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sexta-feira, 24 de abril de 2020

PERFEIÇÃO CRISTÃ



John Wesley


"Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus". Filipenses 3:12


1. Escassamente existe alguma expressão nos Santos Escritos que tenha causado mais ofensa do que esta. A palavra, perfeito, é a que muitos não podem suportar. O mesmo som dela é abominação para eles. E quem quer que pregue a perfeição (como a frase está), ou seja, afirme que ela é alcançada nesta vida, corre grande risco de ser considerado por eles, pior do que um ateu ou um publicano.

2. E, disto, alguns têm aconselhado totalmente a colocar de lado o uso daquelas expressões, "porque elas têm causado tão grandes ofensas". Mas elas não são encontradas nos oráculos de Deus? Se forem, através de que autoridade pode algum Mensageiro de Deus colocá-las de lado, até mesmo, se todos os homens ficarem ofendidos? Nós não temos aprendido assim de Cristo; nem podemos assim dar lugar ao diabo. O que quer que Deus tenha falado, isto falaremos, quer os homens ouçam, ou quer eles proíbam; sabendo que, então, somente algum Ministro de Cristo pode estar "puro do sangue de todos os homens", quando ele "não evitar declarar junto a eles todos os conselhos de Deus". [Atos 20:26-27].

3. Nós não podemos, portanto, colocar essas expressões de lado, vendo que elas são as palavras de Deus, e não de homem. Mas nós podemos e devemos explicar o significado delas, e que aqueles que são sinceros de coração podem não errar, para o lado direito ou esquerdo, da marca do prêmio de seu chamado. E isto é mais necessário ser feito, porque no verso já repetido, o Apóstolo fala de si mesmo, como não perfeito: "Não", ele diz, "como se eu já fosse perfeito".  E ainda assim, imediatamente depois, no décimo-quinto verso, ele fala de si mesmo; sim, e de muitos outros, como perfeitos. "Que nós", diz ele, "pelo quanto somos perfeitos, estejamos assim propensos".  [Filipenses 3:15].

4. Com o objetivo, portanto, de remover a dificuldade surgida desta contradição aparente, assim como dar esclarecimento àqueles que estão pressionando para a marca, e aqueles que são fracos, de modo a não se desviarem do caminho, eu devo me esforçar para mostrar:

I.                   Em que sentido, os cristãos não são perfeitos;
II.                Em que sentido, eles são perfeitos.

I

1. Em Primeiro Lugar, eu devo me esforçar para mostrar em que sentido os cristãos não são perfeitos. E ambos pela experiência e Escrituras, parece (1) que eles não são perfeitos no conhecimento: eles não são tão perfeitos nesta vida, de maneira a se livrarem da ignorância. Eles sabem, em comum com outros homens, muitas coisas relativas ao mundo presente; com respeito ao mundo vindouro, eles sabem as verdades gerais que Deus tem revelado. Eles sabem, igualmente, (o que o homem natural não recebeu, porque essas coisas são discernidas espiritualmente) "que maneira de amor", por meio do qual, "o Pai" tem amado a eles "de maneira que eles possam ser chamados de filhos de Deus". [I João 3:1]. Eles sabem a obra poderosa de seu Espírito em seus corações; [Efésios 3:16], e a sabedoria de sua providência, dirigindo todos os seus passos [Provérbio 3:6], e fazendo com que todas as coisas cooperem juntas para o bem deles. [Romanos 8:28]. Sim, eles sabem, em cada circunstância da vida, o que o Senhor requer deles, e como manter a consciência nula de ofensa, tanto em direção a Deus, quanto ao homem. [Atos 24:16].

2. Mas inumeráveis são as coisas que eles não sabem. No tocante ao próprio Altíssimo, eles não podem buscá-lo, fora da perfeição. "Reparem que essas são partes do seu caminho. Mas o trovão de seu poder pode ser entendido?". [Jó 26:14]. Que eles não podem entender, eu não direi como "existem Três que testificam nos céus, o Pai, Filho, e o Espírito Santo, e esses três são um"; [I João 5:7], ou como o Filho do Deus eterno "tomem sobre si mesmo a forma de um servo"; [Filipenses 2:7] – mas não qualquer um atributo; não alguma circunstância da natureza divina. [II Pedro 1:4]. Nem é isto para que eles conheçam os tempos e épocas [Atos 1:7], quando Deus realizará suas grandes obras na terra; não, nem mesmo aquelas que, em parte, foram reveladas pelos seus servos e profetas, desde que o mundo começou. [veja Amós 3:7 "Certamente o Senhor DEUS não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas"]. Muito menos eles sabem quando Deus, tendo "concluído o número de seus eleitos, irá apressá-los para seu reino"; quando "os céus passarão, com grande barulho, e os elementos se derreterão com calor fervente". [II Pedro 3:10].

3. Eles não sabem as razões, até mesmo, de muitas das suas presentes dispensações com os filhos dos homens; mas estão constrangidos a descansar aqui, -- embora "nuvens e escuridão estejam à volta dele, a retidão e julgamento são a habitação de seu trono".  [Salmos 97:2]. Sim, freqüentemente, com respeito aos feitos dele, para com eles, seu Senhor lhes diz junto: "O que eu faço, vós não sabeis agora; mas sabereis daqui para frente".  [João 13:7]. E quão pouco eles sabem do que está sempre diante deles, mesmo das obras visíveis da mão Dele! – Como "Ele estende o norte sobre o lugar vazio, e suspende a terra sobre o nada?" [Jó 26:7]. Como ele une todas as partes desta vasta máquina, através de uma corrente secreta que não pode ser quebrada? Tão grande é a ignorância; tão pequeno o conhecimento, até mesmo do melhor dos homens!

4. Nenhum deles, é tão perfeito nesta vida, de maneira a estar livre da ignorância. Nem, (2) "conhecer, a não ser em parte", [I Cor. 13:12] está, alguma vez, sujeito ao erro, no tocante às coisas essenciais à salvação: Eles não "trocam a escuridão pela luz; ou a luz pela escuridão" [Isaias 5:20]; nem "buscam morte no erro de suas vidas". [Sabedoria de Salomão 1:12 (Apócrifa)]. Porque eles são "ensinados de Deus", e a maneira que eles os ensinam, o caminho da santidade, é tão claro, que "o homem viandante, embora um tolo, não necessita errar nele".  [Isaias 35:8]. Mas em todas as coisas essenciais à salvação, eles erram, e isto, freqüentemente. Os melhores e mais sábios dos homens estão freqüentemente errando, até mesmo, com respeito aos fatos; acreditando que essas coisas não foram, o que elas realmente foram; ou aquelas que deveriam ter sido feitas, e não foram. Ou suponham que eles não estão errados, quanto ao fato em si mesmo, eles podem, com respeito a estas circunstâncias, acreditando nelas, ou muitas delas, de terem sido completamente diferentes do que, na verdade, elas foram. E, disto, não podemos deixar de levantar muitos equívocos mais além. Disto, eles podem acreditar, tanto nas ações passadas, quanto presentes, que foram ou são más, como sendo boas; e tais que foram boas, como sendo más. Disto, também, eles podem julgar, não de acordo com a verdade, no que diz respeito aos caracteres dos homens; e isto, não apenas supondo que os homens bons sejam melhores; ou os homens maus sejam piores, do que eles são, mas por acreditarem que têm sido, ou que deverão ser homens melhores quem foi ou é muito mau; ou talvez, aqueles que têm sido ou deverão ser maus, quem foi ou é santo e irrepreensível.

