John Wesley
'Anulamos, pois, a lei pela
fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei'. (Romanos 3:31)
1. Foram mostradas no discurso
precedente, quais as maneiras mais usuais de tornar a lei nula, através da fé;
ou seja:
I. Em Primeiro Lugar, não a pregando afinal; o que
efetivamente a torna nula, de um só golpe; e isto, sob do pretexto de pregar
Cristo, exaltando o Evangelho, embora esteja, na verdade, destruindo tanto um
quanto o outro:
II.
Em Segundo Lugar, ensinando (quer direta ou indiretamente) que a fé
substitui a necessidade de santidade; que esta é menos necessária agora, ou,
num grau menor de necessidade, do que antes da vinda de Cristo; que é menos
necessária a nós, agora que cremos, do que, ao contrário, teria sido; ou que a
liberdade cristã é a liberdade de todo tipo e grau de santidade: (Desta forma,
pervertendo aquelas grandes verdades, de que nós estamos agora sob a aliança da
graça, e não das obras; que um homem é justificado pela fé, sem as obras da
lei; e que 'para aquele que crê, sua fé é contada por retidão):
III. Em Terceiro Lugar, fazendo isto praticamente;
tornando nula a lei na prática, embora que não em princípio; vivendo e agindo
como se a fé fosse designada para nos dispensar da santidade; nos permitindo no
pecado; 'uma vez que não estamos sob a lei, mas debaixo da graça'.
Resta
inquirir como podemos seguir um modelo melhor; como nós podemos nos
capacitar a dizer com o Apóstolo: Nós
então tornamos a fé nula, através da fé? Deus proíbe: Nós cumprimos a lei'.
2. De
fato, nós não estabelecemos a velha lei cerimonial; nós sabemos que ela está
abolida para sempre. Muito menos, estabelecemos toda a dispensação mosaica;
isto nós sabemos nosso Senhor pregou em sua cruz. Nem, ainda, estabelecemos a
lei moral (que deve ser temida muito também), como se o cumprimento dela; o
manter todos os mandamentos, fosse a condição de nossa justificação: Se fosse
assim, certamente, 'aos olhos Dele nenhum homem seria justificado'. Mas
tudo isto sendo permitido, nós ainda 'estabelecemos a lei, a lei moral,
no sentido do Apóstolo.
I
1. Em Primeiro Lugar, nós estabelecemos a lei,
através de nossa doutrina; esforçando-nos para pregá-la em toda a sua extensão;
para explicar e reforçar cada parte dela, da mesma maneira como nosso grande
Professor fez enquanto na terra. Nós a estabelecemos, por seguirmos o conselho
de Pedro: 'se algum homem falar, que ele fale como os oráculos de Deus';
como os homens santos do passado, movidos pelo Espírito Santo, falaram e
escreveram para nossa instrução; e como os Apóstolos de nosso abençoado Senhor,
através da direção do mesmo Espírito. Nós a estabelecemos, com o que quer que
falemos em seu nome, não escondendo coisa alguma daqueles que ouvem; declarando
a eles, sem qualquer limitação ou reserva, todo o conselho de Deus. E, com o
objetivo de mais efetivamente estabelecê-la, usaremos aqui grande clareza de
discurso. 'Nós não somos como muitos que corrompem a palavra de Deus',
(como os homens engenhosos com seus vinhos ruins); nós não misturamos,
adulteramos ou a enfraquecemos, para torná-la adequada ao gosto dos ouvintes:
-- 'Mas a partir da sinceridade, mas a partir de Deus, às vistas de Deus,
falamos em Cristo'; como tendo nenhum outro objetivo do que 'pela
manifestação da verdade recomendar a nós mesmos a todas as consciências dos
homens aos olhos de Deus'.
