John Wesley
'Bem-aventurados são os mansos:
porque eles herdarão a terra. Abençoados serão eles que têm forme e sede de
justiça: porque eles serão fartos. Bem-aventurados os que misericordiosos:
porque eles obterão misericórdia'. (Mateus
5:5-7)
I.
1. Quando
'o inverno passa', quando 'o tempo de cantar se foi, e a voz da
tartaruga marinha é ouvida da terra'; quando Ele que conforto os
murmuradores retornar, 'para que possa habitar com eles para sempre';
quando, à luz de sua presença, as nuvens se dispersarem; a nuvens escuras da
dúvida e incerteza; as tempestades de medo desaparecerem; as ondas de tristeza
diminuírem, e seus espíritos se regozijarem novamente no Deus, seu Salvador;
então, esta palavra estará eminentemente cumprida; então, aqueles que ele tem
confortado poderão dar testemunho de que 'Bem-aventurado', ou feliz, 'são os mansos, porque eles
herdarão a terra'.
2. Mas quem são 'os
mansos?'. Não aqueles que se angustiam por nada, porque nada sabem; aqueles
que não estão transtornados, por causa das maldades que ocorrem, já que não
discernem o mal do bem. Não aqueles que estão abrigados dos golpes da vida, por
causa da insensibilidade estúpida; que têm, por natureza ou arte, a virtude de
mão se deixarem abalar, e não se ressentem de coisa alguma, porque nada sentem.
Filósofos brutos estão totalmente despreocupados sobre esse assunto. Apatia
está tão longe da mansidão, quanto da benevolência. De modo que alguém não
conceberia facilmente, como alguns cristãos das épocas mais inocentes;
especialmente, alguns dos Patriarcas da Igreja, puderam confundir-se com estes,
e equivocar-se com um dos mais sórdidos erros do Paganismo, como uma
ramificação do Cristianismo verdadeiro.
3. Nem a mansidão cristã
implica em se ser, sem zelo, para com as coisas de Deus, mais do que praticar
ignorância ou insensibilidade. Não; ela se mantém distinta de todo extreme, se,
por excesso ou falta. Ela não destrói, mas equilibra as afeições, as quais o
Deus da natureza nunca designou que pudessem ser extirpadas pela graça, mas
apenas traz e mantém debaixo de devidas regras. Ela equilibra a mente. Ela
retém uma escala nivelada, com respeito à ira, tristeza, e medo; preservando o
significado, em cada circunstância da vida, e não declinando, nem para a
direita, nem para a esquerda.
4. Mansidão, portanto, parece
propriamente relatar-se a nós mesmos. Mas pode se referir tanto a Deus quanto
ao nosso próximo. Quando esta oportuna compostura da mente faz referência a
Deus, ela é usualmente denominada resignação; uma aquiescência calma a qualquer
que seja sua vontade, concernente a nós, mesmo que ela não possa ser agradável
à natureza; dizendo continuamente: 'É o Senhor; e que ele faça o que lhe
pareça bom'. Quando nós a consideramos mais estritamente com respeito a nós
mesmos, nós a intitulamos de paciência ou contentamento. Quando é manifesta em
direção a outros homens, então, é brandura para com o bom, e gentileza para com
o mau.
5. Aqueles
que são verdadeiramente mansos, podem claramente discernir o que é mal; e podem
também suportá-lo. Eles são sensíveis a todas as coisas desse tipo, mas, ainda
assim, a mansidão segura as rédeas. Eles são excessivamente 'zelosos, para
com o Senhor das multidões'; mas o zelo deles é sempre dirigido pelo conhecimento,
e equilíbrio, em cada pensamento, e palavra, e obra, para com o amor do homem,
assim como, para com o amor de Deus. Eles não desejam extinguir alguma das
paixões que Deus tem implantado em sua natureza, com objetivos sábios; mas têm
o domínio delas: Eles a mantêm em sujeição, e as empregam apenas na
subserviência àquelas finalidades. E. assim, mesmo as paixões mais dissonantes
e mais desagradáveis são aplicadas para os mais nobres propósitos; até mesmo
ódio, ira, medo, quando comprometidos contra o pecado, e regulados pela fé e
amor, são os caminhos e baluartes para a alma, de maneira que o perverso não
pode aproximar-se para causar dano.
