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sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Daniel 1 e o vegetarianismo

 


Jailson Crepaldi Inácio

 

Este artigo está sendo criado para fins de pesquisa e discussão do tema em resposta a  5 argumentos trazidos até mim, para descobrir se esses argumentos são verdadeiros ou falsos utilizaremos o comentário bíblico adventista, a Bíblia obviamente e o livro Conselhos sobre regime alimentar capitulo 4 entre outras fontes.

É propósito do Senhor levar o Seu povo de volta ao viver simples de frutas, vegetais e cereais. ... Deus proveu frutos em seu estado natural para nossos primeiros pais. Testemunho Inédito, págs. 5 e 6.

 

Meu parecer sobre o assunto:

            Acredito que o regime vegetariano foi dado por Deus ao ser humano e que não é desejo dele que comamos carne, sendo que apenas depois do diluvio vemos Deus permitindo o homem comer carne e ainda com ressalvas a alimentos puros e impuros(Gen 7 e Lev 11). Creio que ninguém é obrigado a ser vegetariano, mas, que se faria muito bem uma reforma de saúde na vida de todos. Creio nos 8 remédios naturais de Deus (Ar puro , Agua pura, luz solar, Alimentação adequada, descanso adequado, exercício físico, temperança e confiança em Deus )e que a alimentação é apenas um deles, porém, de suma importância para o contexto da redenção tendo em vista que o pecado do ser humano tem a ver com alimentação, (Gen 3), Satanás tentou a Jesus através da alimentação (Mateus 4) e creio que estou muito aquém do que deveria ser em minha alimentação e hábitos saudáveis mas com a ajuda de Deus e um pouco de esforço pretendo alcançar um estado melhor do que o atual.

            Antes de tudo leia o capitulo 1 de Daniel na sua Bíblia para ajuda-lo(a) a entender as colocações a seguir, quero também  contextualiza-lo(a) sobre algumas informações que descobri que servem para nos situar, Daniel tinha 18 anos quando foi levado a Babilônia e o rei procurava jovens sem mancha alguma, sendo assim a saúde física e uma aparência formosa eram consideradas qualidades indispensáveis para um magistrado de alta linhagem entre os antigos, e ainda hoje estas características são muito bem cotadas no Próximo Oriente.

A palavra para porção é pathbag do hebraico e deriva do antigo persa patibaga (ao menos estava escrito assim no comentário que pesquisei) se traduz por “porção” ou "manjares".Sobre o uso de tais palavras de outros idiomas ver com. vers. 3.

Pathbag se usa 6 vezes em Daniel (cap. 1: 5, 8, 13, 15-16; 11: 26).

Sobre o termo “entre estes” Esta expressão mostra que outros jovens tinham sido escolhidos para receber instrução além dos quatro que se mencionam por nome. Sem dúvida se nomeia a estes quatro por sua singular atuação. (cap. 2: 49; 3: 30; 6: 2; 10: 11).

 

Sobre não se contaminar:

Havia várias razões pelas quais um judeu piedoso evitaria comer da comida real:

(1)  Os babilônios, como outras nações pagãs, comiam carnes imundas,

(ver Conselho sobre Regime Alimentar 33-34);

(2) Os animais não tinham sido mortos de acordo com a lei levítica (Lev. 17: 14-15);

(3) Uma porção dos animais destinados ao alimento era oferecida primeiro como sacrifício aos deuses pagãos (ver Atos. 15: 29);

(4) O consumo de mantimentos e bebidas alcoolicas estava contra os princípios de estrita temperança:

(5) Por todas estas razões Daniel e seus companheiros preferiram abster-se de comer carnes (Dan 1: 8). Os jovens hebreus decidiram não fazer nada que prejudicasse seu desenvolvimento físico, mental e espiritual.

 

 

Vamos aos argumentos:

1 – “Daniel e seus amigos não comeram só legumes por que a palavra zeroin do hebraico não significa só legumes”.

Argumento 1: Em minhas pesquisas se provou VERDADEIRO esse argumento vejamos o que diz o comentário bíblico sobre o termo legumes:

Heb. zero'im, da raiz zera', "semente"; mantimentos vegetais, de novelo que produzem sementes. De acordo com a tradição judia, os bagos e as tâmaras estavam também compreendidos neste término. Já que as tâmaras são parte do regime básico na Mesopotâmia, é provável que os tivesse incluído aqui. (Ver com. vers. 8).

 

2- “Deus criou Adão perfeito e depois da queda por causa de nossa fisiologia se faz necessário comer carne para ter um vigor físico melhor”.

Argumento 2: Em minhas pesquisas se provou FALSO esse argumento embora a primeira parte a qual diz que Deus criou o homem perfeito é VERDADEIRO.

            A fim de saber quais são os melhores alimentos, cumpre-nos estudar o plano original de Deus para o regime do homem. Aquele que criou o homem e lhe compreende as necessidades, designou a Adão o que devia comer: "Eis que vos tenho dado toda erva que dá semente, ... e toda árvore em que há fruto de árvore que dá semente, ser-vos-ão para mantimento." Gên. 1:29. Ao deixar o Éden para ganhar a subsistência lavrando a terra sob a maldição do pecado, o homem recebeu também permissão para comer a "erva do campo". Gên. 2:5.(...) cereais, frutas, nozes e verduras constituem o regime dietético escolhido por nosso Criador. Estes alimentos, preparados da maneira mais simples e natural possível, são os mais saudáveis e nutritivos. Proporcionam uma força, uma resistência e vigor intelectual, que não são promovidos por uma alimentação mais complexa e estimulante. A Ciência do Bom Viver, págs. 295 e 296.

Deus deu a nossos primeiros pais o alimento que designara a raça comesse. Era contrário a Seu plano que qualquer criatura tivesse a sua vida tomada. Não devia haver morte no Éden. O fruto das árvores do jardim era o alimento que as necessidades do homem requeriam. Spiritual Gifts, vol. 4, pág. 120.

É propósito do Senhor levar o Seu povo de volta ao viver simples de frutas, vegetais e cereais. ... Deus proveu frutos em seu estado natural para nossos primeiros pais. Testemunho Inédito, págs. 5 e 6.

Deus está trabalhando em favor de Seu povo. Não deseja que fiquem sem recursos. Ele está levando-os de volta ao regime originalmente dado ao homem. Esse regime deve consistir de alimentos feitos do material que Ele proveu. O material usado para esses alimentos deve ser principalmente frutas, cereais e nozes, mas várias raízes também poderão ser usadas. Testimonies, vol. 7, págs. 125 e 126.

Repetidamente tem-se-me mostrado que Deus está trazendo de volta o Seu povo ao Seu desígnio original, isto é, que ele não dependa da carne de animais mortos. Ele gostaria que ensinássemos ao povo um caminho melhor. ...

Se a carne for abandonada, se o gosto não for estimulado nessa direção, se a apreciação por frutas e cereais for encorajada, logo será como Deus no início desejou que fosse. Nenhuma carne será usada por Seu povo. Carta 3, 1884.

Se já houve um tempo em que o regime alimentar deveria ser da espécie mais simples, esse tempo é agora. Testimonies, vol. 2, pág. 352.

 

3-“10 dias eram pouco tempo para um vigor físico e mental elevado comendo comida vegetariana”.

Argumento 3: Em minha pesquisa se provou VERDADEIRO o argumento,porém, descobri algo que não estava procurando , o fato de que Daniel e seus amigos já eram vegetarianos antes de serem levados cativos , pelo menos segundo o comentário Bíblico Adventista vejamos: Este parece ser um período muito curto para que se notasse uma mudança apreciável de aparência e vigor físico.  Entretanto, graças a seus hábitos de estrita temperança, Daniel e seus companheiros já desfrutavam de organismos sãos (ver PR 353), que responderam aos benefícios de um regime apropriado. Sem dúvida, seu reestabelecimento dos rigores da larga marcha desde a Judéia foi mais marcado que o de outros cativos que não cultivavam hábitos de sobriedade. No caso do Daniel e de seus três companheiros, o poder divino se uniu com o esforço humano e o resultado foi verdadeiramente notável (cf. PP 215(...)O guarda estava seguro de que "um regime abstêmio faria que estes jovens tivessem uma aparência gasta e doentia... em tanto que a luxuosa comida proveniente da mesa do rei os faria corados e formosos, e os repartiria uma atividade física superior" (Conselhos sobre regime alimentar 35), e se surpreendeu ao ver que os resultados eram completamente opostos a sua hipótese. (...) Esta firme resolução não tinha nascido sob a pressão das circunstâncias imediatas. da infância estes jovens tinham sido educados em estritos hábitos de temperança. conheciam quanto aos efeitos degenerativos de um regime alimentá-lo lhe intoxique, e fazia muito que tinham determinado não debilitar suas faculdades mentais e físicas pela complacência do apetite.

 

4- “Não podemos provar que Daniel e seus amigos foram vegetarianos para o resto da vida por que o texto não diz nada a respeito”.

Argumento 4: VERDADEIRO, porém caímos num problema lógico aqui, se tudo que o texto não diz explicitamente não podemos afirmar, então também não posso afirmar que os discípulos nunca guardaram o domingo, por que a Bíblia não mostra isso, também não podemos afirmar que os discípulos não comeram carnes impuras, por que a bíblia só mostra o contrário, ou seja, é o argumento do silencio e isso se torna perigoso por isso usamos também o contexto para concluir algumas coisas por exemplo se Jesus tinha por costume guardar o sábado(Lucas 4) se pressupõe que até o fim de sua vida guardou o sábado assim também Paulo foi imitador de Cristo (1 Cor 4:16 e 11:1) , da mesma forma Pedro tinha por costume desde sempre comer alimentos limpos veja sua resposta em atos 10 verso 14(nunca comi nada comum e imundo) reflete que Pedro tinha por costume não se contaminar com carnes imundas e cremos que foi até o fim de sua vida assim por isso se Daniel e Seus amigos tinham uma alimentação saldável creio que foram assim até o fim de suas vidas pelo contexto.

 

 

 

 

 

 

Só pra deixar mais claro vamos a explicação:

 

(...)ESTA FIRME RESOLUÇÃO NÃO TINHA NASCIDO SOB A PRESSÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS IMEDIATAS. DA INFÂNCIA ESTES JOVENS TINHAM SIDO EDUCADOS EM ESTRITOS HÁBITOS DE TEMPERANÇA.

Entretanto, graças a seus hábitos de estrita temperança, Daniel e seus companheiros já desfrutavam de organismos sãos (ver PR 353), que responderam aos benefícios de um regime apropriado.

Qual o regime alimentar apropriado ao qual se refere o texto?

(...)Cereais, frutas, nozes e verduras constituem o regime dietético escolhido por nosso Criador. Estes alimentos, preparados da maneira mais simples e natural possível, são os mais saudáveis e nutritivos. proporcionam uma força, uma resistência e vigor intelectual, que não são promovidos por uma alimentação mais complexa e estimulante.

