos 27:33).
E, assim, Davi, e todos os homens que estavam com ele, quando eles ouviram que
as pessoas fugiram da batalha, e que muitas das pessoas tinham caído mortas, e
Saul e Jônatas, seu filho, estavam
também mortos. 'E prantearam, e choraram, e jejuaram, até à tarde por
Saul, e por Jônatas, seu filho, e pelo povo do Senhor, e pela casa de Israel,
porque tinham caído à espada'. (2 Samuel 1:12).
Mais
ainda: Muitas vezes, eles, cujas mentes estavam tão profundamente
comprometidas, são impacientes de alguma interrupção, e, até mesmo repugnam de
seu alimento necessário, como que, desviando seus pensamentos do que eles
desejam, fosse ocupar toda sua atenção: Até mesmo Saul, quando, na ocasião
mencionada anteriormente, tinha 'caído, durante todo o tempo, sobre a terra,
e não havia forças nele', ainda assim, disse: 'Eu não irei comer',
até 'que seus servos, juntos com a mulher, o obrigaram'.
2. Aqui, então, está o
alicerce natural do jejum. Alguém que está debaixo de profunda aflição,
oprimido com a tristeza, por causa do pecado, e uma forte compreensão da ira de
Deus, ele poderia, sem qualquer regra, sem saber ou considerar se seria um
comando de Deus ou não, 'esquecer-se de comer seu pão'; abster-se, não
apenas do que lhe é agradável, mas, até mesmo do alimento necessário; -- como
Paulo, que, depois de ser conduzido a Damasco, 'ficou três dias sem ver, e
não comeu, nem bebeu' (Atos 9:9).
Sim, quando a tempestade se levantou
alta; 'quando um pavor horrível subjugou' alguém que tinha estado sem
Deus no mundo, sua alma poderia ter 'repugnado toda forma de alimento'; teria
sido desagradável e cansativo para ele;
ele poderia ficar impaciente por nada que pudesse interromper seu clamor
incessante: 'Senhor, salve-me, ou perecerei'.
Quão fortemente, isto é expresso por
nossa igreja, na primeira parte da Homilia sobre o Jejum! – 'Quando os
homens sentem em si mesmos o pesado fardo do pecado, vêem a condenação ser a
recompensa deles, e observam, com os olhos de suas mentes, o horror do inferno,
eles tremem, e são intimamente tocados pela tristeza do coração, e não podem
deixar de acusar a si mesmos, e declarar sua aflição ao Deus Todo-Poderoso, e
clamar junto a ele por misericórdia. Isto, sendo feito seriamente, suas mentes
ficam tão ocupadas, [tomadas], parcialmente com a tristeza e pesar;
parcialmente com um sincero desejo de serem libertos, desse perigo do inferno e
condenação, que todo o desejo de alimento e bebida é colocado aparte, e a
repugnância [ou aversão] de todas as coisas e prazeres mundanos tomam o
lugar. De modo que nada, então, eles preferem a prantear, lamentar, murmurar, e
ambos com palavras e comportamento do corpo, para mostrarem a si mesmos
cansados da vida'.
3. Uma
outra razão ou fundamento do jejum é este: Muitos dos que temem a Deus estão
profundamente sensíveis pelo quão freqüentemente eles pecaram contra Ele, pelo
mau uso dessas coisas legítimas. Eles sabem o quanto eles têm pecado pelo
excesso de comida; por quanto tempo eles têm transgredido as santas leis de
Deus, com respeito ao equilíbrio, se não, a sobriedade também; como eles têm se
cedido aos seus apetites sexuais, talvez, enfraquecendo sua saúde corpórea, --
certamente, para o não pequeno dano de suas almas; já que, por meio disto, eles
continuamente alimentaram, e aumentaram aquela insensatez divertida; aquela
volubilidade da mente; aquela frivolidade de temperamento; aquela divertida
desatenção para com as coisas do mais profundo interesse; aquela irreflexão e
descuido de espírito, que eram não outro que a embriaguez da alma, que
entorpeceu todas as suas faculdades mais nobres, não menos do que o excesso de
vinho ou bebida forte. Para remover, entretanto, o efeito, eles removem a
causa. Eles se mantêm distantes de todo o excesso. Eles se abstêm, tanto quanto
possível, daquilo que tem, por acaso, os arrastado para a perdição eterna. Eles
freqüentemente refreiam totalmente; sempre cuidado para serem frugais e equilibrados em todas as
coisas.
