Pesquisar este blog

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Sobre o Sermão do Monte – Parte III


John Wesley

'Bem-aventurados os puros de coração: Porque eles verão a Deus. Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados de filhos de Deus. Bem-aventurados os que sofrem perseguição, por causa da justiça, porque deles é reino dos céus, Bem-aventurados sóis vós, quando vos injuriarem, e perseguirem; e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa. Regozijem-se e alegrai-vos, porque é grande a vossa recompensa nos céus. Porque assim perseguiram os Profetas que vieram antes de vós'. (Mateus 5:8-12)

I

1. Quão excelentes coisas são faladas do amor de nosso próximo! Ele é 'o cumprimento da lei', 'a finalidade do mandamento'. Sem isto, tudo o que temos; tudo que fazemos; tudo que sofremos, não tem valor algum aos olhos de Deus. A não ser o amor ao nosso próximo, que brota do amor de Deus: Do contrário, ele mesmo de nada vale. Cabe a nós, portanto, examinarmos bem sobre que alicerce nosso amor ao próximo se sustenta; se ele é realmente construído em cima do amor de Deus; se nós 'o amamos, porque Ele primeiro nos amou'; se nós somos puros de coração: porque este é a fundação a qual nunca deverá ser movida. 'Abençoados, os puros de coração; porque eles verão a Deus!'.

2. 'Os puros de coração' são aqueles cujos corações Deus tem 'purificado, assim como Ele é puro'; que são purificados, através da fé, no sangue de Jesus, de toda afeição profana; que, sendo, 'limpos de toda imundícia da carne e espírito; santidade perfeita no temor' amoroso 'de Deus'. Eles são, pelo poder de sua graça, purificados do orgulho, através da mais profunda pobreza de espírito. Da ira, e de toda paixão indelicada ou turbulenta, através da humildade e gentileza. De todo desejo, a não ser o de agradar e alegrar a Deus, para conhecer e amá-lo, mais e mais, através daquela fome e sede de retidão, que agora ocupa toda a sua alma: De maneira que, agora, eles amam ao Senhor seu Deus com todo seu coração, com toda sua alma, mente e forças.

3. Mas quão pouco, essa pureza de coração tem sido cuidada, pelos falsos professores de todas as épocas! Eles têm ensinado os homens a absterem-se, mal e mal, de tais impurezas exteriores que Deus tem proibido, através da aparência; mas elas não tocam o coração; e, por não se guardarem contra, em feito, encorajaram as corrupções interiores.
           
            Um exemplo notável disto, nosso Senhor nos tem dado, nas seguintes palavras, em (Mateus 5:27) 'Ouvistes o que foi dito aos antigos: não cometerás adultério', e, em explicar isto, aqueles líderes cegos apenas insistiram que os homens se abstivessem dos pecados exteriores. 'Eu porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiça, já em seu coração, cometeu adultério contra ela'. (Mateus 5:28); já que Deus requer a verdade, daquilo que está, no interior do homem: Ele inspeciona o coração, e experimenta as afeições; e, se você está inclinado à iniqüidade com seu coração, o Senhor não irá ouvi-lo.

            4. E Deus não admite desculpa, para reter qualquer coisa que dê oportunidade para a impureza. Por conseguinte, 'se teu olho direito te escandalizar, arranca-o fora, e atira-o, para longe de ti. Pois é de maior proveito que se perca um dos teus membros, do que todo o teu corpo seja lançado no inferno'. (Mateus 5:29). Se pessoas queridas a ti, como teu olho direito, derem uma oportunidade de, assim, escandalizares a Deus, como estimulando desejos impuros em tua alma, sem demora, com toda veemência, afasta-te delas. 'E, se tua mão direita te escandalizar, corta-a, fora, e a atira para longe de ti; porque te é melhor que um dos seus membros se perca, que todo o teu corpo seja lançado no inferno'. (Mateus 5:30): Se alguém, que pareça ser tão necessário a ti, quanto a tua mão, for motivo do pecado, do desejo impuro; mesmo que ele nunca vá mais além do que teu coração; nunca se manifeste por palavra ou ação; constranja a ti mesmo a um rompimento inteiro e decisivo: tire-o fora de tua vida, num só golpe:  e o entregue aos cuidados de Deus. Qualquer perda, se de prazer, ou substância, ou amigos, é preferível a perder a tua alma.

            Dois passos apenas não serão impróprios tomar, antes de tal separação absoluta e decisiva:

1o. Experimente que o espírito impuro não possa ser expulso, através de jejum e oração; cuidadosamente, abstendo-se de toda ação, palavra, olhar, que você possa se certificar dê oportunidade ao mal;

2o. Se, por esses meios, você não for liberto, então, peça conselho a Ele que conhece a sua alma; ou, pelo menos, a alguém que tenha experiência, nos caminhos de Deus, no tocante ao tempo, e a maneira de proceder àquela separação; mas não outorgue à carne e ao sangue, a fim de que 'não venha a se entregar a uma forte ilusão, por acreditar numa mentira'.

5. Nem pode o próprio casamento, santo e honrado quanto ele seja, ser usado como pretexto, para  dar livre vazão aos nossos desejos. De fato, 'tem sido dito que, qualquer que repudie a sua esposa, que ele dê a ela carta de divórcio: E, então, tudo estará bem; embora ele não alegue causa, a não ser que ele não a ama, ou ama mais a uma outra. 'No entanto, eu digo que, quem quer que repudie sua mulher, exceto em caso de fornicação', (ou seja, adultério; a palavra 'porneia' significando 'falta de castidade', em geral; tanto sendo casado, como sendo solteiro) 'dará oportunidade a que ela cometa adultério', se ela se casar novamente: 'E qualquer que se casar com ela, que foi repudiada, cometerá adultério, também', conforme (Mateus 5:31-32).   

            Toda poligamia é claramente proibida nessas palavras, nas quais nosso Senhor declara expressamente que, qualquer mulher que tenha um marido vivo, se, se casar novamente, cometerá adultério. Por analogia, é adultério para qualquer homem que se casar novamente, por quanto tempo ele tenha uma esposa viva; sim, mesmo que ele seja divorciado; a menos que aquele divórcio tenha sido por causa de adultério: apenas neste caso, não existe escrita que o proíba de se casar novamente.

            6. Tal é a pureza de coração que Deus requer e opera naqueles que acreditam no Filho de seu amor. E 'abençoados sejam' os que são assim 'puros no coração; porque eles verão a Deus'. Ele 'manifestará a si mesmo, junto a eles', não apenas 'como ele faz, para com o mundo', mas como ele nem sempre faz aos seus próprios filhos. Ele os abençoará com as mais claras comunicações de seu Espírito; a mais íntima 'camaradagem com o Pai e com o Filho'. Ele fará com que sua presença esteja continuamente diante deles, e a luz de seu semblante brilhe sobre eles. Esta é a incessante oração de seus corações: 'Eu implore a ti que me mostre a tua glória'; e eles têm a petição que pediram dele. Eles agora vêm a Ele, através da fé, (o véu da carne estando agora transparente); mesmo nas suas obras menores, e em tudo que os circunda; em tudo que Deus tem criado e feito. Eles vêem Deus, nas alturas, e nas profundezas abaixo; eles vêem a Ele sendo tudo em tudo. Os puros de coração vêm todas as coisas completas de Deus. Eles vêem a Ele no firmamento dos céus; na lua; caminhando no esplendor; no sol, quando se regozija como um gigante que segue seu curso. Eles vêem a Ele 'fazendo das nuvens suas carruagens, e caminhando nas asas do vento'. Eles vêem a Deus 'preparando a chuva para a terra, e abençoando o crescimento dela; fornecendo grama para o gado; e vegetais para o uso do homem'. Eles vêem o Criador de tudo, sabiamente governando a todos, e 'mantendo todas as coisas, através da palavra de seu poder'.

'Ó, Senhor, nosso Governador, quão excelente é teu nome em todo o mundo'.

            7. Em todas as suas providências relacionadas a si mesmos, às suas almas ou corpos, os puros de coração vêem mais particularmente a Deus. Eles vêem Sua mão sobre eles, sempre para o bem; dando a eles todas as coisas, no peso e na medida, numerando os cabelos de suas cabeças, e fazendo uma cerca, em volta deles, e de tudo o que eles têm, e dispondo todas as circunstâncias de suas vidas, de acordo com a profundidade de sua sabedoria e misericórdia. 

            8. Mas de uma maneira mais especial, eles vêem Deus em suas ordenanças. Se eles aparecem em uma grande congregação, para 'retribuir a Ele uma honra devida a Seu nome, e adorá-lo na beleza da santidade'; ou 'entrar em seus aposentos',  e lá, derramarem seus corações diante de seu 'Pai que está em secreto'; se eles buscam os oráculos de Deus, e ouvem os embaixadores de Cristo proclamando as boas novas da salvação; ou, comendo daquele pão, e bebendo daquele cálice, 'anunciando sua morte, até que ele venha', nas nuvens dos céus; -- em todos esses seus caminhos apontados, eles encontram tal aproximação que não pode ser expressa. Eles vêem a Ele, como se fosse, face a face, e 'falam com ele, como um homem fala com seu amigo'; -- uma preparação adequada para aquelas mansões acima, onde eles poderão vê-lo como Ele é.

9. Mas quão longe de ver Deus, estão aqueles que têm ouvido 'o que foi dito aos antigos: não perjurarás; mas cumprirás teu juramento ao Senhor'. (Mateus 5:33), e o interpretado assim: Não perjurarás, quando tu jurares, através do Senhor Jeová.  Tu 'cumprirás, junto ao Senhor' esses teus 'juramentos'; mas, assim como para outros juramentos, Ele não tomará conhecimento deles.

Assim os Fariseus ensinaram. Eles não apenas permitiram toda as maneiras de juramento, em conversas comuns; mas consideraram mesmo como perjuro uma coisa pequena, de maneira que eles não tinham jurado, através do peculiar nome de Deus.

Mas nosso Senhor aqui proíbe absolutamente todo juramento comum, tanto quanto todo juramento falso; e mostra a atrocidade de ambos, através da mesma consideração terrível de que toda criatura está em Deus, e ele está presente em todo lugar, em tudo, e sobre tudo. 'Eu, porém,vos digo que, de maneira nenhuma, jureis nem pelo céu, porque é o trono de Deus' (Mateus 5:34); e, por conseguinte, isto é o mesmo que jurar, através Dele que se senta no trono dos céus: 'Nem jurarás pela terra; porque é o escabelo de seus pés' (Mateus 5:35); e ele está tão intimamente presente na terra, quanto no céu: 'Nem por Jerusalém; porque é a cidade do grande Rei'; e Deus é bem conhecido em seus palácios. 'Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto'  (Mateus 5:36); porque mesmo isto, é evidente, não te pertence, mas a Deus; o único que pode dispor de tudo que há nos céus e terra. 'Seja, porém, o vosso falar', (Mateus 5:37); sua conversa; seu discurso um com o outro 'ser: Sim, sim; Não, Não'; uma afirmação ou negação sim e séria; 'porque o que passar disso, será de procedência maligna'; procedera do diabo, e é a marca de seus filhos.

10. Que nosso Senhor não proíbe aqui o 'jurar em julgamento e verdade', quando nós somos requeridos a assim fazê-lo, através de um Magistrado, pode aparecer:

            1o.  Quando da ocasião dessa parte de seu discurso, -- o abuso que ele estava aqui reprovando, -- era o do falso juramento e do juramento comum; sendo o jurar diante de um Magistrado uma coisa totalmente fora de questão.

            2o. Das mesmas palavras onde ele forma a conclusão geral: 'Que sua comunicação',  ou discurso, 'seja:Sim, sim; Não, não'.

            3o. Do seu próprio exemplo; já que ele mesmo respondeu sob juramento, quando requerido pelo Magistrado. Quando o Alto Sacerdote disse junto a ele: 'Pelo Deus vivo, conjuro-te que nos digas, se tu és o Cristo, o Filho de Deus'; Jesus imediatamente respondeu na afirmativa: 'Tu o dissestes'; (ou seja, a verdade); 'não obstante', (ou, antes, além disso), 'digo-vos que, em breve, vereis o Filho do Homem assentado á direita do Todo-Poderoso, e vindo sobre as nuvens do céu'. (Mateus 26:63-64)

            4o. Do exemplo de Deus, mesmo o Pai, que 'Querendo mais abundantemente mostrar aos seus herdeiros da promessa a imutabilidade de seu conselho, confirmou-a com juramento'. (Hebreus 6:17).