 

5- O vegetarianismo não é tudo, não adianta não comer carne, mas, não praticar exercícios e dormir bem”.

Argumento 5: VERDADEIRO concordo com a afirmação totalmente mas vamos ao que diz a profetisa sobre isso:

(...)Se estimais vossa vida, deveis comer alimentos simples, preparados da maneira mais simples, e fazer mais exercícios físicos. Testimonies, vol. 5, pág. 311.

A fim de prestar a Deus perfeito serviço, precisais ter clara concepção de Seus reclamos. Deveis usar os alimentos mais simples, preparados da mais simples maneira, para que os delicados nervos do cérebro não sejam debilitados, entorpecidos, ou paralisados, tornando-se vos impossível discernir as coisas sagradas, e avaliar a expiação, o sangue purificador de Cristo, como acima de qualquer preço.

 

 

 

 

 

 

domingo, 4 de outubro de 2020

Ator-Falta com Y

Aldo cesar

Bruno galiasso

Chris tucker

Dante rui

Emilio Pitta

Fabio rabin

Gilberto garcia

Humberto martins

Icaro silva

Jason Monoa

Kurt russel

Leonardo dicaprio

Marlon Brando

Ney latorraca

Orlando Bloom

Pedro cardoso

Quentin tarantino

Ramon valdez

Sergio lorosa

Tadeu mello

Ulvi Uraz

Vasco santana

Xander berkley

Wagner moura

Zac Efron


Link do Jogo: 

http://stopots.com/



Adjetivos

 Adjetivos são palavras que dão uma qualidade a algo ou alguém seja essa qualidade boa ou ruim,

Amavel

Belo

Carinhoso

Decente

Egoista

Feio

Grosso

Honrado

Idiota

Jovial

Kantista

Lindo

Meigo

Nefasto

Objetivo

Prestativo

Querido

Rapido

Sagaz

Talentosa

Unico

Verdadeiro

Xereta

Wagneriano

Yanguiano

Zarolho


Link do jogo:

http://stopots.com/

Stop(Adedonha enfim)

 Recentemente comecei a jogar stop online e percebi que sou muito bom e muito rápido para este jogo, para quem não conhece o Stop consiste em preencher corretamente e no menor tempo possível todos os requisitos com uma determinada letra, por exemplo: Nome, Carro , País, e assim por diante supondo que a letra fosse A : Nome: Ana Carro: Astra País : Austria enfim espero que tenham entendido.

Mas o importante aqui para o blog é que vou disponibilizar listas para você que quer ficar bom nesse jogo possa estudar.


Vou colocar o link do site onde se joga stop ao final da lista e a primeira lista mais óbvia impossível, será nomes, para tanto colocarei um de cada letra que for do meu conhecimento.


Ana

Bruna

Carla

Diana

Edson

Fabio

George

Hugo

Igor

John

Kate

Lucas

Maicon

Nair

Olga

Pedro

Quenia

Raissa

Sueli

Tadeu

Ulisses

Vitória

Xayane

Yasmin

Zilda


Segue link do site:

http://stopots.com/



Negar a Si Mesmo

John Wesley

 

'E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me'. (Lucas 9:23)

 

 

I. O significa um homem negar a si mesmo, e carregar sua cruz.

 

II. Se um homem não for completamente discípulo de Cristo, será sempre devido à falta disto.

 

III. Conclusão. 

 

1. Tem sido freqüentemente imaginado que a direção dada aqui se refere, principalmente, se não completamente, aos Apóstolos; pelo menos, aos cristãos dos primeiros séculos, ou àqueles em uma condição de perseguição. Mas este é um erro grave; porque, embora nosso abençoado Senhor esteja aqui dirigindo seu discurso mais imediatamente aos seus Apóstolos, e aos outros discípulos que o atenderam, nos dias de Sua carne; ainda assim, nele, Ele fala a nós, e a toda humanidade, sem qualquer exceção ou limitação. A mesma razão da coisa em si coloca isto além de disputa; de modo que o dever aqui ordenado não é peculiar a eles, ou aos cristãos dos primeiros tempos.  Ele não diz mais respeito a alguma ordem particular de homens, ou tempo particular, do que a uma região em particular. Não: Ele é de uma natureza mais universal, concernente a todos os tempos, e a todas as pessoas; sim, e a todas as coisas; não às carnes e bebidas apenas, e todas as coisas pertinentes aos sentidos.  O significado é, 'Se algum homem', qualquer que seja a classe, posto ou circunstâncias, em alguma nação, em qualquer época do mundo, efetivamente 'vier após mim, que negue a si mesmo', em todas as coisas; e 'tome sua cruz diária', qualquer que seja ela; sim, e isto 'diariamente; e me siga'.

 

2. O negarmos a nós mesmos, e tomarmos nossa cruz - na extensão completa da expressão - não é uma coisa de pequeno interesse: Não é expediente apenas, como são algumas circunstanciais da religião; mas é absolutamente e indispensavelmente necessário tanto para começarmos quanto para continuarmos suas disciplinas. É absolutamente necessário, na mesma natureza das coisas, para nosso vir após Ele e segui-lo, de tal maneira que, por quanto tempo não estivermos praticando isto, não seremos seus discípulos. Se nós continuamente não negarmos a nós mesmos, nós não aprenderemos Dele, mas de outros mestres. Se nós não tomarmos nossa cruz continuamente, nós não poderemos segui-lo, mas seguiremos o mundo, o príncipe do mundo, ou nossa mente mundana. Se nós não estivermos caminhando no caminho da cruz, não poderemos continuar a segui-lo; nós não estaremos trilhando em seus passos; mas estaremos caminhando atrás, ou pelo menos, muito afastado, Dele.

 

3. É por esta razão, que tantos Ministros de Cristo, em quase todas as épocas e nações; particularmente, desde a Reforma da Igreja, das inovações e corrupções que gradualmente moveram-se dentro dela, escreveram e falaram tão largamente sobre este dever importante, ambos em seus discursos públicos e exortações privadas. Isto os induziu a difundir amplamente muitos tratados sobre o assunto; e alguns em nossa própria nação. Eles conheciam, ambos dos oráculos de Deus, e do testemunho de suas próprias experiências, quão impossível seria não negar nosso Mestre, a menos que negássemos a nós mesmos; e quão futilmente, tentaríamos seguir Aquele que estava crucificado, a menos que tomássemos nossa cruz diariamente.

 

4. Mas esta mesma consideração não torna razoável inquirir, se muito já tem sido dito ou escrito sobre o assunto, que necessidade existe de não se falar ou escrever mais? Eu respondo que não existem números insignificantes, mesmo das pessoas tementes a Deus, que não tenham tido oportunidade, tanto de ouvir o que tem sido falado, quanto lido o que tem sido escrito sobre ela. E, talvez, se eles tivessem lido muito do que tem sido escrito, eles não poderiam ter sido tão proveitosos. Muitos que têm escrito (alguns deles, largos volumes) pareceram, de modo algum, terem entendido o assunto. Tanto eles tinham visões imperfeitas da própria natureza dela (e, então, eles nunca puderam explicá-la a outros), quanto eles estavam alheios à extensão devida dela; eles não viram o quanto esta ordem é excessivamente ampla; ou eles não estavam conscientes da sua absoluta e indispensável necessidade. Outros falam dela, de uma maneira tão obscura, tão perplexa, tão intrincada, tão mística, como se eles designassem preferivelmente dissimulá-la no vulgar, do que explicá-la aos leitores comuns. Outros falam admiravelmente bem, com grande clareza e força, da necessidade da autonegação; mas, então, eles tratam dos gerais apenas, sem virem para as instâncias particulares, de modo que elas são de pouco uso para a grande massa da humanidade; para os homens de capacidade e educação comum. E se alguns desses desceram aos pormenores, foi para esses apenas que não afetam a generalidade dos homens, uma vez que eles raramente, se alguma vez, ocorreram na vida comum, -- tal como prisão perpétua, ou torturas; desistir, em um sentido literal, de suas casas ou terras, seus maridos ou esposas, filhos, ou da própria vida; para nenhum desses nós somos chamados, nem igualmente deveremos ser, a menos que Deus permitisse que os tempos de perseguição pública retornassem. Neste meio tempo, eu não conheço um escritor na língua inglesa que tenha descrito a natureza da autonegação em termos claros e inteligíveis, tal como para nivelá-la aos entendimentos comuns, e aplicá-la a esses pequenos particulares que diariamente ocorrem na vida cotidiana. Um discurso deste tipo é esperado ainda; e é esperado mais, porque em todo estágio da vida espiritual, embora exista uma variedade de obstáculos particulares, para que obtenhamos a graça ou cresçamos nela, ainda assim, todos são resolúveis nesses dois gerais. -- tanto em negarmos a nós mesmos, quanto em tomarmos nossa cruz.

 

            Com o objetivo de suprir este defeito em alguns graus, eu devo me esforçar para mostrar:

 

I. Em Primeiro Lugar, o que significa a um homem negar a si mesmo, e o que significa tomar a sua cruz;

 

II. Em Segundo Lugar, que se um homem não for um discípulo completo de Cristo, é sempre devido à falta disto.

 

I

 

1. Em Primeiro Lugar, eu vou me esforçar para mostrar o que é para um homem 'negar a si mesmo', e tomar sua cruz diariamente'. Este é o ponto mais necessário de ser considerado, e de ser totalmente entendido, com respeito a todos os outros; até mesmo porque, de todos eles, este é o mais contestado por inimigos numerosos e poderosos. Toda a nossa natureza deve certamente se erguer contra isto, mesmo em sua própria defesa; o mundo, e, conseqüentemente, os homens - que tomam a natureza como seu guia, e não a graça, - abominam o próprio som dele. E o grande inimigo de nossas almas, bem sabendo sua importância, não pode deixar de mover cada pedra contra ele. Mas isto não é tudo: Mesmo esses que têm, em alguma medida, sacudido fora o jugo do diabo, que têm experimentado, especialmente, nos últimos anos, uma obra verdadeira da graça em seus corações, ainda não são partidários desta grande doutrina do Cristianismo, embora ela seja tão peculiarmente insistida pelo seu Mestre. Alguns deles estão tão profundamente e tão totalmente ignorantes, com respeito a ela, como se não existe palavra alguma a respeito na Bíblia. Outros estão mais distantes, tendo absorvido, por descuido, fortes preconceitos contra ela. Estes, eles receberam, parcialmente, dos cristãos de fora, homens de uma fala e comportamento uniformes; e que não necessitam de coisa alguma de devoção, a não ser poder; nada de religião, a não ser espírito; -- e, parcialmente, daqueles que, uma vez, se ele o fazem agora, 'testaram dos poderes do mundo que há de vir'.