5. Mais ainda, com respeito às próprias Escrituras Santas, por mais cuidadoso que ele seja para evitar isto, o melhor dos homens está sujeito ao erro; e erra, dia a dia; especialmente, com respeito àquelas partes, que menos imediatamente se referem a prática. Disto, até mesmo os filhos de Deus não estão de acordo quanto à interpretação de muitos lugares nos escritos santos. Nem a diferença de opinião deles é alguma prova de que eles não são filhos de Deus, de ambos os lados; mas é prova de que não devemos esperar que algum homem vivente seja mais infalível do que o Onisciente.

6. Se for objetado o que tem sido observado, debaixo deste e do assunto precedente, que João, falando aos seus irmãos na fé diz: "Vocês têm uma unção do Espírito Único, e vocês conhecem todas as coisas" (I João 2:20): A resposta é clara: "Vocês sabem todas as coisas que são necessárias para a saúde de suas almas". [cf. III João 1:2 "Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas, e que tenhas saúde, assim como bem vai a tua alma".]. Que o Apóstolo nunca pretendeu estender isto mais além; que ele não poderia falar disto, em um sentido absoluto, está claro, (1) por isto: -- porque, do contrário, ele descreveria os discípulos, como "acima de seu Mestre"; vendo que o próprio Cristo, como homem, não sabia todas as coisas: "Daquela hora", disse Ele, "nenhum homem conhece; não, nem o Filho, mas o Pai apenas". [Marcos 13:32]. Fica claro, (2) das próprias palavras do Apóstolo que se seguem: "Essas coisas eu tenho escrito a vocês, concernente àqueles que enganam a vocês"; [cf. I João 3:7], assim como, de suas precauções freqüentemente repetidas: "Que nenhum homem os engane"; [veja Marcos 13:5; Efésios 5:6; II Tessalonicenses 2:3], que tem sido completamente desnecessário, não tivessem essas mesmas pessoas que tiveram aquela unção do Espírito Santo [I João 2:20] sujeitas, não pela ignorância apenas, mas também pelo erro.

7. Até mesmo os cristãos, portanto, não são tão perfeitos, de maneira a estarem livres da ignorância ou do erro. Eles podem, (3), acrescentar não das enfermidades. – Apenas cuidemos de entender esta palavra corretamente: Não vamos tão somente dar este título delicado aos pecados conhecidos, como é a maneira de alguns. Assim, um homem nos diz: "Todo homem tem sua enfermidade, e a minha é a bebedeira". Outros têm a enfermidade da impureza; outro em tomar o santo nome de Deus em vão; e, ainda assim, outro tem a enfermidade de chamar ao seu irmão: "Tu, tolo". [Mateus 5:22], retornando "injuria por injuria".  [I Pedro 3:9]. É claro que todos vocês que assim falam, se não se arrependerem, deverão, com suas enfermidades, irem rapidamente para o inferno! Mas eu quero dizer, por meio disto, não apenas aquelas que são denominadas enfermidades corpóreas, mas todas aquelas imperfeições interiores e exteriores, que não são de uma natureza moral. Tal é a fraqueza ou morosidade de entendimento; embotamento ou confusão de apreensão; incoerência de pensamento; atividade ou opressão irregular da imaginação. Tal é a necessidade (para não mencionar mais deste tipo) de uma memória pronta ou retentiva. Tais, em outro tipo, são aquelas que são comumente, em alguma medida, conseqüentes à estas; ou seja, lentidão de discurso; impropriedade da linguagem; falta de elegância na pronunciação; aos quais, alguém acrescentaria milhares de imperfeições desconhecidas, quer na conversação ou comportamento. Essas são as enfermidades que são encontradas nos melhores homens; em uma proporção maior ou menor. E dessas ninguém pode esperar estar perfeitamente livres, até que o espírito retorne para Deus que o deu. [Eclesiastes 12:7].

8. Nem podemos esperar, até então, estarmos totalmente livres da tentação. Tal perfeição não pertence a esta vida. É verdade, que existem aqueles que entregaram à obra toda impureza, com avidez [Efésios 4:19], e dificilmente percebem as tentações que eles não resistiram, e, assim, parecem estar sem tentações. Existem muitos também aos quais o sábio inimigo das almas, parecendo adormecido na forma morta da santidade, não colocará à prova o pecado grosseiro, a fim de que eles não possam despertar, antes que tenham caído no fogo eterno. Eu sei que existem também filhos de Deus que estando agora livremente justificados, [Romanos 5:1] encontraram redenção no sangue de Cristo [Efésios 1:7], para o momento, não sentem tentação. Deus tem dito para seus inimigos: "Não toquem em meus ungidos, e não causem dano em meus filhos".  [veja I Crônicas 16:22]. E, por agora, pode ser, por semanas ou meses, ele fez com que eles "cavalgassem nos lugares altos" [Deuteronômio 32:15]; ele os levasse como asas de águia [Êxodo 19:4], acima de todos os dardos afiados do maligno [Efésios 6:16]. Mas este estado não durará para sempre; como aprendemos daquela simples declaração, - que o próprio Filho de Deus, nos dias de sua carne, foi tentado, até mesmo, no fim de sua vida. [Hebreus 2:18 "Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados. 4:15 "Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado"; 6:7 "Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus"]. Portanto, que seu servo espere ser; porque "é suficiente que ele seja como seu Mestre". [Lucas 6:49].

9. A perfeição cristã, portanto, não implica (como alguns homens parecem ter imaginado), uma exceção, quer da ignorância ou erro; ou enfermidades ou tentações. Na verdade, é apenas um outro termo para a santidade. Existem dois nomes para a mesma coisa. Assim, cada um que é perfeito é santo, e todos que são santos são, no sentido bíblico, perfeitos. Ainda assim, podemos, por fim, observar que nem neste aspecto existe alguma perfeição absoluta na terra. Não existe perfeição de graus, como isto é denominado; nenhuma que admita um crescimento contínuo. De modo que, quanto mais algum homem a obteve, ou em que altura ou grau ele seja perfeito, mais ainda ele precisa "crescer na graça".  [II Pedro 3:18]; e, diariamente avançar no conhecimento e amor a Deus seu Salvador. [veja Filipenses 1:9].

II

1. Em que sentido, então, os cristãos são perfeitos? Isto é o que eu devo me esforçar, Em Segundo Lugar, para mostrar. Mas seria mencionado de antemão, que existem diversos estágios na vida cristã, como na vida natural: alguns dos filhos de Deus sendo apenas bebês recém-nascidos; outros tendo obtido mais maturidade. E, assim sendo, João, em sua Primeira Epístola, (I João 1:12 em diante) refere-se severamente a esses termos criancinhas, àqueles que ele denomina jovens, e àqueles que ele intitula pais. "Eu escrevo junto a vocês, criancinhas", diz o Apóstolo, "porque seus pecados estão perdoados": Porque, até ai, vocês alcançaram – estando "livremente justificados", vocês têm "paz com Deus, através de Jesus Cristo". [Romanos 5:1]. "Eu escrito a vocês, jovens, porque vocês dominaram o diabo"; ou (como ele, mais tarde, acrescenta) "porque vocês são fortes, e a palavra de Deus habita em vocês". [I João 2:13-14]. Vocês suprimiram os dardos afiados do maligno [Efésios 6:16]: as dúvidas e temores com os quais ele perturbou vocês a princípio; e o testemunho de Deus, de que seus pecados são esquecidos, agora habita em seus corações. "Eu escrevo a vocês, pais, porque vocês o conheceram, desde o princípio".  [I João 2:13]. Ainda assim, têm conhecido a ambos o Pai e o Filho, e o Espírito de Cristo, na profundeza de suas almas. Vocês são "homens perfeitos, adultos na medida da estatura da plenitude de Cristo". [Efésios 4:13].