4. Eles se lembram bem,
igualmente, como a abundância de alimento aumentou, não apenas o descuido e
leviandade de espírito, mas também os desejos tolos e profanos, e as afeições
impuras e vis. E esta experiência não deixou dúvidas. Mesmo a sensualidade
gentil, regular, está continuamente erotizando a alma, e fazendo-na mergulhar no mesmo nível das
bestas que perecem. Não pode ser declarado qual o efeito que a variedade e a
frugalidade de alimento têm sobre a mente, tanto quanto sobre o corpo; tornando
isto justamente oportuno para todo prazer do sentido, tão logo a oportunidade é
convidada. Portanto, nesse alicerce também, todo homem sábio irá refrear sua
alma, e mantê-la humilde; irá desapegar-se, mais e mais, de todas essas
indulgências dos apetites inferiores, que naturalmente tendem a acorrentá-la a
terra, e corrompê-la, tanto quanto aviltá-la. Aqui está uma outra razão
permanente para o jejum; remover o alimento da luxúria e sensualidade; retrair
os incentivos dos desejos tolos e danosos, das afeições vis e inúteis.
5. Talvez, nós precisemos não
omitir completamente (embora eu não saiba se fará bem colocar um grande estresse sobre isso) uma
outra razão para o jejum, que alguns homens bons têm largamente insistido a
respeito; ou seja, o punir a si mesmos por terem abusado dos bons dons de Deus,
por, algumas vezes, refreando-se deles; assim exercitando uma espécie de
vingança santa sobre si mesmos, pela insensatez
e ingratidão passada, em transformar as coisas que tinham sido para a saúde
deles, uma ocasião de queda. Eles supõem que Davi teve um olhar para isto,
quando disse: 'Eu pranteio e disciplino', ou puno. 'minha alma com jejum'; e Paulo, quando menciona: 'que vingança', a tristeza santa ocasionou nos Corintos.
6. A
quinta e a mais forte razão para o jejum, é que ele é um auxiliar na oração;
particularmente, quando nós reservamos porções maiores de tempo para as orações
pessoais. Então, é, especialmente, quando Deus freqüentemente se agrada de
erguer as almas de seus servos, acima de todas as coisas da terra, e, algumas
vezes, levá-las para mais alto, como se fosse, para o terceiro céu. E é,
principalmente, como um auxiliar na oração, que ele tem, tão freqüentemente,
encontrado um significado, nas mãos de Deus, de conformidade e crescimento, não
apenas de uma virtude; não apenas de pureza, (como alguns têm imaginado, em
vão, sem qualquer fundamento, tanto Bíblico, racional, quanto experimental), mas
também seriedade de espírito, sinceridade, sensibilidade e brandura de
consciência, indiferença para com o mundo, e, conseqüentemente, o amor de Deus,
e cada afeição santa e divina.
7. Não que exista alguma
conexão natural e necessária entre jejuar e as bênçãos que Deus transmite por
meio disto. Mas Ele irá ter misericórdia, quando Ele tiver misericórdia; e Ele
irá transmitir o que quer que lhe pareça bom, através de qualquer que seja o
meio que lhe agrade apontar. E Ele tem designado este, em todas as épocas, para
ser os meios de prevenirmos sua ira, e obtermos quaisquer bênçãos que nós, de
tempos em tempos, temos necessidade.
E quão poderoso instrumento isto é
para impedir a ira de Deus, nós podemos aprender do notável exemplo de Acabe. 'Não
existe ninguém como aquele que não vendeu a si mesmo' -- que deu a si mesmo
totalmente ao alto, como um escravo comprado com dinheiro – 'para operar
perversidade'. Ainda assim quando
ele rasgou suas roupas e colocou aniagem sobre sua carne e jejuou, e veio mansamente,
a palavra do Senhor veio a Elias dizendo: 'Vê tu, como Acabe humilhou-se
diante de mim? Porque ele se humilhou diante de mim, eu não irei trazer o mal
aos seus dias'. (I Reis 21:27-30).
Foi para essa finalidade, impedir a
ira de Deus, que Daniel buscou a Deus 'com jejum, e aniagem, e cinzas'.
Isto aparece de todo o teor de sua oração; particularmente, da solene conclusão
dela: 'Ó Senhor,de acordo com toda tua retidão', ou misericórdias, 'permita que tua ira se
vá de tua montanha sagrada. – Ouça a oração de teu servo, e faça tua face
brilhar sobre o teu santuário, que está devastado, -- Ó Senhor, ouve; Ó Senhor,
perdoa;Ó Senhor,escuta atentamente e faze, por amor do Senhor'. (Daniel
9:3, 17).