2. Nós,
então, por nossa doutrina, estabelecemos a lei, quando nós assim declaramos
abertamente a todos os homens; e isto na plenitude em que ela é declarada por nosso
abençoado Senhor, e seus Apóstolos; quando a difundimos na altura, na
profundidade, comprimento e largura dela. Estabelecemos a lei, quando
declaramos cada parte dela; cada mandamento contido nela, não apenas em seu
sentido completo e literal, mas, igualmente, em seu significado espiritual; não
apenas com respeito às ações exteriores, que ela tanto proíbe ou ordena, mas
também com respeito ao princípio interior, para os pensamentos, desejos e
intentos do coração.
3.
E isto, de fato, nós fazemos mais diligentemente; não apenas porque é da mais
profunda importância; -- visto que, se a árvore for má; se as disposições e
temperamentos do coração não forem corretos diante de Deus, todos os frutos,
cada palavra e obra, devem ser continuamente maus; -- mas igualmente, porque,
por mais importantes que essas coisas são, elas são pouco consideradas, ou
entendidas; -- tão pouco, que nós podemos verdadeiramente dizer da lei, também,
quando tomamos em seu significado espiritual completo, que é 'um mistério
que estava escondido por décadas e gerações desde o começo do mundo'. Ela
esteve extremamente oculta do mundo pagão. Eles, com toda a sua sabedoria
elaborada, não encontraram Deus, nem a lei de Deus; nem na literatura, muito
menos no espírito dela. 'Seus tolos corações estavam', mais ou menos, 'enegrecidos';
enquanto 'professavam-se sábios, eles se tornaram tolos'. E estava quase
igualmente escondida, assim como seu significado espiritual, da maioria da
nação judaica. Até mesmo, daqueles que estavam tão prontos a declarar,
concernente a outros, 'este povo que não conhece a lei e amaldiçoado',
afirmando sua própria sentença, já que estavam sob a mesma maldição, a mesma
ignorância moral.
Testificando
a reprovação contínua de nosso Senhor aos mais sábios em meio a eles, por suas
grosseiras interpretações errôneas. Testemunhando a suposição quase
universalmente recebida entre eles de que eles precisavam apenas limpar o
exterior do cálice; que pagar o dízimo da hortelã, anis verde, e cominho, --
precisão exterior, -- iria expiar pela profanidade interior, pela total
negligência, ambas da justiça e misericórdia, da fé e amor de Deus. Sim, tão
absolutamente era o significado espiritual da lei oculta dos mais sábios entre
eles, que um dos mais eminentes rabinos comenta assim naquelas palavras do
salmista: 'Se eu estiver propenso à iniqüidade com meu coração, o Senhor não
irá me ouvir': 'Ou seja', diz ele, 'se for apenas em meu coração;
se eu não cometer profanidade exterior, o Senhor não irá se importar com isto;
ele não irá me punir, a menos que eu prossiga para a ação exterior!'.
4. Mas,
ai de mim! A lei de Deus, quanto ao seu significado espiritual interior, não
está oculta dos judeus ou dos pagãos apenas, mas, até mesmo daquele que é
chamado de mundo cristão; pelo menos, da vasta maioria deles. O sentido
espiritual dos mandamentos de Deus ainda é um mistério para esses também. Nem
isto e observável apenas naquelas terras que estão cobertas com a escuridão e
ignorância romana. Mas é também certo que a maior parte, mesmo daqueles que são
chamados cristãos reformados é totalmente estranha, até o momento, para a lei
de Cristo, na sua pureza e espiritualidade.