2. É desses principalmente que falo, na última parte deste discurso: Porque esses apenas são propriamente cristãos. Mas, mesmo bebês em Cristo, em tal sentido, são perfeitos, ou nascidos de Deus (expressão tomada também em sentidos diversos), como a (1) não cometerem pecado. Se existir alguma dúvida deste privilégio dos filhos de Deus, a questão não deve ser decidida pelos raciocínios abstratos que podem ser esboçados na extensão infinita, mas deixar o ponto exatamente como estava anteriormente. Nem dever ser determinado pela experiência desta ou daquela pessoa em específico. Muitos podem supor que eles não cometem pecados, quando eles o fazem; mas isto prova nada, de qualquer forma. Nós apelamos para a lei e para o testemunho. "Que Deus seja verdadeiro, e todo homem um mentiroso".  [Romanos 3:4]. Mas sua Palavra permencerá, e esta somente. Por meio da qual, seremos julgados.

3. Agora a Palavra de Deus declara plenamente que, mesmo aqueles que estão justificados, que são nascidos novamente, no sentido mais simples, "não continuam no pecado"; não podem "viver mais tempo nele"; (Romanos 6:1-2); são "estabelecidos juntamente na igualdade da morte" de Cristo; (Romanos 6:5); "o velho homem, crucificado com ele", e o corpo de pecado, destruído, de maneira, a dali por diante, não servirem ao pecado; e mortos com Cristo, serem libertos do pecado; (Romanos 6:6-7), "mortos para o pecado, e vivos para Deus"; (Romanos 6-11) "o pecado não mais tem domínio sobre eles", que estão, "não debaixo da lei, mas debaixo da graça"; mas que esses "estando livres do pecado, se tornaram os servos da retidão". (Romanos 6:14-18).

4. No mínimo, o que pode ser deduzido destas palavras, é que as pessoas das quais se fala nela, ou seja, todos os cristãos verdadeiros, os crentes em Cristo, são feitos livres do pecado exterior. E o mesmo livramento que Paulo expressa aqui em tais variedades de frases, Pedro expressa nesta única: (I Pedro 4:1-2) "Aquele que sofreu na carne cessou do pecado – para que ele não viva mais para os desejos dos homens, mas para a vontade de Deus". Porque este cessar do pecado, se for interpretado no sentido menor, com respeito apenas ao comportamento exterior, deve denotar o cessar do ato exterior, de alguma transgressão exterior da lei.

5. Mas mais expressa são as palavras bem conhecidas de João, no terceiro capítulo de sua Primeira Epístola, verso 8 em diante: "Ele que comete pecado é do diabo; porque o diabo peca, desde o início. Para este propósito, o Filho de Deus foi manifestado, para que possa destruir as obras do diabo. Quem quer que seja nascido de Deus não comete pecado; porque sua semente permanece nele: e ele não pode pecar, porque ele é nascido de Deus".  [I João 3:8-9]. E esses, no quinto: (I João 5:18) "Nós sabemos que, quem quer que seja nascido de Deus não peca; mas ele que é criado de Deus mantém-se, e o diabo não o toca".

6. De fato, é dito que isto significa apenas que ele não pecou obstinadamente; ou não cometeu pecado habitualmente; ou, não, como outros homens o fazem; ou como ele fez antes. Mas, através de que é isto dito? Através de João? Não. Não existe tal palavra no texto; nem em todo o capítulo; nem em todas as suas Epístolas; nem em alguma parte de seus escritos, quaisquer que fossem. Porque, então, o melhor meio de responder a uma afirmação evidente é simplesmente negá-la. E, se algum homem pode prová-la da Palavra de Deus, que ele produza suas fortes razões.

7. E uma espécie de razão existe, que tem sido freqüentemente trazida para o suporte dessas estranhas afirmações, esboçadas dos exemplos registrados na Palavra de Deus: "O que!", dizem eles, "o próprio Abraão não cometeu pecado – prevaricando, e negando sua esposa? Moisés não cometeu pecado, quando ele provocou Deus, nas águas da disputa? Mais ainda, para produzir uma por todas, mesmo Davi, 'o homem, segundo o coração do próprio Deus', não cometeu pecado, na questão de Urias de Hittite; até mesmo assassinato e adultério?". É mais certo que sim. E isto é verdade. Mas o que você infere disto? Pode ser afirmado: (1) Que Davi, no curso geral de sua vida, foi um dos mais santos homens em meio aos judeus; e, (2) que o mais santo dos homens em meio aos judeus cometeu, algumas vezes, pecado. Mas se você inferior disto que todos os cristãos cometem e devem cometer pecados, por quanto tempo vivam; esta conseqüência nós negamos extremamente: isto nunca se seguirá destas premissas.


8. Esses que argumentam assim, parecem nunca ter considerado aquela declaração de nosso Senhor: (Mateus 11:11) "Verdadeiramente eu digo a vocês que, em meio a eles que são nascidos de mulheres, não se levantou um maior do que João Batista: Não obstante, ele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele". Eu temo, na verdade, que existem alguns que imaginaram que "o reino dos céus" aqui quer dizer o reino da glória; como se o Filho de Deus tivesse exatamente revelado a nós que o menor santo glorificado no céu é maior do que algum homem sobre a terra! Mencionar isto é suficientemente refutar isto. Pode, portanto, sem dúvida ser feito, mas "o reino do céu", aqui, (como nos versos seguintes, onde ele é dito ser tomado pela força), [Mateus 11:12], ou, "o reino de Deus", como Lucas expressa isto, -- é aquele reino de Deus na terra, para o qual todos os verdadeiros crentes em Cristo; todos os cristãos reais pertencem. Nestas palavras, então, nosso Senhor declara duas coisas: (1) que antes de sua vinda na carne, em meio aos filhos dos homens, não tinha havido um maior do que João Batista; disto evidentemente se segue que nem Abraão, Davi, nem algum judeu maior do que João. Nosso Senhor (2) declara que ele que é menor no reino de Deus (naquele reino que ele veio estabelecer na terra, e que o violento agora começa a tomar pela força) é maior do que ele: -- Nem um profeta maior, como alguns têm interpretado a palavra; porque isto é palpavelmente falso, de fato; mas maior na graça de Deus, e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, nós não podemos medir os privilégios dos cristãos verdadeiros, por aqueles formalmente dados para os judeus. A "ministração" deles (ou dispensação) nós admitimos "foi gloriosa", mas as nossas "excedem em glória".  [II Cor. 3:7-9]. De maneira que, quem quer que traga a dispensação cristã para o padrão judaico; quem quer que junte aos poucos os exemplos dos fracos, registrados na Lei e os Profetas, e disto conclua que aqueles que "colocados sobre Cristo" [Gálatas 3:27] são devidos com nenhuma força maior, erram grandemente, nem "conhecem as Escrituras, nem o poder de Deus".  [Mateus 22:29].