8.
Mas não é apenas do povo de Deus que podemos aprender, quando sua ira é
movida para buscar a Ele, através de jejum e oração; mas mesmo dos pagãos.
-- Quando Jonas declarou: 'E
levantou-se Jonas e foi a Nínive, segundo a Palavra do Senhor; era, pois Nínive
uma grande cidade, de três dias de caminho. E começou Jonas a entrar na cidade,
caminho de um dia, e ´pregava, e dizia: Ainda quarenta dias e Ninive será
derrotada', o povo de Nínive proclamou um jejum, e vestiu aniagem, do maior
ao menor. 'Para que o Rei de Nínive se levantasse de seu trono, e tirasse de
si as suas vestes, e se cobrisse com panos de saco, e sentasse em cinzas. E ele
fez com que fosse proclamado e publicado, através de Nínive, que não era
permitido que homem ou animal; rebanho, nem manada, provassem alguma coisa: Que
eles não se alimentem, nem bebam água': (não que o animal tivesse pecado,
ou pudesse se arrepender; mas que, pelo exemplo deles, o homem pudesse ser
admoestado, considerando que, por seus pecados, a ira de Deus estava
dependurada sobre todas as criaturas): 'Quem poderá dizer se Deus irá voltar
atrás e arrepender-se, e se apartar do furor de sua ira, para que não
pereçamos?'. E o trabalho deles não foi em vão. O furor da ira de Deus
afastou-se dele. 'Deus viu suas obras": (os frutos daquele arrependimento e daquela fé
que ele tem forjado neles, por seu Profeta); 'e Deus arrependeu-se do mal
que ele tinha dito que viria sobre eles, e não o fez'. (Jonas 3:4, em diante).
9. E
o jejum não é apenas um meio de afastar a ira de Deus, mas também de obter
quaisquer que sejam as bênçãos que estejamos precisando. De modo que, quando as
outras tribos foram derrotadas diante dos Benjamitas, 'todos os filhos de
Israel foram para a casa de Deus, e murmuraram, e jejuaram naquele dia, até à
tarde'; e, então, o Senhor disse: 'Levantem-se' novamente; 'amanhã, eu irei entregá-los, em
suas mãos'. (Juízes 20:26, em diante).
Assim,
Samuel reuniu toda Israel, quando eles foram cativos dos filisteus, 'e eles
jejuaram naquele dia' diante do Senhor: E, então, 'os filisteus se
aproximaram para a batalha contra Israel, o Senhor fez trovejar' sobre eles
'com um grande trovão e os confundiu; e eles foram derrotados diante de
Israel. (I Samuel 7:6-10).
Assim, Esdras: 'Eu
proclamei um jejum no rio Aava, para que pudéssemos afligir a nós mesmos diante
de nosso Deus, e buscar a ele no caminho certo para nós, e para os nossos
filhos; e suplicamos a ele'. (Esdras 8:21).
Assim,
Neemias: 'Eu jejuei e orei diante do Deus dos céus e disse: Ah! Senhor, Deus
dos céus, Deus grande e terrível, prospere-me, eu oro a ti, teu servo esse dia,
conceda a ele misericórdia aos olhos desse homem'. E Deus concedeu a ele
misericórdia aos olhos do rei (Neemias 1:4-11).
10. De
igual modo, os Apóstolos sempre se reuniram para jejuarem com oração, quando
eles desejavam a bênção de Deus em qualquer empreendimento importante. Assim,
nós lemos em (Atos 13 1:13) ' Havia na igreja de Antioquia, certos
Profetas e Professores: Quando eles ministraram ao Senhor e jejuaram', sem
dúvida, para a direção nesse mesmo assunto, 'o Espírito Santo disse:
Separa-me a Barnabé e Saul, para o trabalho a que eu os tenho chamado. E,
quando eles tiveram' uma segunda vez, 'jejuado e orado, e colocado suas
mãos sobre eles, eles os despediram'.
Assim, também o próprio Paulo e
Barnabé, quando nós lemos no capítulo seguinte, em que eles 'retornaram
novamente para Listra, Icônio e Antióquia, confirmando as almas dos discípulos
quando eles os ordenaram aos Deões, em cada Igreja, e tinham orado e jejuado,
recomendaram-nos ao Senhor' (Atos 14:21-23).