6. É evidente, que esse
temperamento divino não apenas habita, mas cresce em nós, dia a dia. As
oportunidades de exercitá-lo, e, por meio disto, melhorá-lo, nunca faltará,
enquanto permanecermos sobre a terra. 'Nós necessitamos da paciência, para
que, depois que tivermos feito' e
suportado 'a vontade de Deus, possamos receber a promessa'. Nós
necessitamos de resignação, para que possamos, em todas as circunstâncias
dizer: 'Não como eu quero, mas como Tu queres'. E precisamos 'ser
gentis para com todos os homens'; mas, especialmente, em direção ao mal e
ingrato: do contrário, seremos dominados pelo mal, em vez de pagarmos o mal com
o bem.
7. Nem a mansidão se
restringe apenas à ação exterior, como os Escribas e Fariseus ensinaram no
passado, e os Professores miseráveis, não foram ensinados por Deus, não irão
falhar de fazer isto, em todas as épocas. Nosso Senhor guarda contra isto,e
mostra a extensão verdadeira dela, nas seguintes palavras, em (Mateus
5:21-22) 'Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer
que matar será réu em juízo. Eu, porém, vos digo que, qualquer que, sem motivo,
se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo, e, qualquer que chamar a
seu irmão de raca [mentecapto] será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe
chamar de louco será réu do fogo do inferno'.
8. Nosso
Senhor aqui classifica, como assassínio, mesmo aquela raiva que tem nenhum
outro pai que o coração; que não se mostra, através da indelicadeza exterior;
não; não mais, do que uma palavra impetuosa.
'Quem quer que tenha raiva de seu
irmão', de algum
homem vivente, vendo que todos somos irmãos; quem quer que sinta alguma
indelicadeza, em seu coração; algum temperamento contrário ao amor; quem quer
que esteja raivoso, sem uma causa, sem uma causa suficiente, ou mais além do
que aquela causa requeira, 'correrá o risco de julgamento', de, naquele
momento, ser réu para o juízo justo de Deus.
Mas quem não se inclinaria a
preferir ler aquelas cópias que omitem a palavra que significa 'sem uma
causa'?. Ela não é inteiramente supérflua? Já que, se a raiva para com as
pessoas é um temperamento contrário ao amor, como pode existir uma causa, uma
causa suficiente para ela, -- alguma que irá justificá-la, aos olhos de Deus?
Esta causa seria a raiva ao
pecado. Neste sentido, nós podemos estar raivosos, e ainda assim, não
estaremos pecando. Neste sentido, o próprio nosso Senhor uma vez, registrou ter
estado raivoso: 'Ele olhou a todos, em sua volta, com raiva, afligido por
causa da dureza de seus corações'. Ele estava angustiado, diante dos
pecados, e com raiva, por causa dele. E isto é, sem dúvida, correto diante de
Deus.
9. 'E qualquer que diga
para seu irmão, raca'; -- quem quer que dê motivo para a raiva, como
proferir alguma palavra desdenhosa. Alguns comentaristas observam que raca é
uma palavra Siríaca [da língua Aramaica] que significa propriamente: inútil,
vão, tolo; de maneira que ela é uma expressão inofensiva que pode ser usada em
direção a alguém, com quem estamos insatisfeitos. Mas, ainda assim, quem quer
que a use, como nosso Senhor nos assegurou, 'será réu do Concílio';
antes, deverá ser réu nisto: Deverá estar sujeito a uma sentença mais severa do
Juiz de toda a terra.
