Sobre o Sermão do Monte – Parte XII
John Wesley
'Acautelai-vos,
porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas,
interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis.
Porventura se colhem uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a
árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode
a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore
que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos
os conhecereis'. (Mateus
7:15-20)
1.
É muito difícil expressar ou conceber as multidões de almas que se voltaram
para a destruição, porque não foram persuadidas a caminhar pelo caminho
estreito, embora ele fosse o caminho para a salvação eterna. E a mesma coisa
nós podemos ainda observar diariamente. Tal é a insensatez e loucura da
humanidade, que milhares de homens ainda prosseguem no caminho do inferno,
porque ele é amplo. Eles mesmos caminham nele, porque outros o fazem: Porque
tantos perecem, ele irão se somar a este número. Tal é a espantosa influência
do exemplo sobre os fracos e miseráveis filhos dos homens! Ele continuamente
povoa as regiões da morte, e arrasta as numerosas almas para a perdição eterna!
2. Para advertir a humanidade
disso; para preservar tantos quantos for possível contra esse contágio, Deus
tem ordenado aos seus vigias para gritarem bem alto, e mostrarem às pessoas o
risco que elas correm. Para esta finalidade, ele tem enviado seus servos, os
Profetas, em suas sucessivas gerações, para indicar o caminho estreito, e
exortar todos os homens a não estarem de acordo com esse mundo. Mas o que
fazer, se os próprios vigias caem na armadilha, contra a qual eles deveriam
advertir a outros? O que fazer, se 'os Profetas profetizam fraudes?'. Se
eles 'fazem com que as pessoas errem o caminho?'. O que deve ser feito,
se eles indicam, como o caminho da vida eterna, o que, em verdade, é o caminho
da morte eterna; e exortam outros a caminhar, como eles mesmos fazem, no
caminho largo, e não no estreito?
3.
Mas será que esta é uma coisa sem precedente; uma coisa incomum? Não; Deus sabe
que não. Os exemplos dela são quase incalculáveis. Nós podemos encontrá-la em
todas as épocas e nações. Mas quão terrível é isto! – quando os embaixadores de
Deus tornam-se agentes do diabo! –quando eles que são comissionados para
ensinar o caminho para o céu aos homens, de fato, ensinam a eles o caminho para
o inferno! Estes são como os gafanhotos do Egito, 'que comeram o resíduo que
tinha escapado; que permaneceu depois do granizo'. Eles devoram até mesmo o
restante dos homens que tem escapado; que não foi destruído pelo exemplo
maléfico. Não é, portanto, sem motivo, que nosso sábio e gracioso Mestre, tão
solenemente, nos acautela contra eles, 'Acautelem-se, diz Ele, 'dos
falsos profetas, que vêm até vocês com roupas de cordeiro, mas interiormente
são como lobos vorazes'.
4. Vamos inquirir uma advertência da
mais extrema importância – que possa mais efetivamente mergulhar em nossos
corações:
I.
Primeiro,
quais são esses falsos profetas?
II.
Em
Segundo Lugar, que aparência eles têm?
III.
Em
Terceiro Lugar, como nós podemos saber quem eles são realmente, não obstante a
aparência honesta?
I
1. Nós
vamos, primeiro, inquirir quais são os falsos profetas. E isto é necessário
fazer mais diligentemente, porque esses mesmos homens têm trabalhado 'para
deturpar o sentido dessa Escritura, para si próprios', mesmo que não apenas
para a própria 'destruição'. Com o objetivo, portanto, de eliminar toda
disputa, eu não devo fazer alarde (como é costume de alguns desses); nem usar
de quaisquer exclamações incorretas e retóricas, para ludibriar os corações dos
simples; mas falar duramente, as verdades claras, tais que, aquele que tiver
algum entendimento ou modéstia restante, não poderá negar; e tais verdades que
têm a mais íntima conexão com o teor do discurso precedente: Considerando que
muitos têm interpretado essas palavras, sem qualquer atenção ao que veio
anteriormente; como se elas não tivessem nada a ver com o sermão, em que se
situam.
2. Aqui, a palavra profetas
(como em muitas outras passagens das Escrituras; particularmente, no Novo
Testamento) não significa aqueles que predizem as coisas que estão por vir, mas
aqueles que falam em nome de Deus; aqueles homens que professam ser enviados de
Deus, para ensinarem a outros o caminho do céu.
