John Wesley
Pregação feita na St. Mary´s
Oxford – Diante da Universidade – em 18 de Junho de 1738
“Pela graça, estão
todos salvos pela fé”. Eph. 2:8.
- Todas as bênçãos as quais Deus tem concedido ao homem são da mera graça dele: generosidade, ou favor; seu livre e, completamente, imerecido favor; homem que não tem nenhuma reivindicação para a menos importante das suas clemências.
Foi pela livre
graça que “formou o homem do pó do chão, e soprou nele uma alma vivente”,
e estampou naquela alma a imagem de Deus, e “colocou todas as coisas debaixo
dos seus pés”.
A mesma livre
graça continua em nós, até nossos dias: vida, respiração, e todas as coisas.
Porque não há nada do que somos, ou temos, ou fazemos, que pode merecer a menor
coisa das mãos de Deus. "Todos nossas obras, Tu, Ó Deus, tem forjado em
nós". Esses são muito mais exemplos da sua livre clemência: e, mesmo
que qualquer retidão possa ser encontrada no homem, esse é também um dom de
Deus.
- Que recursos, então, deve um homem pecador expiar para qualquer dos seus menores pecados? Com as próprias obras? Não. Sejam elas tantas ou santas, elas não são dele, mas de Deus. Mas, de fato, os homens são todos profanos e pecadores, por eles mesmos, então, cada um deles precisa de uma nova expiação.
Apenas frutos
corruptos crescem em uma árvore corrupta. E seu coração é completamente
corrupto e abominável; criatura “para alcançar a glória de Deus”, a
gloriosa justiça, primeiramente impressa na sua alma, depois da imagem de seu
grande Criador. Dessa forma, tendo nada, nem retidão, nem obras, a pleitear,
sua boca é totalmente calada diante de Deus.
- Se mesmo pecadores encontram favor com Deus, isto é “graça pela graça!” Se Deus concede ainda verter novas bênçãos em nós, ou seja, a maior de todas as bênçãos, salvação, o que podemos dizer dessas coisas, a não ser “Graças seja para com Deus por seu inexprimível dom!”.
E, portanto,
assim é... “Deus confiou seu amor para conosco, por isso, enquanto éramos
ainda pecadores, Cristo morreu”, para nos salvar “pela Graça”. Dessa
forma, “somos salvos através da fé”. Graça é a fonte, fé a condição de
nossa salvação.
Agora, que não alcançamos a graça de Deus,
cabe-nos cuidadosamente inquirir. –
I.
Que fé é essa, pela qual somos salvos.
II.
Que salvação é essa pela fé.
III.
Como podemos responder algumas objeções.
I. Que fé é essa, pela qual somos salvos.
1.
Não é apenas a fé do pagão.
Agora, Deus
exigiu do pagão que acreditasse. “Que Deus é quem recompensa os que
diligentemente O busca”; e que Ele será buscado glorificando-O como Deus, e
dando a Ele graças por todas as coisas, e pela cuidadosa prática da virtude da
moral, da justiça, misericórdia, e verdade, para com as suas criaturas. O Grego
ou Romano, por conseguinte, sim, a Scythian ou Indian; não teriam desculpas, se
não acreditassem tanto: na criatura e atributos de Deus, um estado futuro de
recompensa e castigo, a natureza obrigatória da virtude moral. Porque isso é
apenas a fé do pagão.
2.
Nem essa é a fé do diabo.
Mesmo porque,
a fé do diabo vai muito além da do pagão, uma vez que ele acredita que há um
Deus sábio e poderoso, gracioso para recompensar e justo para punir; mas que
também Jesus é filho de Deus, o Cristo, o Salvador do mundo. E, assim,
encontrarmos ele declarando, em termos expressos, “Eu conheço, Tu, que sois,
o Santo Deus”.
(Lucas
4:34) “Ah! Que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste a destruir-nos?
Bem sei quem és: O Santo de Deus”.
Tampouco
podemos duvidar de que esse espírito infeliz acredita em todas essas palavras
que vêm da boca do Santo Deus, e, que tudo quanto foi escrito pelos santos
homens antigos, sendo que dois deles foi compelido a dar aquele testemunho
glorioso:
"Esses
homens são os servos do mais alto Deus, que mostra a você o caminho da
salvação". Assim, o grande inimigo de Deus e do homem acredita, e
treme acreditando: - Que Deus foi feito manifesto na carne; que ele “porá
todos os inimigos debaixo dos seus pés"; e que "toda a
Escritura foi dada pela inspiração de Deus". Assim tão longe, vai a fé
do diabo.