9. "Mas não existem afirmações nas Escrituras que provem a mesma coisa, se ela não pode ser inferida daqueles exemplos? As Escrituras expressamente não dizem: 'Mesmo um homem justo peca sete vezes ao dia?'". Eu respondo: Não. As Escrituras dizem nada sobre tal coisa. Não existe tal texto em toda a B´bilia. Isto que parece ser pretendido é o sexto verso do vigésimo-quarto capítulo de Provérbios, cujas palavras são: "Um homem justo cai, sete vezes, e se ergue novamente".  [Provérbios 24:16]. Mas isto é uma coisa completamente diferente. Porque, (1) as palavras "por dia", não estão no texto. Assim sendo, se um homem cai sete vezes, em sua vida, é tanto quanto é afirmado aqui. (2) Aqui, não menciona a queda no peacado, afinal; o que aqui é mencionado é cair nas aflições temporais. Isto plenamente aparece do verso anterior nas palavras que são estas: "Não arme cilada, Ó homem mau, contra a habitação do justo, ó ímpio, nem assole o seu lugar de repouso". [Provérbios 24:15]. Segue-se: "Porque um homem justo cai sete vezes, e se levanta novamente; mas o homem mau cai em sua maldade". Como se ele tivesse dito: "Deus te livrará de teus problemas, mas quando tu caíres, não terás alguém para livrar a ti".

10. "Mas, como quer que seja, em outros lugares", continuam os opositores: "Salomão afirma plenamente: 'Não existe homem algum que não peque'"; (I Reis 8:46; II Crônicas 6:36); sim, 'Não existe um homem justo sobre a terra, que seja bom, e não peque'. (Eclesiastes 7:20)". Eu respondo: Sem dúvida; assim foi nos dias de Salomão. Sim, assim foi de Adão a Moisés; de Moisés a Salomão; e de Salomão a Cristo. Não havia, então, homem que não pecasse. Mesmo desde que o pecado entrou no mundo, não houve um homem justo sobre a terra que fez o bem e não pecou, até que o Filho de Deus foi manifesto, para tirar nossos pecados. É inquestionavelmente verdadeiro que "o herdeiro, por quanto tempo ele foi uma criança, diferiu nada de um servo".  [Gálatas 4:1]. E que, mesmo assim, eles (todos os homens santos do passado, que estiveram sob a dispensação judaica) estavam, durante aquele estado infantil da Igreja, "na escravidão, debaixo dos elementos do mundo". [Gálatas 4:3]. "Mas, quando a plenitude dos tempo chegou, Deus enviou seu Filho, feito sob a lei, para redimir a eles que estavam debaixo da lei; para que eles recebessem a adoção de filhos".  [Gálatas 4:4] – para que eles recebessem aquela "graça que é agora manifesta, pela aparição de nosso Salvador, Jesus Cristo, que aboliu a morte, e trouxe a vida e imortalidade do conhecimento, através do Evangelho". (II Timóteo 1:10). Agora, portanto, eles "não são mais servos, mas filhos".  [veja Gálatas 4:7]. De maneira que, qualquer que fosse o caso daqueles debaixo da lei, nós podemos seguramente afirmar com João que, desde que o Evangelho foi dado, "aquele que é nascido de Deus não peca". [I João 5:18].

11. De grande importância é observar, e isto mais cuidadosamente do que comumente é feito, a diferença ampla que existe, entre a dispensação judaica e a cristã; e este alicerce dela, a que o mesmo Apóstolo se refere no sétimo capítulo de seu Evangelho.  (João 7:38, em diante). E depois de referir-se àquelas palavras de nosso abençoado Senhor: "Ele que crer em mim, como as Escrituras têm dito, de sua barriga fluirão rios de água viva", ele imediatamente acrescenta: "Isto fala ele do Espírito", ou emellon lambanein hoi pisteuontes eis auton, -- que aqueles que crerem Nele, deveriam em seguida receber. Uma vez que o Espírito Santo não foi dado, porque Jesus não estava ainda glorificado". [João 7:39]. Agora o Apóstolo não pode significar aqui (como alguns têm ensinado), que o poder do milagre operado pelo Espírito Santo não fora ainda dado. Porque isto foi dado; nosso Senhor o deu a todos os Apóstolos, quando Ele primeiro os enviou para pregar o Evangelho. Ele, então, deu poder sobre os espíritos imundos, para expulsá-los; poder para curar o doente; sim, para ressuscitar os mortos. [Marcos 10:8]. Mas o Espírito Santo não for a ainda dado em suas graças santificadoras, como ele foi depois que Jesus foi glorificado. Foi, então, quando "ele ascendeu aos céus, que o Senhor Deus habitaria neles".  [Salmos 68:18 " Tu subiste ao alto, levaste cativo o cativeiro, recebeste dons para os homens, e até para os rebeldes, para que o Senhor Deus habitasse entre eles"; Efésios 4:8 " Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, E deu dons aos homens"], quando o dia de Pentecostes veio plenamente, [Atos 2:1 "E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordantemente, no mesmo lugar"], então, primeiro que eles que "esperaram pela promessa do pai [Atos 1:4] foram feitos mais do que vencedores [Romanos 8:37], sobre o pecado, através do Espírito Santo dado junto a eles.

12. Que esta grande salvação do pecado não foi dada, até que Jesus foi glorificado, Pedro também testifica plenamente; onde, falando aos seus irmãos na carne, como agora "recebendo o fim da fé deles, da salvação de suas almas", ele acrescenta, (I Pedro 1:9, em diante): "De cuja salvação os profetas têm inquirido e buscado diligentemente, os quais profetizaram da graça"; ou seja, a graciosa dispensação, "que viria junto a vocês: buscando o que, ou qual maneira do tempo, o Espírito de Cristo, que estava neles, não significou, quando testificou anteriormente os sofrimentos de Cristo. E a glória", a salvação gloriosa "que se seguiria. Junto aos quais ela foi revelada, para que não junto eles, mas a nós eles ministrassem as coisas que são agora reportadas a vocês, através daqueles que têm pregado o Evangelho, com o Espírito Santo enviado dos céus". [I Pedro 1:12]; a saber, no dia de Pentecostes, e, assim, a todas as gerações, nos corações de todos os crentes verdadeiros. Pela razão, até mesmo, "da graça trazida a eles, pela revelação de Jesus Cristo" - (I Pedro 1:13] - o Apóstolo bem deveria construir aquela forte exortação: "Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo; - como Ele que chamou a vocês é santo, em todo o modo de vida". [I Pedro 1:13]

13. Aqueles que devidamente têm considerado essas coisas devem admitir que os privilégios dos cristãos, de modo algum, devem ser medidos pelo que o Velho Testamento registra, concernente àqueles que estiveram sob a dispensação judaica; vendo-se que a plenitude dos tempos agora é chegada; o Espírito Santo é agora dado; a grande salvação de Deus é trazida, junto aos homens, pela revelação de Jesus Cristo. O reino dos céus está agora estabelecido sobre a terra; concernente ao que o Espírito de Deus declarou do passado (tanto quanto Davi seja o padrão ou o modelo da perfeição cristã), "aquele que é fraco em meio a eles, naquele dia, deverá ser como Davi; e a casa de Davi deverá ser como Deus, como o anjo do Senhor diante deles". (Zacarias 12:8).