5. Assim
é que, até os dias de hoje, 'os Escribas e Fariseus', os homens que têm
a forma, mas não o poder da religião, e que são geralmente sábios aos seus
próprios olhos, e retos em seus próprios conceitos, -- 'ouvindo essas
coisas, ficam ofendidos', ficam profundamente ofendidos, quando falamos da
religião do coração; e particularmente, quando mostramos que sem esta,
'mesmo que déssemos todos os nossos bens para alimentar o pobre', de nada
nos aproveitaria. Mas ofendidos eles devem estar; porque não falamos, a não ser
a verdade, como ela está em Jesus. É o que nos cabe, quer ouçam, ou se
reprimam, entregarmos nossas próprias almas. Tudo que está escrito no livro de
Deus, nós declaramos; não apenas todas as promessas, mas todas as ameaças,
também, que encontramos nela. Ao mesmo tempo, que proclamamos todas as bênçãos
e privilégios que Deus tem preparado para seus filhos, nós igualmente 'ensinamos
todas as coisas que ele ordenou'. E nós sabemos que todos esses têm seu
uso; tanto para o despertar daqueles que estão dormindo; para a instrução do
ignorante, o conforto do fraco de espírito, quanto para a edificação e aperfeiçoamento
dos santos. Nós sabemos que 'toda a Escritura, dada pela inspiração de Deus,
é adequada', seja 'para a doutrinação', ou 'para a reprovação; seja 'para a correção, ou para a instrução
na retidão'; e 'que o homem de Deus', no processo da obra de Deus,
em sua alma, necessita de cada parte dela, para que ele possa, por fim, 'ser
perfeito, totalmente suprido em todas as boas obras'.
6. É
nossa parte pregar Cristo desta forma; pregando todas as coisas, o que quer que
Ele tenha revelado. Nós podemos, de fato, sem culpa; e com uma bênção peculiar
de Deus, declarar o amor de nosso Senhor Jesus Cristo; nós podemos falar, de
uma maneira mais especial do 'Senhor, nossa retidão'. Nós podemos
discorrer sobre a graça de Deus em Cristo, 'reconciliando o mundo para Si
mesmo'; nós podemos, nas oportunidades apropriadas, discorrer sobre seu
louvor, como tendo 'suportado as iniqüidades de todos nós; expiado por
nossas transgressões; machucado-se por nossas injustiças, para que, através de
suas chicotadas pudéssemos ser curados': -- Mas ainda assim, nós não
estaríamos pregando Cristo, de acordo com sua palavra, se nós estivéssemos
completamente confinados em nós mesmos para isto: Nós não somos claros diante
de Deus, a menos que o proclamemos em todos os seus ofícios. Pregar Cristo,
como um operário que não precisa ser envergonhado, é pregá-Lo, não apenas como
nosso Grande Sumo Sacerdote, 'tomado de entre os homens, e ordenado para os
homens, em coisas pertinentes a Deus'; como tal 'reconciliando-nos para
Deus, através de seu sangue', e 'vivendo para sempre para interceder por
nós'; -- mas igualmente, como um Profeta do Senhor 'que de Deus é feito
sabedoria junto a nós', que, pela sua palavra e seu Espírito, está conosco
sempre, 'guiando-no em toda verdade'; -- e permanecendo um Rei para
sempre, fornecendo as leis para todos a quem Ele comprou com seu sangue;
restaurando estes para a imagem de Deus, a quem Ele primeiro recolocou no seu
favor, como que reinando em todos os corações crentes, até que ele tenha 'subjugado
todas as coisas a si mesmo', -- até que tenha lançado fora todos os pecados
completamente, e trazido para a retidão eterna.
II
1.
Em Segundo Lugar, nós estabelecemos a lei, quando pregamos assim a fé em
Cristo, como não a substituir, mas produzir santidade; produzir toda forma de
santidade, negativa e positiva, do coração e da vida.
Com
este objetivo, nós declaramos continuamente (o que seria freqüentemente e
profundamente considerado por todos 'que não tornariam a lei nula através da
fé'), que a própria fé, até mesmo a fé cristã; a fé do eleito de Deus; a fé
da operação de Deus, ainda é apenas uma criada do amor. Por mais gloriosa e
honrada que ela seja, ela não é a finalidade do mandamento. Deus deu esta honra
tão somente ao amor: O amor é a finalidade de todos os mandamentos de Deus. O
amor é a finalidade; a única finalidade, de cada dispensação de Deus, do começo
do mundo até a consumação de todas as coisas. E isto irá durar, até que o céu e
a terra desapareçam; porque somente 'o amor' nunca 'perecerá'. A
fé irá falhar totalmente, ela será tragada aos olhos, na visão eterna de Deus.