Sim, que as bênçãos são para serem
obtidas, na utilização desses meios, as quais, de outro modo, não são
atingíveis, nosso Senhor declara expressamente na resposta aos seus discípulos
dizendo: 'Então,os discípulos, aproximando-se de Jesus, em particular,disseram:
Por que não podemos nós expulsá-los? E Jesus lhes disse: Por causa da vossa
pequena fé; porque em verdade vos digo que, se tiverdes fé, como um grão de
mostarda, direis a este monte: passa daqui para acolá – e há de passar, e nada
vos será impossível. Mas esta casta de demônios não se expulsa senão pela
oração e pelo jejum'. (Mateus 17:19-21). – Esses sendo os meios
designados de obter aquela fé, por meio da qual mesmos os demônios ficam
sujeitos a você.
11.
Esses foram os meios apontados: Já que não foi meramente pela luz da razão,
ou da consciência natural, como ela é chamada, que o povo de Deus tem sido, em
todas as épocas, direcionados a fazer uso de jejuns como um meio para esses
fins; mas eles têm sido ensinados do próprio Deus, de tempos em tempos, através
das revelações claras e declaradas de sua vontade. Tal como aquela notável,
através do Profeta Joel: 'Ainda assim, agora mesmo, diz o Senhor:
Convertei-vos a mim de todo o vosso coração, e isso com jejuns e com choro e
com pranto. E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e vos convertei
ao Senhor, vosso Deus, porque ele é misericordioso e compassivo, e tardio em
irar-se, e grande em beneficência e se arrepende do mal. Quem sabe, se ele se
voltar e se arrepender, e deixar uma bênção, atrás dele? Tocai a trombeta de
Sião, santificai o jejum, congregai solenemente: -- Então, o Senhor terá zelo
da sua terra e se compadecerá do seu povo. Sim, e o senhor responderá e dirá ao
seu povo: eis que envio o trigo, e o mosto, e o óleo, e deles sereis fartos, e
vos não entregarei mais ao opróbrio entre os pagãos'. (Joel 2:12-19)
Agora,
não são apenas as bênçãos temporais que Deus direciona seu povo a esperar do
uso desses meios. Já que, ao mesmo tempo, que ele prometeu àqueles que pudessem
buscá-lo com jejum, e prantear, e murmurar, 'eu irei restaurar a você os anos que o gafanhoto tem comido; e as
locustas, e o pulgão, e a oruga, o meu grande exército que enviei contra
vocês'; ele anexa, 'De modo que
poderão também saberão que eu estou no meio de Israel, e que eu sou o Senhor
seu Deus'. E,então, imediatamente segue a grande promessa evangélica: E
há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos
filhos e vossas filhas profetizarão; os vossos velhos terão sonhos, os vossos
jovens terão visões: E também sobre os servos e sobre as servas, naqueles dias,
derramarei o meu Espírito'. (Joel 2:25-29)
12. No entanto, quaisquer que
tenham sido as razões para estimular aqueles do passado, no zelo e constante
desempenho dessa obrigação, eles têm a mesma força para ainda estimular a nós.
Mas acima de todos esses, nós temos um motivo pessoal para 'jejuarmos
freqüentemente', ou seja, a ordem Dele, através de cujo nome somos
chamados. De fato, nesse lugar, Ele não ordena expressamente, tanto o jejum, o
fazer donativos, quanto o orar; mas suas direções, em como jejuar, fazer
donativos, e orar, são da mesma força que tais injunções. Enquanto, nos ordenar
para fazer alguma coisa assim, é uma ordem inquestionável para que façamos
aquela coisa; é impossível executa-la dessa forma, se ela não for executada
afinal. Conseqüentemente, o dizer: 'Faça donativos, ore, jejue', dessa maneira, é uma ordem clara para executar
todas essas obrigações; tanto quanto executá-las, da maneira que possa, de modo
algum, perder sua recompensa.
E
este é ainda um motivo e encorajamento mais além para executar essa obrigação;
até mesmo a promessa que nosso Senhor tem graciosamente anexado ao devido
desempenho dela; 'Teu Pai, que vê em secreto, irá recompensar a ti,
abundantemente'. Tais são os planos,
fundamentos, razões e finalidades do jejum; tal nosso encorajamento para
perseverar nisto, não obstante a quantidade de objeções, que os homens, mais
sábios do que seu Senhor, têm continuamente levantado contra ele.