14. Se, portanto, você provasse que as palavras do Apóstolo: "Aquele que é nascido de Deus não peca" [I João 5:18], não deveriam ser entendidas, de acordo com o significado claro, natural, e óbvio, você deveria trazer suas provas do Novo Testamento; do contrário, você lutaria, como alguém que bate no ar. [I Cor. 9:26]. E, a primeira dessas que é usualmente trazida é tomada dos exemplos registrados no Novo Testamento: "Os próprios Apóstolos", é dito, "cometeram pecado; mais ainda, os maiores deles, Pedro e Paulo: Paulo, através de sua contenda com Barnabé [Atos 15:39]; e Pedro, através de sua dissimulação em Antioquia".  [Gálatas 2:11] "E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível". Bem: Supondo-se que ambos, Pedro e Paulo, cometeram, então, pecado; o que você deduziria disto? Que todos os outros Apóstolos cometeram pecados algumas vezes? Não existe sombra de prova nisto. Ou você inferiria disto que todos os outros cristãos da era apostólica cometeram pecado? Pior e pior: Isto é tal inferência que, alguém imaginaria, um homem em seus sentidos nunca teria pensado a respeito. Ou você argumentaria assim: "Se dois dos Apóstolos uma vez cometeram pecado, então, todos os outros cristãos, em todas as épocas, cometem e cometerão pecados, por quanto tempo eles viverem?". Ai de mim, meu irmão! Um filho do entendimento comum ficaria envergonhado de tal raciocínio como este. Menos do que tudo, você pode, com alguma nuance de argumento, inferir que algum homem deve cometer pecado, afinal. Não: Deus proíbe que possamos falar assim! Nenhuma necessidade de pecado foi colocada sobre eles. A graça de Deus foi certamente suficiente para eles. E é suficiente para nós até hoje. Com a tentação que caiu sobre eles, existiu um caminho para escapar; como há, para toda a alma do homem, em toda tentação. De modo que, quem quer que seja tentado em algum pecado, não precisa aquiescer; porque nenhum homem é tentado acima do que seja capaz de suportar [I Cor. 10:13].

15. "Mas Paulo implorou ao Senhor três vezes, e, ainda assim, ele não pode escapar da sua tentação".  Vamos considerar suas próprias palavras literalmente traduzidas: "Foi dada a mim uma aflição para a carne; um anjo" (ou mensageiro) "de satanás, esbofeteou-me. No tocante a isto, eu implorei ao Senhor, três vezes, para que isto" (ou ele) "pudesse sair de mim. E ele me disse: Minha graça é suficiente para ti: Porque minha força é feita perfeita na fraqueza. Mais alegremente, portanto, eu antes me gloriarei"  nesta "minha fraqueza, para que a força de Cristo possa descansar sobre mim. Portanto, eu tenho prazer na fraqueza; -- porque, quando eu sou fraco, então, eu sou forte".  [II Cro. 12:7-10].

16. Como esta escritura é uma das fortalezas dos patronos do pecado, pode ser apropriado pesá-la totalmente. Vamos observar, então, (1) que, de modo algum, parece que esta aflição, qualquer que fosse, ocasionou que Paulo cometesse pecado; muito menos, o colocou, sob alguma necessidade de assim fazer. Portanto, disto nunca poderá ser provado que algum cristão deva cometer pecado. (2) Os antepassados nos informam, isto foi completamente óbvio: "uma violenta dor de cabeça", disse Tertuliano; (De Pudic) para a qual ambos Crisóstomo e Jerônimo concordam. Cipriano [De Mortalitate] expressa isto, um pouco mais geralmente, nestes termos: "Muitos e graves tormentos da carne e o corpo".  [Carnis et corporis multa ac gravia tormenta]. (3) A isto, concordam exatamente as próprias palavras do Apóstolo: "Uma aflição para a carne me golpear, bater, ou esbofetear". "Minha força é feita perfeita na fraqueza": --  A mesma palavra que ocorre, não menos do que quatro vezes, nestes dois versos apenas. Mas (4), o que quer que ela fosse, não poderia ser nem pecado interior, nem exterior. Não poderia ser agitações interiores, mais do que expressões exteriores, de orgulho, ira, ou luxúria. Isto é manifesto, além de toda exceção possível das palavras que imediatamente se seguem: "Muito alegremente, eu me gloriarei" nessas "minhas fraquezas, para que a força de Cristo possa descansar sobre mim". [II Cor. 12:9]. O que! Ele se glorifica no orgulho, na ira, e luxúria? Foi através dessas fraquezas que a força de Cristo descansou sobre ele? Ele prossegue: "Portanto, eu tenho prazer na fraqueza; porque quando eu sou fraco, então, eu sou forte"; [II Cor. 12:10]; ou seja, quando eu sou fraco no corpo, então, eu sou forte no espírito. Mas algum homem se atreverá a dizer: "Quando eu estou fraco, pelo orgulhou ou luxúria, então, eu sou forte no espírito?". Eu chamo todos vocês para registrar esse dia: quem encontra a força de Cristo descansando sobre si, pode gloriar-se na ira, ou orgulho, ou luxúria? Vocês têm prazer nessas enfermidades? Essas fraquezas os tornam fortes? Vocês se arremessariam para o inferno, se fosse possível, para escapar delas? Até mesmo, através de vocês mesmos, então, julguem se o Apóstolo poderia gloriar-se e ter prazer nelas! Que seja observado (5) que esta aflição foi dada a Paulo, por mais de quatorze anos antes que ele escreveu esta Epístola; [II Cor. 12:2] "Conheço um homem em Cristo que há quatorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu"; que ela própria foi escrita diversos anos antes que ele terminasse seu curso. [Veja Atos 20:24 "Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus"; II Timóteo 4:7 "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé"]. De modo que ele teve, depois disto, um longo curso a seguir; muitas batalhas para lutar; muitas vitórias para obter; e um grande aumento no receber todos os dons de Deus; e o conhecimento de Jesus Cristo. Portanto, de alguma fraqueza espiritual (se tal tivesse sido) que ele naquele tempo sentiu, nós não podemos, de modo algum, inferir que ele nunca se fez forte; que Paulo, o idoso, o pai em Cristo, ainda trabalhou, sob a mesma fraqueza; em que ele esteve, no mais alto estado, até o dia de sua morte. De tudo que este exemplo de Paulo pareça ser completamente estranha à questão,  de modo algum, colide com a afirmação de João: "Ele que é nascido de Deus não peca".  [I João 5:18].

17. "Mas Tiago diretamente não contradiz isto? Suas palavras são: 'Em muitas coisas nós ofendemos a todos. (Tiago 3:2). E não é ofender o mesmo que cometer pecado?". Neste lugar, eu admito que é: Eu admito que as pessoas das quais se fala aqui não cometeram pecados; sim, que eles todos cometeram muitos pecados. Mas quem são as pessoas de que se fala aqui? Porque, esses muitos mestres ou professores, aos quais Deus não enviou; (provavelmente, os mesmos homens inúteis que ensinaram aquela fé, sem as obras, que é tão duramente reprovada no capítulo precedente); (Tiago 2] não o próprio Apóstolo, nem algum cristão verdadeiro. Que na palavra "nós" (usada, através de uma figura de linguagem comum em todo os outros, assim como nos escritos inspirados), o Apóstolo não poderia possivelmente incluir a si mesmo, ou algum outro crente verdadeiro, aparece, evidentemente, (1) da mesma palavra no nono verso: -- "Com isto", ele diz, "abençoado seja Deus, e maldito sejamos nós homens. Da mesma boca procede bênção, e maldição". [Tiago 3:9]. Verdade; mas não da boca do Apóstolo, nem de alguém que em Cristo é uma nova criatura. [II Cor. 5:17]. (2) Do mesmo verso imediatamente precedente ao texto, e manifestadamente ligado a ele: "Meus irmãos, não muitos mestres", (ou professores) "sabendo que nós devemos receber uma condenação maior". "Porque, em muitas coisas, nós ofendemos todos". [Tiago 3:1]. Nós! Quem? Não os Apóstolos. Nem os crentes verdadeiros; mas aqueles que os conhecem poderiam receber a maior condenação, por causa daquelas muitas ofensas. Mas isto não poderia ser falado do próprio Apóstolo, ou de alguém que caminha nos passos Dele, vendo que "não existe condenação para aqueles que não caminham, segundo a carne, mas segundo o Espírito". [Romanos 8:2]. Mais do que isto, (3) o próprio verso prova que "ofendemos a todos", não pode ser falado, quer de todos os homens, ou de todos os cristãos. Porque nele imediatamente se segue a menção de um homem que não ofende, como o "nós" primeiro mencionou; do qual, portanto, ele é declaradamente distinguido, e pronunciado um homem perfeito.