'Mas quem quer que diga, Tu,
tolo'; -- quem quer que dê lugar ao
diabo, como irromper injurioso, em uma linguagem intencionalmente vergonhosa e
insultante, 'será réu no fogo do inferno'; será, naquele momento, capaz
da mais alta condenação. Deverá ser observado que nosso Senhor descreve todos
esses, como réus, para a punição capital. A primeira, por
estrangulamento, usualmente infligida àqueles que foram condenados em uma das
cortes inferiores; a segunda, por apedrejamento, que era freqüentemente
infligida àqueles que foram condenados pelo grande Concílio em Jerusalém; a
terceira, condenação ao fogo, infligida apenas aos mais altos ofensores, no 'vale
dos filhos de Hinnom'; do qual aquela palavra é evidentemente tomada, e que
nós traduzimos como 'inferno'.
10. E,
considerando que os homens naturalmente imaginem que Deus irá desculpar suas
deficiências em alguns deveres, pela precisão deles em outros; nosso Senhor a
seguir cuida de arrancar aquele pensamento vão da imaginação comum. Ele mostra
que é impossível a algum pecador comutar com Deus; que Ele não aceitará algum
dever por outro; nem tomará parte da obediência, como obediência total. Ele nos
adverte que realizar nosso dever para com Deus não irá nos desculpar de nossa
obrigação para com nosso próximo; aquelas obras de misericórdia, como elas são
chamadas, estarão, tão longe, de nos recomendar a Deus, como se estivéssemos em
falta com o amor; muito ao contrário, que essa falta de amor fará com que todas
essas obras sejam uma abominação para nosso Senhor.
'Por conseguinte, se tu trouxeres tua oferta ao altar,
e lá, te lembrares de que teu irmão está contra ti', -- por causa de teu comportamento
indelicado, em direção a ele, ou por tê-lo chamado de 'raca', ou 'tu,
idiota; não pense que tua oferta irá reparar teu ódio, ou que ela irá
encontrar alguma aceitação com Deus, por quanto tempo tua consciência esteja
suja com a culpa do pecado do qual tu não te arrependeste. 'Deixa lá tua
oferta, diante do altar, e vá, no teu caminho; primeiro, reconciliar –te com
teu irmão', (a fim de que tudo que é imposto a ti, seja reconciliado), e,
então, vem e oferece a tua oferta'. (Mateus 5:23-24).
11. E que não haja demora, no que tão
proximamente concerne a tua alma. 'Entra em acordo com teu adversário
rapidamente'; -- agora; imediatamente; 'enquanto tu estás indo a ele';
se for possível, antes dele vir até ti; para que o adversário, a qualquer
tempo, não te entregue ao juiz'; a fim de que ele não apele a Deus; o Juiz
de todos; e o Juiz entregue a ti ao oficial'; para Satanás, o executor
da ira de Deus; e 'tu sejas lançado na prisão'; no inferno, para que
sejas reservado para o julgamento do grande dia: 'Verdadeiramente, digo a
ti, tu não deverás, de modo algum, tornar-te conhecido, por isto, até que tu
tenhas pago, até a última moeda'. Mas isto é impossível de tu fazeres sempre;
vendo que tu não tens coisa alguma a pagar. Portanto, se tu já estás na prisão,
a fumaça de teu tormento deverá 'elevar-se para sempre e sempre'.
12. Nesse
meio tempo, 'os mansos deverão herdar a terra'. Tal é a insensata
sabedoria mundana! O sábio do mundo os tem advertido, diversas vezes, -- que,
se eles não se ressentirem de tal tratamento; se eles não se submeterem a serem
assim maltratados, não haverá vida para eles sobre a terra; que eles nunca
serão capazes de procurar as necessidades comuns da vida, nem se alegrarem por
coisa alguma.