Esses são os falsos profetas, que
ensinam o caminho falso para o céu; um caminho que não conduz a ele; ou, (o que
vem para o mesmo ponto), aqueles que não ensinam a verdade.
3. Todo caminho largo é
infalivelmente um falso caminho. Portanto, a regra clara e certa é que 'eles
que ensinam os homens a caminharem no caminho largo, em que muitos caminham,
são os falsos profetas'.
Novamente: O caminho verdadeiro para
o céu é o caminho estreito. Por conseguinte, esta é uma outra regra clara e
certa que, 'aqueles que não instruem os homens a caminharem no caminho
estreito, para serem singulares, são os falsos profetas'.
4. Para ser mais específico:
O único caminho para o céu é aquele indicado no sermão precedente. Portanto,
são falsos os profetas que não ensinam os homens a caminharem por ele.
Agora, o caminho para o céu indicado
no sermão precedente, é o caminho da humildade, do murmurar, da submissão, do
desejo santo, do amor a Deus e ao próximo, do fazer o bem, tudo suportando pela
causa de Deus. Na verdade, os falsos profetas são os que ensinam, como caminho
que conduz ao céu, qualquer outro que não este.
5. Não importa como eles chamam este
outro caminho. Eles podem chamá-lo de fé; ou de boas obras; ou fé e obras; ou
arrependimento; ou arrependimento, fé, e nova obediência. Todas essas são
palavras boas: Mas, se sob esses, ou quaisquer outros termos que forem, eles
ensinam aos homens algum caminho distinto desse, eles são propriamente falsos
profetas.
6. Quanto mais incorrem
naquela condenação, os que falam mal desse bom caminho; -- acima de tudo,
aqueles que ensinam o caminho diretamente oposto: o caminho do orgulho, da
leviandade, da paixão, dos desejos mundanos, do amor ao prazer, mais do que o
amor a Deus, da indelicadeza para com nosso próximo, da despreocupação pelas
boas obras, enfrentando o mal, e não sendo perseguidos por causa da retidão!
7.
Se for perguntado: 'Quem são os que sempre ensinaram, e ensinam que este é o
caminho para o céu?'. Eu respondo que são os milhares de homens sábios e
honrados; mesmo todos aqueles de qualquer denominação, que encorajam o orgulho;
o frívolo; o passional; o amante do mundo; o homem de prazer; o injusto ou
indelicado; o vulgar; o negligente; o inofensivo; a criatura inútil; o homem
que não sofre reprovação por causa da retidão, por imaginar que ele está no
caminho do céu. Esses são os falsos profetas, no mais alto sentido da palavra.
Esses são os traidores tanto de Deus quanto do homem. Esses não são outros do
que os primogênitos de satanás; os filhos mais velhos de Apollyon, o
Destruidor. Esses estão muito acima da categoria dos degoladores comuns; já que
eles são assassinos das almas dos homens. Eles estão continuamente povoando os
reinos da noite; e quando eles seguirem as pobres almas que eles destruíram, 'o
inferno se moverá nas profundezas para encontrá-los na sua vinda!'.
II
1.
Mas eles vêm agora em sua forma própria? De modo algum. Se fosse assim, eles
não poderiam destruir. Vocês poderiam ficar alertas, e tentariam salvar suas
vidas. Entretanto, eles se revestem de uma aparência completamente diferente:
(o que será a segunda coisa a ser considerada) 'Eles vêm até você, em roupas
de ovelhas, embora interiormente, sejam lobos ferozes'.
2. 'Eles vêm até você, em
roupas de ovelhas'; ou seja, com uma aparência benéfica. Eles vêm de uma
maneira mansa e inocente, sem qualquer marca ou sinal de animosidade. Quem
poderia imaginar que essas criaturas quietas causariam algum dano a quem quer
que fosse? Talvez, eles não possam ser tão zelosos e ativos em fazerem o bem,
como alguém poderia esperar que eles fossem. Entretanto, vocês não vêem motivos
para suspeitarem que eles tenham mesmo o desejo de causarem algum dano. Mas
isto não é tudo.
3.
Eles vêm, em Segundo Lugar, com uma aparência benéfica. Realmente, para isto,
para fazerem o bem, eles são particularmente chamados. Eles são colocados
aparte para essa mesma coisa. Eles são particularmente comissionados para
vigiarem as suas almas, para instrui-los para a vida eterna. É toda tarefa
deles, 'fazerem o bem, e curarem aqueles que estão oprimidos pelo diabo'. E
vocês têm estado sempre acostumados a vê-los sob esse prisma; como mensageiros
de Deus; enviados para trazerem a vocês uma bênção.