18. Tão claramente, Tiago se explica, e fixa o significado de suas próprias palavras. Ainda assim, a fim de que alguém não possa ainda permanecer em dúvida, João, escrevendo, muitos anos depois de Tiago, coloca o assunto inteiramente fora de disputa, através das declarações expressas acima citadas. Mas aqui uma dificuldade nova pode surgir: Como podemos conciliar João consigo mesmo: Em um lugar, ele declara: "Quem quer que seja nascido de Deus não comete pecado"; [I João 3:9], e novamente, -- "Nós sabemos que aquele que é nascido de Deus não peca": [I João 5:18]. E, ainda assim, em outro, ele diz: "Se nós dizemos que não temos pecado, nós enganamos a nós mesmos, e a verdade não está em nós"; [I João 1:8], e novamente – "Se dizemos quer não temos pecado, nós fazemos Dele um mentiroso, e sua palavra não está em nós".  [I João 1:10].

19. Assim como a princípio, uma grande dificuldade como esta pode aparecer, ela desaparece, se observarmos: (1) que o décimo verso fixa o sentido do oitavo: "Se nós dizemos que não temos pecado"; sendo explicado por: "Se dissermos que não pecamos", no último verso. [I João 1:10-18]; (2) que o ponto, a se considerar, no momento, não é se tivemos ou não pecado antes; nem esses versos afirmam que pecamos, ou cometemos pecado agora. (3) Que o nono verso explica tanto o oitavo quanto o décimo: "Se confessarmos nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar, e nos limpar de toda iniqüidade". Como se ele tivesse dito: "Eu afirmei antes que 'o sangue de Jesus Cristo nos limpou de todo pecado'; mas que nenhum homem diga, eu não preciso; eu não tenho pecado para ser limpo. Se nós dissermos que não temos pecado, que não pecamos, enganamos a nós mesmos, e fazemos de Deus um mentiroso: Mas, se confessarmos nossos pecados, Ele é fiel e justo, não apenas para 'perdoar nossos pecados', mas também para 'nos limpar de toda iniqüidade': [I João 1:8-10] para que possamos 'seguir e não pecarmos mais'" [João 8:11].

20. João, portanto, é bem consistente consigo mesmo, assim como com os outros escritores santos; como mais evidentemente aparecerá, se colocarmos todas as suas afirmações no tocante a este assunto em uma visão: Ele declara (1) que o sangue de Jesus Cristo nos limpou de todos os pecados; (2) que nenhum homem pode dizer, eu não pequei; eu não tenho pecado para ser limpo (3), mas Deus está pronto para perdoar tanto nossos pecados passados, quanto para nos salvar deles para o tempo vindouro. [I João 1:7-10]. (4) "Essas coisas eu escrevo a vocês", diz o Apóstolo, "para que vocês não possam pecar. Mas se algum homem" puder "pecar", ou tiver pecado (como a palavra deveria ser atribuída), ele não necessita continuar no pecado; vendo que "temos um advogado com o Pai Jesus Cristo, o reto".  [I João 2:1-2]. Até aí, tudo está claro. Mas, a fim de que nenhuma dúvida possa permanecer, em um ponto de tão vasta importância, o Apóstolo resume este assunto em três capítulos, e largamente explica seu próprio significado: "Crianças", diz ele "que nenhum homem engane vocês" (como se eu tivesse dado algum encorajamento àqueles que continuam no pecado:) "Ele que pratica a retidão é reto, assim como Ele é reto. Ele que comete pecado é do diabo; porque o diabo peca, desde o início. Para este propósito, o Filho de Deus foi manifestado, para que pudesse destruir as obras do diabo. Quem quer que seja nascido de Deus não comete pecado: Porque sua semente permanece nele; e ele não pode pecar, porque ele é nascido de Deus. Nisto, os filhos de Deus são manifestos, e os filhos do diabo".  (I João 3:7-10). Aqui o ponto que até então possivelmente teria admitido alguma dúvida nas mentes fracas, é propositadamente colocado, pelo último dos escritores inspirados, e decidido da maneira mais clara. Em conformidade, portanto, com a doutrina de João, assim como com todo o teor do Novo Testamento, nós fixamos esta conclusão: -- Um cristão é tão perfeito, de maneira não cometer pecado.

21. Este é o privilégio glorioso de todo cristão; sim, embora ele seja, a não ser um bebê em Cristo. Em Segundo Lugar, apenas desses que estão fortes no Senhor, e "têm dominado o diabo", ou antes, daqueles que "o conhecem desde o início" [I João 2:13-14], é que se pode afirmar que eles são, de tal forma, perfeitos, de maneira a estarem libertos dos pensamentos e temperamentos pecaminosos. Primeiro, dos pensamentos maus e pecaminosos; uma vez que os pensamentos, concernentes ao pecado, e um pensamento pecaminoso, são amplamente diferentes. Um homem, por exemplo, pode pensar a respeito do assassinato que outro tenha cometido; e, ainda assim, este não ser um pensamento mau ou pecaminoso. Assim, o próprio nosso Senhor abençoado, sem dúvida, pensou a respeito, ou entendeu a coisa falada pelo diabo, quando ele disse: "Todas as coisas darei a ti, se tu te prostrares para adorar-me".  [Mateus 4:9]. Ainda assim, Ele não tinha pensamento mau ou pecaminoso; nem de fato, era capaz de ter algum. E, mesmo disto, segue-se que nem os cristãos verdadeiros: porque "cada um que é perfeito é como seu Mestre".  (Lucas 6:40). Portanto, se Ele estava livre dos pensamentos maus ou pecaminosos, assim, eles estão igualmente.

22. Na verdade, de onde os pensamentos pecaminosos procederiam, no servo que é como seu Mestre? "Do coração do homem" (Se afinal) "procedem os pensamentos pecaminosos". (Marcos 7:21). Se, portanto, seu coração não for pecaminoso, por mais tempo, então, os pensamentos maus não poderão proceder dele, por mais tempo. Se a árvore for corrupta, assim será o fruto: Mas se a árvore for boa: o fruto, portanto, será também bom. (Mateus 22:33). O próprio nosso Senhor testemunha: "Toda árvore boa produz bons frutos. Uma árvore boa não pode produzir frutos maus"; assim como "uma árvore corrupta não pode produzir bons frutos".  (Mateus 7:17-18).