3.
A fé pela qual somos salvos, no significado
da palavra que será explicada daqui por diante, nem chega perto daquela que os
Apóstolos tiveram, enquanto Cristo ainda estava na terra.
Porque eles
acreditaram tanto nele, a ponto de “deixarem tudo e segui-lo”; embora
tivessem poder para realizar milagres, “curar toda a forma de enfermidades,
e todas as formas de doenças”; sim, eles tinham “poder e autoridade
sobre todos os males”, e, além de tudo isso, foram enviados pelo seu Mestre
para “pregar a palavra em todo o reino de Deus”.
4.
Que fé é essa, então, pelo qual somos
salvos?
Em geral, pode
ser respondido, primeiro, como sendo a fé em Cristo: Cristo, e Deus através de
Cristo; estes são os objetos próprios dela. Assim, sendo suficientemente e
absolutamente distinguida da fé, tanto do ancião, quanto do pagão moderno. E
sendo completamente distinta da fé do diabo, que é puramente especulativa,
racional, fria, consentimento inanimado, uma seqüência de idéias da mente; mas
também uma disposição do coração. Como dizem as escrituras:
“Com o
coração o homem acreditou na justiça”, e, “E se confessares com a tua
boca o Senhor Jesus, e acreditares no teu coração que Deus o levantou da morte,
então serás salvo”.
5. E,
nisso, ela difere da fé o qual os Apóstolos tiveram, enquanto nosso Senhor
estava na terra, e reconhece a necessidade e mérito de sua morte, e o poder de
sua ressurreição. Reconhece a sua morte, como sendo o único meio de redimir o
homem da morte eterna, e sua ressurreição, como nossa restauração para a vida e
imortalidade; já que ele "foi entregue pelos nossos pecados, e subiu
novamente aos céus para nossa justificação".
A fé cristã é,
então, não só um reconhecimento de todo o evangelho de Cristo, mas também a
completa confiança no sangue de Cristo; a confiança nos méritos da sua vida,
morte, e ressurreição; e inclinação a ele como nossa expiação e nossa vida, que
foi dada por nós, e vivendo em nós, e, em conseqüência a isto, o fim com ele, e
mantendo-se fiel a ele, como nossa “sabedoria, retidão, santificação e
redenção”, ou, em uma palavra, nossa salvação.
II. Que salvação é essa, pela fé.
1.
O que quer que isso implique, é a presente
salvação. É algo atingível. Atualmente atingida, na terra, por aqueles que são
participantes dessa fé. Sobre isso falou o apostolo aos crentes em Efésios, e
neles aos crentes em todos os tempos: não, podemos ser (se bem que isso também
é verdadeiro), mas “somos salvos pela fé”.
2.
Somos salvos pela fé (para incluir tudo em
uma palavra): do pecado. Essa é a
salvação que é pela fé. Esta é aquela grande salvação predita pelo anjo, antes
que Deus trouxesse seu Primogênito ao mundo: “Chamarás a ele pelo nome de
Jesus, porque ele deverá salvar seu povo de seus pecados”. E nem aqui, ou
em qualquer outra parte dos escritos santos, há qualquer limitação ou
restrição. A todo seu povo, ou como é expresso em todo lugar, “todo
aquele que acredita nele”, ele salvará dos seus pecados; desde o original
até o atual, passado e presente pecado, “da carne e do espírito”. Pela
fé nele, eles estão salvos tanto da culpa quanto do poder dela.
3.
Primeiro: Da culpa de todo o pecado passado,
considerando que todo mundo é culpado diante de Deus;
Ø a
tal ponto, que Ele deveria "ser rigoroso para colocar um sinal naquele
que se extraviou; não há ninguém que poderia suportar isso”;
Ø
e, considerando que, “pela lei está apenas o
conhecimento do pecado, mas nenhuma libertação dele, cumprindo as ações da lei,
nenhuma carne poderia ser justificada nesse sinal”;
Ø
agora, “a justiça de Deus, o qual é pela fé
em Jesus Cristo, é manifestada a todo aquele que crê”.
Ø Assim
sendo, “todos estão livremente justificados pela sua graça, através da
redenção que está em Jesus Cristo”.