E
o mais verdadeiro, -- supondo-se que não houvesse Deus no mundo; ou supondo-se
que ele não se preocupasse com os filhos dos homens: a não ser, 'quando Deus
surge ao julgamento, para auxiliar a todos os mansos sobre a terra', o quanto Ele não iria rir de toda essa
sabedoria pagã, que ridiculariza e se transforma na ferocidade do homem em seu
louvor!'. Ele toma um cuidado peculiar para provê-los com todas as coisas
necessárias para a vida e religiosidade; Ele assegura a eles a provisão que tem
feito, a despeito da força, fraude, ou malícia dos homens; e o que Ele
assegura, Ele dá a eles abundantemente para desfrutar. É agradável a
eles, seja pouco ou muito. Já que eles se conformaram a esperar com paciência;
de maneira que eles verdadeiramente se conformaram com o que quer que Deus
possa dar a eles. Eles estão sempre contentes; sempre satisfeitos, com o que
quer que tenham: e isto agrada a eles, porque agrada a Deus: assim sendo,
enquanto seus corações; seus desejos; a alegria deles está nos céus, deles se
pode verdadeiramente dizer: 'herdarão a terra'.
13. Mas, parece haver ainda
um significado, mais além, nessas palavras; a de que eles terão uma parte mais
eminente na 'nova terra, onde habitará a retidão'; naquela herança, cuja
descrição geral (e as particularidades, nós iremos saber, daqui a diante),
através do que João nos deu no Capítulo Vigésimo de Apocalipse:
'E vi descer dos céus um anjo que tinha a chave do
abismo, -- e ele prendeu o dragão, a velha serpente, -- e os encerrou por mil
anos. – E eu vi as almas deles, que foram decapitados, para o testemunho de
Jesus, e por causa da palavra de Deus; e daqueles que não adoraram a Besta; nem
sua imagem; nem receberam sua marca em suas testas, ou em suas mãos; e eles
viveram e reinaram com Cristo mim anos. Mas o restante dos mortos não tornou à
vida, até que os mil anos tivessem terminado. Esta é a primeira ressurreição.
Abençoado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição: sobre estes,
a segunda morte não tem poder; eles serão os sacerdotes de Deus e de Cristo, e
reinarão com ele mil anos'.(Apocalipse
20:1-6).
II
1. Nosso Senhor tem, até
aqui, estado mais imediatamente ocupado, em remover os obstáculos da religião
verdadeira. Tal como o orgulho, que é o primeiro e grande impedimento a
toda religião, que é tirado fora, através da pobreza de espírito; tal como a leviandade
e negligência, que impede alguma religião de criar raiz na alma, até que
eles sejam removidos, através do murmurar santo; tal como a ira,
impaciência, descontentamento, que são curados pela mansidão cristã. E,
quando, alguma vez, esses empecilhos forem removidos, essas doenças pecaminosas
da alma, que, continuamente, erguiam desejos falsos nela, e a preenchiam com
apetites doentios, o apetite do espírito nascido dos céus retorna; ele que tem
sede e fome de retidão: Assim sendo, 'bem-aventurados sejam aqueles que têm
fome e sede de justiça, porque eles serão saciados'.
2. Retidão, como foi
observado antes, é a imagem de Deus; a mente que estava em Jesus Cristo. Ela é
todo temperamento santo e divino em um; brotando do amor de Deus, e terminando
nele, como nosso Pai e Redentor, e o amor de todos os homens por sua causa.
3. 'Abençoados são os que
têm fome e sede' disto: com o objetivo de entender completamente o que
significa essa expressão, devemos observar:
1o. Que fome e
sede são os mais fortes desejos de nossos apetites corpóreos. De igual maneira,
é a sede na alma; essa sede, em busca da imagem de Deus, que é o mais forte de
todos os apetites espirituais, quando uma vez despertado no coração: Sim. Ela
engloba tudo o mais, naquele único desejo, -- sermos renovados na imagem Dele
que nos criou.