            5o. Do exemplo de Paulo, que nós acreditamos, tinha o Espírito de Deus, e bem entendia o pensamento de seu Mestre, 'Deus é minha testemunha', diz ele, aos Romanos, 'que eu, sem cessar, fiz menção sempre de vocês em minhas orações': (Romanos 1:9). Aos Coríntios, 'Invoco, porém a Deus, por testemunha sobre a minha alma, que, para vos poupar, não tenho até agora ido a Corinto': (2 Cor. 1:23). E as Filipenses, 'Porque Deus me é testemunha das saudades que de todos vós tenho, em entranhável afeição a Jesus Cristo'. (Fil. 1:8). Disto, aparece, inegavelmente que, se o Apóstolo conhecia o significado das palavras do Senhor, ele não proibira jurar, em ocasiões importantes, mesmo um ao outro. Quanto menos, diante de um Magistrado!

E, por fim, da afirmação do grande Apóstolo, concernente ao juramento solene em geral: (o que é impossível que ele pudesse ter mencionado, sem algum toque de vergonha, se seu Senhor tivesse proibido totalmente isto): 'Porque os homens certamente juram, por alguém superior a eles, e o juramento para confirmação é, para eles, o fim de toda contenda'.  (Hebreus 6:16).

11. Mas a grande lição que nosso abençoado Senhor repisa aqui, e que Ele ilustra, através desse exemplo, é que Deus está em todas as coisas, e que nós podemos ver o Criador no espelho de cada criatura; que nós podemos usar e olhar sobre nada, como estando separada de Deus; o que, de fato, seria uma espécie de ateísmo prático; mas, com a verdadeira magnificência do pensamento, inspecionar céus e terra, e tudo o que nela há, como contida em Deus, na concha de sua mão; quem, pela sua profunda presença os possui na existência; quem penetra e impulsiona a forma criada, e é, em um sentido verdadeiro, a alma do universo.

II

1. Assim sendo, nosso Senhor tem estado mais diretamente ocupado em ensinar a religião do coração. Ele tem mostrado o que os cristãos devem ser. Ele prossegue mostrando o que eles devem fazer também, -- como a santidade interior deve se inserir em nossa conversa exterior. 'Bem-aventurados', diz ele, 'são os pacificadores; porque eles serão chamados de filhos de Deus'.

            2. 'Os pacificadores': A palavra, nos escritos sagrados, implica toda maneira do bem; toda benção que se relaciona tanto com a alma, quanto com o corpo; com o tempo ou a eternidade. Desse modo, quando Paulo, nos documentos de suas Epístolas, deseja graça e paz aos Romanos ou aos Coríntios, é como se ele dissesse: 'Que vocês possam desfrutar de todas as bênçãos, espiritual e temporal; todas as boas coisas que Deus tem preparado para aqueles que o amam, como um fruto do voluntário e desmerecedor amor e favor de Deus'.

             3. Daqui, nós podemos facilmente aprender, em que sentido ampliado, o termo 'pacificadores' deve ser entendido. Em seu significado literal, ele implica aqueles amantes de Deus e homem, que detestam e abominam extremamente toda contenda e debate; toda  divergência e contenção; e, conseqüentemente, trabalham com todas as suas forças, tanto para impedir esse fogo do inferno de ser acesso, quanto, quando ele está acesso, de expandir-se, ou, quando expandido, de se espalhar para mais longe. Eles se esforçam para acalmar os espíritos tempestuosos dos homens; para aquietar suas paixões turbulentas; para  suavizar as mentes das partes opostas; e, se possível, reconciliá-las. Eles usam de todas as artimanhas inocentes, e empregam todas as suas forças, todos os talentos que Deus lhes tem dado, tanto para preservar a paz, onde ela se encontra, como para restaurá-la, onde ela não está. É a alegria de seus corações promoverem, confirmarem, aumentarem, a boa-vontade mútua entre os homens; mas, mais especialmente, entre os filhos de Deus; não obstante, distinto, através das coisas de menor importância; que, como eles têm todos 'um só Senhor, uma só fé'; como eles estão todos 'atraídos na única esperança de seus chamados',  de maneira que eles possam todos 'caminhar merecedores da vocação, por meio da qual, foram chamados; com toda a humildade e submissão; com longanimidade; pacientes uns com os outros em amor; esforçando-se para manterem a unidade do Espírito nos laços da paz'.

            4. Mas, na extensão completa da palavra, um 'pacificador' é alguém que, quando ele tem a oportunidade, 'faz o bem a todos os homens'; alguém que, estando preenchido com o amor a Deus e a toda humanidade, não pode confinaras manifestações desse amor, à sua própria família, ou amigos, ou conhecidos, ou partido, ou aqueles de suas próprias opiniões, -- não, nem àqueles que são parceiros de igual fé preciosa; mas ultrapassa todos esses limites estreitos, para que ele possa fazer o bem a todos os homens; para que ele possa, de um modo ou de outro, manifestar seu amor a seu próximo e estranhos; amigos e inimigos. Ele faz o bem a eles todos, como se tivesse oportunidade, ou seja, em todas as ocasiões possíveis; 'compensando o tempo', com o objetivo de, nisto, 'aproveitar toda a oportunidade; propiciando cada hora; não perdendo o momento em que ele possa ser proveitoso a outro'. Ele faz o bem; não de uma espécie particular, mas o bem em geral, de todas as formas possíveis; empregando nisto todo seu talento, de todos os tipos; todos os seus poderes e faculdades do corpo e alma; toda sua fortuna; seus interesses; sua reputação; desejando, apenas, que, quando seu Senhor vier, Ele possa dizer: 'Bravo! Meu bom e fiel servo!'.

            5. Ele pratica o bem, até a última gota de seu poder; igualmente, aos corpos de todos os homens. Ele se regozija em 'repartir seu pão com o faminto', e 'em cobrir o nu com uma peça de roupa'. Existe algum estranho? Ele o faz entrar, e o alivia, de acordo com suas necessidades. Alguém está doente ou na prisão? Ele o visita, e administra tais socorros, de acordo com o que mais precisa. E tudo isto ele faz, não, junto a homem; mas lembrando-se Dele que disse: 'Porquanto, o que você fizer ao mais simples destes meus irmãos, será a mim você estará fazendo'.

            6. O quanto ele se regozija, se ele pode fazer algum bem à alma de algum homem! Esse poder, de fato, pertence a Deus. É Ele apenas que muda o coração, sem o que, todas as outras mudanças seriam mais frívolas do que a vaidade. Não obstante, agrada a Ele, que opera tudo em todos, ajudar o homem; principalmente, através do homem; para tornarem conhecidos seu próprio poder, benção e amor, por meio deles. Portanto, embora seja certo que a 'a ajuda que é feita na terra, seja o próprio Deus quem a faz';ainda assim, nenhum homem precisa, por isso, permanecer inútil em seu vinhedo. O pacificador não pode: Ele está sempre se ocupando nele, e é como um instrumento, nas mãos de Deus, preparando o solo para seu Mestre usar, ou semeando as sementes do reino, ou regando o que já está semeado, se, por acaso, Deus pode fazê-lo progredir.

De acordo com a medida da graça que recebe, ele usa de toda diligência; tanto para reprovar o pecador grosseiro; para reclamar daqueles que se precipitam, para o caminho mais largo da destruição; quanto para 'fornecer luz àqueles que se sentam na escuridão', e estão prontos a 'perecer, por falta de conhecimento'; ou para 'auxiliar o fraco; erguer as mãos que estão abaixadas, e os joelhos débeis; ou para trazer de volta e curar aquele que estava incapacitado, ou estava fora do caminho. Nem ele é menos zeloso, ao confirmar aqueles que já estão se esforçando para entrar, pelo portão estreito; ao fortalecer aqueles que permanecem, a fim de que possam 'correr, perseverantes, a corrida que se coloca diante deles'; ao edificar, na fé mais santa deles, aqueles que sabem em quem eles têm acreditado, exortando-os a estimular o dom de Deus, que está neles, para que, crescendo na graça diariamente, 'uma permissão possa ser dada a eles, abundantemente, no reino eterno de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo'.

7. 'Bem-aventurados' são estes que estão assim continuamente empregados na obra da fé e trabalho do amor; 'porque eles serão chamados', ou seja, eles deverão ser (um Hebraísmo comum) 'os filhos de Deus'. Deus deve estender junto a eles o Espírito de adoção; sim, deverá derramá-lo mais abundantemente em seus corações. Ele deverá abençoá-los com todas as bênçãos de seus filhos. Ele deverá reconhecê-los, como filhos, diante de anjos e homens; 'e, uma vez filhos, seus herdeiros; herdeiros de Deus, e co-herdeiros com Cristo'.

III

1. Alguém poderia imaginar que tal pessoa, como a que tem sido acima descrita, tão cheia de humildade genuína; tão impassivelmente séria; tão equilibrada e gentil; tão livre de todo objetivo egoísta; tão devotado a Deus, e tal amante ativo dos homens, seria o preferido da humanidade. Mas nosso Senhor está mais familiarizado com a natureza humana, em seu estado presente. Ele, por conseguinte, conclui o caráter desse homem de Deus, mostrando a ele o tratamento que ele deve esperar do mundo: 'Bem-aventurados', diz ele, 'são os que são perseguidos por causa da justiça; porque deles é o reino dos céus'.  

            2. Com o objetivo de entender isto, totalmente, Primeiro, vamos inquirir, quem são eles que são os perseguidos? E isto pode ser facilmente aprendido de Paulo:

            (Gal. 4:29) 'Mas, como, então, aquele que era gerado, segundo a carne, perseguia o que o era, segundo o Espírito; assim, é também agora'.  

            (2 Tim. 3:12) 'Sim',  diz o Apóstolo, 'também, todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições'.

            (I João 3:13-14) O mesmo nós aprendemos, através de João: 'Meus irmãos, não vos maravilheis, se o mundo vos aborrece. Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; quem não ama a seu irmão permanece na morte'. Como se ele tivesse dito: os irmãos, os cristãos, não podem ser amados, a não ser por aqueles que passaram da morte para a vida. E, mais expressamente, através de nosso Senhor em:

            (João 15:18-20) 'Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, ele odeia a mim. Se vós fosseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas, porque não sois do mundo, antes, eu vos escolhi do mundo, por isso, é que o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que vos disse: não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também perseguirão a vós'.

            Através de todas essas Escrituras, aparecem, manifestadamente, aqueles que são os perseguidos; ou seja, os justos: Aqueles 'que são nascidos do Espírito'; 'todos que viverão divinamente em Jesus Cristo'; aqueles que 'passaram da morte para a vida'; os que 'não são do mundo'; todos esses que são mansos e humildes de coração; que murmuram por Deus; que têm fome de sua semelhança; todos os que amam a Deus e seu próximo; e, que, por conseguinte, quando têm oportunidade, praticam o bem a todos os homens.

3. Em Segundo Lugar, se for inquirido, por que eles são perseguidos; a resposta é igualmente clara e óbvia: É 'por causa da justiça'; porque eles são justos; porque eles são nascidos do Espírito; porque eles 'irão viver divinamente em Cristo Jesus'; porque eles 'não são do mundo'. O que quer que possa ser pretendida, esta é a causa real: sejam suas enfermidades, mais ou menos; ainda assim, se não fosse por isto, eles iriam nascer do mundo, e o mundo iria amar o que lhe pertence. E eles são perseguidos:

Porque eles são pobres em espírito; ou seja, diz o mundo, 'serem pobres em espírito, significa, que suas almas são fracas, covardes; boas para coisa alguma; nada adequadas a viverem nele': --  

E, porque eles murmuram: 'Eles são tais criaturas estúpidas, grosseiras, indolentes, prontas para fundar o espírito de qualquer um que os procure! Eles são meras cabeças mortas. Eles matam a alegria inocente; e danificam as sociedades onde quer que eles cheguem'. –

Porque eles são humildes: 'Eles são subjugados, tolos passivos, adequados exatamente para serem maltratados': --  

Porque eles têm fome e sede de justiça: 'são uma parcela dos entusiastas histéricos; abrindo a boca atrás do que eles não sabem o que; não satisfeitos com a religião racional, mas enlouquecidos em busca de êxtase e sentimentos interiores:' –

Porque eles são misericordiosos e amam a todos; amam o mau e o ingrato: 'Eles estão encorajando todas as formas de maldade; mais ainda, tentando as pessoas a causarem dano, através da impunidade: e são homens que, devem ser temidos; têm as suas próprias religiões, ainda para buscarem; muito vagos, em seus princípios':

Porque eles são puros de coração': 'São criaturas sem caridade; que amaldiçoam todo o mundo; a não ser aqueles que são da sua própria estirpe! Patifes blasfemadores, que pretendem fazer de Deus um mentiroso, estando sem pecado!' –

 Acima de tudo, porque são pacificadores; porque eles aproveitam todas as oportunidades para praticarem o bem a todos os homens. Esta é a grande razão, porque eles são perseguidos, em todas as épocas; e assim será, até a restituição de todas as coisas. 'Se eles pudessem manter a religião deles, para si mesmos, isto seria tolerável: Mas é isto que está espalhando seus erros; infectando tanto outros; o que não poderá ser mais suportado. Eles causam tanto dano no mundo, que eles não deverão mais ser tolerados. É verdade que esses homens fazem algumas coisas bem feitas; eles aliviam alguns pobres; mas também isto é feito, apenas para ganhar mais adeptos; e, assim, de fato, causarem mais prejuízo!'.