III
1. A
mais plausível dessas objeções, eu vou considerar agora. Primeiro, tem sido
freqüentemente dito: 'Que o cristão jejue do pecado, e não da comida: Isto é
o que Deus requer de suas mãos'. Assim é o que Ele quer; mas Ele requer o
outro também. Portanto um deve ser feito, e o outro, não deixado sem
fazer.
Veja seu argumento nessas dimensões completas; e você
julgará facilmente a extensão dele: --
Se um cristão deve se abster do
pecado, então, ele não deve se abster da comida:
Mas um cristão deve se abster do
pecado.
Portanto, ele não deve se abster da
comida.
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Que
um cristão deve se abster do pecado, é a mais completa verdade; mas como se
segue que ele não deve se abster da comida? Sim, que ele possa fazer tanto uma
coisa quanto a outra. Que ele, pela graça de Deus, se abstenha sempre do
pecado; e que ele freqüentemente se abstenha da comida; porque tais motivos e
finalidades, as experiências e Escrituras mostram terem respondido plenamente a
isto.
2. 'Mas não é melhor'
(como tem sido objetado, em Segundo Lugar) 'abster-se do orgulho e vaidade;
da insensatez e desejos danosos; da impertinência, e ira, e descontentamento do
que da comida?'. Sem duvida. Mas aqui também nós temos necessidade de
lembrar você das palavras do Senhor: 'Essas coisas vocês devem fazer; e as
outras, não devem deixar sem serem feitas'. E, de fato, a posterior é
apenas em ordem da anterior; é um meio para aquela grande finalidade.
Nós nos
abstemos da comida com essa visão, -- para que, pela graça de Deus, transmitida
às nossas almas, através desse meio exterior, em conjunção com todos os outros
canais da graça, que Ele tem apontado, possamos ser capazes de nos abster de
toda paixão e temperamento que não são agradáveis aos seus olhos. Abstermo-nos
de uma, fornecida do alto, nós possamos ser capazes de refrear a outra. De
maneira que seu argumento prova
justamente o contrario do que você pretendeu: Ele prova que devemos jejuar.
Porque se nós devemos nos abster dos temperamentos e desejos pecaminosos,
então, nós devemos nos abster da comida; já que esses pequenos exemplos de
abnegação são os caminhos que Deus tem escolhido, por meio do qual concede
aquela grande salvação.
3. 'Mas
nós não nos certificamos disto de fato': (Esta é a Terceira objeção) 'Nós temos jejuado,
muito freqüentemente; mas qual tem sido o proveito? Nós não ficamos em nada
melhores; nós não encontramos bênçãos nisso. Mais ainda: nós temos nos
certificado que ele é um empecilho, em vez, de ajuda. Ao contrário de prevenir
raiva, por exemplo, ou mau-humor, ele tem sido um meio do crescimento deles; de
tal maneira, que nós nem podemos suportar os outros, nem a nós mesmos'.
Isto, muito
provavelmente, deva ser o caso. É possível jejuar e orar, de tal maneira, a nos
sentirmos piores do que antes; mais infelizes, mais impuros. Ainda assim, a
falha não está nos meios, por si só, mas na maneira de usá-los. Utilize-se
deles ainda, mas de uma maneira diferente. Faça o que Deus ordena, da maneira
que Ele ordena; e então, sem dúvida, a
promessa Dele não falhará: Suas bênçãos não ficarão retidas por mais tempo;
mas, quando você jejuar em secreto, 'Ele que está em secreto, irá
recompensá-lo abertamente'.
4. 'Mas,
não se trata de mera supertição',
(então, este tem sido a Quarta objeção) 'imaginar que Deus leva em
consideração, tais pequenas coisas como essas?'. Se você diz que é assim,
você condena todas as gerações anteriores dos filhos de Deus. Mas você poderá
dizer que esses eram todos homens fracos e supersticiosos? Você pode tão
duramente afirmar isto, ambos de Moisés e Josué; de Samuel e Davi; de Josafá,
Esdras, Neemias, e todos os outros profetas? Sim; daquele que está acima de
todos eles, -- do próprio Filho de Deus? O certo é, que nosso Mestre e todos
esses seus servos não imaginaram que o jejum fosse uma coisa sem importância, e
que Ele, que é o Altíssimo, deu atenção a ele.