Ø
“Ele, Deus, estabeleceu ser uma propiciação
através da fé em seu sangue, para declarar sua retidão para (ou pela) remissão
dos pecados que são passados".
Ø
Agora, Cristo lançou fora “a maldição da lei,
tendo sido feito maldito por nós”.
Ø
Ele “destruiu a escrita da lei que estava
contra nós, lançou-a fora do caminho, pregando-a em sua cruz”.
Ø “Assim,
não há condenação alguma àqueles que crêem em Cristo Jesus”.
4.
E, sendo salvo da culpa, eles são salvos do medo. Não
realmente de um medo de filho, de ofender; mas medo de servo; todo aquele medo
servil que maquina tormento; medo do castigo; medo da ira de Deus, mas a quem
eles agora já não consideram como um Mestre severo, e, sim, um Pai complacente.
"Eles
não receberam o espírito de escravidão novamente, mas o Espírito de adoção, por
meio de qual eles clamam, Abba, Pai: o próprio Espírito que é também paciente
testemunha de seus espíritos, porque eles são as crianças de Deus".
Eles são
também salvos do medo, entretanto, não da possibilidade da queda longe da graça
de Deus, e de alcançar as grandes e preciosas promessas. Assim, tenham eles "paz
com Deus, através de nosso Senhor Jesus Cristo. Eles se regozijam na esperança
da glória de Deus. E o amor de Deus é derramado em seus corações, pelo Espírito
Santo que é dado a eles".
E, por meio disso, eles são persuadidos
(entretanto, talvez, não todo o tempo, nem com a mesma abundância de
persuasão), que “nem morte, nem vida, nem coisas presentes, nem coisas para
vir, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura, poderá ser
capaz de separa-los do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor".
5.
Novamente: por esta fé eles são salvos do poder
de pecado, como também da culpa dele. Assim o Apóstolo declara, "Sabemos
que ele foi manifesto, para lançar fora nossos pecados; e, Nele, não está o
pecado. Assim, todo aquele que habita Nele não terá pecado”.
(1 John 3:5)
“Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da
água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus”.
Novamente: "Pequenas crianças, não
deixem homem algum enganá-los. Aquele que comete pecado é do diabo. Todo aquele
que crê é nascido em Deus. E todo aquele que é nascido em Deus não comete
pecado; e sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque ele é nascido em
Deus”.
Mais uma vez: "Nós
sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não tem pecado; mas ele que é
procriado de Deus defende a si mesmo, e aquele que é pecaminoso não tocará
Nele”.
(1 John 5:18) “Por
isso, pois, os judeus ainda mais procuravam mata-lo, porque não só quebrantava
o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a
Deus”.
6.
Aquele, que é pela fé, nascido de Deus, não peca.
(1) por
qualquer pecado habitual; porque todo pecado habitual é pecado reinando:
Mas pecado nenhum reina naquele que crê.
(2) Por
qualquer pecado intencional; porque sua vontade, enquanto habita na fé, é
completamente colocada contra o pecado, e tem aversão a ele como a um veneno
mortal.
(3) Por
qualquer desejo pecador; porque ele continuamente desejou a santa e
perfeita vontade de Deus, e qualquer tendência a um desejo profano, ele, pela
graça de Deus, persistiu no princípio.
(4) Nem
pecou por fraqueza, tanto em ações, palavras, ou pensamento; porque suas
fraquezas não coincidem com sua vontade; e, sem isso, eles não são propriamente
pecados. Assim, “ele, que é nascido em Deus, não comete pecado”; e,
embora ele não possa dizer que não tem pecado, até agora, “ele não pecou”.
7.
Esta é, então, a salvação que é através da
fé, até mesmo, no mundo presente: a salvação do pecado, e as conseqüências do
pecado, ambos freqüentemente expressos na palavra justificação; que, levada num
sentido mais amplo, implica na libertação da culpa e castigo, pela expiação de
Cristo; de fato, aplicada à alma do pecador, que, agora, acredita nele; e a
libertação do poder de pecado, através de Cristo, moldado em seu coração. De
forma que ele está assim justificado, ou salvo pela fé, e é, deveras, nascido
novamente - nascido novamente pelo Espírito - a uma nova vida, o qual “é encoberto com Cristo em Deus”.
E, como um bebê recém-nascido,
ele recebe o “verdadeiro leite da palavra, e, desse modo, cresce”;
seguindo adiante no poder do Senhor seu Deus, de fé em fé, de graça em graça,
até o fim, para que se torne “um homem perfeito, na medida da estatura da
abundância de Cristo”.