Desta maneira, os homens do mundo sinceramente pensam e falam. E quanto mais o reino de Deus prevalece; mais os pacificadores são capacitados a propagar a mansidão, humildade, e todos os outros temperamentos divinos; mais dano é causado, por conta deles: Conseqüentemente, quanto mais eles ficam enraivecidos contra os autores disto, mais veementemente eles os perseguem.

4. Em Terceiro Lugar, vamos inquirir, quem são aqueles que os perseguem? Paulo responde: 'Aqueles que são nascidos, segundo a carne': Todos os que não são 'nascidos do Espírito', ou, pelo menos, não estão desejosos de assim o serem; todos os que não trabalham para 'viverem divinamente em Jesus Cristo'; todos os que 'não passaram da morte para a vida', e, conseqüentemente, não podem 'amar o irmão'; 'o mundo', ou seja, de acordo com o relato de nosso Salvador, aqueles que 'não conhecem a Ele que me enviou; que não conhecem a Deus; ou mesmo o amor e redenção de Deus, através do ensinamento de seu próprio Espírito'.
           
            A razão é simples: o espírito que está no mundo, está diretamente em oposição ao Espírito que está em Deus. E ele precisa estar, por conseguinte, para que aqueles que são do mundo estejam em oposição àqueles que são de Deus. Existe o mais extremo antagonismo entre eles; em todas as suas opiniões; seus desejos; objetivos; e temperamentos. E, até aqui, o leopardo e a criança não podem se deitar juntos em paz. O orgulhoso, porque ele é orgulhoso, não pode deixar de perseguir o humilde; o leviano e animado, aqueles que murmuram: E, assim, em todos os outros tipos; a dessemelhança de disposição (onde não existe outra) sendo um alicerce perpétuo da inimizade. Portanto, seja apenas por esse motivo, todos os servos do diabo irão perseguir os filhos de Deus.

            5. Em Quarto Lugar, se for inquirido, como eles irão persegui-los, poderá ser respondido, de uma maneira geral, exatamente naquela forma e medida que o sábio Disponente vê que será melhor para sua glória, -- irá inclinar mais ao crescimento de Seus filhos na graça, e o alargamento de seu próprio reino. Não existe uma ramificação do governo de Deus do mundo que seja mais admirável do que este. Seus ouvidos nunca estão cansados para as ameaças do perseguidor; ou o clamor dos perseguidos. Seus olhos estão sempre abertos, e sua mão, sempre estendida para dirigir cada uma das menores circunstâncias. Quando a tempestade deverá começar; quão alto ela deverá se erguer; que caminho ela apontar seu curso; quando e como ela deverá terminar, tudo é determinado, através de Sua sabedoria infalível. O descrente é apenas uma espada Dele; um instrumento que Ele usa a seu prazer, e que, ela mesma, quando o gracioso fim de sua providência é respondido, é lançada no fogo.

Em alguns momentos raros, como quando o Cristianismo foi primeiramente plantado, e enquanto ele foi criando raiz na terra; como também, quando a doutrina pura de Cristo começou a ser plantada novamente em nossa nação; Deus permitiu que a tempestade se erguesse alto, e seus filhos fossem chamados para resistir com sangue. Existiu uma razão peculiar, porque eles sofreram isto, com respeito aos Apóstolos: para que a sua evidência pudesse ser a mais inquestionável. Mas, dos anais da igreja, nós aprendemos uma outra; uma razão muito diferente, do porquê eles sofreram perseguições pesadas, que se ergueram, no segundo e terceiro séculos; ou seja, porque 'o mistério da iniqüidade operou' tão fortemente; por causa das corrupções monstruosas que, então, reinaram na igreja. Esses, Deus puniu, e ao mesmo tempo, esforçou-se para curar, através daquelas severas, mas necessárias visitações.

Talvez, a mesma observação possa ser feita, com respeito à grande perseguição em nossa própria terra. Deus tem tratado muito graciosamente nossa nação. Ele tem derramado várias bênçãos sobre nós: Ele nos tem dado paz, em casa, e além de nossas fronteiras; e um Rei sábio e bom, ao longo de seus anos: E, acima de tudo, ele tem feito com que a luz pura de seu evangelho se erguesse e brilhasse em meio de nós. Mas que retorno Ele tem encontrado? 'Ele procurou por retidão; mas encontrou um clamor! – um clamor de opressão e engano; de ambição e injustiça; de malícia, e fraude, e cobiça. Sim, o clamor daqueles que, mesmo então, morreram nas chamas, que entraram nos ouvidos do Senhor do Sábado. Foi, então, que Deus ergueu-se para manter sua própria causa, contra aqueles que asseguraram a verdade na injustiça. Assim, ele os entregou nas mãos de seus perseguidores; através de um julgamento misturado com misericórdia; uma aflição para punir; e, ainda assim, um remédio para curar, as graves apostasias de seu povo.

6. Mas raramente Deus consente que a tempestade se erga tão alta, como tortura, morte, cativeiros ou prisão. Considerando que seus filhos são freqüentemente chamados para suportar essas espécies mais leves de perseguição; eles freqüentemente sofrem a desavença da parentela, -- e a perda de amigos que eram como suas próprias almas. Eles se certificam da verdade das palavras de seu Senhor (no que concerne ao evento, embora não ao objetivo de sua vinda): (Lucas 12:51) 'Cuidei vós que vim trazer paz à terra? Eu vos digo, não; mas, antes, dissensão'. E, disso, segue-se naturalmente a perda de negócio ou empreendimento, e, conseqüentemente de bens materiais. Mas todas essas circunstâncias, igualmente, estão debaixo da sábia direção de Deus, que distribui proporcionalmente a todos o que é mais expediente para ele.  

7. Mas a perseguição que atende a todos os filhos de Deus é aquela que nosso Senhor descreve nas seguintes palavras: 'Bem-aventurados sóis vós, quando vos injuriarem, e perseguirem; e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa'. Isso não pode falhar; este é o mesmo emblema de nosso discipulado; é um dos selos de nosso chamado; é a porção certa requerida sobre todos os filhos de Deus: Se nós não tivermos isto, nós seremos bastardos e não filhos. Direto, através da boa ou má reputação, se estende o único caminho para o reino. O manso de coração, o sério, o humilde, os amantes zelosos de Deus e homem são os que têm boa reputação, em meio aos seus irmãos; mas os de má reputação para com o mundo, que os julga e os ameaça 'são como a sujeita e refugo de todas as coisas'.

8. De fato, alguns têm suposto que, diante da abundância dos gentios que devem vir, o escândalo da cruz irá cessar [Wesley se refere à perseguição que ele e seus ministros sofreram]; que Deus fará com que os cristãos sejam estimados e amados, mesmo por aqueles que estão ainda em seus pecados. Sim; e é certo que, mesmo agora, Ele, algumas vezes, interrompe temporariamente a contenda, tanto quanto a ferocidade dos homens; 'ele faz com que os inimigos dos homens estejam em paz consigo, por algum tempo, e dá a eles favor com seus mais amargos perseguidores'. Porém, colocando de lado esse caso singular, o escândalo da cruz, ainda, não está terminado; embora um homem ainda possa dizer, 'Se eu agradar a homens, eu não sou servo de Cristo. Que nenhum homem, portanto, leve em consideração aquela sugestão prazerosa (prazerosa, sem dúvida, para a carne e sangue), de que os homens maus apenas fingem odiar, e desprezar aqueles que são bons; em vez disto, os amam e estimam em seus corações'. Não é assim: Eles podem empregá-los, algumas vezes; mas é para o próprio proveito deles. Eles podem colocar confiança neles; já que eles sabem que seus métodos não são como de outros homens. Mas, ainda assim, eles não os amam; exceto, na medida em que o Espírito de Deus possa lutar com eles. As palavras de nosso Senhor são expressas:  'Se vocês fossem do mundo, o mundo amaria o que lhe pertence; mas, porque vocês não são do mundo, por conseguinte, o mundo odeia vocês'. Sim, (colocando de lado as exceções que possam ser feitas, através da graça preventiva ou providência peculiar de Deus), ele odeia a eles tão cordialmente e sinceramente, como sempre o fizeram para com seu Mestre. 

9. Resta apenas inquirir: Como os filhos de Deus devem se comportar com respeito à perseguição: Primeiro, eles não devem intencionalmente ou propositadamente trazê-la sobre si mesmos. Isto é contrário, tanto ao exemplo, quanto ao conselho de Nosso Senhor e todos seus Apóstolos, que nos ensinaram - a não apenas não a buscarmos, mas a evitarmo-la, tanto quanto nos seja possível, sem afligirmos nossa consciência; sem desistirmos de alguma parte daquela retidão, que nós devemos preferir diante da própria vida. Assim sendo, nosso Senhor expressamente diz: 'Quando eles o perseguirem nesta cidade, fuja para outra'; o que de fato, quando pode ser feito, é a mais irrepreensível maneira de evitar a perseguição.

            10. Ainda assim, não pense que você pode sempre evitá-la; tanto por esse meio, quanto por outros. Sempre que aquela imaginação desocupada roubar, dentro de seu coração, faça-a voar, através daquela precaução severa: 'Lembrem-se do que eu disse a vocês: o servo não é maior do que seu Senhor. Se eles perseguiram a mim, certamente, irão perseguir a vocês'.'Sejam sábios como serpentes, e inofensivos como pombas'. Mas isto irá abrigá-los da perseguição? Não; a menos que vocês sejam mais sábios do que seu Mestre, ou mais inocentes do que o Cordeiro de Deus.

            Nem desejem evitá-la; escaparem dela totalmente; porque, se vocês o fizerem, vocês não serão dele. Se vocês escapam da perseguição, vocês escapam da benção; da benção daqueles que são perseguidos, por causa da retidão. Se vocês não forem perseguidos por causa da retidão, vocês não poderão entrar no reino dos céus. 'Se nós sofremos com ele, nós devemos também reinar com ele. Mas, se nós os negamos, ele irá negar a nós'.

11. Mais do que isso, antes, 'regozijem-se e estejam excessivamente satisfeitos', quando os homens os perseguem por causa Dele; quando eles os perseguem, insultando a vocês, e dizendo 'todo o mal contra vocês, falsamente', o que eles não irão falhar em misturar com todo tipo de perseguição: Eles precisam difamar vocês, para desculparem a si mesmos: 'Porque assim perseguiram os Profetas que vieram antes de vocês!' – aqueles que eram mais eminentemente santos no coração e vida; sim, e todo o justo que alguma vez existiu, desde o começo do mundo. Regozijem-se, porque, por essa marca, vocês também serão conhecidos, junto àqueles a quem pertencem. E, 'porque grande é o seu galardão no céu',  -- a recompensa adquirida, através do sangue da aliança, e concedida livremente, na proporção de seus sofrimentos, tanto quanto da santidade do coração e vida de vocês. Estejam excessivamente satisfeitos; sabendo que 'essas aflições leves, que são apenas por algum momento, operam para vocês um peso muito maior e eterno na glória'.

12. Nesse meio tempo, não permita que a perseguição faça com que você saia do seu caminho de humildade e mansidão; de amor e beneficência. 'Ouvistes o que foi dito: olho por olho, dente por dente'.(Mateus 5:38), e seus miseráveis professores têm, desde então, permitido vingarem-se; retornarem o mal com o mal: 'Mas eu digo a vós, que não resistais ao mal': -- Não dessa forma; não o retornando dessa maneira. 'Mas, preferivelmente a isto, quando baterem em teu rosto, oferece-lhe a outra também. E, se algum homem quiser pleitear contigo, e tirar a tua vestimenta, larga-lhe também a capa. E, qualquer que vos obrigar a caminhar com ele uma milha, caminha com ele, duas'.