4. Eles
vêm, em Terceiro Lugar, com uma aparência de religião. Tudo o que eles fazem é
por causa da consciência! Eles asseguram a vocês, que não é pelo mero zelo por
Deus, que eles estão fazendo Dele um mentiroso. Não é pela pura preocupação com
a religião, que eles destruiriam a raiz e ramificações dela. Tudo o que eles
falam, é apenas de um amor à verdade, e um temor, a fim de que ela não venha
a sofrer; e, pode ser por uma
preocupação pela igreja, e um desejo de defendê-la de todos os seus inimigos.
5.
Acima de tudo, eles vêm com uma aparência de amor. Eles tomam todas essas
dores, apenas para o bem de vocês. Eles não deveriam se preocupar com respeito
a vocês, a não ser em benefício de vocês. Eles farão grandes declarações, de
bom grado; com respeito ao perigo em que vocês se encontram; e do sincero
desejo de preservarem vocês do erro, e de que sejam envolvidos nas novas e
prejudiciais doutrinas. Eles sentiriam muito de ver alguém que estivesse bem,
apressar-se para algum extremo, perplexo com noções estranhas e ininteligíveis,
ou iludido pelo entusiasmo. É por este motivo que eles aconselham a vocês a se
manterem quietos, no meio termo, e para se precaverem de 'serem
demasiadamente retos', a fim de que não possam 'destruir a si mesmos'.
III
1. Mas
como nós podemos saber o que eles realmente são, apesar da aparência honesta
deles? Esta é a Terceira coisa, na qual foi proposto inquirir. Nosso abençoado
Senhor viu quão necessário foi para todos os homens conhecerem os falsos
profetas, mesmo que, disfarçados. Ele viu, igualmente, quão incapaz a maioria
dos homens foi de deduzir a verdade, através de uma longa sucessão de
conseqüências. Ele, por conseguinte, nos forneceu uma regra breve e clara,
fácil de ser entendida pelos homens das mais inferiores capacidades, e fácil de
ser aplicada a todas as ocasiões: 'Nós podemos conhecê-los, através dos seus
frutos'.
2. Para
todas as ocasiões vocês podem facilmente aplicar essa regra. Com o objetivo de
saber, se os que falam em nome de Deus são falsos ou verdadeiros profetas, é
fácil observar:
Primeiro:
Quais são os frutos sobre a doutrina deles, sobre eles mesmos? Que efeito ela
tem sobre suas vidas? Eles são santos e sem culpa, em todas as coisas? Que
efeito ela tem sobre seus corações? Aparece através do teor geral de suas
conversas, que o temperamento deles é santo, sagrado e divino? Que a mente que
está neles, é a que estava em Jesus Cristo? Eles são meigos, humildes,
pacientes, e amantes de Deus e homem, e zelosos das boas obras?
3. Vocês
podem facilmente observar:
Em Segundo
Lugar: Quais são os frutos da doutrina deles, sobre aqueles que os ouvem;
em muitos, pelo menos, embora não em todos; já que nem mesmo os Apóstolos
converteram todos os que os ouviram. Esses têm a mente que estava em Cristo? E
eles caminham como Ele também caminhou? E foi por ouvir esses homens que eles
começaram a assim proceder? Eles eram interiormente e exteriormente
pecaminosos, até que eles os ouviram? Se assim for, é uma prova manifesta de
que eles são verdadeiros profetas, professores enviados de Deus. Mas, se não
for assim, se eles efetivamente não ensinam nem a si mesmos ou aos outros a
amarem e servirem a Deus, é uma prova manifesta de que eles são falsos
profetas; de que Deus não os enviou.
4.
Uma declaração dura esta! Quão poucos podem suportá-la! Disto nosso Senhor era
sensível, e, por esta razão, dignou-se a provar, amplamente, através de
argumentos claros e convincentes. 'Os homens', diz Ele, 'porventura,
colhem uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?' (Mateus 7:16).
Será que eles esperam que esses homens pecaminosos possam trazer bons frutos?