Do
mesmo julgamento, evidentemente, foram todos os seus Apóstolos, depois que
foram 'preenchidos com o Espírito Santo, e com sabedoria'. Quando eles
tiveram a 'unção do Espírito de Deus, os ensinando todas as coisas',
eles, ainda assim, confirmaram a si mesmos como Ministros de Deus, 'através
do jejum', tanto quanto, 'através da armadura da retidão, na mão direta
e na esquerda'. Depois 'do noivo ter sido levado deles, então, eles
jejuaram naqueles dias'. Depois que 'o noivo foi levado deles, então,
eles jejuaram naqueles dias'. Nem poderiam tentar alguma coisa (como vimos
acima), por meio da qual a glória de Deus fosse proximamente afligida, tais
como enviar trabalhadores para a colheita, sem o jejum solene, assim como a
oração.
5. 'Mas se jejuar for, de
fato, uma coisa de tão grande importância, e atendeu tais bênçãos, não seria
melhor' — dizem alguns, em Quinto lugar, — 'jejuarmos sempre? Não o
fazermos, de vez em quando, mas nos mantermos em um jejum continuo? Usarmos de
tanta abstinência, todo o tempo, até onde as forças corpóreas
suportarem?'. Que ninguém seja
desencorajado de fazer isto. De qualquer maneira, faça uso de alimento em
pequena quantidade, e modestamente; exercite abnegação nisto, todo o tempo,
tanto quanto suas forças corpóreas suportarem. E isto poderá conduzi-lo, pelas
bênçãos de Deus, a diversas das grandes finalidades acima mencionadas. Mas isto
não é jejum; não o jejum bíblico; e não foi denominado assim, em toda a Bíblia.
Ele, em alguma medida, responde algumas das finalidades; mas ainda assim, se
trata de uma outra coisa. Pratique isto, de qualquer forma; mas não de tal
maneira a colocar de lado, por meio disto, um mandamento de Deus, e um meio
instituído de prevenir Seus julgamentos, e obter as bênçãos dos Seus filhos!
6. Use continuamente, então,
de quanta abstinência você se agradar; que, considerada assim, não é outra
coisa do que a temperança cristã; mas essa necessidade, afinal, não interfere
com nosso observar os momentos solenes de jejum e oração. Por exemplo: Sua
abstinência, ou temperança habitual, não o impediria de jejuar em secreto, se
você fosse subitamente afligido por
enorme tristeza e remorso, e com medo e desânimo terríveis. Tal situação de
mente quase sempre o constrangeria a jejuar; a repugnar seu alimento diário;
você dificilmente suportaria, até mesmo tomar tais alimentos necessários para o
corpo; até que Deus 'o erguesse desse buraco horrível, e colocasse seus pés
sobre a rocha, e ordenasse suas atividades'. O mesmo poderia ser o caso, se
você estivesse em agonia de desejo, veementemente lutando com Deus pela bênção
Dele. Você não precisaria de alguma mais para instruir você a não comer do pão,
até que tivesse o seu pedido atendido.
7. Novamente, você esteve
alguma vez em Níneve, quando foi proclamado, por toda a cidade: 'Que nem
homem, nem besta; rebanho ou manada prove coisa alguma: Que eles não comam ou
bebam água, mas permita que clamem imensamente junto a Deus'; -- o seu jejum contínuo teria sido alguma razão
para não fazer parte naquela humilhação geral? Indubitavelmente, não. Você
estaria tão preocupado quanto os outros de não provar alimento naquele dia.
Nem a abstinência; nem a observação
do jejum contínuo, teria desculpado alguns dos filhos de Israel de jejuar,no
décimo dia do sétimo mês, para que não fosse afligido, 'não jejuar, naquele
dia, faria com que ele fosse extirpado de entre seu povo'.
Por fim: Você já esteve com os
irmãos em Antioquia, no tempo em que eles jejuaram e oraram, antes do envio de
Barnabé e Saul; pode você possivelmente imaginar que sua temperança e
abstinência teriam sido causa suficiente para não se juntar nisso? Sem dúvida,
se você não tivesse feito, você poderia ter sido extirpado da comunidade
cristã. Você teria sido, merecidamente, extirpado de entre eles, como que
trazendo confusão dentro da Igreja de Deus.
IV
1.
Eu vou, por fim, mostrar de que maneira nós devemos jejuar, para que ele possa
ser um serviço aceitável junto ao Senhor.
Primeiro:
Que ele seja feito, junto ao Senhor, com nosso olho, isoladamente, fixo Nele.