23. O mesmo privilégio feliz dos cristãos verdadeiros, Paulo afirma de sua própria experiência: "As armas da nossa luta", diz ele, "não são carnais, mas sim poderosas em Deus para a destruição das fortalezas; e colocar abaixo imaginações" (ou raciocínios, preferivelmente, porque assim a palavra logimous significa; todos os raciocínios do orgulho e descrença contra as declarações, promessas ou dons de Deus) "e toda coisa sublime que se exalta contra o conhecimento de Deus, e traz cativo todo pensamento de obediência a Cristo" (II Cor. 10:4 em diante).

24. E como os cristãos, de fato, estão livres dos pensamentos diabólicos, assim estão aqueles, Em Segundo Lugar, dos temperamentos maus. Isto é evidente da declaração supracitada do próprio nosso Senhor: "O discípulo não está acima de seu Mestre; mas cada um que é perfeito deve ser como seu Mestre". [Lucas 6:40]. Ele havia entregado, exatamente antes, algumas das mais sublimes doutrinas do Cristianismo, e algumas das mais graves para a carne e sangue. "Eu lhes digo, amem seus inimigos, e façam o bem àqueles que os odeiam; -- e a ele que lhe golpeia de um lado da face, ofereçam também a outra". [Lucas 6:29]. Agora essas, Ele bem sabia que o mundo não receberia; e, portanto, imediatamente acrescenta: "Pode um cego conduzir o cego? Ambos não cairão dentro do fosso?". [Lucas 6:39]. Como se ele tivesse dito: "Não conferencie com a carne e sangue no tocante a essas coisas, -- com homens nulos de discernimento espiritual, os olhos de cujo entendimento, Deus não abriu, -- a fim de que eles e você não pereçam juntos". No verso seguinte, ele remove as duas grandes objeções com as quais esses tolos sábios se encontram, a cada turno: "Essas coisas são muito graves para serem suportadas", ou, "Elas estão muito altas para serem alcançadas" [Marcos 23:4], dizendo: "'O discípulo não está acima de seu Mestre', portanto, se eu tenho sofrido, estejam satisfeitos de trilharem meus passos. E não duvidem, vocês, delas, a não ser que eu cumprirei minha palavra: 'porque cada um que é perfeito deverá ser como seu Mestre'".  [Lucas 6:40]. Mas seu Mestre estava livre de todos os temperamentos pecaminosos. Assim, portanto, seus discípulos, até mesmos os cristãos verdadeiros.  

25. Cada um desses pode dizer com Paulo: "Eu estou crucificado com Cristo: Não obstante, eu viva, ainda assim, não sou eu, mas Cristo vive em mim" [Gálatas 2:20] – Palavras que manifestadamente descrevem um livramento do pecado interior, assim como do exterior. Isto é expresso ambos negativamente, eu não vivo; (minha natureza má, o corpo do pecado, é destruída); e, positivamente, Cristo vive em mim; e, portanto, tudo que é santo, e justo, e bom. Na verdade, ambos esses, Cristo vive em mim, e eu não vivo, estão inseparavelmente unidos; porque "que comunhão tem a luz com as trevas; ou Cristo com Belial?".  [II Cor. 6:15].

26. Aquele, portanto, que vive como verdadeiros crentes "purificaram seus corações pela fé"; [Atos 15:9]; de tal maneira, que todo aquele que tem Cristo nele, a esperança da glória [Col. 1:27], "purifica a si mesmo, assim como ele é puro" (I João 3:3). Ele é purificado da vontade própria ou desejo; porque Cristo desejou apenas fazer a vontade de seu Pai, e terminar sua obra. [João 4:34; 5:30]. E ele é puro da ira, no sentido comum da palavra; porque Cristo foi humilde e gentil; paciente e longânime. Eu digo, no sentido comum da palavra; porque nem toda ira é má. Nós lemos que o próprio nosso Senhor, (Marcos 3:5), uma vez, "olhou ao redor com ira". Mas com que tipo de ira? A palavra seguinte mostra, syllypoumenos, sendo, ao mesmo tempo, "Afligido pela dureza de seus corações" [Marcos 3:6]. Assim sendo, ele estava irado com o pecado e, ao mesmo tempo, afligido por causa dos pecadores; irado ou desconte com a ofenda, mas triste, por causa dos ofensores. Com ira, sim, ódio, Ele olhou para a coisa; com aflição e amor às pessoas. Vá, tu que és perfeito, e faze igualmente. Irai-vos, e não pequeis [Efésios 4:26]; sentindo um desprazer em cada ofensa contra Deus, mas apenas amor e terna compaixão para com o ofensor.

27. Assim, Jesus "salva seu povo de seus pecados": [Mateus 1:21]. E não apenas dos pecados exteriores, mas também dos pecados de seus corações; de pensamentos maus e de temperamentos maus. – "Verdade", dizem alguns, "nós podemos assim ser salvos de nossos pecados; mas não até a morte; não neste mundo".  Mas como devemos reconciliar isto com as palavras expressas de João? – "Nisto, nosso amor se torna perfeito, para que possamos ter ousadia no dia do julgamento. Porque como Ele é, assim somos neste mundo".  O Apóstolo aqui, além de toda contradição, fala de si mesmo e de outros cristãos vivos, de quem (como também ele previu esta mesma evasão, e colocou-se aniquilá-la em seu alicerce), ele claramente afirma que não apenas na morte ou depois da morte, mas neste mundo, eles são como o Mestre deles (I João 4:17).

28. Exatamente de acordo com isto, estão suas palavras, no primeiro capítulo desta Epístola, (I João 1:5 &c). "Deus é luz, e Nele não existe escuridão, afinal. Se nós caminharmos na luz, - teremos camaradagem um com o outro, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos limpará do pecado". E novamente: "Se confessarmos nossos pecados, Ele é justo para nos perdoar deles, e nos limpar de toda iniqüidade".  [I João 1:9]. Agora, é evidente que o Apóstolo aqui também fala de um livramento forjado neste mundo. Porque ele não diz, o sangue de Cristo limpará na hora da morte, ou no dia do julgamento, mas "limpará", no momento presente, "a nós", cristãos vivos, "de todo o pecado". E fica igualmente evidente, que se algum pecado permanece, nós não somos limpos de todo o pecado: Se alguma iniqüidade permanece na alma, ela não está limpa de toda iniqüidade. Nem permita que algum pecador diga, contra sua própria alma, que isto se relaciona à justificação apenas, ou a nos limpar da culpa do pecado. Em Primeiro Lugar, porque isto é misturar o que o Apóstolo claramente distingue; quem menciona, primeiro, perdoar nossos pecados, e, então, nos limpa de toda iniqüidade. Em Segundo Lugar, "porque isto é afirmar justificação pela obras, no sentido mais forte possível; é tornar toda santidade interior e exterior, necessariamente prévia à justificação. Porque, se a limpeza falada a respeito aqui é nenhuma outra do que o nos limpar da culpa do pecado, então, nós não estamos limpos do pecado; ou seja, não somos justificados, a menos na condição de 'caminhar na luz, como Ele está na luz'.[I João 1:7]. Resta, então, que os cristãos estão salvos neste mundo de todo o pecado, de toda iniqüidade; que eles estão agora em tal sentido perfeito, como não a cometer pecado, e estarem livres de pensamentos e temperamentos pecaminosos".