Igualmente, vocês poderiam esperar que espinheiros produzissem uvas, ou que os
figos pudessem crescer em abrolhos! 'Assim, toda a árvore boa produz bons
frutos, e toda a árvore má produz frutos maus' (Mateus 7:17). Todo
profeta verdadeiro, todo professor que eu tenho enviado, produz os bons frutos
da santidade. Mas um falso profeta, um professor que eu não tenho enviado,
produz apenas pecado e maldade. 'Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem
a árvore má dar frutos bons'. Um falso profeta, um professor enviado de
Deus, não apenas produz bons frutos, algumas vezes apenas, mas sempre; não
acidentalmente, mas através de um tipo de necessidade. De igual maneira, um
falso profeta, alguém a quem Deus não enviou, não pode produzir frutos maus
acidentalmente, ou algumas vezes apenas, mas sempre, e da necessidade. 'Toda
a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo' (Verso 19).
Tal infalivelmente acontecerá a uma grande quantidade de profetas que não
produz bons frutos; que não salva almas do pecado; que não traz os pecadores ao
arrependimento.
'Portanto',
que esta seja uma regra eterna, 'pelos seus frutos os conhecereis'. (Mateus
7:20). Eles que, de fato, fazem com que os amantes do mundo, orgulhosos,
passionais, e cruéis, se tornem humildes, gentis, amantes de Deus e homem, -
são os verdadeiros profetas; são os enviados por Deus, que, por conseguinte,
confirma a palavra deles. Por outro lado, eles, cujos ouvintes, se pecaminosos
antes, permanecem pecaminosos ainda, ou, pelo menos, invalidam qualquer retidão
que 'exceda a retidão dos escribas e fariseus', -- são os falsos profetas; eles não foram
enviados de Deus; portanto, a palavra deles cai ao chão: E, sem o milagre da
graça, eles e seus ouvintes caem no abismo sem fim!
5. Ó, 'que vocês se
acautelem desses falsos profetas!'. Porque, embora eles 'venham vestidos
como ovelhas, ainda assim, interiormente são como lobos ferozes'. Eles
apenas destroem e devoram o rebanho: Eles os rasgam em pedaços, se não existe
quem os ajude. Eles não irão, não podem, conduzir vocês ao caminho do céu. Como
eles poderiam, quando não conhecem isto em si mesmos? Ó, cuidem que eles não os
tirem do caminho, e façam com que vocês 'percam o que já conseguiram!'.
6. Mas
, talvez, vocês perguntem: 'Se existe tal perigo de ouvi-los, eu devo
ouvi-los, afinal?. Esta é uma questão importante, tal que merece a mais
profunda consideração, e não deve ser respondida, a não ser com o pensamento
mais sereno, a reflexão mais deliberada. Por muitos anos, eu tenho estado
temeroso de falar, afinal, concernente a ela; estando incapaz de determinar um
caminho ou o outro; ou fazer qualquer julgamento sobre ele. Muitas razões
existem que prontamente ocorrem, e inclinam-me a dizer, 'Não os ouçam'.
E, ainda assim, o que nosso Senhor fala concernente aos falsos profetas de seu
próprio tempo, parece deduzir o contrário. 'Então Jesus, falou à multidão, e
para seus discípulos dizendo, Os escribas e fariseus que se sentam no trono de Moisés' -- são
os professores comuns, mencionados em sua igreja: Tudo, por conseguinte, o que
quer que eles ordenem vocês observarem, que observem e façam. Mas não façam
segundo suas obras; 'porque eles dizem e não fazem'. Agora, que esses
foram falsos profetas, no mais alto sentido, nosso Senhor tem mostrado durante
todo o curso de seu ministério; como, realmente, eles fazem nessas mesmas
palavras, 'Eles dizem e não fazem'. Portanto, por seus frutos seus
discípulos não podem deixar de conhecê-los, vendo que eles foram revelados aos
olhos de todos os homens. Portanto, Ele os adverte, várias vezes, para se
precaverem desses falsos profetas. Mas, ainda assim, não os proíbe de ouvirem,
até mesmos esses: Mais do que isto, Ele, em efeito, ordena a eles para assim o
fazerem, nessas palavras: 'Tudo, por conseguinte, que eles ordenem vocês
observarem e fazerem': Porque, a menos que eles os ouçam, eles não poderiam
saber, muito menos observar, o que eles têm ordenado fazer. Aqui, então, o
próprio nosso Senhor oferece uma direção clara, a ambos os seus Apóstolos, e
toda multidão, em algumas circunstâncias, para ouvirem, até mesmo, os falsos
profetas, conhecidos e reconhecidos por serem assim.