2o. Que, do
momento em que começamos a sentir fome e sede, esses apetites não cessam, mas
são, mais e mais, ardentes e importunos, até que possamos comer e beber, ou
morrer. E, mesmo assim, do momento em que começamos a sentir fome e sede, em
busca de toda a mente que estava em Cristo, esses apetites espirituais não
cessam, mas clamam em busca de seu alimento, com mais e mais importunidade; nem
eles podem possivelmente cessar, antes que estejam satisfeitos, enquanto
existir alguma vida espiritual restando.
3o. Que fome e
sede só se satisfazem com carne e bebida. Se você der àquele que tem fome, o
mundo todo; toda a elegância do vestuário; toda a pompa; todos os tesouros
sobre a terra; sim, milhares de ouro e prata; se você pagar a ele com mais
honra; -- ele se importará com nada disto. Todas essas coisas não terão, então,
consideração com ele. Ele ainda dirá: 'Estas não são as coisas que desejo;
dê-me o que comer, ou perecerei'. O mesmo acontece com cada alma que
verdadeiramente tem fome e sede de justiça
Ela não encontrará conforto, em coisa alguma, a não ser isto: Ela não
estará satisfeita com coisa alguma. O que quer que lhe seja oferecido além, é
pouco considerado: sejam riquezas, honra, prazer, ela ainda dirá: 'Não é
isto que quero! Dê-me amor, ou perecerei!'.
4. E
é impossível satisfazer tal alma; uma alma que está sedenta de Deus; do Deus
vivo; com o que o mundo relaciona religião; com o que eles consideram
felicidade. A religião do mundo implica em três coisas:
(1) Não causar dano; abster-se do
pecado exterior; pelo menos, de tais como escândalo, roubo, furto,
praguejamento comum, bebedeira:
(2) Fazer o bem; aliviar o pobre; ser
caridoso – como isto é chamado:
(3) Usar os meios da graça; pelo menos,
indo à igreja, e comparecendo à Ceia do Senhor.
Aqueles,
nos quais estas três marcas são encontradas, são denominados, através do
entendimento do mundo, homens religiosos. Mas isto tudo irá satisfazer aquele
que tem sede de Deus? Não! Isto tudo não significa alimento para sua alma. Ele
necessita de uma religião de um tipo mais nobre; uma religião mais elevada e
mais profunda do que esta. Ele não mais se alimenta dessa coisa formal,
pobre e superficial, do que ele poderia 'preencher seu estômago com o vento
leste'.A verdade é que ele está cuidadoso, em abster-se da mesma aparência
do mal; ele está zeloso das boas obras; ele atende a todas as ordenanças de
Deus: Mas tudo isto não é o que ele almeja. Esta é apenas o exterior daquela
religião, da qual ele tem fome. O conhecimento de Deus, em Jesus Cristo; 'a
vida que está oculta com Cristo em Deus'; o estar 'uno com o Senhor, em
um só Espírito'; o ter 'camaradagem
com o Pai e o Filho'; o 'caminhar, na luz, como Deus está na luz'; o estar 'purificado, assim como Ele é puro';
-- esta é a religião, a retidão, dos quais ele tem sede; e ele não poderá
descansar, até que ele possa assim descansar em Deus.
5. 'Bem-aventurados
são eles que'
assim 'têm sede de justiça; porque serão saciados'. Eles serão
preenchidos com as coisas que eles almejam; mesmo com retidão e santidade
verdadeira. Deus irá satisfazê-los com as bênçãos de sua excelência, com a
felicidade de sua escolha. Ele os alimentará com o pão dos céus. Com o maná de
seu amor. Ele dará a eles de beber do seu prazer, de um rio em que eles nunca
mais terão sede, a não ser, mais e mais da água da vida. E essa sede
permanecerá para sempre.