III.
A primeira
objeção habitual para isto é...
1.
Que pregar salvação ou justificação, pela fé
apenas, é pregar contra a santidade e boas obras. Para a qual uma pequena
resposta poderia ser dada: “Assim, seria, se nós falássemos, como alguns
fazem, de uma fé que estava separada disso; mas nós falamos de uma fé que não é
assim, mas produto de todas as boas obras, e toda a santidade”.
2.
Mas pode ser de uso considerar isto um pouco
mais; especialmente, desde que isso não seja alguma objeção nova, mas, tão
velha, quanto no tempo de Paulo. Quando, então, foi perguntado: “Não fazemos
nula a lei, através da fé?”. Ao que respondemos:
1o.
Aquele que não prega a fé, obviamente, torna a lei nula; tanto diretamente como
grosseiramente, pelas limitações e comentários que corroem todo o espírito do
texto; ou indiretamente, não mostrando os únicos significados, por meio dos
quais, é possível executá-la.
2o.
Considerando que, “nós estabelecemos a lei”, tanto mostrando toda sua
extensão, como significado espiritual; e chamando a todos para esse modo de
vida, por meio do qual “a justiça da lei possa ser cumprida neles”.
Estes, enquanto eles confiam somente no sangue de Cristo, cumprem todas as leis
que ele designou, fazem todas as “boas obras, as quais ele preparou
anteriormente, para que pudessem caminhar nelas”, e desfrutam e manifestam todo temperamento santo e
divino, com a mesma franqueza que havia Cristo Jesus.
3. Mas
não pregar essa fé, conduz os homens ao orgulho? Acidentalmente, é possível:
Por isso, todo crente deve ser fervorosamente acautelado, nas palavras do
grande Apóstolo:
"Por causa da incredulidade”, os primeiros galhos “foram
quebrados: tu permaneceste pela fé”. Não seja magnânimo, mas tema. “Se
Deus não tivesse poupado os galhos naturais, tomado cuidado, temo que ele não
teria poupado a árvore”.
Vejam, então, a bondade e severidade de Deus!
Naqueles que caíram, severidade; mas, em relação à árvore, misericórdia; “se
continuares em sua misericórdia; caso contrário, tu também poderás ser cortado”.
E enquanto ele
continua, desse ponto, ele lembrará daquelas palavras de Paulo, prevendo e
respondendo a esta mesma objeção...
(Ro 3:27)
“Onde está, logo, a jactância? É excluída. Por qual lei? Das obras? Não! Mas
pela lei da fé”.
Se o homem é justificado pelas
suas obras, ele teria do que se gloriar? Mas não há glória para ele “que não
trabalhou, mas acreditou Nele que justificou ao ímpio”
(Ro 4:5) “Mas,
àquele que não pratica; porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é
imputada como justiça”.
Do mesmo
efeito são as palavras, ambas precedendo e seguindo o texto:
(Efe 2:4ff)
“Mas Deus, que é rico em clemência, pelo muito amor com que nos amou,
até mesmo quando estávamos mortos em pecado, nos vivificou juntamente com
Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos
fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus”.
De vocês mesmos vieram nem sua
fé, nem sua salvação. “Isso é um presente de Deus”, o livre, imerecido
presente; a fé, através do qual vocês são salvos, tanto quanto a salvação pela
qual ele, de seu próprio prazer, seu mero favor, anexa, além disso.
Que
acreditemos, é uma instância de Sua graça; que acreditando seremos salvos.“Não
pelas obras, para que não qualquer homem possa se vangloriar”. Todas as
nossas obras, e nossa retidão, antes da nossa crença, tinham mérito nenhum,
perante Deus, mas condenação. Tão longe estávamos de merecermos fé, que, quando
dada, não era pelas obras. Nem é salvação das obras o que fazemos, quando
acreditamos, uma vez que é Deus que trabalha em nós; dessa forma, ele nos deu uma
recompensa por aquilo que ele mesmo realizou, não só, confiando as riquezas de
sua misericórdia, mas não nos deixando do que nos gloriarmos.
4.