29. Assim, o Senhor cumpriu as coisas que ele falou, através de seus santos profetas, que têm existido, desde o começo do mundo; - através de Moisés, em particular, dizendo (Deuteronômio 30:6) Eu "circuncidarei teu coração, e o coração de tua semente, para amar o Senhor teu Deus, com todo o teu coração, e com toda a tua alma"; através de Davi, clamando: "Cria em mim um coração limpo, e renova um espírito correto dentro de mim".  [salmos 51:10] – e mais notavelmente em Ezequiel, nestas palavras: "Então, eu borrifarei água limpa sobre você, e você será limpo; de toda sua sujidade, e de todos os seus ídolos, eu limparei você. Um novo coração, também lhe darei, e um novo espírito colocarei em você; - e farei com que você caminhe em meus estatutos, e você mantenha meus julgamentos, e, os cumpra. – Você será meu povo, e eu serei teu Deus. Eu salvarei você de toda sua impureza. – Assim diz o Senhor seu Deus, no dia em que deverei limpar você de todas as suas iniqüidades, - o pagão saberá que eu, o Senhor, reconstruo os lugares destruídos; - eu o Senhor falo e farei isto". (Ezequiel 36:25-36).

30. "Tendo, portanto, essas promessas, meu amado", tanto na Lei quanto nos Profetas, e a palavra profética confirmada junto a nós no Evangelho, por nosso abençoado Senhor e seus Apóstolos; "vamos nos limpar de toda sujidade da carne e espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus". [II Cor. 7:1]. "Temamos, a fim de que" as tantas "promessas, feitas a nós de entrarmos em seu descanso", que aquele que entrou nele, não cesse suas próprias obras, "e qualquer um de nós não possa alcançá-la".  [Hebreus 4:1]. "Isto vamos fazer, que prossigamos em direção ao alvo, para o prêmio do alto chamado de Deus em Jesus Cristo". [Filipenses 3:13-14], clamando junto a ele, dia e noite, até que nós também sejamos "libertos da escravidão da corrupção, na liberdade gloriosa dos filhos de Deus!". [Romanos 8:21].

            AS PROMESSAS DA SANTIFICAÇÃO
            (Ezequiel 36:25-36.)

            Pelo Rev. Charles Wesley

1.      Deus de todo poder, e verdade, e graça,
Que deve, de eras em eras, resistir;
Cuja palavra, quando céu e terra passarem.
Permanecerá e ficará para sempre certa:
           
2.  Calmamente a ti minha alma procura,
                 E espera tuas promessas para provar;
                 O objeto de minha esperança constante,
                 O selo de teu amor eterno.

            3. Que eu, tua misericórdia, possa proclamar.
                Que toda a humanidade, tua verdade, possa ver,
                Santifique teu grande e glorioso nome,
                E perfeita santidade em mim.
           
            4. Escolhido do mundo, se agora eu permaneço,
                Adornado na retidão divina;
                Se trazido para a terra prometida,
                Eu justamente chamo o Salvador meu;

            5. Cumpre a obra que tu começaste,
                Minha alma mais interior a ti convertida:
                Ama-me, para sempre ama o que é teu,
                E borrifa com teu sangue meu coração.

            6. Teu Espírito santificado derrama,
                 Para extinguir minha sede, e me deixar limpo;
                 Agora, Pai, que a chuva graciosa,
                Desça, e torne-me puro do pecado.
           
            7. Purga-me de toda mancha pecaminosa
                Meus ídolos todos sejam colocados de lado:
                Limpa-me de todo pensamento mau.
                De toda imundície do ego e orgulho.

            8. Dá-me um novo, perfeito coração,
                Da dúvida, e medo, e tristeza, livra-me;
                A mente que estava em Cristo concede-me,
                E permite que meu espírito adira-se a ti,
           
            9. Arranca este coração de pedra,
                (O teu governá-lo, não pode possuí-lo;)
                Em mim, não o deixa mais ficar:
                Ó, arranca este coração de pedra. 
      
10. O ódio de minha mente carnal
       Da minha carne, imediatamente, remove;
       Dá-me um coração terno, resignado,
                   E puro, repleto da fé e amor.
     
11. Dentro de mim, teu bom Espírito coloque,
       Espírito de saúde, de amor e poder;
       Planta em mim, tua vitoriosa graça,
                   E o pecado não deverá mais entrar.

            12. Faze-me caminhar em Cristo, meu Caminho,
                   E eu, teus estatutos cumprirei;
                   E cada ponto de tua lei, obedecerei.
                    E perfeitamente executarei tua vontade.

            13. Tu não disseste, quem não podes mentir,
                   Que eu tua lei devo manter e fazer?
                   Senhor, eu acredito, embora os homens neguem;
                    Eles todos são falsos, mas tu és verdadeiro.

            14. Ó, que eu agora, do pecado liberto,
                   Tua palavra poderosa, ao extremo, prove!
                   Entre no descanso prometido,
                   A Canaã de teu amor perfeito! 

15. Lá, permita-me sempre, sempre habitar;
      Através de ti meu Deus, e eu serei
      Teu servo: Ó, sela-me com teu selo!
                  Dá-me a vida eterna em Ti.

            16. De toda sujeira dentro restante
                   Permita-me, em Ti, salvação ter:
                  Do presente, e do pecado inato
                  Minha alma remida persiste salvar.
           
            17. Lava minha velha mancha original:
                  Não me dize mais, isto não pode ser,
                  Demônios ou homens! Teu Cordeiro foi morto
                  Seu sangue foi todo derramado por mim!

18. Respinga ela, Jesus, em meu coração:
      Uma gota de teu sangue todo limpo
      Faze minha pecabilidade partir,
      E preenche-me com a vida de Deus.  

            19. Pai, supre toda minha necessidade:
                  Mantém a vida que ti mesmo tens dado;
                  Pede pelo milho, o pão vivo,
                  O maná que desce dos céus.

            20. Os frutos graciosos da retidão,
                  Teus armazéns de bênçãos inesgotáveis,
                  Em mim abundantemente aumente;
                  Nem me permite, alguma vez mais, ter fome.    
           
            21. Que eu não mais, em queixa profunda:
                  "Minhas pobrezas, Ó, minhas pobrezas!", grite;
                  Sozinho, consumido com necessidade mínima,
                  De todos os filhos de meu Pai, eu!

            22. A sede dolorosa, o desejo afetuoso,
                  Tua presença jubilosa possa remover;
                  Enquanto minha alma cheia ainda requeira
                  Toda tua eternidade de amor.

23. Santo, e verdadeiro, e justo Senhor,
      Eu espero para provar teu desejo perfeito;
      Sê cuidadoso com tua palavra graciosa.
     E sela-me com o selo do teu Espírito!
            
          24. Tuas misericórdias fiéis, deixa-me encontrar,
                Nas quais, tu me fazes confiar;
                Dá-me uma mente humilde e mansa,
                E humilha meu espírito ao pó.

       25.  Mostra-me quão tolo meu coração tem sido,
              Quando todo renovado pela graça eu sou:
              Quando tu tens me esvaziado do pecado,
              Mostra-me a plenitude de minha vergonha.

      26.  Abra meus olhos interiores da fé,
             Mostra tua glória do alto;
             E tudo que eu sou deve sucumbir e morrer,
             Perdido na perplexidade e amor.

      27.  Confunde-me e subjuga-me com tua graça:
             Eu abominaria a mim mesmo;
             (todo poder, toda majestade, todo louvor,
             Toda glória seja para Cristo, meu Senhor!)

      28.  Agora, permite-me ganhar o apogeu da perfeição!
             Agora, permite-me, no nada, cair!
             Ser menos que nada, aos teus olhos,
             E sentir que Cristo é tudo em todos!

[Editado por Dave Sparks (Pastor) na Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções de George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]

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