Mas, mesmo então, o amor em sua natureza e em seu ofício será ainda o mesmo,
com sua lâmpada permanente e sua chama que não se consome, -- no triunfo sem
fim, viverá para sempre. E difundirá o bem infinito, e receberá o louvor
infinito.
2.
Coisas muito excelentes são faladas da fé, e quem quer que seja parceiro disto
bem pode dizer com o Apóstolo: 'Graças dou a Deus por seu inexplicável dom'.
Ainda assim, ela perde toda sua excelência, quando em comparação com o amor. O
que Paulo observa, concernente à glória superior do Evangelho acima, é que da
lei pode-se falar, com grande propriedade, da superior glória do amor, acima
daquela da fé. 'Até mesmo esta, que foi feita gloriosa, não tem glória neste
aspecto, através da glória que se sobressai. Porque, se aquela que é feita nula
é gloriosa, muito mais será aquela que permanece exceder-se na glória'. Sim;
toda a glória da fé, antes que se tornasse nula, ergue-se novamente, para que
atenda ao amor: Trata-se do grande meio temporário, que Deus ordenou para
promover aquela finalidade eterna.
3. Que
estes que enaltecem a fé, além de toda proporção, como a tragar todas as coisas
também; e aqueles que tão completamente compreendem mal a natureza dela, como a
imaginar que ela se situa no lugar do amor, considerem um pouco mais, que, como
o amor irá existir depois da fé, então, ele existiu muito antes dela. Os anjos
que, do momento da criação deles, viam a face de seu Criador, que estava no
céu, não tinham oportunidade para a fé, em sua noção geral, já que ela é a
evidência das coisas não vistas. Nem tinham necessidade dela, em sua aceitação
mais específica, a fé no sangue de Cristo: porque Ele não tomara sobre si a
natureza de anjos, mas somente a semente de Abraão. Existia, portanto, nenhum
lugar, antes da criação do mundo, para a fé, tanto em seu sentido geral, quanto
particular. Mas existia para o amor. O amor tinha lugar em todos os filhos de
Deus, desde o momento da criação deles. Eles receberam imediatamente uma ordem
de seu gracioso Criador, para existirem, e amarem.
4. Nem
é certo (como ingenuamente e plausivelmente muitos têm defendido) que a fé,
mesmo no sentido mais amplo da palavra, tinha algum lugar no paraíso. É
altamente provável, deste resumido relato não circunstancial, que temos das
Sagradas Escrituras, que Adão, antes que se rebelasse contra Deus, caminhava
com Ele, pelas vistas, e não pela fé. Já que seus olhos da razão eram fortes e
claros; e (como uma águia pode ver o sol), poderia ter visto a face de seu
Mestre, tão perto, quanto os anjos inteligentes não teriam feito. Ele estava,
então, capacitado para falar com Ele, face a face; cuja face agora não podia
ver e viver; e conseqüentemente, não havia necessidade daquela fé, cujo ofício
é suprir a necessidade das vistas.
5.
Por outro lado, é absolutamente certo que a fé, neste sentido específico, não
tinha, então, lugar. Já que, naquele sentido, ela necessariamente pressupõe o
pecado, e a ira declarada de Deus contra o pecador, sem a qual não existe
necessidade de um redentor para o pecado, com o objetivo de reconciliar o
pecador com Deus. Conseqüentemente, como não houve necessidade de um redentor
antes da queda, então, não havia lugar para a fé, naquela redenção; o homem
sendo, então, puro de toda mácula do pecado; santo, como Deus é santo. O amor,
até então, preenchia seu coração; reinava nele sem rival; e foi somente quando
o amor foi desperdiçado pelo pecado, que a fé foi acrescentada; não por causa
dela, nem com respeito a algum objetivo que pudesse existir mais além, do que
até que ela respondesse à finalidade pela qual foi ordenada, -- ou seja,
restaurar o homem para o amor do qual ele havia caído. Quando da queda,
portanto, foi acrescentada esta evidência das coisas não vistas, quem antes,
eram totalmente desnecessárias; essa confiança no amor redentor, que não teria
possivelmente lugar, até que a promessa fosse feita, para que 'a Semente da
mulher pudesse pisar a cabeça da serpente'.