“Porém, falando dessa forma da clemência de
Deus, salvando e justificando livremente o homem pela fé, pode encorajar os
homens ao pecado? Realmente, pode, e vai”:
Muitos
continuarão em pecado para que a graça possa abundar ": Mas o sangue deles
está sobre suas próprias cabeças. A bondade de Deus deve conduzi-los ao
arrependimento; e, assim, todos aqueles que são sinceros de coração. Quando
eles souberem que ainda há perdão com Ele, eles clamarão em voz alta, para que
ele destrua também seus pecados, pela fé que está em Jesus. E, se eles
fervorosamente clamarem, e não desfalecerem, se o buscarem em todos os significados
que ele designou; se, se recusarem a ser confortados, até que ele venha; “ele virá, e não irá demorar-se”.
E ele pode
fazer muitas obras, em muito pouco tempo. Muitos são os exemplos, nos Atos dos
Apóstolos, de que Deus está trabalhando a fé, nos corações dos homens, até
mesmo como um raio que cai do céu. Assim, na mesma hora que o Paulo e Silas
começaram a orar, o carcereiro se arrependeu, acreditou, e foi batizado; como
foram três mil, através de Pedro, no dia de Pentecostes, e todos se arrependeram
e acreditaram, na sua primeira pregação. E, abençoado seja Deus, há, agora,
muitas provas vivas de que ele ainda "é poderoso para
salvar".
5.
Ainda para a mesma verdade, colocada de uma
outra maneira, uma objeção bastante contrária é feita: "Se, o homem não
pode ser salvo por tudo aquilo que ele pode fazer, isto levará os homens a se
desesperarem”.
Verdade. A se desesperarem,
por terem sido salvos por suas próprias obras, seus próprios méritos, ou
retidão. E assim deve; porque ninguém pode confiar nos méritos de Cristo, já
que ele renunciou totalmente aos dele. Aquele que “ocorreu de firmar a sua própria retidão”,
não pode receber a retidão de Deus. A retidão a qual é pela fé não pode ser
dada a ele, enquanto confiar no que é da lei.
6.
Mas isso, alguns dizem, é uma doutrina
incômoda.
O diabo falou como ele mesmo, isso é, sem verdade
ou vergonha, quando ele ousou sugerir isso aos homens que é desse jeito. Isso é
a única coisa confortável, é “muito cheia de consolo”, a todo autodestruídos,
autocondenados pecadores. Que, “quem quer que acredite Nele não será
envergonhado, e que o mesmo Senhor sobre todos é rico a todos aqueles que O
clamarem”: aqui está o consolo, alto como o céu, mais forte que a morte! O que!
Misericórdia a todos? Para Zacchaeus, o ladrão público? Para Maria Madalena,
uma rameira comum?
Impessoal, eu
ouço um dizer “Então eu, até mesmo eu, posso esperar por clemência!". E, também, tu podes, tu que és aflito, que
ninguém tem confortado! Deus não lançara fora tua oração. Não. Talvez ele possa dizer na próxima hora –
“Tenha boa disposição de ânimo, teus pecados te foram perdoados”; tão
perdoados, que eles não reinarão mais obre ti; sim, e que “o Espírito Santo
prestará testemunho com teu espírito, porque tu és a criança de Deus”.
Ó, gratas
notícias! Notícias de grande alegria que é enviada a todas as pessoas! Oh! A
todas aquelas que estão sedentas, venham até as águas: Venham, sim, e comprem,
sem dinheiro e sem preço. Quaisquer que sejam seus pecados, ainda que vermelho
como carmesim, ainda que em maior quantidade que os cabelos em sua cabeça,
“retorne, sim, ao Senhor, ele terá clemência sobre você, e, para nosso Deus,
porque ele perdoará abundantemente”.
7.
Quando não mais objeções ocorrem, então, nos
é simplesmente dito que salvação pela fé não deve ser pregada, como primeira
doutrina, ou, pelo menos, não ser pregada a todos. Mas, o que disse o Espírito
Santo? “Outra fundação nenhum homem pode assentar, senão essa que já está
assentada; nem mesmo Jesus Cristo”. Então, que “quem quer que acredite
nele deverá ser salvo”, é, e deve ser, a fundação de toda nossa pregação;
isto é, precisa ser pregada, como primeira doutrina. “Bem, mas não a todos”
(?)
A quem,
então, não podemos pregar? Quem excluiremos?
·
Os pobres? Não! Eles têm o direito peculiar de
ter o evangelho pregado até eles.
·
O iletrado? Não! Deus tem revelado essas coisas
até iletrados e ignorantes, desde o princípio.
·
O jovem? Por nenhuma razão! “Que esses padeçam”, de modo algum, “para
virem até Cristo, e não proibi-los”.