Permita que tua mansidão seja assim invencível. E teu amor seja adequado a isto. Dá a ele o que pediu a ti; e dele que obteve emprestado de ti, não pede de volta'.  Apenas não dá o que pertence a outro homem, e que não seja teu. Por conseguinte:

(1)          Cuida de não deveres coisa alguma a homem algum: porque o que tu deves não te pertence, mas a outro homem.
(2)          Supre aqueles de tua própria casa: Isto também Deus tem requerido de ti; e o que é necessário para sustentá-los na vida e religiosidade também não te pertence.
(3)          Então, dá ou faze empréstimo de tudo que restar, do dia a dia; de ano a ano. Apenas, primeiro, vendo que tu não podes dar ou emprestar a todos, contempla o lar com a fé.. 

13. A mansidão e amor que vocês devem sentir; a delicadeza que vocês devem mostrar a eles que os perseguem, por causa da retidão; nosso Senhor descreve, mais além, nos seguintes versos, em (Mateus 5:43), 'Vocês têm ouvido o que lhes disseram: Amem ao seu próximo; e odeiem ao seu inimigo'. Deus, de fato, havia dito apenas a primeira parte: 'Vocês devem amar ao seu próximo': mas, os filhos do diabo acrescentaram a segunda: 'e odeiem ao seu inimigo': 'Mas eu digo a vocês':

(1)          'Amem aos seus inimigos': Vejam que vocês testemunhem uma boa-vontade terna, para com aqueles que têm um espírito mais amargo contra vocês; aqueles que desejam a vocês toda a forma de mal.
(2)          'Abençoem aqueles que os praguejam'. Alguns dos amargos de espírito irrompem em palavras ásperas contra vocês? Eles estão continuamente praguejando e reprovando vocês, quando vocês estão presentes, e dizendo 'toda forma de maldade contra vocês', quando estão ausentes? Tanto mais, preferivelmente, vocês devem abençoá-los: nas conversas com eles, usem de todo equilíbrio e delicadeza de linguagem. Reprovem-nos, sendo bons exemplos, diante deles; mostrando a eles como eles deveriam ter falado. E, ao falarem deles, digam tudo de bom que vocês puderem, sem violarem as regras da verdade e justiça.
(3)          'Faça o bem aos que os odeiam'.  Que suas ações mostrem que vocês são tão verdadeiros no amor, quanto eles no ódio. Paguem o mal com o bem. 'Não sejam dominados pelo mas, mas dominem o mal, com o bem'.
(4)          Se vocês não puderem fazer mais coisa alguma, pelo menos, 'orem por eles que, acintosamente, usam vocês e os perseguem'. Vocês nunca deverão ser incapazes de fazerem isto; nem toda a malícia e violência deles poderão impedir vocês. Derramem suas almas a Deus; não apenas por aqueles que fizeram isto uma vez, mas agora se arrependeram: --

Está é uma pequena coisa: 'E, se pecar contra ti, sete vezes no dia, e, sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: arrependo-me, perdoa-lhe' (Lucas 17:4); ou seja, se, depois de tantos relapsos, ele der a ti motivo para acreditares que ele está realmente e totalmente mudado; então, tu deverás perdoá-lo; de maneira a confiares nele; a colocá-lo em teu seio, como se ele nunca tivesse pecado contra ti, afinal: --

Mas ora; luta com Deus, por aqueles que não se arrependeram; que agora maliciosamente usam a ti e te perseguem. E os perdoa; 'não até sete vezes; mas setenta vezes sete' (Mateus 18:22). Quer tenham se arrependido ou não; sim, embora eles parecem muito e muito distante disto; ainda assim, mostra a eles este exemplo de bondade: 'Para que possas ser filhos'; para que possas aprovar a ti mesmo, como filhos legítimos, 'do Pai que está nos céus', aquele que mostra Sua bondade, através de tais bênçãos, de que eles são capazes, mesmo aos seus mais intratáveis inimigos; 'aquele que faz o sol brilhar sobre o mal e o bom; e envia a chuva sobre o justo e o injusto'. 'Pois, se amares os que vos amam, que galardão tereis? Os publicanos não fazem também o mesmo? (Mateus 5:46) – os que não fingem ter alguma religião; os que vocês mesmos reconhecem que estão sem Deus no mundo. 'E, se vocês saudarem'; mostrarem delicadeza, na palavra ou ação, para com 'seus irmãos', seus amigos, ou parentela, 'apenas; o que farão de mais?' – àqueles que não têm religião, afinal? 'Os publicanos não fazem o mesmo?' (Mateus 5:47). Mais do que isto, sejam um modelo melhor do que eles. Na paciência, na longanimidade; na misericórdia, na beneficência de toda espécie, para com todos; mesmo aos seus mais intratáveis perseguidores; 'sejam'  cristãos, 'perfeitos', na maneira, embora não na proporção, 'como seu Pai, que está nos céus, é perfeito'. (Mateus 5:48).  

IV

Observem o Cristianismo em sua forma nativa, como entregue, através de seu grande Autor! Esta é a religião legítima de Jesus Cristo! Tal ele apresente àqueles cujos olhos estão abertos. Veja a imagem de Deus, tanto quanto ela pode ser imitável pelo homem! Uma imagem feita pelas próprias mãos de Deus: 'Observem, vocês, blasfemadores, e se admirem, e pereçam!' Ou, antes, maravilhem-se e adorem! Preferivelmente, clamem: 'Esta é a religião de Jesus de Nazaré? A religião que eu persegui! Que nunca mais eu seja achado em luta contra Deus. Senhor, o que queres que eu te faça?'. Que beleza aparece no todo! Que justa simetria! Que exata proporção em cada parte! Quão desejável é a felicidade aqui descrita! Quão venerável; quão amorosa é a santidade. Este é o espírito da religião; a quinta-essência dela. Esses são, de fato, os fundamentos do Cristianismo.

            Ó, que nós não sejamos apenas ouvintes dele! – 'como um homem, olhando seu próprio rosto no espelho; e que segue seu caminho, diretamente, esquecendo-se da espécie de homem que ele era'. Mais ainda; que nós, firmemente, 'busquemos, essa lei perfeita de liberdade, e continuemos nela'. Que não descansemos, até que toda sua linha seja transcrita em nossos corações. Que vigiemos, e oremos, e acreditemos, e amemos, e 'esforcemo-nos para a maestria', até que cada parte dela possa aparecer em nossa alma; gravada lá, pelos dedos de Deus; até que sejamos 'santos, como Ele, que nos tem chamado, é santo; perfeitos, como nosso Pai, que está nos céus, é perfeito'. 

Editado por Jennette Descalzo – correções de Ryan Danker e George Lyons - para a Wesley Center for Applied Theology.



INTIMAÇÃO JUDICIAL PARA VOCÊ


 


Pr. Marcelo Augusto de Carvalho


- Êxodo 25.8- Deus ordenou a Moisés a construção de um tabernáculo. Um santuário.
- Que é um santuário?  Qualquer lugar considerado como habitação da divindade, ou que seja ocupado pela divina presença. – Webster.
- Como era o santuário construído por Moisés no deserto?
De 20 m de comprimento por 6m de largura e 6m de altura.
Era dividido por um véu em 2 compartimentos: o lugar santo e o santíssimo.
Tinha a frente voltada para o Este. Possuía um pátio, marcado por cortinas, no qual estava o altar de ofertas, que ficava bem no meio do seu espaço total.
Cada peça do mobiliário tinha sua significação espiritual.
Altar de ofertas, no pátio- o Calvário, onde Jesus morreu por nós.

A bacia, onde os sacerdotes se lavavam, entre o altar e a porta do santuário- purificação dos pecados.

O castiçal de ouro, á esquerda da entrada- Jesus, a Luz do mundo.

A mesa dos pães, à direita da entrada- Jesus, o Pão da vida.

O altar de incenso, à frente do santíssimo- o altar da família, o lugar onde oramos. O incenso, nossas orações.

A arca, no santíssimo, com as tábuas dos 10 mandamentos, o propiciatório onde podia ser vista a presença de Deus, e os 2 querubins com as asas estendidas- o trono de Deus entre os homens.

Os véus, de cores azul, púrpura e escarlata, trabalhados a fios de ouro e prata com querubins desenhados- representavam a côrte angélica, que vive para servir os homens.

- Arão e seus filhos foram escolhidos para dirigirem o santuário e seus serviços. Êxo. 28.1-3.

- E a tribo de Levi foi escolhida para ajudá-los nestas tarefas. Núm. 18.2.

- Eram apresentados vários tipos de sacrifícios no templo. Núm. 28.1-8.

a)    O sacrifício da manhã e da tarde.

b)   A oferta pelos pecados conscientes de cada pecador.
c)    As ofertas especiais- para os sábados, luas novas, solenidades especiais, por um sacerdote, por um príncipe, etc.
d)   A mais importante- a do dia da expiação, 1 vez ao ano.
- Todos estes pecados eram transferidos do pecador para o santuário. Núm. 18.1. Era necessário então que fosse purificado.
- Lev. 16. 29-31. No décimo dia do sétimo mês, 10/7/,  todo o povo de Israel parava suas tarefas. Todos se consagravam a Deus. Ficam todos fora do santuário esperando acontecer todas as solenidades prescritas. O povo levava 2 bodes ao sacerdote. Este lançava sorte para ver quem seria sacrificado e quem seria desterrado. Um era sacrificado- representando Jesus, aquele que tomou nosso lugar na cruz. O sumo sacerdote pegava seu sangue, entrava no santíssimo, e pedia para que Deus perdoasse todo o povo. Depois saía e abençoava o povo, mostrando a aprovação divina. O segundo bode era amaldiçoado e levado ao deserto, para morrer de fome ali. Representava Satanás, o co-autor de todos os pecados cometidos no mundo, que finalmente será preso durante o milênio, e destruído por Deus logo após este grande período.
O Santuário Celestial.
- Moisés copiou o modelo terrestre de um modelo pré-existente, celeste. Heb. 8.1-5.
- Jesus é o sumo sacerdote celestial, oficiando ali em nosso favor, como Arão fazia por Israel. Heb. 9.1-5 e Atos 7.55-56. Heb. 9.12.
- Um dia, este santuário para onde nossos pecados são transportados, precisa ser limpo também, como acontecia com o terrestre. Quando seria isto? Dan. 8.14.
- Um dia profético vale um ano. Ezeq. 4.6.
- Quando começaram estes anos? Dan. 9.24-27.  Na ordem da reconstrução de Jerusalém. Três decretos foram dados a este respeito: o de Ciro, em 536 AC. Esdras 1.1-4;  o de Dario, em 519 AC. Esdras 6.1-12;  o de Artaxerxes, em 457 AC. Esdras 7. Este último é o único dos 3 que pode ser considerado como uma resposta à idéia de “restaurar e construir Jerusalém”. Os outros 2 eram apenas ordens, mas este foi ação.
- Entendendo o período:
a) o período seria feito de 2.300 anos, começando em 457 AC.
b) dos 2.300 dias (anos), 490 (70 semanas- são 7 dias X 7 semanas = 490 dias) foram separados para os judeus como nação; os outros 1810 anos ser-lhes-iam dados como indivíduos, bem como o seriam também  a outros.
c) 49 anos (7 semanas X 7 dias = 49 dias) seriam para o início da construção de Jerusalém. Isto é, de 457 a 408 AC.
d) Os demais 434 anos ( 62 semanas X 7 = 434 dias) iriam de 408 AC. a 27 DC. Neste anos viria a unção do Messias- o batismo de Jesus.
e) 7 anos ( 1 semana X 7 dias = 7 dias) iria de 27 a 34 DC. Jesus foi batizado em 27, crucificado em 31 e em 34 DC o evangelho foi esparramado por todo o mundo.
f) O período termina então em 1844, quando o santuário foi purificado.
- Que mensagem seria pregada por este tempo? Apoc. 10. A do juízo divino. E foi o que ocorreu. Por volta de 1830-1840, dezenas de pregadores em todo o mundo à semelhança de Guilherme Miller, pregaram a todos os que encontraram que era hora do juízo divino.