6.
A fé, então, foi originalmente designada por Deus para restabelecer a lei do
amor. Portanto, em assim falando, nós não a subestimamos; ou roubamos dela seu
devido louvor; mas ao contrário, mostramos seu valor real, exaltando-na em sua
justa proporção; e dando a ela aquele mesmo lugar que a sabedoria de Deus
determinou, desde o início. É o grande
meio de restaurar aquele amor santo em que o homem foi originalmente criado.
Segue-se que, embora a fé não tenha valor em si mesma, (assim como nenhum outro
meio que seja), ainda assim, como ela conduz àquela finalidade, -- estabelecer,
de uma maneira renovada, o amor em nossos corações; e como no presente estado
das coisas, ela é o único meio debaixo do céu, para efetuá-lo; é considerada
por este motivo, uma bênção inexprimível para o homem, e de um valor
inexplicável diante de Deus.
III
1. Em Terceiro Lugar, isto naturalmente nos faria
observar o mais importante caminho para estabelecer a lei; ou seja,
estabelecê-la em nossos corações e vidas. De fato, sem isto, de que proveito
teria tudo o mais? Nós poderíamos estabelecê-la, através da doutrina; nós
poderíamos pregá-la, em toda a sua extensão; poderíamos explicá-la e reforçar
cada parte dela. Nós poderíamos explicá-la em seu significado espiritual, e
declarar os mistérios do reino; nós poderíamos pregar Cristo em todos os seus
ofícios; a fé em Cristo, como revelando todos os tesouros do seu amor; e, ainda
assim, todo este tempo, se a lei que pregamos não fosse estabelecida em nossos
corações, nós não mais seríamos considerados diante de Deus do que 'o som de
metal, ou o tinir de pratos': Toda a nossa pregação estaria tão longe de
trazer proveito a nós mesmos, que ela nossa condenação.
2. Portanto,
este é o ponto principal a ser considerado: como podemos estabelecer a lei em
nossos corações, de modo que ela possa ter sua influência completa em nossas
vidas? E isto pode apenas ser feito, através da fé. Somente a fé, efetivamente,
responde a esta finalidade, como já aprendemos da experiência diária. Porque,
por quanto tempo caminhamos pela fé, e não pelas vistas, nós seguimos
rapidamente no caminho da santidade. Enquanto olhamos firmemente, não para as
coisas que são vistas, mas para a que são invisíveis, nós estamos mais e mais
crucificados para o mundo, e o mundo crucificado para nós. Que o olho da alma
esteja constantemente fixado, não nas coisas temporais, mas naquelas que são
eternas; e nossas afeições mais e mais desprendidas da terra, e fixadas nas
coisas do alto. Assim, aquela fé, em geral, é o meio mais direto e efetivo de
promover toda retidão e santidade verdadeira; de estabelecer a lei santa e
espiritual nos corações daqueles que crêem.
3.
E, através da fé, tomada em seu significado mais específico, da convicção do
Deus perdoador, nós estabelecemos Sua lei em nossos corações, de uma maneira
ainda mais efetiva. Já que não existe motivo que tão poderosamente nos incline
a amor a Deus do que a consciência do amor de Deus em Cristo. Nada nos
capacita, como uma convicção penetrante disto, a dar nossos corações a ele que
se entregou por nós. E deste princípio de amor prazeroso para com Deus, surge o
amor ao nosso irmão também. Nós não podemos nos esquivar de amar ao nosso
próximo, se verdadeiramente acreditamos no amor com o qual Deus nos amou.
Assim, esse amor do homem, alicerçado na fé e amor de Deus, 'não causa
qualquer mal' ao nosso 'próximo'. Conseqüentemente, como observou o
apóstolo, este é 'o cumprimento de' toda 'a lei' negativa. "Por
isto, não cometerás adultério; não matarás; não roubarás; não farás falso
testemunho; não cobiçarás; e se houver qualquer outro mandamento, que ele seja
compreendido resumidamente nestas palavras: 'Amarás ao teu próximo como a ti
mesmo'". O amor não se satisfaz em apenas não fazer mal ao teu
próximo. Ele o incita continuamente a fazer o bem, sempre que tiver
oportunidade; fazer o bem, de todas as formas possíveis, de todo grau possível,
a todos os homens. Este é, portanto, o cumprimento positivo, assim como o
negativo da lei da Deus.