 

Mas existem alguns desses que não praticam a autonegação, e recomendam-na aos outros? Vocês estão pouco familiarizados com a humanidade, se vocês duvidam disto! Existe todo um corpo de homens que apenas não declaram guerra contra ela. Para ir não mais além do que Londres: Observem todo o corpo de Predestinados [Os que acreditam no desígnio de Deus, pelo qual conduz os eleitos para a bem-aventurança eterna, por oposição à qualidade ou condição de precito (condenado)], que através da livre misericórdia de Deus tem sido ultimamente tirado da escuridão da natureza para a luz da fé. Eles são padrões de autonegação? Quão poucos deles, alguma vez, professaram praticá-la, afinal! Quão poucos deles recomendaram-na a si mesmos, ou estão satisfeitos com aqueles que o fazem! Antes, eles não a representam continuamente nas mais odiosas cores, como se estivessem buscando 'salvação pelas obras', ou buscando 'estabelecer sua própria retidão?'. E quão prontamente os Antinomianos de todos os tipos [O Antinomianismo é a doutrina de que, pela fé e a graça de Deus, anunciadas no Evangelho, os cristãos estão libertos não só da lei de Moisés, mas de todo o legalismo e padrões morais de qualquer cultura] – dos serenos Morávios [Denominação protestante, surgida no século XVIII, pela renovação do antigo movimento dos Irmãos Boêmios, que dá ênfase à vida cristã pura e simples e à fraternidade dos homens. Mais comumente conhecida como Irmãos Morávios], aos impetuosos Ranters [Apelido dado aos primitivos Metodistas], juntaram o clamor, com seus tolos e sem sentidos cantos de legalidade, e pregaram a lei! Embora vocês estejam em perigo constante de serem persuadidos, intimidados ou ridicularizados fora desta importante doutrina evangélica, tanto pelos falsos professores, quanto falsos irmãos (mais ou menos iludidos da simplicidade do evangelho), se você não está profundamente alicerçado nele; permita que a oração ardorosa, então, vá antes, acompanhe, e siga o que você agora está preste a ler, para que possa ser escrito em seu coração, através do dedo de Deus, de modo que nunca possa ser apagado.

 

2. Mas o que é o negar a si mesmo? Em que nós devemos negar a nós mesmos? E por que motivo, a necessidade disto surge? Eu respondo que a vontade de Deus é a regra suprema e inalterada de toda criatura inteligente; igualmente, comprometendo todo anjo no céu, e todo homem na terra. Nem poderia ser ao contrário: Este é o resultado natural e necessário da relação entre as criaturas e seu Criador. Mas, se a vontade de Deus for nossa única regra de ação, em todas as coisas, grandes e pequenas, segue-se, por inegável conseqüência, que não deveremos fazer nossa própria vontade em coisa alguma. Aqui, portanto, nós vemos, de imediato, a natureza, com o alicerce e a razão da autonegação. Nós vemos a natureza do negar a si mesmo: que é o de nos negarmos ou nos recusarmos a seguir nossa própria vontade, da convicção de que a vontade de Deus é a única regra de ação para nós. E nós vemos a razão disto, porque nós somos as criaturas; porque 'foi Ele quem nos fez, e não nós!'.

 

3. Esta razão para o negar a si próprio se emprega, até mesmo, aos anjos de Deus no céu; e ao homem, inocente e santo, uma vez que ele saiu das mãos do Criador. Uma razão a mais para ela surge da condição em que todos os homens se encontram desde o pecado original. Nós somos todos agora 'moldados na maldade; e, no pecado, nossa mãe nos concebeu'. Nossa natureza é completamente corrupta, em todo poder e faculdade. Toda nossa vontade, pervertida igualmente com o restante, é totalmente inclinada a ter indulgência, com respeito a nossa corrupção natural. Por outro lado, não é da vontade de Deus que nós resistamos e contrariemos aquela corrupção, algumas vezes, ou em algumas coisas apenas, mas todo o tempo, e em todas as coisas. Aqui, portanto, está um fundamento a mais para o constante e universal negar a si mesmo.

 

4. Para ilustrar isto um pouco mais: A vontade de Deus é um caminho que conduz direto para Ele. A vontade do homem que corre paralela à vontade do Pai, é agora um outro caminho, não apenas diferente dele, mas em nosso estado atual, diretamente contrário a ele. Ele conduz a Deus. Se, portanto, caminhamos em um, devemos necessariamente desistir do outro. Nós não podemos caminhar em ambos. De fato, um homem de coração fraco e mãos frágeis pode seguir nos dois caminhos, um depois do outro. Mas ele não poderá caminhar nos dois ao mesmo tempo: ele não pode, num determinado momento, e ao mesmo tempo, seguir sua vontade, e seguir a vontade de Deus: Ele deve escolher uma ou outra; negando a vontade de Deus, ele irá seguir a sua própria; negando a si mesmo, ele seguirá a vontade de Deus. 

 

5. Agora, é certamente prazeroso, para o momento, seguir nossa própria vontade, cedendo, em qualquer instância que se ofereça, à corrupção de nossa natureza: Mas, seguindo-a, no que quer que seja, nós estaremos assim fortalecendo a obstinação de nossa vontade; e por favorecê-la, nós continuamente aumentamos a corrupção de nossa natureza. De modo que nós podemos freqüentemente aumentar as enfermidades corpóreas, através do alimento que é agradável ao paladar: Ele gratifica o paladar, mas inflama a enfermidade. Ele traz prazer, mas também, a morte.

 

6. Do todo, então, negar a nós mesmos é negar nossa própria vontade, onde ela não se harmoniza com a vontade de Deus; e isto, por mais agradável que ela possa ser. Ou seja, negar a nós mesmos, qualquer prazer que não surja, ou que não conduza a Deus; o que significa, em efeito, recusar-se a sair de nosso caminho, ainda que para um caminho agradável e florido; recusar o que sabemos ser um veneno mortal, mesmo que agradável ao paladar.

 

7. E todo aquele que pretende seguir a Cristo, que pretende ser seu discípulo verdadeiro, deve não apenas negar a si mesmo, mas tomar sua cruz também. Uma cruz não é alguma coisa contrária a nossa vontade; alguma coisa desagradável à nossa natureza. Assim sendo, tomar nossa cruz vai um pouco mais além do que negar a nós mesmos; ela se ergue um pouco mais elevado, e é uma tarefa mais difícil para a carne e o sangue; -- uma vez que é mais fácil privar-se do prazer do que suportar a dor. 

 

8. Agora, para retornar 'à corrida que se apresenta diante de nós', concordante com a vontade de Deus, existe freqüentemente uma cruz colocada no caminho; ou seja, não se trata apenas de uma coisa não prazerosa, mas dolorosa; alguma coisa que é contrária a nossa vontade; que é desagradável à nossa natureza. O que, então, deverá ser feito? A escolha é clara: Ou tomamos a nossa cruz, ou nos desviamos do caminho de Deus; 'do mandamento santo entregue a nós'; isto, se não pararmos completamente, ou voltarmos para a perdição eterna!

 

9. Com o objetivo de curar aquela corrupção; aquela enfermidade diabólica que todo homem traz consigo para o mundo, freqüentemente é necessário arrancar, por assim dizer, o olho direito, e cortar a mão direita; -- tão dolorosa, é tanto a própria coisa que deve ser feita, quanto os meios de se fazê-la; provavelmente, a ruptura de um desejo insensato, de uma afeição desordenada, ou a separação do objeto dele, sem o que, essa enfermidade nunca poderá ser extinta.

 

Primeiro, o arrancar tal desejo, ou afeição, quando ele está tão profundamente enraizado na alma, é freqüentemente como o ser perfurado por uma espada; sim, é como 'separar a alma e o espírito; as juntas e o tutano'. O Senhor, então, coloca, na alma, como que um fogo refinador, para queimar toda a matéria inútil dela. E esta é uma cruz, realmente; é essencialmente doloroso; e deve ser assim, na mesma natureza das coisas. A alma não pode, desta forma, ser colocada de lado; ela não pode deixar de passar pelo fogo, sem sentir dor.

 

10. Em Segundo Lugar, é freqüentemente doloroso curar a alma doente; curar o desejo tolo, a afeição desordenada; não pela natureza da coisa, mas pela natureza da enfermidade. Assim sendo, quando nosso Senhor disse para o jovem rico: (Marcos 10:21) 'Vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres', (como bem se sabe este é o único meio de curar a sua avareza), o próprio pensamento disto trouxe a ele tantas dores, que 'ele foi embora deprimido'; escolhendo, preferivelmente, separar-se de sua esperança do céu, do que de suas posses na terra. Este era um fardo que ele não consentiria levantar; uma cruz que ele não tomaria. E, quer de uma maneira ou de outra, todo seguidor de Cristo irá certamente necessitar 'tomar sua cruz diariamente'.

 

   11. O 'tomar' difere um pouco do 'suportar a cruz'. Nós diremos, propriamente, então, 'suportar nossa cruz', quando suportamos o que é colocado sobre nós, sem nossa escolha, com humildade e resignação. Da mesma forma, não dizemos apropriadamente 'tomar nossa cruz', a não ser, quando, voluntariamente, permitimos o que está em nosso poder evitarmos; quando, de boa-vontade, abraçamos a vontade de Deus, embora contrária a nossa própria; quando escolhemos o que é doloroso, porque é o desejo de nosso sábio e gracioso Criador. 

 

12. Assim sendo, convém a todo discípulo de Cristo tomar sua cruz, tanto quanto, suportá-la. Na verdade, em um sentido, ela não é dele somente; é comum a ele, e muitos outros; uma vez que não existe tentação que sobrevenha a qualquer homem, -- 'a não ser tal que seja comum aos homens'; tal que seja incidente e adaptada à natureza e situação comum deles, no mundo atual. Mas, em outro sentido, como ela é considerada com todas as suas circunstâncias, ela é dele; peculiar a si mesmo: É preparada por Deus, para ele; é dada por Deus a ele, como um sinal de Seu amor. E se ele a recebe como tal, e, depois usa tais meios para remover a opressão, como a sabedoria cristã direciona, coloca-se como o barro nas mãos do oleiro; é disposto e ordenado por Deus para seu bem; ambos com respeito á qualidade dela, e com respeito à sua quantidade e grau, sua duração e todas as outras circunstâncias.

 

13.  Com tudo isto, nós podemos facilmente conceber que nosso abençoado Senhor age como um Médico de nossas almas; não meramente, 'para seu próprio prazer, mas para nosso proveito; para que possamos ser parceiros de Sua santidade'. Se, em examinar nossas machucaduras, Ele nos faz sentir dor, é apenas com o objetivo de curá-las. Ele arranca o que está podre ou enfermo, com o propósito de preservar a parte boa. E se nós livremente escolhemos a perda do membro, preferivelmente, a todo o corpo perecer; quanto mais escolheríamos, figurativamente, cortar fora a mão direita, preferivelmente, a toda a alma ser lançada no inferno!