O JUÍZO DIVINO

- Atos 17.31, 24.25, Rom. 14.10- mostram a realidade de um juízo ao qual teremos de comparecer.         - A cena do juízo. Dan. 7. 9-10.
- Dan. 7.13-14- Jesus entrou no santíssimo para realizar o julgamento.
- A norma do juízo: a Lei de Deus. Tia. 1.25; 2.8-12.
- Os livros que são abertos são:
a)    o Livro da vida. Êxo. 32.32, Apoc. 3.5.
b)   o livro de memórias. Mal. 3.16. Nele estão registradas as boas ações dos que temem ao Senhor. Suas palavras de fé, seus atos de amor, toda tentação resistida, todo mal vencido, toda palavra de terna compaixão que proferiram. E todo ato de sacrifício, todo sofrimento e tristeza, suportado por amor a Cristo.
c)    o Livro da morte. Este contém as obras más dos ímpios. Todos os pecados dos homens, os seus propósitos e intuitos secretos.
- Ao abrirem-se os livros, é passada em revista perante Deus a vida de todos os que creram em Jesus. Neste juízo são estudados apenas a vida daqueles que professaram aceitar a Jesus.
- Aceitam-se nomes, e rejeitam-se nomes. Quando alguém tem pecados que permaneçam nos livros de registro, para os quais não houve arrependimento nem perdão, seu nome será omitido do livro da vida, e o relato de suas boas ações apagado do livro memorial. CS 522-523.
- Já os nomes dos justos são registrados para a salvação, no livro da vida. Mat. 10. 32-33.
FONTE: Princípios de vida, pp. 227-262. CPB.


SANTUÁRIO CELESTIAL- NÃO HÁ MAIS CORTINA

Cortina de Ferro

Expressão criada, em 1946, pelo primeiro-ministro inglês Winston Churchill , para designar a política de isolamento adotada pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e seus estados-satélite após a I Guerra Mundial. Durante um discurso nos EUA, Churchill declara que: "De Stettin, no Báltico, até Trieste, no Adriático, uma cortina de ferro desceu sobre o continente". Inicialmente, a Cortina de Ferro é formada pelas Repúblicas da Rússia, Armênia, Azerbaidjão, Belarus, Estônia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguízia, Lituânia, Letônia, Moldávia, Tadjiquistão, Turcomênia, Ucrânia, Uzbequistão e os estados-satélite: Alemanha Oriental, Polônia, Tchecoslováquia, Hungria, Bulgária e Romênia. Todos sob o estrito controle político e econômico da URSS. Em 1955 unem-se militarmente por meio do Pacto de Varsóvia. O bloco se desfaz definitivamente em 1991, com a dissolução da URSS.

* Façamos uso do privilégio que temos. A cortina que nos separava dEle já foi aberta. Acheguemo-nos confiantes ao Seu trono de misericórdia, já.


MARCELO CARVALHO 1998


segunda-feira, 15 de outubro de 2018

O MELHOR DIA DA SEMANA




Pr. Marcelo Augusto de Carvalho


- Por que fez Deus “lembradas as Suas maravilhas”? Sal. 111.4.
- Qual foi a ordem divina no Sinai aos homens?  Êxo. 20.8-11.  Tivesse sido o Sábado universalmente guardado, os pensamentos e afeições dos homens teriam sido dirigidos ao Criador como objeto de reverência e culto, jamais tendo havido idólatra, ateu ou incrédulo. CS 473.
- O Sábado foi criado para benefício do homem. Mar. 2.27-28.  Deus viu que as necessidades do homem requeriam um dia de repouso dos trabalhos e cuidados, que sua saúde e vida seriam prejudicados sem um período de abandono do trabalho e ansiedade dos seis dias.  Testemonies, Vol. 1, pp. 532.
- O Sábado foi guardado antes do Sinais, pois:  foi santificado pelo Criador- Gên. 2.1-3;  foi guardado por Israel no deserto antes de chegarem no Sinai- Êxo. 16; e Deus disse “Lembra-se”, mostrando que o Sábado já existia quando Deus escreveu esta lei em tábuas de pedra no Sinai.
- Jesus guardou o Sábado. Luc. 4.16.
- Os discípulos guardaram o Sábado na morte de Jesus. Luc. 23.54-24.1.
- Os discípulos guardaram o Sábado até mesmo 30 anos depois da morte de Jesus. Atos 13.14,42,44;  16.12,13;  17.2;  18.3,4,11.
- Que marca o início e o fim do Sábado? Lev. 23.32.
- Que evidência temos que Deus deseja que haja uma reunião de culto nos sábados? Lev. 23.3.
- Como devemos guardar o Sábado?  Preparar tudo de consumo na Sexta-feira; fazer o culto de pôr-do-sol em família; descansar mas não passar todo o tempo na cama; assistir o culto na igreja; Ter contato com a Natureza para tornar as horas agradáveis às crianças; terminar o Sábado com cântico e oração.
- Como podemos saber que o Sábado de hoje é o mesmo que foi abençoado na criação?  Ele foi identificado por Jesus; é identificável no calendário judaico, sendo observado assim desde os tempos de Abraão e patriarcas antes dele; é identificado pelo costume cristão da guarda do Domingo de hoje.
- Na Nova Terra guardaremos o Sábado. Isa. 66.23.
- Qual é o selo de Deus em Seu povo? Êxo. 31.13.
- Que fará Deus com seus filhos antes de Sua volta? Apoc. 7.1-14.
- Quais são as referências Bíblicas ao Domingo?  Mat. 28.1; João 20.1; Mar. 16.2; João 20.19; Mar. 16.9; Atos 20.7; Luc. 24.1; I Cor. 16.2.
- Os primeiros seis desses oito textos referem-se à ressurreição de Jesus. Porém nenhum indicação de especial santidade se acha ligada a esse primeiro dia da semana.  E Cristo não fez qualquer afirmação de que algum significado especial se ache ligado a esse dia.
- A ressurreição de Cristo é um fato primordial no cristianismo, e por isto, Jesus deixou um memorial a esta data: a santa ceia. João 13.
* A primeira medida de ordem pública impondo a observância do Domingo foi a lei feita por Constantino, no ano 321. Este edito exigia que o povo da cidade repousasse no “venerável dia do Sol”, pois ele e tanto outros de seu reino adoravam este astro, neste dia. Mas permitia-se aos homens do campo continuarem com suas lides agrícolas. Porém tal edito foi imposto pelo imperador depois de ser nominalmente aceito pelo cristianismo. CS 622.
* O bispo Eusébio, um grande adulador de Constantino, propôs a alegação da transferência do Sábado para o Domingo dizendo que Cristo o ordenara. Porém, ele mesmo afirmou: “Todas as coisas que se deveriam fazer no Sábado, nós as transferimos para o dia do Senhor”.  CS 622.
* Durante algum tempo o Sábado continuou a ser considerado como dia de repouso. Lenta e seguramente, porém, se foi efetuando a mudança. Aos que se achavam em cargos sagrados era vedado proceder, no Domingo a julgamento em qualquer questão civil. Logo depois, ordenava-se a todas as pessoas, de qualquer classe, abster-se do trabalho usual, sob pena de multa aos livres, e açoites no caso de serem servos. Mais tarde foi decretado que os ricos fossem punidos com a perda da metade dos bens; e, finalmente, que, se se obstinassem, fossem escravizados. As classes inferiores deveriam sofrer banimento perpétuo. CS 622-623.
* A ausência de autoridade escriturística para a guarda do Domingo ainda ocasionava não pequenas dificuldades. O povo punha em dúvida o direito de seus instrutores de deixarem de lado a positiva declaração de Jeová, para honrar o dia do Sol. A fim de suprir a falta de testemunho bíblico, foram necessários outros expedientes. Pelos fins do século XII, na Inglaterra, um defensor do Domingo trouxe consigo um rolo que dizia provir do próprio Deus, e conter a necessária  ordem para a observância do Domingo, com terríveis ameaças para amedrontar o desobediente. Este documento- fraude tão vil como a instituição que apoiava, dizia-se haver caído do Céu, e sido achado em Jerusalém, sobre o altar de S. Simeão, no Gólgota. Mas, em realidade, o palácio pontifical de Roma foi a fonte donde procedeu. CS 624.
* No século XVI um concílio papal declarou: “Lembrem-se todos os cristãos de que o sétimo dia foi consagrado por Deus, recebido e observado, não somente pelos judeus mas por todos os outros que pretendiam adorar a Deus, embora nós, os cristãos, tenhamos mudado o seu Sábado para o dia do Senhor [Domingo]. CS 625.
- Obedeçamos a Palavra de Deus hoje.
FONTE: Princípios de vida, pp. 141-149. CPB.

MARCELO CARVALHO 1998



Sobre o Sermão do Monte – Parte II


John Wesley

'Bem-aventurados são os mansos: porque eles herdarão a terra. Abençoados serão eles que têm forme e sede de justiça: porque eles serão fartos. Bem-aventurados os que misericordiosos: porque eles obterão misericórdia'. (Mateus 5:5-7)

I.

1. Quando 'o inverno passa', quando 'o tempo de cantar se foi, e a voz da tartaruga marinha é ouvida da terra'; quando Ele que conforto os murmuradores retornar, 'para que possa habitar com eles para sempre'; quando, à luz de sua presença, as nuvens se dispersarem; a nuvens escuras da dúvida e incerteza; as tempestades de medo desaparecerem; as ondas de tristeza diminuírem, e seus espíritos se regozijarem novamente no Deus, seu Salvador; então, esta palavra estará eminentemente cumprida; então, aqueles que ele tem confortado poderão dar testemunho de que 'Bem-aventurado',  ou feliz, 'são os mansos, porque eles herdarão a terra'.

            2. Mas quem são 'os mansos?'. Não aqueles que se angustiam por nada, porque nada sabem; aqueles que não estão transtornados, por causa das maldades que ocorrem, já que não discernem o mal do bem. Não aqueles que estão abrigados dos golpes da vida, por causa da insensibilidade estúpida; que têm, por natureza ou arte, a virtude de mão se deixarem abalar, e não se ressentem de coisa alguma, porque nada sentem. Filósofos brutos estão totalmente despreocupados sobre esse assunto. Apatia está tão longe da mansidão, quanto da benevolência. De modo que alguém não conceberia facilmente, como alguns cristãos das épocas mais inocentes; especialmente, alguns dos Patriarcas da Igreja, puderam confundir-se com estes, e equivocar-se com um dos mais sórdidos erros do Paganismo, como uma ramificação do Cristianismo verdadeiro. 

            3. Nem a mansidão cristã implica em se ser, sem zelo, para com as coisas de Deus, mais do que praticar ignorância ou insensibilidade. Não; ela se mantém distinta de todo extreme, se, por excesso ou falta. Ela não destrói, mas equilibra as afeições, as quais o Deus da natureza nunca designou que pudessem ser extirpadas pela graça, mas apenas traz e mantém debaixo de devidas regras. Ela equilibra a mente. Ela retém uma escala nivelada, com respeito à ira, tristeza, e medo; preservando o significado, em cada circunstância da vida, e não declinando, nem para a direita, nem para a esquerda.

            4. Mansidão, portanto, parece propriamente relatar-se a nós mesmos. Mas pode se referir tanto a Deus quanto ao nosso próximo. Quando esta oportuna compostura da mente faz referência a Deus, ela é usualmente denominada resignação; uma aquiescência calma a qualquer que seja sua vontade, concernente a nós, mesmo que ela não possa ser agradável à natureza; dizendo continuamente: 'É o Senhor; e que ele faça o que lhe pareça bom'. Quando nós a consideramos mais estritamente com respeito a nós mesmos, nós a intitulamos de paciência ou contentamento. Quando é manifesta em direção a outros homens, então, é brandura para com o bom, e gentileza para com o mau.

5. Aqueles que são verdadeiramente mansos, podem claramente discernir o que é mal; e podem também suportá-lo. Eles são sensíveis a todas as coisas desse tipo, mas, ainda assim, a mansidão segura as rédeas. Eles são excessivamente 'zelosos, para com o Senhor das multidões'; mas o zelo deles é sempre dirigido pelo conhecimento, e equilíbrio, em cada pensamento, e palavra, e obra, para com o amor do homem, assim como, para com o amor de Deus. Eles não desejam extinguir alguma das paixões que Deus tem implantado em sua natureza, com objetivos sábios; mas têm o domínio delas: Eles a mantêm em sujeição, e as empregam apenas na subserviência àquelas finalidades. E. assim, mesmo as paixões mais dissonantes e mais desagradáveis são aplicadas para os mais nobres propósitos; até mesmo ódio, ira, medo, quando comprometidos contra o pecado, e regulados pela fé e amor, são os caminhos e baluartes para a alma, de maneira que o perverso não pode aproximar-se para causar dano.

            6. É evidente, que esse temperamento divino não apenas habita, mas cresce em nós, dia a dia. As oportunidades de exercitá-lo, e, por meio disto, melhorá-lo, nunca faltará, enquanto permanecermos sobre a terra. 'Nós necessitamos da paciência, para que, depois que tivermos feito'  e suportado 'a vontade de Deus, possamos receber a promessa'. Nós necessitamos de resignação, para que possamos, em todas as circunstâncias dizer: 'Não como eu quero, mas como Tu queres'. E precisamos 'ser gentis para com todos os homens'; mas, especialmente, em direção ao mal e ingrato: do contrário, seremos dominados pelo mal, em vez de pagarmos o mal com o bem. 