6. Quem quer que tu sejas; a
quem Deus tem dado 'a fome e sede de retidão', clame a ele, para que
nunca mais tu percas este dom inestimável; -- para que este apetite divino
nunca possa cessar de ti. Mesmo que muitos te repreendam, e ofereçam a ti reter
tua paz, não te preocupes com eles; sim; clama ainda mais: 'Jesus, Mestre,
tenha misericórdia de mim. Que eu não possa viver; a não ser, sendo santo, como
tu és santo!'. Não mais, 'gasta teu dinheiro, com aquilo que não é pão;
teu trabalho, com o que não te satisfaz'. Tu esperas encontrar a felicidade
na terra; -- encontrá-la, nas coisas do mundo? Ó, pisa em todos os teus
prazeres, a despeito de tuas honras, considerando-nos esterco e refugo; --
todas as coisas que estão debaixo do sol; -- 'pela excelência do
conhecimento de Jesus Cristo', para a completa renovação de tua alma, na
imagem de Deus, de onde ela foi originalmente criada. Cuida de não extinguir
essa fome e sede abençoada, por causa daquilo que o mundo chama de religião; a
religião da forma, do espetáculo exterior, que deixa o coração ainda mais
mundano e sensual do que nunca. Que ninguém possa satisfazer a ti, a não ser o
poder da santidade; a não ser uma religião, que é espírito e vida; tu vivendo
em Deus, e Deus em ti; -- o ser um habitante da eternidade; o entrar, através
do sangue derramado, 'tirando o véu', e sentando-te 'em lugares celestiais com
Jesus Cristo'.
III
1. E, quanto mais eles são preenchidos
com o amor de Deus, mais ternamente eles irão se preocupar com aqueles que
ainda estão sem Deus no mundo; ainda mortos, em transgressões e pecados. Nem
deve interessá-los que os outros percam sua recompensa. 'Bem-aventurados os
misericordiosos; porque eles obterão misericórdia'.
A palavra usada por nosso Senhor
implica mais imediatamente no compassivo; no bondoso de coração; naqueles que,
muito longe de desprezar, sinceramente se afligem por aqueles que não estão
famintos de Deus.
Esta eminente parte do amor
fraternal está aqui, através de uma figura comum, colocada para o todo; de modo
que 'os misericordiosos, em seu sentido completo do termo, são aqueles
que 'amam seus próximos como a si mesmos'.
2.
Por causa da vasta importância desse amor, -- sem o que, 'embora falemos com
a língua de homens e anjos; embora tenhamos o dom da profecia, e entendamos
todos os mistérios, e todo o conhecimento; embora tenhamos toda a fé, capaz de
remover montanhas; mesmo que demos todos os nossos bens para alimentar o pobre;
e nossos corpos sejam queimados, de nada aproveitaria em nós', -- a sabedoria que Deus tem nos dado, através de
Paulo; um completo e particular relato dela; no que nós devemos mais claramente
discernir quem são os misericordiosos, que deverão obter
misericórdia.
3. 'Caridade', ou amor (como seria de se
esperar, tivesse sido ela reproduzida, em seu sentido completo, já que se trata
de uma palavra muito mais clara e menos ambígua); o amor ao nosso próximo, como
Cristo nos tem amado, 'nos suportado'; é paciente, para com todos os
homens. Ele suporta toda a fraqueza, ignorância, erros, enfermidades; toda a
obstinação e insignificância da fé dos filhos de Deus; toda a malícia e maldade
dos filhos do mundo. E sofre tudo isto, não apenas por um tempo, por um breve
período, mas até o fim; ainda alimentando nosso inimigo, quando ele tem fome;
se ele tem sede; ainda, dando-lhe água; assim, continuamente, 'empilhando
carvões no fogo'; despejando amor, 'sobre sua cabeça'.
4. E, em cada passo, em
direção a esse objetivo desejável; o 'domínio do mal pelo bem'; o amor
é 'crhsteuetai' (uma palavra
difícil de ser traduzida). Ele é leve, moderado benigno. Ele se coloca muito
distante da melancolia; de toda aspereza e acidez do espírito; e inspira
imediatamente o sofredor, com a
delicadeza mais amável, e a mais fervorosa e terna afeição.