Que nossa intenção nisto seja esta; apenas esta: glorificar nosso Pai que está
nos céus; expressar nossa tristeza e
vergonha, por nossas muitas transgressões à sua santa lei; esperar pelo
crescimento da graça purificadora; conduzir nossas afeições para as coisas do
alto; acrescentar seriedade e sinceridade às nossas orações; impedir a ira de
Deus; e obter todas as grandes e preciosas promessas que ele tem feito a nós em
Jesus Cristo.
Que possamos nos precaver de zombar
de Deus, ao fazermos com que nosso jejum, tanto quanto nossas orações, sejam
uma abominação a Ele, através da mistura de qualquer visão temporal;
particularmente, o louvor de homens. Contra isto, nosso abençoado Senhor mais
particularmente nos orienta nas palavras do texto:
'Além do mais, quando jejuares,
não sede como os hipócritas' --
Assim eram os muitos que foram chamados de povo de Deus; 'de semblante
triste': amargurado, sensivelmente triste, colocando seus olhares de uma
forma peculiar. 'Porque eles desfiguram seus rostos', não apenas,
através de distorções artificiais, mas também os cobrindo, com poeira e cinzas;
'para que pareçam aos homens que jejuam'; esta era o principal, se não o
único objetivo. 'Verdadeiramente eu digo que eles já receberam as suas
recompensas'; até mesmo a admiração e louvor de homens. 'Mas tu, quando
jejuares, unge a tua cabeça, e lava seu rosto; para que não pareças aos homens
que jejuam'; que isto não faça parte de tua intenção; se eles souberem
disto, sem qualquer desejo de tua parte, não importa, tu não serás o melhor,
nem o pior; --'mas junto ao teu Pai que está em secreto: E teu Pai, que está
em secreto, os recompensará. (Mateus 6:16-18)
2. Em Segundo Lugar: Mas, se nós desejamos essa
recompensa, que possamos nos precaver de fantasiar que merecemos alguma coisa
de Deus, pelo nosso jejum. Nós também não podemos ser freqüentemente advertidos
disto; visto que está tão profundamente enraizado em todos os nossos corações,
como um desejo de 'estabelecer nossa própria retidão', o procurar a
salvação de débitos, em vez da salvação da graça. Jejuar é apenas um caminho
que Deus tem ordenado; no qual esperamos por sua imerecida misericórdia; e no
qual, ele prometeu nos dar livremente sua bênção, se não houver alguma
desistência de nossa parte.
3. Nem devemos imaginar que,
executando a mera ação exterior, iremos receber qualquer benção de Deus. 'Tal jejum que tenho escolhido, disse o Senhor,
significa um dia para o homem afligir sua alma? É com o objetivo de baixar sua
cabeça como um junco, e espalhar aniagem e cinzas sobre ele?'. São essas
ações exteriores, por mais que estritamente executadas, tudo o que Ele quer
dizer pelo homem 'afligir sua própria alma?'. – 'Irás tu chamar a isto um
jejum, e um dia aceitável para o Senhor?'. Certamente que não: se for
apenas um mero serviço exterior, será tudo um trabalho perdido. Tal performance
poderá possivelmente afligir o corpo; mas quanto à alma, não terá sido de
proveito algum.
4. Sim, o corpo pode algumas
vezes ser muito afligido; de maneira a ficar incapacitado para as obras de
nosso chamado. Isto também nós, diligentemente, nos guardamos contra; já que
devemos preservar a saúde, como um bom dom de Deus. Portanto, deve-se tomar
cuidado, quando quer que jejuemos, de tornar o jejum proporcional às nossas
forças. Porque nós não podemos oferecer a Deus um assassinato como
sacrifício, ou destruirmos nossos corpos, para ajudarmos nossas almas.
Mas, nessas épocas solenes, nós
podemos, mesmo em grande fraqueza do corpo, evitar o outro extremo, pelo qual
Deus condena aqueles que no passado discutiram com ele por não aceitar seus
jejuns. 'Para que temos jejuado, dizem eles, se tu não vês? – Observem, se
no dia do jejum de vocês, vocês encontraram prazer, diz o Senhor'. Se nós não podemos nos abster totalmente do
alimento, que, pelo menos, nos abstenhamos do alimento prazeroso; e, então, nós
não estaremos buscando a face do Senhor, em vão.