            7. Nem a mansidão se restringe apenas à ação exterior, como os Escribas e Fariseus ensinaram no passado, e os Professores miseráveis, não foram ensinados por Deus, não irão falhar de fazer isto, em todas as épocas. Nosso Senhor guarda contra isto,e mostra a extensão verdadeira dela, nas seguintes palavras, em (Mateus 5:21-22) 'Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu em juízo. Eu, porém, vos digo que, qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo, e, qualquer que chamar a seu irmão de raca [mentecapto] será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno'.  

            8. Nosso Senhor aqui classifica, como assassínio, mesmo aquela raiva que tem nenhum outro pai que o coração; que não se mostra, através da indelicadeza exterior; não; não mais, do que uma palavra impetuosa.

            'Quem quer que tenha raiva de seu irmão', de algum homem vivente, vendo que todos somos irmãos; quem quer que sinta alguma indelicadeza, em seu coração; algum temperamento contrário ao amor; quem quer que esteja raivoso, sem uma causa, sem uma causa suficiente, ou mais além do que aquela causa requeira, 'correrá o risco de julgamento', de, naquele momento, ser réu para o juízo justo de Deus.

            Mas quem não se inclinaria a preferir ler aquelas cópias que omitem a palavra que significa 'sem uma causa'?. Ela não é inteiramente supérflua? Já que, se a raiva para com as pessoas é um temperamento contrário ao amor, como pode existir uma causa, uma causa suficiente para ela, -- alguma que irá justificá-la, aos olhos de Deus?

            Esta causa seria a raiva ao pecado. Neste sentido, nós podemos estar raivosos, e ainda assim, não estaremos pecando. Neste sentido, o próprio nosso Senhor uma vez, registrou ter estado raivoso: 'Ele olhou a todos, em sua volta, com raiva, afligido por causa da dureza de seus corações'. Ele estava angustiado, diante dos pecados, e com raiva, por causa dele. E isto é, sem dúvida, correto diante de Deus.

            9. 'E qualquer que diga para seu irmão, raca'; -- quem quer que dê motivo para a raiva, como proferir alguma palavra desdenhosa. Alguns comentaristas observam que raca é uma palavra Siríaca [da língua Aramaica] que significa propriamente: inútil, vão, tolo; de maneira que ela é uma expressão inofensiva que pode ser usada em direção a alguém, com quem estamos insatisfeitos. Mas, ainda assim, quem quer que a use, como nosso Senhor nos assegurou, 'será réu do Concílio'; antes, deverá ser réu nisto: Deverá estar sujeito a uma sentença mais severa do Juiz de toda a terra.

            'Mas quem quer que diga, Tu, tolo';  -- quem quer que dê lugar ao diabo, como irromper injurioso, em uma linguagem intencionalmente vergonhosa e insultante, 'será réu no fogo do inferno'; será, naquele momento, capaz da mais alta condenação. Deverá ser observado que nosso Senhor descreve todos esses, como réus, para a punição capital. A primeira, por estrangulamento, usualmente infligida àqueles que foram condenados em uma das cortes inferiores; a segunda, por apedrejamento, que era freqüentemente infligida àqueles que foram condenados pelo grande Concílio em Jerusalém; a terceira, condenação ao fogo, infligida apenas aos mais altos ofensores, no 'vale dos filhos de Hinnom'; do qual aquela palavra é evidentemente tomada, e que nós traduzimos como 'inferno'.

10. E, considerando que os homens naturalmente imaginem que Deus irá desculpar suas deficiências em alguns deveres, pela precisão deles em outros; nosso Senhor a seguir cuida de arrancar aquele pensamento vão da imaginação comum. Ele mostra que é impossível a algum pecador comutar com Deus; que Ele não aceitará algum dever por outro; nem tomará parte da obediência, como obediência total. Ele nos adverte que realizar nosso dever para com Deus não irá nos desculpar de nossa obrigação para com nosso próximo; aquelas obras de misericórdia, como elas são chamadas, estarão, tão longe, de nos recomendar a Deus, como se estivéssemos em falta com o amor; muito ao contrário, que essa falta de amor fará com que todas essas obras sejam uma abominação para nosso Senhor.

'Por conseguinte, se tu trouxeres tua oferta ao altar, e lá, te lembrares de que teu irmão está contra ti', -- por causa de teu comportamento indelicado, em direção a ele, ou por tê-lo chamado de 'raca', ou 'tu, idiota; não pense que tua oferta irá reparar teu ódio, ou que ela irá encontrar alguma aceitação com Deus, por quanto tempo tua consciência esteja suja com a culpa do pecado do qual tu não te arrependeste. 'Deixa lá tua oferta, diante do altar, e vá, no teu caminho; primeiro, reconciliar –te com teu irmão', (a fim de que tudo que é imposto a ti, seja reconciliado), e, então, vem e oferece a tua oferta'. (Mateus 5:23-24).  

            11. E que não haja demora, no que tão proximamente concerne a tua alma. 'Entra em acordo com teu adversário rapidamente'; -- agora; imediatamente; 'enquanto tu estás indo a ele'; se for possível, antes dele vir até ti; para que o adversário, a qualquer tempo, não te entregue ao juiz'; a fim de que ele não apele a Deus; o Juiz de todos; e o Juiz entregue a ti ao oficial'; para Satanás, o executor da ira de Deus; e 'tu sejas lançado na prisão'; no inferno, para que sejas reservado para o julgamento do grande dia: 'Verdadeiramente, digo a ti, tu não deverás, de modo algum, tornar-te conhecido, por isto, até que tu tenhas pago, até a última moeda'.  Mas isto é impossível de tu fazeres sempre; vendo que tu não tens coisa alguma a pagar. Portanto, se tu já estás na prisão, a fumaça de teu tormento deverá 'elevar-se para sempre e sempre'.

12. Nesse meio tempo, 'os mansos deverão herdar a terra'. Tal é a insensata sabedoria mundana! O sábio do mundo os tem advertido, diversas vezes, -- que, se eles não se ressentirem de tal tratamento; se eles não se submeterem a serem assim maltratados, não haverá vida para eles sobre a terra; que eles nunca serão capazes de procurar as necessidades comuns da vida, nem se alegrarem por coisa alguma.

E o mais verdadeiro, -- supondo-se que não houvesse Deus no mundo; ou supondo-se que ele não se preocupasse com os filhos dos homens: a não ser, 'quando Deus surge ao julgamento, para auxiliar a todos os mansos sobre a terra', o  quanto Ele não iria rir de toda essa sabedoria pagã, que ridiculariza e se transforma na ferocidade do homem em seu louvor!'. Ele toma um cuidado peculiar para provê-los com todas as coisas necessárias para a vida e religiosidade; Ele assegura a eles a provisão que tem feito, a despeito da força, fraude, ou malícia dos homens; e o que Ele assegura, Ele dá a eles abundantemente para desfrutar. É agradável a eles, seja pouco ou muito. Já que eles se conformaram a esperar com paciência; de maneira que eles verdadeiramente se conformaram com o que quer que Deus possa dar a eles. Eles estão sempre contentes; sempre satisfeitos, com o que quer que tenham: e isto agrada a eles, porque agrada a Deus: assim sendo, enquanto seus corações; seus desejos; a alegria deles está nos céus, deles se pode verdadeiramente dizer: 'herdarão a terra'.

            13. Mas, parece haver ainda um significado, mais além, nessas palavras; a de que eles terão uma parte mais eminente na 'nova terra, onde habitará a retidão'; naquela herança, cuja descrição geral (e as particularidades, nós iremos saber, daqui a diante), através do que João nos deu no Capítulo Vigésimo de Apocalipse:

'E vi descer dos céus um anjo que tinha a chave do abismo, -- e ele prendeu o dragão, a velha serpente, -- e os encerrou por mil anos. – E eu vi as almas deles, que foram decapitados, para o testemunho de Jesus, e por causa da palavra de Deus; e daqueles que não adoraram a Besta; nem sua imagem; nem receberam sua marca em suas testas, ou em suas mãos; e eles viveram e reinaram com Cristo mim anos. Mas o restante dos mortos não tornou à vida, até que os mil anos tivessem terminado. Esta é a primeira ressurreição. Abençoado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição: sobre estes, a segunda morte não tem poder; eles serão os sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos'.(Apocalipse 20:1-6).   

II

            1. Nosso Senhor tem, até aqui, estado mais imediatamente ocupado, em remover os obstáculos da religião verdadeira. Tal como o orgulho, que é o primeiro e grande impedimento a toda religião, que é tirado fora, através da pobreza de espírito; tal como a leviandade e negligência, que impede alguma religião de criar raiz na alma, até que eles sejam removidos, através do murmurar santo; tal como a ira, impaciência, descontentamento, que são curados pela mansidão cristã. E, quando, alguma vez, esses empecilhos forem removidos, essas doenças pecaminosas da alma, que, continuamente, erguiam desejos falsos nela, e a preenchiam com apetites doentios, o apetite do espírito nascido dos céus retorna; ele que tem sede e fome de retidão: Assim sendo, 'bem-aventurados sejam aqueles que têm fome e sede de justiça, porque eles serão saciados'.

            2. Retidão, como foi observado antes, é a imagem de Deus; a mente que estava em Jesus Cristo. Ela é todo temperamento santo e divino em um; brotando do amor de Deus, e terminando nele, como nosso Pai e Redentor, e o amor de todos os homens por sua causa.

            3. 'Abençoados são os que têm fome e sede' disto: com o objetivo de entender completamente o que significa essa expressão, devemos observar:

            1o. Que fome e sede são os mais fortes desejos de nossos apetites corpóreos. De igual maneira, é a sede na alma; essa sede, em busca da imagem de Deus, que é o mais forte de todos os apetites espirituais, quando uma vez despertado no coração: Sim. Ela engloba tudo o mais, naquele único desejo, -- sermos renovados na imagem Dele que nos criou.

            2o. Que, do momento em que começamos a sentir fome e sede, esses apetites não cessam, mas são, mais e mais, ardentes e importunos, até que possamos comer e beber, ou morrer. E, mesmo assim, do momento em que começamos a sentir fome e sede, em busca de toda a mente que estava em Cristo, esses apetites espirituais não cessam, mas clamam em busca de seu alimento, com mais e mais importunidade; nem eles podem possivelmente cessar, antes que estejam satisfeitos, enquanto existir alguma vida espiritual restando.

            3o. Que fome e sede só se satisfazem com carne e bebida. Se você der àquele que tem fome, o mundo todo; toda a elegância do vestuário; toda a pompa; todos os tesouros sobre a terra; sim, milhares de ouro e prata; se você pagar a ele com mais honra; -- ele se importará com nada disto. Todas essas coisas não terão, então, consideração com ele. Ele ainda dirá: 'Estas não são as coisas que desejo; dê-me o que comer, ou perecerei'. O mesmo acontece com cada alma que verdadeiramente tem fome e sede de justiça  Ela não encontrará conforto, em coisa alguma, a não ser isto: Ela não estará satisfeita com coisa alguma. O que quer que lhe seja oferecido além, é pouco considerado: sejam riquezas, honra, prazer, ela ainda dirá: 'Não é isto que quero! Dê-me amor, ou perecerei!'.

4. E é impossível satisfazer tal alma; uma alma que está sedenta de Deus; do Deus vivo; com o que o mundo relaciona religião; com o que eles consideram felicidade. A religião do mundo implica em três coisas:

(1)      Não causar dano; abster-se do pecado exterior; pelo menos, de tais como escândalo, roubo, furto, praguejamento comum, bebedeira:
(2)      Fazer o bem; aliviar o pobre; ser caridoso – como isto é chamado:
(3)      Usar os meios da graça; pelo menos, indo à igreja, e comparecendo à Ceia do Senhor.

Aqueles, nos quais estas três marcas são encontradas, são denominados, através do entendimento do mundo, homens religiosos. Mas isto tudo irá satisfazer aquele que tem sede de Deus? Não! Isto tudo não significa alimento para sua alma. Ele necessita de uma religião de um tipo mais nobre; uma religião mais elevada e mais profunda do que esta. Ele não mais se alimenta dessa coisa formal, pobre e superficial, do que ele poderia 'preencher seu estômago com o vento leste'.A verdade é que ele está cuidadoso, em abster-se da mesma aparência do mal; ele está zeloso das boas obras; ele atende a todas as ordenanças de Deus: Mas tudo isto não é o que ele almeja. Esta é apenas o exterior daquela religião, da qual ele tem fome. O conhecimento de Deus, em Jesus Cristo; 'a vida que está oculta com Cristo em Deus'; o estar 'uno com o Senhor, em um só Espírito';  o ter 'camaradagem com o Pai e o Filho'; o 'caminhar, na luz, como Deus está na luz';  o estar 'purificado, assim como Ele é puro'; -- esta é a religião, a retidão, dos quais ele tem sede; e ele não poderá descansar, até que ele possa assim descansar em Deus.