5.
Conseqüentemente, 'o amor não sente inveja': É impossível que ele possa
sentir; ele é diretamente oposto àquele temperamento pernicioso. Aquele que tem
essa afeição terna por todos, que sinceramente deseja todas as bênçãos
temporais e espirituais; todas as coisas boas deste mundo, e do mundo que há de
vir, a todas as almas que Deus fez, não pode se afligir que Ele conceda algum
bom dom a algum filho do homem. Se ele próprio recebeu o mesmo, ele não se
aflige, mas regozija-se, que outro compartilhe do benefício comum. Se ele não
recebeu, ele dá graças a Deus que seu irmão, pelo menos, o tenha; e nisto, ele
está mais feliz do que estaria se fosse consigo. E quanto maior é seu amor,
mais ele se regozija pelas bênçãos a toda a humanidade; e mais ele remove todo
tipo e grau de inveja, em direção a qualquer criatura.
6. 'O amor não trata com leviandade'; o
que coincide com as palavras seguintes; mas, preferivelmente, (como a palavra
propriamente significa), não é imprudente ou precipitado no julgamento; ele não
irá precipitadamente condenar quem quer que seja. Ele não dará uma sentença
severa, devido a visão superficial ou apressada das coisas: Ele primeiro pesa
todas as evidências; particularmente aquelas que são trazidas em favor do
acusado. Aquele que verdadeiramente ama seu próximo não é como a generalidade
dos homens, que, mesmo nos casos de natureza mais precisa, 'vê pouco,
presume muito, e precipita-se na conclusão'. Não: Ele procede com prudência e circunspeção;
dando atenção a cada passo; concordando de boa-vontade com aquela regra dos
antigos pagãos, (Ó, aonde os modernos cristãos irão se mostrar!) 'Eu estou
tão longe de acreditar superficialmente, no que um homem diz contra outro, que
não facilmente eu irei acreditar no que um homem diz contra si mesmo. Eu sempre
permitirei a ele uma segunda opinião, e muitas vezes, mudar de idéia
também'.
7. Segue-se que 'o amor
não se envaidece'. Ele não se inclina ou faz com que algum homem 'pense
mais altamente sobre si mesmo, do que deveria pensar', mas, antes,
pondera com juízo: Sim. Ele reduz a alma ao pó. Ele destrói todos os altos
conceitos; orgulho engendrado; e faz com que nos regozijemos de sermos nada;
sermos poucos e vis; os mais desprezíveis dos homens; os servos de todos.
Aqueles que estão 'cordialmente afeiçoados ao outro com amor fraternal',
não pode, a não ser 'pela honra, preferir ao outro'. Aqueles que têm o
mesmo amor estão em harmonia, e fazem, na humildade da mente, 'com que cada
um estime ao outro, mais do que a si mesmos'.
8. 'Ele não se porta com
indecência': Ele não é rude, ou de boa-vontade ofensivo a algum outro. Ele 'retribui
a todos o que é justo; respeito a quem respeita; honra a quem honra';
cortesia, civilidade, humanidade a todo o mundo; em seus diversos níveis, 'reverenciando
a todos os homens'. Um escritor recente define como boas maneiras; mais
ainda, o mais alto nível dela, como cortesia, 'um desejo contínuo de agradar,
aparecendo em todo o comportamento'. Mas se for assim, não existe alguém
tão educado como um cristão, um amante de toda a humanidade; já que ele não
pode deixar de almejar 'agradar a todos os homens, pelo bem de sua
edificação': E esse desejo não pode ser oculto; ele necessariamente
aparece, em todo o seu intercurso com outros homens. Já que seu 'amor não é
hipócrita': Ele surge, em todas as suas ações e conversas; sim, e o
constrange, embora sem fraude, 'a se tornar todas as coisas a todos os
homens, se através de algum desses meios, ele pode salvar alguns'.