 

14. Nós vemos plenamente, então, ambos a natureza e o fundamento de tomarmos nossa cruz. Ela não implica em punir a nós mesmos (como alguns dizem); o literalmente rasgar nossa própria pele: o usar tecido de crina, ou espartilho (ou cintas) de ferro, ou alguma coisa mais que poderia danificar nossa saúde corpórea; (embora não saibamos qual a permissão que Deus pode fazer para esses que agem assim, através da ignorância involuntária), mas o abraçar a vontade de Deus, embora contrária a nossa; a salutar escolha, embora medicamento amargo; o aceitar livremente a dor temporária, de qualquer tipo, e em qualquer grau, quando é tanto essencialmente, quanto acidentalmente necessário ao prazer eterno.

 

II

 

1. Em Segundo Lugar, eu vou mostrar que é sempre devido à falta, tanto do negar a si mesmo, quanto do tomar sua cruz, que algum homem não segue totalmente, nem é completamente um discípulo de Cristo.  É verdade, que isto pode ser devido, parcialmente, em alguns casos, à falta dos meios da graça; do ouvir a palavra verdadeira de Deus, falada com poder; dos sacramentos, ou da camaradagem cristã. Mas, onde nada disto falta, o grande obstáculo de recebermos ou crescermos na graça de Deus, será sempre a falta de negarmos a nós mesmos, ou tomarmos nossa cruz.

 

2. Alguns poucos exemplos irão tornar isto claro. Um homem ouve a palavra que é capaz de salvar sua alma: Ele está feliz com o que ouve, reconhece a verdade, e está um tanto afetado por ela; ainda assim, permanece 'morto nas transgressões e pecados', inconsciente e adormecido. Por que isto? Porque ele não se separa do seu pecado, embora saiba agora que ele é uma abominação ao Senhor. Ele vem ouvir, cheio de desejos luxuriosos e profanos; e ele não irá se separar deles. Portanto, nenhuma impressão profunda é feita nele, mas seu coração tolo ainda está endurecido: Ou seja, ele ainda está inconsciente e adormecido, porque ele não nega a si mesmo.

 

3. Suponha que ele comece a despertar do sono, e seus olhos estejam um pouco abertos, por que eles se fecham tão rapidamente de novo? Por que ele novamente mergulha no sono da morte? Porque ele novamente consente no seu pecado interior; porque ele bebe novamente do veneno prazeroso. Portanto, é impossível que alguma impressão restante possa ser feita em seu coração: Ou seja, ele reincide na sua insensibilidade fatal, porque ele não nega a si mesmo.

 

4. Mas este não é o caso com todos. Nós temos muitos exemplos desses que, quando uma vez acordados, não dormem mais. As impressões, uma vez recebidas, não se corroem: Elas não são apenas profundas, mas duradouras. E ainda assim, muitos desses não têm encontrado o que eles buscam: Eles murmuram, e mesmo assim, não são confortados. Agora, por que isto? É por que eles não 'produzem os frutos do arrependimento'; porque eles, de acordo com a graça recebida, não 'cessam de fazer o mal, e fazem o bem'. Eles não cessam facilmente de se envolverem com o pecado, o pecado de sua constituição, de sua educação, de sua profissão; ou se omitem de fazer o bem que eles podem, e sabem que devem fazer, por causa de algumas circunstâncias desagradáveis que o atendem: Ou seja, eles não atingem a fé, porque eles não 'negam a si mesmos', ou 'tomam a sua cruz'.  

 

5. Mas este homem recebeu 'o dom celestial'; ele 'testou dos poderes do mundo que haverá de vir'; ele viu 'a luz da glória de Deus, na face de Jesus Cristo'; a 'paz que ultrapassa todo entendimento'; seguiu o 'preceito de seu coração e mente'; e 'o amor de Deus irradiou-se', por todo ele, 'pelo Espírito Santo que foi dado junto a si'; -- ainda assim, ele está fraco, como qualquer outro homem; ele novamente aprecia as coisas da terra, e tem mais prazer pelas coisas que são vistas, do que por aquelas que não são visíveis; o olho de seu entendimento está fechado novamente, de maneira que ele não pode 'ver a Ele que é invisível'; seu amor se tornou frio, e a paz de Deus não mais decide em seu coração. E não é de se admirar: porque ele novamente deu lugar ao diabo, e afligiu o Espírito de Deus. Ele se voltou novamente para a insensatez, se não, na ação exterior, ainda assim, no coração. Ele deu lugar ao orgulho, ira, desejo, vontade própria, obstinação. Ou ele não estimulou os dons de Deus que estavam nele; ele deu abriu caminho para a indolência espiritual, e não estaria preocupado em 'orar sempre, e vigiar isto com toda perseverança': Ou seja, ele um naufrágio da fé, por falta de negar a si mesmo, e tomar sua cruz diariamente.

 

6. Mas, talvez, ele não tenha naufragado sua fé: Ele tenha ainda uma medida do Espírito de adoção que continua a testemunhar com seu espírito que ele é um filho de Deus. Não obstante, ele não vai mais em 'busca da perfeição'; ele não está, como outrora, faminto e sedento a cerca da retidão, buscando a imagem total e alegria completa de Deus, como o veado adulto busca o riacho. Antes, ele está fatigado e enfraquecido em sua mente, e, por assim dizer, flutuando entre a vida e a morte. E por que ele é assim, a não ser porque ele se esqueceu da Palavra de Deus, -- 'Pelas obras, a fé se torna perfeita?'. Ele não usa de toda a diligência na executar as obras de Deus. Ele não 'continua em oração', individual, assim como pública; na comunhão, audição, meditação, jejum, e conferência religiosa. Se ele não negligencia totalmente alguns desses meios, pelo menos, ele não os usa com todo seu poder. Ou ele não é zeloso das obras de caridade, tanto quanto, das obras de devoção. Ele não é misericordioso, segundo seu poder, com toda a habilidade que Deus lhe deu. Ele não serve ardorosamente ao Senhor, ao fazer o bem aos homens, de todo tipo e em todo grau que ele puder, quer para suas almas, ou para seus corpos.  E por que ele não continua em oração? Porque na época da seca é dor e aflição junto a ele. Ele não continua a ouvir todas as oportunidades, porque dormir é agradável; ou está frio, ou escuro, ou chuvoso. Mas por que ele não continua nas obras de misericórdia? Porque ele não pode alimentar o faminto, ou vestir o nu, a menos que ele reduza as despesas de seu próprio vestuário, ou usar de alimento prazeroso, mais barato e em menor quantidade. Além do que, o visitar o doente, ou aqueles que estão na prisão, é atendido, com muitas circunstâncias desagradáveis. E, assim, todas as obras de misericórdia espiritual; reprovação, em particular. Ele reprovaria seu próximo; mas algumas vezes, se envergonharia; algumas vezes, temeria se envolver: Porque ele se exporia, não apenas ao ridículo, mas às conseqüências mais pesadas também. Por estas e por considerações semelhantes, ele omite uma ou mais, se não todas as obras de misericórdia e devoção. Por esta razão, sua fé não é perfeita, nem ele pode crescer na graça; isto é, porque ele não nega a si mesmo e toma sua cruz diariamente.

 

7. Manifestadamente se segue, que é sempre devido à falta, tanto do negar a si mesmo, quanto do tomar sua cruz, que o homem não segue seu Senhor totalmente; que ele não é completamente um discípulo de Cristo. É devido a isto, que ele, que está morto no pecado, não desperta, embora a trombeta seja tocada; que ele, que começa a acordar do sono, ainda assim, não tenha a convicção profunda e duradoura; que aquele que está, profundamente e de maneira duradoura, convencido do pecado, não retém a remissão dos pecados; que alguns que têm recebido este dom celestial não o retêm, mas naufragam a fé; e que outros, se não recaem na perdição, ainda assim, estão fatigados e fracos em suas mentes, e não alcançam a marca do prêmio do alto chamado de Deus, em Jesus Cristo.

 

III

 

1. Em Primeiro Lugar, quão facilmente, nós podemos aprender disto, que aqueles que, direta ou indiretamente; em público ou em privativo, opõem-se a negar a si mesmos, e a carregarem diariamente sua cruz, não conhecem as Escrituras, nem o poder de Deus! Quão totalmente ignorantes esses homens são de centenas de textos específicos, assim como, do grande teor de todos os oráculos de Deus! E quão inteiramente alheios eles devem ser com respeito à experiência cristã verdadeira e genuína, -- da maneira como o Espírito Santo sempre operou, e opera até hoje, nas almas dos homens! Eles podem falar, de fato, muito eloqüentemente e confiantemente (um fruto natural da ignorância), como se eles fossem os únicos homens a entenderem, tanto a Palavra de Deus, quanto a experiência de seus filhos. Mas suas palavras são, em todo sentido, obras vãs; elas são pesadas na balança, e ainda ficam deficientes.

 

2. Em Segundo Lugar, nós podemos aprender disto, a causa real porque não apenas muitas pessoas particulares, mas, até mesmo, grupos de homens, que foram outrora luzes ardentes e brilhantes, perderam agora sua luz e calor. Se eles não a odiaram e se opuseram a ela, eles, no mínimo, estimaram ligeiramente esta preciosa doutrina evangélica. Se eles, evidentemente, não disseram: 'Nós pisoteamos todo o negar a si mesmo, nós o consagramos à destruição'; ainda assim, eles nunca a valorizaram, de acordo com a sua mais alta importância, nem se preocuparam em praticá-la. Disse um grande homem perverso: 'Os escritores místicos ensinam o negar a si mesmo'. – Não; os escritores inspirados! E Deus a ensina a toda alma que está desejosa de ouvir sua voz!

 

3. Em Terceiro Lugar, nós podemos aprender, disto, que não é suficiente para um Ministro do Evangelho não se opor à doutrina do negar a si mesmo, e dizer coisa alguma concernente a ela. Mais do que isto, ele não pode cumpri sua obrigação por falar um pouco a favor dela. Se ele deve, de fato, ser puro do sangue de todos os homens, ele deverá falar dela freqüente e amplamente; ele deverá inculcar a necessidade dela, de uma maneira mais clara e forte; ele deverá impô-la com sua força, a todas as pessoas, todos os momentos, e em todos os lugares; assentando 'linha por linha; linha por linha; preceito por preceito; preceito por preceito': De maneira que ele terá uma consciência isenta de ofensa; de modo que ele salvará sua própria alma e daqueles que o ouvem.