4. Nem
a fé preenche, quer a lei negativa ou positiva, como em se tratando de uma
parte externa apenas; mas ela opera internamente, através do amor, purificando
o coração, e limpando todas as afeições vis. Cada um que tem esta fé em si
mesmo, 'purifica-se, assim como ele é puro', -- purifica-se de todo
desejo mundano e sensual; de todas as afeições vis e excessivas; sim, de toda a
mente carnal que é inimiga de Deus. Ao mesmo tempo, se ela executa seu trabalho
perfeito, ela o preenche com toda bondade, retidão, e verdade. Ela traz todo o
céu para dentro de sua alma; e faz com que ele caminhe na luz, assim como Deus
está na luz.
5. Assim
sendo, vamos nos esforçar para estabelecermos a lei em nós mesmos, não pecando,
'já que estamos debaixo da graça', mas antes, usando de todo o poder que
recebemos por meio dela, 'para cumprir toda a retidão'. Recordando-nos
da luz que recebemos de Deus, enquanto seu Espírito nos convencia do pecado,
cuidemos para não apagar aquela luz; de maneira que o que já obtivemos não
percamos. Que nada nos induza a construir novamente o que havíamos destruído;
que não retomemos coisa alguma, pequena ou grande, que nós, então, vimos
claramente que não era para a glória de Deus, ou para o proveito de nossa
própria alma; ou negligenciarmos coisa alguma, sem checarmos nossa própria
consciência. Para aumentar e aperfeiçoar a luz que tivemos antes, vamos agora
acrescentar a luz da fé. Nós confirmamos o dom anterior de Deus, através de um
sentido mais profundo do que quer que ele tenha, então, nos mostrado, através
de uma ternura maior de consciência, e uma sensibilidade mais extraordinária do
pecado. Caminhando agora com alegria, sem medo, na transparência, resolutos em
observar as coisas eternas, nós podemos olhar para o prazer, a riqueza, o
louvar todas as coisas na terra, como bolhas sobre a água, sem importância
alguma; não merecendo um pensamento deliberado, mas apenas o que está 'no
interior do véu', onde Jesus 'senta-se à direita de Deus'.
6. Você
pode perguntar: 'Tu és misericordioso para minha profanidade; Tu não te
lembras mais de meus pecados?'. Então, para o tempo que há de vir, fuja do
pecado, assim como da face de uma serpente! Porque quão excessivamente pecador
ela parece a você agora! Quão abominável, acima de toda expressão! Por outro
lado, com que luz amável você vê agora a vontade santa e perfeita de Deus!
Agora, portanto, lute, para que ela possa ser preenchida em você, através de
você e para você! Agora, vigie e ore, para que você possa não pecar mais; para
que você possa ver e afastar-se da menor transgressão da lei! Você vê as
partículas que você não poderia ter visto antes, quando o sol brilha dentro de
um lugar escuro. De igual maneira, você vê os pecados que você não poderia ter
visto antes; agora que o Sol da Retidão brilha em seu coração. Agora, então,
tenha toda a diligência ao caminhar, em todos os aspectos, de acordo com a luz
que você recebeu. Seja zeloso para receber mais da luz diariamente, mais do
conhecimento e amor de Deus; mais do Espírito de Cristo; mais de Sua vida, e do
poder de Sua ressurreição! Agora, use todo o conhecimento, e amor, e vida, e
poder que você já tem: Assim, você deverá continuamente seguir de fé em fé;
assim, você deverá diariamente crescer no amor santo, até que a fé seja tragada
à vista, e a lei do amor seja estabelecida para toda a eternidade!
[Editado por Jennette Descalzo,
estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções de George
Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]
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