5. 'Bem-aventurados são eles que' assim 'têm sede de justiça; porque serão saciados'. Eles serão preenchidos com as coisas que eles almejam; mesmo com retidão e santidade verdadeira. Deus irá satisfazê-los com as bênçãos de sua excelência, com a felicidade de sua escolha. Ele os alimentará com o pão dos céus. Com o maná de seu amor. Ele dará a eles de beber do seu prazer, de um rio em que eles nunca mais terão sede, a não ser, mais e mais da água da vida. E essa sede permanecerá para sempre.

            6. Quem quer que tu sejas; a quem Deus tem dado 'a fome e sede de retidão', clame a ele, para que nunca mais tu percas este dom inestimável; -- para que este apetite divino nunca possa cessar de ti. Mesmo que muitos te repreendam, e ofereçam a ti reter tua paz, não te preocupes com eles; sim; clama ainda mais: 'Jesus, Mestre, tenha misericórdia de mim. Que eu não possa viver; a não ser, sendo santo, como tu és santo!'. Não mais, 'gasta teu dinheiro, com aquilo que não é pão; teu trabalho, com o que não te satisfaz'. Tu esperas encontrar a felicidade na terra; -- encontrá-la, nas coisas do mundo? Ó, pisa em todos os teus prazeres, a despeito de tuas honras, considerando-nos esterco e refugo; -- todas as coisas que estão debaixo do sol; -- 'pela excelência do conhecimento de Jesus Cristo', para a completa renovação de tua alma, na imagem de Deus, de onde ela foi originalmente criada. Cuida de não extinguir essa fome e sede abençoada, por causa daquilo que o mundo chama de religião; a religião da forma, do espetáculo exterior, que deixa o coração ainda mais mundano e sensual do que nunca. Que ninguém possa satisfazer a ti, a não ser o poder da santidade; a não ser uma religião, que é espírito e vida; tu vivendo em Deus, e Deus em ti; -- o ser um habitante da eternidade; o entrar, através do sangue derramado, 'tirando o véu',  e sentando-te 'em lugares celestiais com Jesus Cristo'.   

III

 1. E, quanto mais eles são preenchidos com o amor de Deus, mais ternamente eles irão se preocupar com aqueles que ainda estão sem Deus no mundo; ainda mortos, em transgressões e pecados. Nem deve interessá-los que os outros percam sua recompensa. 'Bem-aventurados os misericordiosos; porque eles obterão misericórdia'.

            A palavra usada por nosso Senhor implica mais imediatamente no compassivo; no bondoso de coração; naqueles que, muito longe de desprezar, sinceramente se afligem por aqueles que não estão famintos de Deus.

            Esta eminente parte do amor fraternal está aqui, através de uma figura comum, colocada para o todo; de modo que 'os misericordiosos, em seu sentido completo do termo, são aqueles que 'amam seus próximos como a si mesmos'.

2. Por causa da vasta importância desse amor, -- sem o que, 'embora falemos com a língua de homens e anjos; embora tenhamos o dom da profecia, e entendamos todos os mistérios, e todo o conhecimento; embora tenhamos toda a fé, capaz de remover montanhas; mesmo que demos todos os nossos bens para alimentar o pobre; e nossos corpos sejam queimados, de nada aproveitaria em nós', --  a sabedoria que Deus tem nos dado, através de Paulo; um completo e particular relato dela; no que nós devemos mais claramente discernir quem são os misericordiosos, que deverão obter misericórdia. 

3. 'Caridade', ou amor (como seria de se esperar, tivesse sido ela reproduzida, em seu sentido completo, já que se trata de uma palavra muito mais clara e menos ambígua); o amor ao nosso próximo, como Cristo nos tem amado, 'nos suportado'; é paciente, para com todos os homens. Ele suporta toda a fraqueza, ignorância, erros, enfermidades; toda a obstinação e insignificância da fé dos filhos de Deus; toda a malícia e maldade dos filhos do mundo. E sofre tudo isto, não apenas por um tempo, por um breve período, mas até o fim; ainda alimentando nosso inimigo, quando ele tem fome; se ele tem sede; ainda, dando-lhe água; assim, continuamente, 'empilhando carvões no fogo'; despejando amor, 'sobre sua cabeça'.

            4. E, em cada passo, em direção a esse objetivo desejável; o 'domínio do mal pelo bem'; o amor é  'crhsteuetai' (uma palavra difícil de ser traduzida). Ele é leve, moderado benigno. Ele se coloca muito distante da melancolia; de toda aspereza e acidez do espírito; e inspira imediatamente  o sofredor, com a delicadeza mais amável, e a mais fervorosa e terna afeição.

5. Conseqüentemente, 'o amor não sente inveja': É impossível que ele possa sentir; ele é diretamente oposto àquele temperamento pernicioso. Aquele que tem essa afeição terna por todos, que sinceramente deseja todas as bênçãos temporais e espirituais; todas as coisas boas deste mundo, e do mundo que há de vir, a todas as almas que Deus fez, não pode se afligir que Ele conceda algum bom dom a algum filho do homem. Se ele próprio recebeu o mesmo, ele não se aflige, mas regozija-se, que outro compartilhe do benefício comum. Se ele não recebeu, ele dá graças a Deus que seu irmão, pelo menos, o tenha; e nisto, ele está mais feliz do que estaria se fosse consigo. E quanto maior é seu amor, mais ele se regozija pelas bênçãos a toda a humanidade; e mais ele remove todo tipo e grau de inveja, em direção a qualquer criatura.

            6.  'O amor não trata com leviandade'; o que coincide com as palavras seguintes; mas, preferivelmente, (como a palavra propriamente significa), não é imprudente ou precipitado no julgamento; ele não irá precipitadamente condenar quem quer que seja. Ele não dará uma sentença severa, devido a visão superficial ou apressada das coisas: Ele primeiro pesa todas as evidências; particularmente aquelas que são trazidas em favor do acusado. Aquele que verdadeiramente ama seu próximo não é como a generalidade dos homens, que, mesmo nos casos de natureza mais precisa, 'vê pouco, presume muito, e precipita-se na conclusão'.  Não: Ele procede com prudência e circunspeção; dando atenção a cada passo; concordando de boa-vontade com aquela regra dos antigos pagãos, (Ó, aonde os modernos cristãos irão se mostrar!) 'Eu estou tão longe de acreditar superficialmente, no que um homem diz contra outro, que não facilmente eu irei acreditar no que um homem diz contra si mesmo. Eu sempre permitirei a ele uma segunda opinião, e muitas vezes, mudar de idéia também'.   

            7. Segue-se que 'o amor não se envaidece'. Ele não se inclina ou faz com que algum homem 'pense mais altamente sobre si mesmo, do que deveria pensar', mas, antes, pondera com juízo: Sim. Ele reduz a alma ao pó. Ele destrói todos os altos conceitos; orgulho engendrado; e faz com que nos regozijemos de sermos nada; sermos poucos e vis; os mais desprezíveis dos homens; os servos de todos. Aqueles que estão 'cordialmente afeiçoados ao outro com amor fraternal', não pode, a não ser 'pela honra, preferir ao outro'. Aqueles que têm o mesmo amor estão em harmonia, e fazem, na humildade da mente, 'com que cada um estime ao outro, mais do que a si mesmos'.

            8. 'Ele não se porta com indecência': Ele não é rude, ou de boa-vontade ofensivo a algum outro. Ele 'retribui a todos o que é justo; respeito a quem respeita; honra a quem honra'; cortesia, civilidade, humanidade a todo o mundo; em seus diversos níveis, 'reverenciando a todos os homens'. Um escritor recente define como boas maneiras; mais ainda, o mais alto nível dela, como cortesia, 'um desejo contínuo de agradar, aparecendo em todo o comportamento'. Mas se for assim, não existe alguém tão educado como um cristão, um amante de toda a humanidade; já que ele não pode deixar de almejar 'agradar a todos os homens, pelo bem de sua edificação': E esse desejo não pode ser oculto; ele necessariamente aparece, em todo o seu intercurso com outros homens. Já que seu 'amor não é hipócrita': Ele surge, em todas as suas ações e conversas; sim, e o constrange, embora sem fraude, 'a se tornar todas as coisas a todos os homens, se através de algum desses meios, ele pode salvar alguns'.  

9. E, em se tornando todas as coisas a todos os homens, 'o amor não busca seus próprios interesses'. Em empenhar-se a agradar a todos os homens, o amante da humanidade não tem olho para suas vantagens temporais. Ele não almeja ao homem prata, ouro ou vestuário: Ele não deseja coisa alguma, a não ser a salvação de suas almas: Sim, em um sentido, pode-se dizer que ele não busca sua vantagem espiritual, mais do que a temporal; enquanto ele se dedica a salvar suas almas da morte, ele, como se diz, se esquece de si mesmo. Ele não pensa em si mesmo, por quanto tempo aquele zelo pela glória de Deus o consome. Mais ainda; algumas vezes, devido ao seu muito amor, ele pode quase parecer desistir de si mesmo, da sua alma e do seu corpo; enquanto ele clama como Moisés, em (Êxodo 32:31-32): 'Ora, este povo pecou pecado grande, fazendo para si deuses de ouro; agora, pois, perdoa o pecado deles; se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito'. Ou, como Paulo, em (Romanos 9:3) 'Porque eu mesmo poderia desejar ser separado de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes, segundo a carne'.

            10. Não é de se admirar que tal 'amor não se irrita' ou paroxunetai: Que se observe que a palavra, facilmente inserida de modo singular na tradução, não está no original: As palavras de Paulo são perfeitas. 'O amor não se irrita': Ele não se ofende à descortesia, em direção a quem quer que seja. De fato, oportunidades para isto irão freqüentemente ocorrer; provocações exteriores de vários tipos; mas o amor não se rende à provocação; ele triunfa sobre tudo. Em todas as tentativas, ele olha para Jesus, e é mais que vencedor em seu amor.  

Não é improvável que nossos tradutores inseriram aquela palavra, como se ela fosse, para desculpar o Apóstolo; que, como eles supuseram, poderia, do contrário, pareceria estar em falta com o mesmo amor que ele tão belamente descreve. Eles parecem ter suposto isto da frase em Atos dos Apóstolos; que está igualmente muito inadequadamente traduzida. Quando Paulo e Barnabé discordaram, com respeito a João, a tradução seguiu-se dessa forma: 'E tal contenda houve entre eles, que se apartaram um do outro. Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre. E Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu, encomendado pelos irmãos à graça de Deus.e passou pela Síria e Cilícia, confirmando as igrejas' (Atos 15:39).

Isto naturalmente induz o leitor a supor que eles estavam igualmente mordazes nisto; que Paulo, que está indubitavelmente certo, com respeito ao ponto em questão, (sendo completamente impróprio levar João com seles novamente, quem tinha desertado deles anteriormente), estava tão alterado quanto Barnabé, que deu tal prova de sua ira, que deixou a obra, pela qual ele tinha sido separado pelo Espírito Santo. Mas o original não importa tal coisa; nem afirma que Paulo estava alterado afinal. Ele simplesmente diz, 'E houve uma veemência', um paroxismo de raiva; em conseqüência do que Barnabé deixou Paulo, pegou a João e seguiu seu caminho. Paulo, então, 'escolhe a Silas, e parte, sendo recomendado pelos irmãos para a graça de Deus'; (o que não é dito com respeito a Barnabé); 'e segue através da Síria e Cilícia',  como ele tinha proposto, 'confirmando as igrejas' . (Atos 15:39-41).

Mas, retornando....