7. Mas, talvez, seja dito: 'Ele
apenas direciona ouvi-los, quando eles lêem as Escrituras na congregação'. Eu
respondo que, ao mesmo tempo, em que eles assim lêem as Escrituras, eles
geralmente as expõem também. E aqui não é uma espécie de sugestão que eles
devam ouvir aquele, e não o outro também. Mais ainda, os mesmos termos, 'Todas
as coisas que eles os ordenam observar', excetua qualquer tal
limitação.
8. Novamente: A eles, aos
falsos profetas, inegavelmente, é freqüentemente confiada (Ó, que tristeza
falar! Porque certamente essas coisas não deveriam ser assim) a administração
do sacramento também. Direcionar, portanto, os homens a não os ouvirem, poderia
ser, em efeito, tirá-los das ordenanças de Deus. Mas isso nós não ousamos
fazer, considerando que a validade da ordenança não depende da santidade
daquele que a administra, mas da fidelidade Dele que a ordenou; quem nos fará e
nos faz conhecer seus desígnios. Por conseguinte, sobre esse relato,
igualmente, eu receio dizer, 'não ouçam, certamente, os falsos profetas'.
Até mesmo, através desses que estão sob uma maldição, Deus pode e nos dá sua
benção. Porque o pão que eles repartem, nós sabemos experimentalmente ser 'a
comunhão do corpo de Cristo': E o cálice que Deus abençoou, até mesmo,
através dos lábios profanos deles, tem sido para nós a comunhão do sangue de
Cristo.
9. Tudo, portanto, que eu posso
dizer, é isto: em quaisquer circunstâncias, esperem em Deus, através de oração
humilde e sincera, e, então, ajam de acordo com a melhor compreensão que vocês
tiverem: Sobre tudo, ajam de acordo com o que vocês estão persuadidos ser o
melhor para o proveito espiritual de vocês. Tomem grande precaução para que não
julguem precipitadamente; para que vocês não pensem levianamente que alguém
seja falso profeta: E, quando vocês tiverem uma prova completa, vejam que a raiva
ou a contenda não tenha lugar em seu coração. Depois disso, na presença e no
temor de Deus, concluam para si mesmos. Eu apenas posso dizer que, se, pela
experiência, vocês acharem que ouvi-los machuca suas almas, então, não os
ouçam; então, calmamente abstenham-se, e ouçam aqueles que trazem proveito a
vocês. Se, por outro lado, vocês acham que isto não causa dano às suas almas,
então, vocês podem ouvi-los ainda. Apenas 'dêem atenção ao que ouvem':
Afastem-se deles e de suas doutrinas. Ouçam com temor e tremor, a fim que não
possam se enganar, e se entreguem, como eles, a uma forte desilusão. Como eles
continuamente misturam verdade e mentiras, facilmente, vocês podem se enganar
com ambas! Ouçam com oração fervorosa e contínua a Ele que tão somente ensina ao
homem sabedoria. E vejam que vocês tragam tudo o que ouvirem 'para o
discernimento da lei e do testemunho'. Recebam nada que não esteja provado;
não receba coisa alguma, até que seja pesado na balança do santuário: Acreditem
em nada do que eles dizem, a menos que seja claramente confirmado pelas
passagens dos santos escritos. Rejeitem completamente o que quer que difira
dela, o que quer que não seja confirmado por ela. E, em particular, rejeitem
com a mais extrema abominação, o que quer que seja descrito como o caminho da
salvação, que seja tanto diferente, quanto completamente contrário ao caminho
que nosso Senhor tem apontado no discurso precedente.
10. Eu não posso concluir, sem
endereçar algumas poucas palavras àqueles de quem eu tenho falado ultimamente.
Ó, vocês, falsos profetas! Ó, vocês, de ossos secos! Ouçam, pelo menos uma vez,
a palavra do Senhor! Por quanto tempo, vocês continuarão mentindo, em nome de
Deus, dizendo: 'Deus tem falado'; e Deus não tem falado através de
vocês? Por quanto tempo, vocês irão perverter os caminhos certos do Senhor,
irão trocar as trevas pela luz, e a luz pelas trevas? Por quanto tempo, vocês
irão ensinar o caminho da morte, e chamar a isto de caminho da vida? Por quanto
tempo, vocês irão entregar a satanás as almas às quais vocês professam trazer
para Deus?
11. 'Ai de vocês, líderes
cegos de cegos! Porque vocês fecham os reinos dos céus para os homens. Nem
vocês mesmos entram, nem permitem que aqueles que estão entrando, entrem'.