 

4. Por último: Vejam que vocês apliquem isto; cada um de vocês, às suas próprias almas! Meditem sobre isto, quando estiverem em secreto. Ponderem em seus corações! Cuidem de não apenas entenderem isto totalmente, mas de lembrarem disto, até o fim de suas vidas! Clamem junto ao Forte, por força, para que vocês possam não apenas entender prontamente, mas praticar prontamente. Não percam tempo, mas pratiquem isto imediatamente, a partir de agora! Pratiquem universalmente, em todas as milhares de situações que ocorrerão, em todas as circunstâncias da vida! Pratiquem diariamente, sem intermissão, do momento em que puserem mãos à obra, e continuem nisto até o fim, até que seu espírito retorne para Deus!

 

            [Editado por Waylon Brown, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções de George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.] 

FONTES DE BENÇÃOS OU FARDOS A LEVAR?

Marcelo Augusto de Carvalho

 

 

MAT. 15.10-20

                                       

- Os escribas e fariseus, depois da época de Malaquias quando Deus não falou mais a seu povo por meio de profetas, tornaram-se as mais importantes facções no meio de Israel, pois cabia-lhes copiar as Escrituras, le-las ao povo e interpretar seu significado.

- Desde Esdras, milhares desses devotos homens estudaram a Palavra com este santo objetivo, e foi por este trabalho que os judeus foram curados de sua anterior apostasia do tempo dos reis.

- Porém, ainda como hoje, é muito fácil falarmos sobre Deus, trabalhar para Ele, fazer muitos trabalhos especiais em Seu nome, mas estar tão longe dEle como o mais vil pecador está. Os escribas e fariseus do tempo de Jesus estavam tão longe de Deus, que quando Ele veio a eles, eles o crucificaram!

- Por esta enorme distância, estes doutores da lei começaram a interpretar as Escrituras segundo suas idéias, trazendo ao povo escolhido uma religião totalmente falsa e equivocada. Inventaram leis para tudo; todas as ações da vida, por menores que fossem, eram regidas por leis, e todas elas de cunho espiritual. Mas o pior é que eram vinculadas à salvação eterna: se seguidas, traziam a salvação, senão, perdição total.

- Resultado: os israelitas eram um povo triste, sombrio, infeliz. Confiavam nos sacrifícios do templo em vez de descansarem no Cordeiro de Deus. Eram presos, amarrados, cativos, tanto física como mentalmente a todas aquelas fábulas de homens.

- DTN- com todas estas minuciosas e enfadonhas injunções, logo descobriram que era impossível guardar a lei. Os mais fiéis, que desejavam servir a Deus, e procuravam observar os preceitos dos rabinos, se arrastavam sob pesado fardo. Não podiam encontrar sossego das acusações de uma consciência turbada. Assim operava Satanás para desanimar o povo, rebaixar sua concepção do caráter de Deus, e levar ao desprezo a fé de Israel. 26.

- Tanto era assim que Israel tornou-se chacota das demais nações em suas minuciosas observâncias quanto a lei divina.

- Contra tudo isto, JESUS LUTOU. Ele viveu diante deles como deveriam viver diante da Lei divina. Ele pregou as noções corretas da divindade. E esperou que seus discípulos também fossem tão livres como ele, e passassem esta liberdade aos outros.

- Resultado: as pessoas sentiam prazer de andarem com Jesus. Sentiam alívio ao Seguí-lo. Alcançavam liberdade ao ouvi-lo. Descansavam ao aceitá-lo. A Bíblia diz que todos gostavam de ser doutrinados por Ele pois Ele ensinavam com autoridade. E até as crianças gostavam de seus sermões (não porque Ele contava histórias para elas no início do sermão para depois falar aos adultos) mas ele pregava de tal forma que todos, grande e pequenos, entendiam de uma vez.

 

- Será que temos sido como os fariseus? Nossa pregação do Evangelho tem sido um inferno ou uma benção aqueles que nos ouvem? Temos levado fé e esperança, ou trevas e desespero aos lares?

 

- Isa.57.2- formosos são os pés daqueles que anunciam o que? A paz!

 

- Jesus disse que somos o SAL DA TERRA, A LUZ DO MUNDO. Por que? Precisamos trazer sabor à vida das pessoas, um pouco de luz aqueles que estão tristes e desanimados.

- Por isto Ele comia com pecadores, curava ladrões, e ajudava prostitutas. O que temos feito pelos pecadores? Aumentado suas culpas e angústias?

 

JESUS ADVERTIU: Mat. 5.17-19. Apoc. 22.18.

- Se eu ou você, pregarmos um Evangelho baseado naquilo que achamos, ou pensamos ser o correto, seremos responsáveis por todo o estrago que fizermos, e Deus cobrará de nós o sangue inocente!

 

O QUE UMA DOUTRINA ERRADA PODE FAZER NA VIDA DE UMA PESSOA?

1-   A HIGIENE NOS SÉCULOS PASSADOS.

-      Com raras exceções (tupis, romanos), os povos do passado eram eméritos porcolinos.

-      No séculos XVII, as cidades primavam pela sujeira.

-      Em 1794, São Paulo, com 10 mil habitantes, era um festival de imundície. O Córrego do Anhangabaú recebia as vísceras e o sangue dos animais abatidos no Matadouro Municipal. Nas margens, restos de bois mortos, um mal cheiro insuportável, mas mesmo assim, muitas pessoas usavam este rio para tomarem seus banhos.

-      Perto do Pátio do Colégio, havia um beco onde eram jogados todos os detritos orgânicos da cidade. Isto a céu aberto. No centro do município. Imagine.

-      Resultado: Em 1858, surto de Varíola, devido a água não tratada. E até 1922 surtos de febre tifóide.

-      Mas o mundo todo era assim! No século 19, mulheres e homens usavam chapéus. Por quê? Não tanto por elegância, mas para se livrarem dos tigres- jarros que funcionavam como penicos, limpos pela manhã quando seu possuidor o jogava pela janela.  E as mulheres levavam dentro de suas bolsas um pequeno bastão com ganchos na ponta, para coçarem as costas e o cabelo das tantas pulgas que as mordiam.

-      Higiene pessoal: nula! Em Recife, em 1770, o comum eram banhos escassos, e roupas trocadas apenas 3 vezes por semana- e só as de cima.

-      Idade Média- a lei da vida cotidiana era: ficar em casa o máximo possível, afastar-se de aglomerações, abster-se de prazeres sexuais, e evitar banhos diários. Os excrementos humanos usados para adubar a terra.  Resultado: epidemias constantes por todo mundo, que mataram milhões de pessoas em todos os séculos.

-      Os banheiros eram as latrinas, lá fora no quintal, mas sem nenhum tratamento orgânico. Resultado de tudo isto: da época de Cristo até o século vinte, era muito raro uma pessoa passar dos 50 anos de idade. A média de vida eram 35 anos. EX- São Francisco de Assis morreu aos 44 anos, velho para seu tempo!

-      Os reis perceberam que tal imundície estava matando muita gente, e seus cobiçados soldados. Por isto, devagarzinho para não chatear o povo, eles baixaram normas para controlar a falta de higiene. Porém, mesmo assim, até o século 18, a ordem social era: NADA DE EXAGEROS! Lavem-se as mãos com freqüência. O rosto e os dentes, ou pelo menos os da frente, todos os dias. Os pés, 1 ou e 2 vezes por mês. A cabeça, nunca! Jamais! (Por isto as pinturas antigas nunca mostram os dentes da pessoas pois todos eram estragados).

-      Tudo começou a mudar quando Pasteur provou a existência de microorganismos que são maléficos onde não há higiene.

-      Mesmo assim, a mudança foi lenta. As privadas de hoje foram inventadas em 1300 pelos ingleses, mas só usadas mundialmente depois de 1960.(Os homens já haviam inventado a bomba atômica, já estavam fazendo foguetes para irem à lua, mas ainda usavam latrinas). Os chuveiros, inventado logo depois de Edison, foram usados somente depois da década de 50.

-      POR QUE TANTA RESISTêNCIA À HIGIENE?  POR CAUSA DA RELIGIÃO!  Por quase 2 mil anos a Igreja pregou que para a salvação, era preciso apenas cuidar da alma, do espírito, mas que o corpo era mau, era pecaminoso, e que Deus o destruiria quando voltasse à Terra. Para que então cuidar dele?  Assim milhares morreram antes do tempo, viveram de forma miserável por causa de uma doutrina bíblica equivocada.

 

2-   QUAIS SÃO AS SUAS IDÉIAS SOBRE O EVANGELHO?

-      Quando os portugueses decidiram colonizar de vez o Brasil, descobriram aqui uma pequena civilização confusa e totalmente depravada, segundo a visão européia de se viver.

-      Casamento não existia aqui. Homens e mulheres vivam em concumbinato, amaziados, ou sob diversas variantes da vida comum.

-      As mulheres trocavam de homem quando lhes aprazia e tinham filhos com quem achavam melhor. Elas até que escolhiam 1 único parceiro, mas em geral, este partia em busca de trabalho em outra região, deixando mulher e filhos para trás. Estes eram criados por toda a coletividade: tias, avós, vizinhas e comadres.

-      A virgindade até o casamento era irreal. Naquela época, era muito importante Ter filhos, para povoar a nação e Ter mão de obra para a lavoura. Assim, antes do casamento, a mulher tinha de provar ao homem se ela não era estéril.

-      Em meio a tudo isto e muito mais, A IGREJA CATÓLICA JUNTO AO GOVERNO PORTUGUÊS, impôs aos brasileiros uma NOVA ORDEM DE CONDUTA civil no país. Estas leis diziam que:

-      O casamento tornou-se obrigatório, mesmo havendo relações antes da união religiosa.

-      Todas as atividades da sexualidade foram qualificadas para serem confessadas. Até os beijos foram classificados em aceitáveis, intermediários e não aceitáveis pela mulher direita.  O beijo no nariz purgava-se com 5 pais-nosso e 5 ave-marias.  Já o beijo na boca, prá valer, requeria um enorme processo de arrependimento, feito de joelhos.

-      O namoro, os afetos entre namorados e casados, tanto em público como particular, as afeições mostradas nos quintais, nas redes, nas festas religiosas, foram todas consideradas PECADO pela igreja e totalmente condenadas por ela.

-      A Igreja veio dizendo que tudo isso era pecado. Ela perseguiu o cantar, o dançar, tudo o que era vida, qualquer exercício da libido.

-      Nas relações sexuais era proibido o PRAZER; apenas aturado a procriação, pois este ato tinha uma função escatológica: salvação da alma ao trazer ao mundo uma criança para também ser salva.

-      A paixão era tenazmente combatida, pois esta tornava o casamento sem limites.

-      As posições sexuais eram rigidamente controladas pela Igreja, que dizia que certas posições enlouquecia a mulher, e outras geravam filhos aleijados.

-      Amor era um sentimento devotado exclusivamente a Deus, jamais ao cônjuge.

-      A mulher deveria Ter reverência, temor e obediência ao marido.

-      O marido deveria sentir apenas piedade da esposa.