11. O amor impede milhares de provocações que, do contrário, se ergueriam, porque ele não 'suspeita mal'. Realmente, o homem misericordioso não pode evitar saber muitas coisas que são ruins; ele não pode deixar de vê-las, por si mesmo, e ouvir delas, ele mesmo. Já que o amor não tira fora seus olhos, é impossível a ele não ver que tais coisas são feitas; nem tira fora seu entendimento, não mais do que seus sentidos, de maneira que ele não pode deixar de saber que elas são más. Por exemplo: quando ele vê um homem golpear seu próximo, ou o ouve blasfemar contra Deus, ele não pode questionar a coisa feita, ou as palavras faladas, ou duvidar de que sejam pecaminosas. A palavra 'suspeitar' não se refere ao nosso ver e ouvir, ou aos primeiros e involuntários atos de nosso entendimento; mas à nossa disposição em pensar o que não precisamos; nossa dedução do mal, onde ele não aparece; ao nosso raciocínio concernente às coisas que não vemos; nossa suposição ao que nós não vemos, nem ouvimos. Isto é o que o amor verdadeiro absolutamente destrói. Ele rasga em pedaços; completamente, toda a idéia do desconhecido. Ele atira fora toda desconfiança; toda a maldade presumível; toda prontidão a acreditar no mal. Ele é franco, aberto, sem malícia; e, como ele não pode ocasionar, então, ele nem teme o mal.

            12. 'Ele não folga com a iniqüidade'; tão comum quanto isto seja, mesmo entre aqueles que testemunham o nome de Cristo, e que têm escrúpulos, em não se regozijarem sobre seus inimigos, quando eles caem seja na desgraça, no erro, ou no pecado. De fato, quão dificilmente podem evitar isto, os que estão tão zelosamente atados a alguma parte! Quão difícil é para eles não se agradarem com qualquer falta que eles descobrem, naqueles da parte oposta, -- com alguma mancha real ou suposta, tanto em seus princípios, quanto em sua prática! Que defensor fervoroso de alguma causa é mais perspicaz do que esses? Sim; quem está tão sereno, para ser completamente livre? Quem não se regozija, quando seu adversário dá um passo em falso, o que ele pensa irá trazer vantagem a sua própria causa? Apenas o homem que verdadeiramente ama. Apenas ele chora, tanto sobre o pecado, quanto sobre a tolice de seu inimigo; não tendo prazer em ouvir, ou em repetir isto, mas, preferivelmente, deseja que ele possa ser esquecido para sempre.

            13. Mas ele 'se regozija na verdade', onde quer que ela se encontre; na 'verdade que busca a santidade', que produz seus frutos próprios, santidade de coração e santidade de conversa. Ele se regozija se certificar que mesmos esses que se opõem a ele, se com respeito às opiniões, ou alguns pontos da prática, são, não obstante, amantes de Deus, e em outros aspectos, irrepreensíveis. Ele fica feliz em ouvir falar bem deles, e fala tudo o que ele pode consistentemente com a verdade e a justiça. Realmente, o bem, em geral, é sua glória e alegria, em qualquer parte, espalhado, através da raça humana. Como um cidadão do mundo, ele clama por uma porção na felicidade de todos os habitantes dele. Porque ele é um homem, ele não está despreocupado com o bem-estar de qualquer homem; mas se alegra com o que quer que traga glória a Deus, e promove a paz e boa-vontade entre os homens.

14. Este 'amor encobre todas as coisas': (assim, sem dúvida, 'suporta todas as coisas'): Porque um homem misericordioso não se regozija na iniqüidade; nem de boa vontade faz menção disto. O que quer de mal que ele veja, ouça, ou saiba, ele, porém, se cala. Tanto quanto ele pode, sem tornar-se 'parceiro no pecado de outrem'. Onde quer, ou com quem quer que ele esteja, se ele vê alguma coisa que ele não aprova, isto não sai de sua boca; exceto para a pessoa a quem diz respeito, se, por acaso, ele pode ganhar um irmão. Ele está, muito longe, de fazer, das faltas ou falhas de outros, o assunto de sua conversa, já que do ausente ele nunca fala, afinal; a não ser, se ele puder falar bem. O fofoqueiro, o caluniador, o murmurador, o maledicente, é para ele como um assassino. Assim como ele cortaria a garganta de seu próximo, ele mataria sua reputação. Assim como ele pensaria em se divertir, ateando fogo na casa de seu próximo, ele 'distribuiria flechas a sua volta; tição e morte', dizendo, 'eu não estou praticando esporte?'.

Ele faz apenas uma exceção; algumas vezes, ele está convencido de que é para a glória de Deus, ou (o que vem a ser o mesmo) o bem de seu próximo, que um mal não deva ser encoberto. Nesse caso, para o benefício do inocente, ele é constrangido a declarar o culpado. Mas, mesmo aqui:

1o. Ele não falará, afinal, até que o amor; o amor superior, o obrigue;

2o. Ele não fará isto, de uma visão geral confusa em fazer o bem, ou promover a glória de Deus, mas de um sinal claro de alguma finalidade pessoal; algum bem determinado que ele persiga;

3o. Ainda assim, ele não pode falar, a menos que ele esteja completamente convencido de que esse mesmo meio é necessário para aquela finalidade; que a finalidade não pode ser respondida; pelo menos, não tão efetivamente, através de algum outro caminho;

4o. Ele, então, o faz, com a mais extrema tristeza e relutância; usando isto como um último e pior remédio; um remédio extremo, em um caso extremo; uma espécie de veneno, que nunca deverá ser usado, a não ser para expelir o veneno;

5o. Conseqüentemente, ele usa isto tão frugalmente quanto possível. E o faz com temor e tremor, a fim de que não transgrida a lei do amor, por falar demais; mais do que ele poderia ter feito, não falando, afinal. 

15.  O amor 'acredita em todas as coisas'. Ele está sempre disposto a pensar o melhor; a colocar a mais favorável construção sobre tudo. Ele está sempre pronto a acreditar, no que quer que possa tender ao proveito do caráter de alguém. Ele é facilmente convencido da inocência (o que ele sinceramente deseja), ou integridade de qualquer homem; ou, pelo menos, da sinceridade de seu arrependimento; se ele, uma vez, errou no seu caminho. Ele fica feliz em desculpar o que quer que seja inoportuno; a condenar o ofensor, tão pouco quanto possível; e a dar toda permissão para a fraqueza humana, que possa ser feita, sem trair a verdade de Deus.

16. E quando ele não puder acreditar mais, então, o amor 'terá esperança, em todas as coisas'. Algum mal está relacionado a algum homem? O amor espera que a relação não seja verdadeira; que a coisa relacionada nunca tenha sido feita. É certo que ela foi? – 'Mas, talvez, não tenha sido feita, em tais circunstâncias, como está relatada; de maneira que, aceitando o fato, existe uma oportunidade de esperar que ela não seja tão ruim quanto está reproduzida'. A ação foi inegavelmente pecaminosa?  O amor espera que a intenção não tenha sido tanto. Está claro que o objetivo foi pecaminoso também? – 'Ainda assim, ele não deveria brotar de um temperamento firme do coração, mas de um ímpeto de paixão, ou de alguma tentação veemente, que precipita o homem fora da compreensão de si mesmo'. E, mesmo quando não houver dúvida de que todas as ações, objetivos, e temperamentos são igualmente maus; ainda assim, o amor espera que Deus estenda seu braço, e leve a si mesmo à vitória; e haverá 'alegria nos céus, por conta', deste 'único pecador que se arrepende, do que por causa de noventa e nove pessoas que não precisam de arrependimento'.

            17.  Por fim: Ele 'suporta todas as coisas'. Isto completa o caráter daquele que é verdadeiramente misericordioso. Ele não suporta apenas algumas; não muitas coisas apenas; nem a maioria; mas, absolutamente todas as coisas. O que quer que a injustiça, malícia, crueldade dos homens podem infligir, ele será capaz de suportar. Ele não considera coisa alguma intolerável; ele nunca diz de alguma coisa, 'Isto não pode ser suportado'. Não; ele não apenas faz, mas suporta todas as coisas, através de Cristo, que o fortalece. E tudo o que ele suporta não destrói seu amor; não o enfraquece, por fim. É evidência contra tudo. É a chama que queima, mesmo no meio do grande abismo. 'Muitas águas não podem extinguir' o seu 'amor; nem pode a inundação sucumbi-lo'. Ele triunfa sobre tudo. Ele 'nunca falha', tanto no tempo, quanto na eternidade.


Em obediência ao que o céu decreta
o conhecimento pode falhar, e a profecia cessar;
Mas a maior influência do amor eterno,
não limitado pelo tempo, nem sujeito à decadência,
em triunfo feliz viverá para sempre;
e o bem infinito espalhará, e o louvor infinito receberá.

                Assim deverá 'o misericordioso obter misericórdia'; não apenas, pela bênção de Deus sobre todos os seus caminhos; por retribuir agora o amor que eles suportaram, por seus irmãos, milhares de vezes, em seus próprios peitos; mas, igualmente, pelo 'peso excessivo e eterno da glória', no 'reino preparado para eles, desde o começo do mundo'.

18. Por enquanto, você pode dizer, 'Ai de mim, que' estou constrangido 'a  habitar com Mesech, e ter minha morada entre as tendas de Kedar!'. Você pode verter sua alma, e  lamentar a perda do amor verdadeiro e genuíno na terra: Perdido, realmente! Você bem pode dizer, (mas não, em um sentido remoto): 'Veja como esses cristãos amam uns aos outros!'. Esses reinos cristãos, que estão dilacerando suas entranhas mutuamente; devastando uns aos outros, com o fogo e a espada! Esses exércitos cristãos que estão sendo enviados, aos milhares, rapidamente para o inferno! Essas nações cristãs que estão sendo tomadas pelo fogo; pelas contendas; partido contra partido; facção contra facção!

Essas cidades cristãs, onde o dolo e a fraude; opressão e iniqüidade; sim, roubo e assassinato, não saem de suas ruas! Essas famílias cristãs, feitas em pedaços, pela cobiça, ciúme, ira, disputa doméstica, inumerável, interminável! Sim. E o que é mais terrível; o mais lamentável de tudo, essas igrejas cristãs! – Igrejas ('não diga isto, em Gath' -- mas, meu Deus, como nós poderemos ocultar isto dos judeus, turcos ou dos pagãos?); que testemunhamos o nome de Cristo, o Príncipe da Paz, promovendo guerra contínua uns com os outros! Que os pecadores convertidos, os queimam vivos! Que estão 'embriagados pelo sangue dos santos!'

Será que essa glória pertence apenas à grande Babilônia, 'a mãe das meretrizes e abominações da terra?'. Mais do que isto; as Igrejas Reformadas (assim chamadas) têm sinceramente aprendido a trilhar em seus passos. As Igrejas Protestantes também sabem oprimir, quando elas têm poder, em suas mãos; mesmo com sangue. E, nesse meio tempo, como elas também anatematizam umas às outras! Consagram umas às outras, ao mais baixo inferno! Que ira; que contenda; que malícia; que amargura está em todos os lugares, encontradas, em meio delas; mesmo quando elas concordam nos princípios básicos, e apenas diferem em opiniões, ou em pormenores da religião! Quem segue em busca apenas das 'coisas que trazem paz; e das coisas onde nós podemos edificar o outro?'. Ó Deus! Por quanto tempo ainda? Será que tua promessa irá falhar?

Não a tema, pequeno rebanho! Contra a esperança, acredite na esperança! É o bom prazer de seu Pai ainda renovar a face da terra. Certamente, todas as coisas chegarão ao fim, e os habitantes da terra deverão aprender a retidão. 'Nações não erguerão espadas contra nação; nem elas conhecerão a guerra mais'. 'As montanhas da casa do Senhor serão edificadas, no topo das montanhas'; e 'todos os reinos da terra tornar-se-ão os reinos de nosso Deus'. 'Eles', então, 'não causarão dano, ou destruição, em todas as suas santas montanhas'; mas chamarão os 'seus muros de salvação, e seus portões de louvor'. Eles todos serão, sem mácula ou mancha; amando uns aos outros, como Cristo nos tem amado –  Sê tu parte dos primeiros frutos, se o tempo da colheita ainda não chegou. Tu amas a teu próximo como a ti mesmo? O Senhor Deus preencherá teu coração com tal amor por cada alma, que tu estarás pronto a entregar tua vida, pela causa dele! A tua alma pode continuamente ser dominada pelo amor, consumindo cada temperamento indelicado e impuro, até que Ele te chame para a região do amor, para que reines com ele para sempre e sempre!

Editado por William A. Buckholdt III com correções de Ryan Danker and George Lyons para o  Wesley Center for Applied Theology.

Copyright © 1999 by the Wesley Center for Applied Theology.

O texto pode ser usado livremente para propósitos pessoais e escolares, ou colocados em outros web sites, providenciando que esta informação seja deixada intacta. Qualquer uso desse material  para propósitos comerciais de qualquer natureza é estritamente proibido, sem permissão expressa da Wesley Center at Northwest Nazarene University, Nampa, ID 83686. Contate o  webmaster para permissão.