·
Os pecadores? Menos que todos! “Cristo não veio
chamar os íntegros, mas aos pecadores para o arrependimento”.
Porquê, então,
se nenhum, excluirmos o rico, o instruído, o honrado, homens de bem. E, isso é
verdade, eles também se excluem muito freqüentemente de ouvir; ainda assim,
temos que falar as palavras de nosso Senhor. Porque, desse modo, o teor de
nossa incumbência escapa, “Vá e pregue o evangelho a toda criatura”. “Se
qualquer homem arranca isso, ou qualquer parte disso, para sua destruição, ele
terá que suportar o próprio fardo”. Mas, ainda, “como o Senhor viveu, o
que quer que o Senhor tenha nos dito, disto falaremos”.
8.
Neste momento, mais especialmente, falamos
que, “pela graça estamos salvos, através da fé”: porque, nunca foi a
manutenção dessa doutrina, mais oportuna do que tem sido até esse dia. Nada,
mas isto pode eficazmente prevenir o aumento da ilusão dos Romish entre
nós.
É, sem fim,
atacar, um por um, todos os erros daquela Igreja. Mas salvação pela fé fulmina
na raiz, e tudo cairá imediatamente, onde isto está estabelecido. Foi essa
doutrina, a que nossa Igreja chama justamente de rocha forte e fundação da
religião cristã, que primeiro dirigiu Popery fora desses reinos; e só isto pode
mantê-la de fora. Nada, mas isso pode ser um obstáculo àquela imoralidade, a
qual “tem se espalhado na terra como inundação”. Você pode esvaziar as
profundezas, gota a gota? Então, você pode nos reformar pela dissuasão das
imoralidades individuais.
Mas deixe a “retidão
que é de Deus pela fé, ser trazida para dentro, e, então, seus acenos
orgulhosos serão detidos”. Nada, mas isso pode parar as bocas daqueles que
“gloriam-se de suas vergonhas, e abertamente, negam o Senhor que os
comprou”.
Eles podem
falar da lei, de forma elevada, como aquele que a tem escrito por Deus em seu
coração. Ouvi-los falar dessa maneira poderia inclinar alguns a pensar que eles
não estavam muito longe do reino de Deus: mas, retirá-los da lei de dentro do
evangelho; começando com a retidão pela fé; com Cristo “o fim da lei a todo
aquele que acredita”, e aqueles que agora mostraram-se quase, se, não
completamente, cristãos, mantiveram confessos os filhos da perdição; tão longe
da vida e salvação (Deus seja misericordioso para com eles!) das profundezas do
inferno até a altura dos céus.
9.
Por essa razão, o adversário, então,
vocifera, não importa quando “salvação pela fé” é declarada ao mundo:
assim, ele incitou terra e inferno a destruir aqueles que primeiro pregaram
isso. E pela mesma razão, sabendo que a fé sozinha poderia arruinar as
fundações de seu reino, ele fez acontecer todas as suas forças, e empregou
todas as suas artes de mentiras e calúnias, para amedrontar Martim Lutero de
restaurar isso.
Nem podemos
desejar saber, ao mesmo tempo: pois que, como aquele homem de Deus observa, “como
isso poderia enfurecer um orgulhoso e forte homem armado, ser impedido e
desprezado por uma pequena criança, vindo contra ele, com uma flecha em sua
mão!”, especialmente, quando ele soube que aquela pequena criança
seguramente o derrotaria, e o poria debaixo de seus pés. Mesmo assim, Senhor
Jesus! Assim, tens tu força, sendo sempre “feito perfeito na fraqueza!”
Vá em frente, então, tu, pequena criança que acreditas nele, e sua “mão direita
poderia ensinar-te coisas espantosas”; Embora sejas impotente e fraco como uma
criança de dias, um homem forte não poderá ser capaz de se levantar diante de
ti. Tu prevalecerás sobre ele, o subjugarás, o derrotarás e o colocarás debaixo
de teus pés. Tu marcharás, sob o grande Capitão da tua salvação, “conquistando
e a conquistar”, até que teus inimigos sejam destruídos, e “a morte seja
tragada na vitória”.
Agora, graças
seja a Deus, que nos deu a vitória, através de nosso Senhor Jesus Cristo; para
quem, com o Pai e o Espírito Santo, ser benção, glória, sabedoria, gratidão e
bravura, para sempre e sempre. Amém.
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