-      Um casamento sem excitação ou afeto, era considerado ideal.

-      A mulher tinha que parecer casada, tanto no vestir, como no portar-se e falar. Nada de decotes. Nada de mostrar os dedos dos pés (muito eróticos para a época). Nada de perfume ou maquilagem. Era vaidade condenável sorrir demais.

-      Ficar à janela era coisa de mulher melancólica.

-      Com tal opressão sobre o casamento, abriu-se a porta para uma avalanche de adultérios, pois os homens, enfastiados com um casamento sem a menor emoção, passaram a procurar as prostitutas que, afastadas da sociedade, podiam fazer tudo o que as mulheres legítimas não podiam.

- Muitos acham que suas idéias, por serem conservadoras, são idéias afins com o Evangelho. Mas muitas vezes não passam de idéias culturais, conceitos da cultura de seu país, reflexo das crendices ou mesmo da ignorância e dos preconceitos de sua família, cidade, povo ou nação. Mas jamais conceitos do cristianismo verdadeiro. Criam idéias puritanas, que parecem muito cristãs, morais, mas que jamais passariam pelo crivo sagrada. Leia Cantares, por exemplo!

 

Apelo:

- Vamos parar de inventar leis ao Evangelho. Fábulas para levarem pessoas a aceitaram a Deus. O ES é suficientemente poderoso para convertê-las.

- Tomemos cuidado com o tipo de religião que passamos aos nossos filhos: regras ou relacionamento com Deus?

 

- Sejamos um cheio suave de vida para vida. Amém.

 

Pr. MARCELO AUGUSTO DE CARVALHO 22/04/2000 

sexta-feira, 31 de julho de 2020

O Peso das Múltiplas Tentações


John Wesley

 

 

'Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações' (I Pedro 1:6)

 

 

1. No discurso precedente, eu falo, em específico, daquela escuridão de mente, para a qual vão, aqueles que uma vez caminharam na luz do semblante de Deus, e caíram. Proximamente relacionado a isto está o peso da alma, que é ainda mais comum, mesmo entre os crentes. De fato, quase todos os filhos de Deus experimentam isto, em um grau maior ou menor. E tão grande é a semelhança entre um e outro, que eles freqüentemente os confundem, e se sentem aptos a dizerem indiferentemente: 'Tal está na escuridão'; ou 'Tal pessoa está oprimida'; -- como se eles fossem termos equivalentes; um dos quais implica não mais do que o outro.

 

Mas eles estão longe disto. Escuridão é uma coisa; opressão é outra. Existe uma diferença; sim, uma diferença ampla e essencial, entre a primeira e a última. E tal diferença, todos os filhos de Deus devem estar profundamente interessados em compreender: Do contrário, nada será mais fácil para eles, do que trocar opressão por escuridão. Com o objetivo de prevenir isto, eu me esforçarei para mostrar:

 

I.              Quais são aquelas pessoas a quem o Apóstolo diz: 'Vocês estão contristados'. 

II.           Em que tipo de opressão elas se encontram:

III.        Quais são as causas dela:

IV.        Qual a finalidade dela:

V.           Devo concluir com algumas inferências.

 

I

 

1. Em primeiro Lugar, eu vou mostrar, como são aquelas pessoas a quem o Apóstolo diz: 'Vocês estão oprimidos'.  Para começar, está acima de qualquer disputa, que eles eram crentes, no momento em que o Apóstolo se dirigiu a eles: Uma vez que ele diz expressamente: (I Pedro 1:5) 'Que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo'. E novamente em (I Pedro 1:7), ele menciona: 'Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo'. E de novo em (I Pedro 1:9), ele fala de eles 'Alcançarem a finalidade da vossa fé, a salvação das vossas almas'. Ao mesmo tempo, portanto, que eles estavam 'em opressão', eles estavam possuídos da fé viva. A Opressão deles não destruiu a fé deles: Eles ainda 'persistiam em ver a Ele que é invisível'.

 

2. Nem a opressão destruiu a paz deles; 'a paz que ultrapassa todo entendimento'; que é inseparável da fé verdadeira e viva. Isto nós podemos facilmente reunir do segundo verso, em que o Apóstolo não diz que a graça e a paz podem ser dadas a eles; mas, tão somente, que elas poderão 'ser multiplicadas junto a eles'; que a bênção, que eles já desfrutam, poderia ser mais abundantemente conferida junto a eles.

 

3. As pessoas das quais o Apóstolo aqui fala estavam também cheias de uma esperança viva. Porque assim ele fala em (I Pedro 1:3) 'Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma esperança viva, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos', -- eu e você, todos nós que somos 'santificados pelo Espírito', e desfrutamos 'do sangue aspergido de Jesus Cristo', -- 'para uma esperança viva, para uma herança', -- ou seja, para a esperança viva de uma herança, 'incorruptível, imaculada, e que não se desvanece'. De modo que, não obstante sua opressão, eles ainda retém uma esperança cheia da imortalidade.   

 

4. E eles ainda se 'regozijam na esperança da glória de Deus'. Eles foram preenchidos com a alegria no Espírito Santo. Assim, em (I Pedro 1:8), o Apóstolo, tendo justamente mencionado 'a revelação' final 'de Jesus Cristo' (ou seja, quando Ele começa a julgar o mundo), ele imediatamente acrescenta, 'em quem, vocês não podem ver agora'; não com seus olhos corpóreos, 'ainda assim, crêem, vocês se regozijam com alegria inexprimível e cheia de glória'.

 

(I Pedro 1:7-9) 'Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo; ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso; - Alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas'.

 

A opressão deles, portanto, não era apenas consistente com aquela esperança viva, mas também com a alegria inexprimível: Ao mesmo tempo em que eles estavam assim oprimidos, eles, apesar disto, eles se regozijavam com alegria cheia de glória.

 

5. Em meio à opressão, eles igualmente ainda desfrutavam do amor de Deus, que derramava por todo seus corações, -- 'a que', diz o Apóstolo, 'não tendo visto, vocês amam'. Embora não vejam, face a face; vocês, conhecendo a Ele, pela fé, têm obedecido à sua palavra: 'Meu filho, dê-me seu coração'. 'Ele é seu Deus, e o seu amor; o desejo de seus olhos; e a sua grande recompensa'. Vocês têm buscado, e encontrado a felicidade Nele; vocês 'se deleitam no Senhor', e dão a Ele o 'desejo de seus corações'.

 

6. Uma vez mais: Embora eles estivessem oprimidos, ainda assim, eles eram santos; eles retiveram o mesmo poder sobre o pecado. Eles ainda estavam 'protegidos' disto, 'pelo poder de Deus'; eles eram 'filhos obedientes, não modeladas de acordo com seus desejos anteriores'; mas 'como Aquele que os havia chamado era santo'; então, eles eram 'santos em todas as formas de conversação'. Sabendo que foram 'redimidos pelo precioso sangue de Cristo, como um Cordeiro, sem mácula, e sem culpa'; eles, através da fé e esperança que tinham em Deus, 'purificaram suas almas, através do Espírito'. Assim sendo, o que se conclui é que a opressão deles era constituída com a fé, com a esperança, com o amor de Deus e homem, com a alegria no Espírito Santo, com a santidade interior e exterior. Eles, de modo algum diminuíram, muito menos, destruíram, alguma parte da obra de Deus em seus corações. Ela não se interpôs com aquela 'santificação do Espírito', que é a raiz de toda obediência verdadeira; nem com a felicidade que precisa resultar da graça e paz reinando no coração.

 

II

 

1. Disto, nós podemos facilmente aprender o tipo de opressão que eles tinham; -- e que, em Segundo Lugar, eu me esforçarei para mostrar. A palavra no original, "islupEthentes", -- feito pesaroso, afligido; de lupE, -- aflição ou tristeza. Este é o significado constante, literal, da palavra: E isto, sendo observado, não existe ambigüidade na expressão; nem alguma dificuldade na compreensão dela. As pessoas, das quais se fala aqui, estavam afligidas: A opressão em que eles se encontravam, não era, nem mais, nem menos, do que tristeza ou aflição; -- uma paixão que todo filho do homem está bastante familiarizado.

 

2. É provável que nossos tradutores a interpretaram como opressão (embora uma palavra menos comum) para denotar duas coisas: Primeiro, o grau; e em seguida, a continuidade dele. De fato, parece que não se trata de um grau insignificante ou inconsiderado de aflição, de que se fala a respeito aqui; mas de tal que causa uma forte impressão sobre a alma, e a faz deprimir-se. Nem ela parecer ser uma tristeza temporária, tal que passa em uma hora; mas, antes, tal que se segura com firmeza no coração, e que não desaparece rapidamente, mas continua por algum tempo, como um temperamento enraizado, preferivelmente, do que uma paixão, -- mesmo naqueles que têm a fé viva em Cristo, e o amor genuíno de Deus, em seus corações. 

 

3. Mesmo nesses, essa opressão pode ser, algumas vezes, tão profunda, que obscurecesse toda a alma; para dar uma aparência de verdade, por assim dizer, a todas as afeições, tais que irão aparecer em todo o comportamento. Ela pode igualmente ter uma influência sobre o corpo; particularmente, naqueles que são tanto de uma constituição naturalmente fraca, ou estão enfraquecidos por alguma doença acidental, especialmente, do tipo nervoso. Em muitos casos, nós nos certificamos que 'o corpo corruptível deprime a alma'. E nisto, a alma, certamente, deprime o corpo, e o enfraquece mais e mais. Eu não direi que a tristeza profunda e duradoura do coração não pode, algumas vezes, enfraquecer uma constituição forte, e causar tais desordens corpóreas, não facilmente removidas: No entanto, tudo isto pode ainda consistir com a medida daquela fé que é operada pelo amor.

 

4. Esta bem pode ser denominada uma 'provação ardente': E embora não seja a mesma que o Apóstolo fala no quarto capítulo [I Pedro 4:12 'Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse']; ainda assim, muitas das expressões lá usadas, com respeito aos sofrimentos exteriores, podem ser adaptadas a essa aflição interior. Na verdade, elas não podem, com alguma propriedade, serem aplicadas àqueles que estão na escuridão: Esses, não podem regozijar-se; nem é verdade que 'o Espírito da glória e de Deus repousa sobre' eles. Mas Ele freqüentemente o faz naqueles que estão na opressão; de modo que, embora pesarosos, eles, mesmo então, se regozijam sempre.