5. Que cuidemos de afligir
nossas almas, tanto quanto nossos corpos. Que cada ocasião, em jejum público ou
privado, seja uma oportunidade de exercitar todas aquelas afeições santas, que
estão inseridas, no coração quebrantado, e arrependido. Que seja uma
oportunidade do murmurar religioso; da tristeza santa pelo pecado; tal tristeza
como aquelas dos Coríntios, concernente ao que o apóstolo diz:
'Agora, me
regozijo, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para o
arrependimento; pois fostes contristados, segundo Deus; de maneira que por nós
tu não padeceste dano em coisa alguma. Porque a tristeza santa' -- a tristeza que é de acordo com Deus, que é um
dom precioso de seu Espírito, elevando a alma para Deus de quem ela flui – 'opera
arrependimento para a salvação, do qual ninguém se arrepende'. Sim, que
nossa tristeza em busca da santidade opere em nós a mesma mudança completa de
coração - renovado na imagem de Deus -, na retidão e santidade verdadeira; e a mesma mudança de
vida, até que sejamos santo como Ele é santo; em toda maneira de conversação.
Que opere em nós o mesmo esmero, encontrado Nele, sem mancha e sem culpa; a
mesma limpeza, em nós mesmos, através de nossas vidas, preferivelmente, do que
em palavras; por abstermo-nos da aparência do mal; a mesma indignação e
veemente aversão a todo pecado; o mesmo temor de nosso próprio coração
enganoso; o mesmo desejo de sermos, em todas as coisas, conformes com a vontade
santa e aceitável de Deus; o mesmo zelo, para o que quer que possa ser um meio
para sua glória, e crescimento no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo; e
o mesmo revanchismo contra Satanás e todas as suas obras; contra toda sujidade
da carne e espírito (2 Cor. 7:9 em
diante).
6. E ao jejum, que possamos
sempre juntar a oração fervorosa, derramando toda nossas almas diante de Deus;
confessando nossos pecados com todos os seus agravantes; humilhando-nos debaixo
de sua poderosa mão; colocando diante dele todas as nossas necessidades, todas
as nossas culpas e impotência. Esta é uma ocasião para ampliarmos nossas
orações, em favor de nós mesmos ou de nossos irmãos. Que possamos agora
lamentar os pecados de nosso povo; e clamar alto pela cidade de nosso Deus; que
o Senhor possa edificar Sião, e fazer com que Sua face brilhe sobre suas
desolações. Assim, nos podemos observar que os homens de Deus, nos tempos
antigos, sempre juntaram oração e jejum; assim como os Apóstolos, em todas as
instâncias acima citadas; e assim nosso Senhor os reuniu no discurso diante de
nós.
7. Resta
apenas, com o objetivo de observarmos o jejum, como algo aceitável ao Senhor,
que acrescentemos os donativos; as obras de misericórdia, em nosso poder, tanto
para os corpos, quanto para as almas dos homens: 'De tais sacrifícios'
também 'Deus se agrada. Assim, o anjo declara para Cornélio, jejuando e
orando em sua casa: 'Este, fixando os olhos nele, e muito atemorizado disse:
Que é, Senhor?e o anjo lhe disse: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido
para memória diante de Deus'. (Atos 10:4 em diante). E isto o
próprio Deus declara expressa e largamente: 'Por ventura, não é este o jejum
que eu escolhi? Para que você se livre do vínculo do pecado; para que se
desfaça dos fardos pesados; para que permita que o oprimido seja liberto,
e para que você quebre todo jugo?'.
Porventura, não é também para que
repartas teu pão com o faminto, e para que recolhas em tua casa o pobre que foi
expulso? E vendo o nu, o cubras; e não ocultes a ti mesmo de tua própria carne?
Então, que a tua luz possa brilhar como a manhã, e tua cura possa brotar rapidamente;
e tua retidão possa seguir diante de ti; a glória do Senhor será a tua
recompensa. Assim, tu chamarás e o Senhor irá te responder: Tu clamarás, e ele
dirá: 'Aqui eu estou'. – Se, 'quando jejuaste, tu abristes a tua alma
ao faminto; e satisfizeste a alma aflita; então tua luz se erguerá na
obscuridade, e tua escuridão será como o meio-dia. E o Senhor será teu guia
continuamente, e satisfará tua alma na estiagem, e fortificará teus ossos: E tu
serás como um jardim regado, e como uma fonte de água, cujas águas nunca
faltam'. (Isaías 58:6 em diante).
[Editado por Jason Boldt, estudante da
Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções de George Lyons para a
Wesley Center for Applied Theology.]