Aqueles que 'estão se esforçando para entrarem pelo portão estreito',
vocês chamam de volta para o portão largo. Aqueles que, com dificuldade, têm
dado um passo nos caminhos de Deus, vocês diabolicamente advertem para não irem
mais longe. Aqueles que mal começaram ' a sentir fome e sede de justiça', vocês avisam para não 'serem demasiados
retos'. Assim, vocês fazem com que eles tropecem no mesmo limiar; sim, com
que venham a cair, e não mais se ergam. Ó, por que motivo, vocês fazem isto?
Que proveito existe no sangue deles, quando eles caem no precipício? Proveito
miserável a vocês! 'Eles devem perecer em suas iniqüidades; mas o sangue
deles, Deus irá requerer das tuas mãos!'.
12. Onde
estão seus olhos? Onde está o entendimento de vocês? Vocês irão enganar os
outros, até que enganem a si mesmos também? Quem tem requerido de suas mãos,
para que ensinem o caminho que vocês nunca conheceram? Vocês não estarão se
entregando a tão 'forte desilusão', de maneira que vocês não apenas
ensinam, mas 'acreditam na mentira?'. E como é possível acreditarem que
Deus os tem enviado? Que vocês são Seus mensageiros? Mais ainda, se foi o
Senhor quem os enviou, a Sua obra iria prosperar em suas mãos. Assim como o
Senhor vive, se vocês forem os mensageiros de Deus, ele iria 'confirmar a
palavra de seus mensageiros'. Mas a obra do Senhor não prospera nas mãos de
vocês. Vocês não trazem os pecadores ao arrependimento. O Senhor não confirma a
palavra de vocês; porque vocês não salvam as almas da morte.
13. Como
vocês podem se evadir da força das palavras de nosso Senhor, -- tão completas, tão fortes, tão claras? Como vocês podem se
esquivar de se conhecerem por seus frutos, -- os frutos maus, de árvores más? E
como pode ser mostrado o contrário? 'Porventura se colhem uvas dos
espinheiros, ou figos dos abrolhos?'. Tomem isto para si mesmos, vocês a
quem isto pertence! Ó, vocês árvores estéreis, por que vocês obstruem o solo? 'Toda
árvore boa, produz bons frutos'. Vocês vêem que vocês não, e que aqui não
existe exceção? Reconheçam, então, que vocês não são boas árvores; porque vocês
não produzem bons frutos. 'Mas uma árvore corrupta produz maus frutos';
e assim vocês têm feito, desde o início. A conversa de vocês, como sendo de
Deus, tem apenas confirmado aqueles que a ouvem, nos temperamentos, se não, nas
obras, do diabo. Ó tomem a advertência Daquele, em cujo nome vocês falam, antes
que a sentença que ele tem pronunciado tome seu lugar: 'Toda a árvore que
não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo'.
14. Meus queridos irmãos, não endureçam seus
corações! Vocês têm, há tanto tempo, fechado seus olhos para a luz. Abram-nos,
antes que seja muito tarde; antes que vocês sejam lançados para a mais distante
escuridão! Não permitam que alguma consideração temporal tenha influência sobre
vocês; porque a eternidade está em jogo! Vocês têm participado, antes de terem
sido enviados. Ó, não vão mais longe! Não persistam em condenar a si mesmos e a
eles que os ouvem! Vocês não têm os frutos de seu trabalho. E por que é isto? É
porque o Senhor não está com vocês. Vocês podem ir à luta às suas próprias
custas? Não podem. Então, humilhem-se diante Dele. Clamem junto a Ele, como pó,
para que Ele possa, primeiro, vivificar suas almas; e fornecer a fé que é
operada pelo amor; que é humilde e mansa; pura e misericordiosa, zelosa das boas
obras, regozijando-se na tribulação, na reprovação, na aflição, na perseguição
por causa da retidão! Assim, 'O Espírito da glória e de Cristo repousarão
sobre vocês', e parecerá que Deus os tem enviado. Desse modo, vocês,
realmente, 'farão a obra de um Evangelista, e produzirão a prova completa de
seus ministérios'. Dessa forma, a palavra de Deus, na boca de vocês, será 'um
martelo que quebra as rochas em pedaços!'. E, então, pelos frutos de vocês,
vocês serão conhecidos como os profetas do Senhor, até mesmo, pelos filhos que
Deus tem dado a vocês. E tendo 'transformado a muitos para a retidão',
vocês deverão 'brilhar como estrelas, para todo o sempre!'.
Editado
por Kristen Chamberlain, estudante da
Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções por George Lyons
for the Wesley Center for Applied Theology.]