 

III

 

1. Mas para prosseguir para o Terceiro ponto: Quais são as causas de tal tristeza ou opressão em um verdadeiro crente? O Apóstolo nos diz claramente: 'Vocês estão contristados', diz ele, 'pelas múltiplas tentações'; múltiplas, não apenas muitas em número, mas de muitos tipos. Elas podem ser variadas e diversificadas, em milhares de formas, pela mudança ou adição de numerosas circunstâncias. E esta mesma diversidade e variedade tornam mais difícil nos protegermos delas. Entre essas nós podemos classificar todas as doenças corpóreas; particularmente, as enfermidades repentinas, e a dor violenta de todo tipo; quer afetando o corpo todo, ou a menor parte dele. É verdade, que aqueles que têm desfrutado de saúde ininterrupta, e não têm sentido qualquer uma dessas enfermidades podem fazer pouco delas; e se admirarem de que a doença ou a dor do corpo possa trazer opressão sobre a mente. Talvez, um, em mil, seja de uma constituição tão peculiar, que não sinta dor como os outros homens. De modo que Deus tem se agradado de mostrar seu poder, produzindo alguns desses prodígios da natureza, que parecem não se preocupar com a dor, afinal; mesmo a dos tipos mais severos, se este desprezo pelas dores não se dever parcialmente à força da educação; e, parcialmente, a uma causa sobrenatural, -- ao poder tanto dos bons, quanto dos maus espíritos, que elevam estes homens, acima do estado da mera natureza. Mas, abstraindo esses casos particulares, em geral, a justa observação é que a dor é miséria plena e extrema; aniquilando completamente toda resignação. E mesmo onde esses são protegidos pela graça de Deus; onde os homens 'mantêm suas almas pacientes, ela pode, não obstante, ocasionar muita opressão interior; com a alma compadecendo-se do corpo. 

 

2. Todas as enfermidades de longa duração, embora menos dolorosas, estão aptas a produzirem o mesmo efeito. Quando Deus determina sobre nós a consumação, ou a febre intermitente, que esfria e queima, se ela não for rapidamente removida, não irá apenas 'consumir os olhos', mas 'causará tristeza no coração'. Este é eminentemente o caso, com respeito a todas estas que são denominadas doenças nervosas. E a fé não destrói o curso da natureza: As causas naturais ainda produzem efeitos naturais. A fé não mais impede os declínios dos espíritos (como se diz), em uma doença histérica que surge da agitação de uma febre.

 

3. Novamente: quando 'a calamidade vem como um redemoinho de vento, e a escassez como um homem armado'; trata-se de uma pequena provação? Não é estranho que ela cause tristeza e opressão? Mesmo que esta seja uma coisa pequena para aqueles que se mantêm a uma distância, ou que olham, e 'passam, pelo outro lado'; ainda assim, por outro lado, é dessa forma, para aqueles que a sentem. 'Tendo alimento e vestimenta' (de fato, a última palavra, skepasmata, sugere moradia, assim como, vestuário), nós podemos, se o amor de Deus está em nossos corações, 'estarmos satisfeitos com isto'. Mas o que devem fazer aqueles que nada têm? Quem, por assim dizer, 'adotam a rocha como abrigo?'. Que têm apenas a terra para se deitar, e apenas o céu para cobri-los? Que não têm uma residência seca, quente, nem mesmo limpa, para si mesmos, e seus pequeninos; nenhuma roupa para mantê-los, ou àqueles a quem eles amam, junto a si mesmos, do frio penetrante, tanto do dia, quanto da noite? Eu rio do estúpido pagão clamando: 'Quão ridículos os homens podem ser!'.

 

A pobreza tem alguma coisa pior, do que fazer os homens serem capazes de rirem dela? É um sinal de que esse poeta inútil falou, sem pensar, das coisas que ele não conhecia. Não é a falta de alimento, alguma coisa pior do que isto? Deus a decretou como uma calamidade sobre o homem, para que ele possa prover, 'através do suor de sua testa'. Mas quantos existem, nesta região cristã, que labutam, e trabalham, e suam, e não o têm, afinal, mas lutam com fraqueza e fome juntas? Não é pior para alguém, depois de um dia de trabalho, voltar para sua moradia pobre, fria, suja e desconfortável, e encontrar nem mesmo o alimento que é necessário para reparar suas forças perdidas?  Vocês, que vivem confortavelmente na terra; que nada necessitam, a não ser, de olhos para verem, ouvidos para ouvirem, e corações para entenderem o quanto bem Deus tem partilhado com vocês, -- não é pior buscar o pão, dia a dia, e encontrar nada? Talvez, encontrar o conforto também de cinco ou seis crianças, clamando pelo que ele não tem para dar! Não fosse ele refreado por uma mão invisível, ele não poderia logo 'amaldiçoar a Deus e morrer?'. Ó necessidade de pão! Necessidade de pão! Quem pode dizer o que isto significa, sem ter sentido isto em si mesmo? Eu estou surpreso que isto ocasione não mais do que opressão, mesmo nesses que crêem!

 

4. Talvez, proximamente a isto, nós possamos colocar a morte daqueles que eram próximos, e queridos a nós; de um pai jovem, e um que não entrou muito no declínio dos anos; de uma criança amada, recém surgindo para a vida, e apertando nossos corações; de um amigo que foi como nossa própria alma, -- próximo à graça de Deus, o último, e o melhor dom do Céu. E milhares de circunstâncias podem acentuar a aflição. Talvez, a criança e o amigo morreram em nossos braços! – talvez, foram arrebatados, quando nós não cuidamos deles! No vigor da juventude, e cortados como uma flor! Em todos esses casos, nós, não apenas não podemos, mas devemos, estar afligidos: é o objetivo de Deus que possamos. Ele não nos teria como animais e pedras. Ele não teria nossas afeições equilibradas, não extintas. Portanto, -- 'A natureza não repreendida, faz derramar uma lágrima'. Pode haver tristeza, sem pecado.

 

5. Uma tristeza ainda mais profunda, nós podemos sentir por aqueles que estavam mortos, enquanto viviam; com respeito à indelicadeza, ingratidão, apostasia daqueles que estavam unidos a nós na mais íntima aliança. Quem pode expressar o que um amante das almas pode sentir por um amigo, um irmão, morto para Deus? Por um marido, uma esposa, um pai, um filho, precipitando-se no pecado, como um cavalo dentro da batalha; e, a despeito de todos os argumentos e persuasões, apressando-se para executar a sua própria condenação? E esta angústia do espírito pode ser intensificada a um grau inconcebível, ao se considerar que ele que agora caminha para a destruição, uma vez, seguiu bem no caminho da vida. O que quer que ele tenha sido no passado, serve agora a nenhum outro propósito, do que nos fazer refletir no que ele está mais penetrado e afligido.

 

6. Em todas essas circunstâncias, nós podemos estar seguros de que nosso grande adversário não ficará sem aproveitar sua oportunidade. Ele, que sempre 'tem andado buscando a quem ele possa devorar', irá, então, usar, especialmente, todos os seus poderes, todas as suas habilidades, se, por acaso, ele puder obter alguma vantagem sobre a alma que já está subjugada. Ele não poupará seus dardos certeiros, tais que são mais adequados para encontrarem uma entrada, e fixarem-se mais profundamente no coração, porque são próprios das tentações que o assaltam. Ele irá trabalhar para injetar os pensamentos descrentes, blasfemos ou descontentes. Ele irá sugerir que Deus não cuida, e não governa, a terra; ou, pelo menos, que Ele não a governa da maneira correta; não, através da justiça e misericórdia. Ele irá se esforçar para incitar o coração contra Deus; para renovar nossa inimizade natural contra Ele. E se nós empreendemos lutar com Ele, com as suas próprias armas, nós iremos raciocinar com ele, e mais e mais opressão, irá, sem dúvida, resultar, se não, escuridão extrema.

 

7. Freqüentemente se supõe que existe uma outra causa; se não, da escuridão, pelo menos, da opressão; ou seja, Deus se retira da alma, porque é sua vontade soberana. Certamente, Ele irá fazer isto, se nós afligirmos seu Espírito Santo, tanto por pecado exterior, quanto exterior; tanto por fazer o mal; por negligenciar a fazer o bem; dando oportunidade para o orgulho ou ira; para a indolência espiritual; para o desejo tolo, ou afeições desordenadas. Mas que Ele sempre se retira, porque Ele quer; meramente porque é seu bom prazer, eu absolutamente nego. Não existe um texto em toda a Bíblia que faz qualquer menção a tal suposição. Mais do que isto: trata-se de uma suposição contrária; não apenas a muitos textos particulares, mas a todo o teor das Escrituras. É repulsiva à própria natureza de Deus: É extremamente inferior à sua majestade e sabedoria, (como um escritor eminente, expressa fortemente), 'brincar de esconde-esconde com suas criaturas'. É inconsistente, com sua justiça e misericórdia, e com a profunda experiência de todos os seus filhos. 

 

8. Uma causa mais da opressão, é mencionada por muitos daqueles que são denominados autores místicos. E a noção tem se arrastado, eu não sei como, até mesmo entre as pessoas sinceras que não têm familiaridade com eles. Eu não posso explicar isto melhor, do que nas palavras de uma recente escritora, que relata isto como sua própria experiência: -- 'Eu continuei tão feliz no meu Amado, que, mesmo que eu tivesse sido forçada a perambular no deserto, eu não teria encontrado dificuldade nisto. Este estado, porém, não durou muito, quando, em efeito, eu me encontrei conduzida ao deserto. Eu me achei numa condição de desamparo, completamente pobre, desgraçada e miserável. A fonte apropriada desta aflição, o conhecimento de nós mesmos; através do qual, nos certificamos que existe uma extrema dessemelhança entre Deus e nós. Nós nos vemos em maior oposição a Ele; vemos que no fundo de nossa alma, somos inteiramente corruptos, depravados, e cheios de toda espécie de mal e malignidade, do mundo e da carne; e todas as sortes de abominações'. – Disto, pode-se concluir que o conhecimento de nós mesmos, sem o que podemos perecer eternamente, deve, mesmo depois de termos conseguido a justificação pela fé, nos ocasionar a mais profunda opressão.

 

9. Mas, sobre isto, eu observaria:

 

(1)          No parágrafo precedente, esta escritora diz: 'Compreendendo que eu não tinha a fé verdadeira em Cristo, eu me entreguei a Deus, e imediatamente senti seu amor'. Pode ser; e ainda assim, não parece que isto foi justificação. É mais provável que não foi mais do que é usualmente denominado de 'As delineações do Pai'. E se for assim, o peso e a escuridão que se seguem, não são outra coisa, que a convicção do pecado; que na natureza das coisas, deve preceder aquela fé, por meio da qual somos justificados.

 

(2)          Supondo-se que ela fosse justificada, quase no mesmo momento em que ela foi convencida da falta de fé, não houve, então, tempo para aquele crescimento gradual do autoconhecimento, que costuma preceder a justificação: Neste caso, portanto, ele veio depois, e foi, provavelmente, o mais severo, o menos esperado.

 

(3)          Pode ser que vá existir um conhecimento de nosso pecado inato, de nossa corrupção total pela natureza, mais profundo, mais claro e mais completo, depois da justificação, e que nunca houve antes dela. Mas esta necessidade não ocasiona obscuridade da alma: Eu não direi que ela deva nos trazer para a opressão. Se fosse assim, o Apóstolo não teria usado aquela expressão; se fosse preciso, haveria uma necessidade absoluta e indispensável dele, para todos que conhecessem a si mesmos; ou seja, em efeito, para todos que conhecessem o amor perfeito de Deus, e fossem, por meio disto, 'feitos adequados para serem parceiros na herança dos santos na luz'. Mas isto, de modo algum, é o caso. Ao contrário, Deus pode aumentar o conhecimento de nós mesmos em algum grau; e aumentar na mesma proporção, o conhecimento de Si mesmo e a experiência de Seu amor. E, neste caso, não haveria 'deserto, miséria, condição de abandono'; mas amor, paz, e alegria, gradualmente brotando para a vida eterna.

 

IV

 

1. Para que finalidade, então, (a Quarta coisa que deverá ser considerada) Deus permite que a opressão caia sobre tantos de seus filhos? O Apóstolo nos dá uma resposta clara e direta a esta importante questão: - 'Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo' (I Pedro 1:7). Pode haver uma alusão a isto, naquela bem conhecida passagem do quarto capítulo (embora primeiramente relacione-se a quase outra coisa, como já foi observado): 'Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse; mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis' (I Pedro 4:12, &c).

 

2. Disto, nós aprendemos que a primeira e grande finalidade de Deus permitir as tentações, que trazem opressão sobre seus filhos, é testar a fé deles, que é testada por elas, como o ouro, pelo fogo. Agora, nós sabemos que o ouro tentado no fogo, é purificado, através dele; é separado de sua impureza. E assim é a fé, no fogo da tentação; quanto mais ela é tentada, mais é purificada; -- sim, e não apenas purificada, mas também fortalecida, confirmada, abundantemente aumentada, por tantas mais provas de sabedoria e poder, o amor e fidelidade de Deus. Por isto, então, -- para aumentar nossa fé, -- é uma das graciosas finalidades de Deus permitir essas múltiplas tentações. 

 

3. Elas servem para experimentarem, purificarem, confirmarem e aumentarem aquela esperança viva também, onde junto 'a Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo temos sido recriados de sua abundante misericórdia'. De fato, nossa esperança não pode deixar de aumentar, na mesma proporção que nossa fé. Sobre este alicerce, ela se situa: Crendo em Seu nome; vivendo pela fé no Filho de Deus, nós esperamos; nós temos expectativa confiante da glória que será revelada; e, conseqüentemente, o que quer que fortaleça nossa fé, aumenta nossa esperança também. Ao mesmo tempo, em que aumenta nossa alegria no Senhor, que não pode deixar de atender a uma esperança cheia de imortalidade. Neste panorama, o Apóstolo exorta os crentes em outro capítulo: 'Regozijem-se vocês, parceiros dos sofrimentos de Cristo'.  A este mesmo respeito, 'felizes são vocês; porque o Espírito da glória e Deus descansa sobre vocês': E, por meio disto, somos capacitados, mesmo em meio aos sofrimentos, a 'nos regozijarmos com alegria inexprimível e cheia de glória'.

 

4. Eles se regozijam mais, porque as provas que aumentam a fé e a esperança, aumentam também seu amor; sua gratidão para com Deus, por todas as suas misericórdias, e sua boa-vontade para com toda humanidade. Assim sendo, quanto mais profundamente conscientes eles estão da bondade amorosa de Deus, seu Salvador, mais seus corações inflamam-se com amor para com Ele que 'primeiro os amou'. Quanto mais clara e forte a evidência que eles têm da glória que deverá ser revelada, mais eles amam a Ele que a adquiriu para eles, e 'deu a eles a garantia' dela, 'em seus corações'. E esta, o aumento de seu amor, é outra finalidade para que seja permitido que as tentações venham sobre eles.

 

5. Uma outra finalidade ainda, é o crescimento deles na santidade: santidade de coração; santidade de conversação; a última, resultando da primeira; porque uma boa árvore produz bons frutos. E toda santidade interior é o fruto imediato da fé que é operada pelo amor. Através disto, o Espírito abençoado purifica o coração do orgulho, obstinação, paixão; do amor do mundo, dos desejos tolos e danosos; das afeições vis e inúteis. Além do que, afeições santificadas têm, através da graça de Deus, uma tendência imediata e direta à santidade. Através da operação do seu Espírito, elas humilham e degradam, mais e mais, a alma diante de Deus. Elas acalmam e abrandam nosso espírito turbulento; submetem a fúria de nossa natureza; enfraquecem nossa obstinação e vontade própria; crucificam-nos para o mundo; e nos fazem esperar nossa força, e buscar nossa felicidade, em Deus.

 

6. E todas essas têm como grande objetivo, que nossa fé, esperança, amor, e santidade 'possam ser encontrados', se eles ainda não apareceram; 'para o louvor' do próprio Deus; ' e a honra' de todos os homens, e anjos; 'e a glória', imputada, pelo grande Juiz, a todos que perseverarem até o fim. E isto será imputado naquele dia terrível, a todo homem, 'de acordo com suas obras'; de acordo com a obra que Deus tem forjado em seu coração, e as obras exteriores que ele tem forjado para Deus; e igualmente de acordo com o que ele tem suportado. De modo que todas essas tentações são um ganho inexplicável. De várias maneiras, essas 'aflições brandas, que são apenas para o momento, forjam em nós um mais excelente, e eterno ônus de glória!'.

 

7. Acrescentemos a isto, a vantagem que outros podem receber, vendo nosso comportamento debaixo de aflição. Nós nos certificamos, pela experiência, que o exemplo freqüentemente causa uma impressão mais profunda em nós, do que preceitos. E quais exemplos têm uma influência mais forte, não apenas naqueles que são parceiros de igual fé preciosa, mas, naqueles que não têm conhecido a Deus, do que de uma alma calma e serena, em meio às tempestades; triste, ainda assim, regozijando-se; humildemente aceitando o que quer que seja da vontade de Deus, embora seja doloroso para a natureza; dizendo, na doença e dor: 'O cálice que meu Pai me deu, eu não deverei beber?'. – na perda e necessidade, 'O Senhor deu; o Senhor tira; abençoado seja o nome do Senhor!'.

 

V

 

1. Eu vou concluir, com algumas inferências. Em Primeiro Lugar, quão ampla é a diferença entre a escuridão da alma e a opressão; que, não obstante, são tão geralmente confundidas uma com a outra; mesmo pelos cristãos experientes! Escuridão, ou estado de deserto, implica uma total perda da alegria no Espírito Santo: A opressão não; em meio a ela, nós podemos 'nos regozijar com alegria inexprimível'. Eles que estão na escuridão perderam a paz de Deus. Eles que estão na opressão não a perderam. Longe disto, naquele mesmo momento, 'a paz', assim como 'a graça' podem 'ser multiplicadas' junto a eles. No primeiro caso, o amor de Deus tornou-se frio, se não foi totalmente extinguido; no segundo, ele retém toda sua força; ou melhor, aumenta, diariamente. No primeiro, a própria fé, se não totalmente perdida, está, não obstante, gravemente em declínio: A evidência, e a convicção das coisas que não são vistas; particularmente, do amor redentor de Deus, não está mais tão clara ou forte, quanto no passado; e a confiança deles em Deus está proporcionalmente enfraquecida: No segundo, embora eles não o vejam, ainda assim, têm uma confiança clara e inabalável em Deus; e uma evidência duradoura do amor, por meio do qual, seus pecados foram apagados. De modo que, assim como nós podemos distinguir a fé da descrença; esperança do desespero; paz da guerra; amor a Deus do amor do mundo; nós podemos infalivelmente distinguir opressão de escuridão!

 

2. Em Segundo Lugar, nós podemos aprender disto, que pode haver necessidade de opressão; mas não, necessidade de escuridão. Pode haver necessidade de estamos 'contristados por algum tempo', com o objetivo das finalidades acima citadas; pelo menos, neste sentido, como resultado natural dessas 'múltiplas tentações', que são necessárias para testarem e aumentarem nossa fé; para confirmarem e aumentarem nossa esperança; para purificarem nossos corações de todos os temperamentos não santos, e aperfeiçoarem-nos no amor. E, em conseqüência disto, elas são necessárias com o objetivo de fazerem brilhar nossa coroa, e acrescentarem ao nosso ônus de glória eterna. Mas nós não podemos dizer que a escuridão seja necessária com o objetivo a algumas dessas finalidades. De modo algum, ela nos conduz a elas: A perda da fé, esperança, amor, certamente não é, nem condutiva à santidade; nem aumenta aquela recompensa no céu que será na proporção de nossa santidade na terra.

 

3. Em Terceiro Lugar, nós podemos reunir, da maneira do Apóstolo falar, que, mesmo a opressão, não é sempre necessária. 'Agora, por um tempo, se preciso'; De modo que nem é necessária a todas as pessoas; nem para alguma pessoa todo o tempo. Deus é capaz; Ele tem poder e sabedoria para operar, quando lhe agradar, a mesma obra da graça, em alguma alma, por outros meios. E, em algumas instâncias, Ele faz assim; Ele faz com que esses, a quem Ele se agrada de seguir adiante, de força em força, até mesmo fazendo com que eles 'aperfeiçoem a santidade em seu medo'; raramente com alguma opressão, afinal; como tendo um poder absoluto sobre o coração do homem, e movendo todas as fontes dele como lhe agrada. Mas esses casos são raros: Deus geralmente acha bom testar 'os homens aceitáveis na fornalha de aflições'. De modo que aquelas múltiplas tentações e opressão são, mais ou menos, usualmente a porção de seus filhos mais queridos.

 

4. Para concluir, nós devemos, portanto, vigiar e orar; e usarmos de nossos mais extremos esforços, para evitarmos cair na escuridão. Mas não precisamos estar apreensivos, em como evitarmos, tanto quanto, em como melhorarmos, através da opressão. Nosso grande cuidado deve ser, então, nos comportarmos sob ela; esperarmos junto ao Senhor, para que ela possa responder completamente a todo o desígnio de Seu amor; permitindo que ela venha sobre nós; e que ela possa ser os meios de aumentar nossa fé; de confirmar nossa esperança; de aperfeiçoar-nos em toda santidade. Quando quer que ela venha, que tenhamos um olho para essas finalidades graciosas, para as quais ela é permitida; e usemos de toda a diligência que pudermos, para que não tornemos sem efeito o conselho de Deus a nós mesmos. Vamos, sinceramente, trabalhar junto com ela, através da graça que Ele continuamente nos dá; 'purificando a nós mesmos da poluição da carne e espírito'; e diariamente crescendo na graça de nosso Senhor Jesus Cristo, até que sejamos recebidos em seu reino eterno!

 

[Editado por Tim Dawson, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções por George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]