9. E, em se tornando todas as coisas a
todos os homens, 'o amor não busca seus próprios interesses'. Em
empenhar-se a agradar a todos os homens, o amante da humanidade não tem olho
para suas vantagens temporais. Ele não almeja ao homem prata, ouro ou
vestuário: Ele não deseja coisa alguma, a não ser a salvação de suas almas:
Sim, em um sentido, pode-se dizer que ele não busca sua vantagem espiritual,
mais do que a temporal; enquanto ele se dedica a salvar suas almas da morte,
ele, como se diz, se esquece de si mesmo. Ele não pensa em si mesmo, por quanto
tempo aquele zelo pela glória de Deus o consome. Mais ainda; algumas vezes,
devido ao seu muito amor, ele pode quase parecer desistir de si mesmo, da sua
alma e do seu corpo; enquanto ele clama como Moisés, em (Êxodo 32:31-32):
'Ora, este povo pecou pecado grande, fazendo para si deuses de ouro; agora,
pois, perdoa o pecado deles; se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens
escrito'. Ou, como Paulo, em (Romanos 9:3) 'Porque eu mesmo
poderia desejar ser separado de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus
parentes, segundo a carne'.
10. Não é de se admirar que
tal 'amor não se irrita' ou paroxunetai: Que se observe que a
palavra, facilmente inserida de modo singular na tradução, não está no
original: As palavras de Paulo são perfeitas. 'O amor não se irrita':
Ele não se ofende à descortesia, em direção a quem quer que seja. De fato,
oportunidades para isto irão freqüentemente ocorrer; provocações exteriores de
vários tipos; mas o amor não se rende à provocação; ele triunfa sobre tudo. Em
todas as tentativas, ele olha para Jesus, e é mais que vencedor em seu
amor.
Não
é improvável que nossos tradutores inseriram aquela palavra, como se ela fosse,
para desculpar o Apóstolo; que, como eles supuseram, poderia, do contrário,
pareceria estar em falta com o mesmo amor que ele tão belamente descreve. Eles
parecem ter suposto isto da frase em Atos dos Apóstolos; que está igualmente
muito inadequadamente traduzida. Quando Paulo e Barnabé discordaram, com
respeito a João, a tradução seguiu-se dessa forma: 'E tal contenda houve
entre eles, que se apartaram um do outro. Barnabé, levando consigo a Marcos,
navegou para Chipre. E Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu, encomendado
pelos irmãos à graça de Deus.e passou pela Síria e Cilícia, confirmando as
igrejas' (Atos 15:39).
Isto
naturalmente induz o leitor a supor que eles estavam igualmente mordazes nisto;
que Paulo, que está indubitavelmente certo, com respeito ao ponto em questão,
(sendo completamente impróprio levar João com seles novamente, quem tinha
desertado deles anteriormente), estava tão alterado quanto Barnabé, que deu tal
prova de sua ira, que deixou a obra, pela qual ele tinha sido separado pelo
Espírito Santo. Mas o original não importa tal coisa; nem afirma que Paulo
estava alterado afinal. Ele simplesmente diz, 'E houve uma veemência',
um paroxismo de raiva; em conseqüência do que Barnabé deixou Paulo, pegou a
João e seguiu seu caminho. Paulo, então, 'escolhe a Silas, e parte, sendo
recomendado pelos irmãos para a graça de Deus'; (o que não é dito com
respeito a Barnabé); 'e segue através da Síria e Cilícia', como ele tinha proposto, 'confirmando as
igrejas' . (Atos 15:39-41).
Mas,
retornando....
11. O
amor impede milhares de provocações que, do contrário, se ergueriam, porque ele
não 'suspeita mal'. Realmente, o homem misericordioso não pode evitar
saber muitas coisas que são ruins; ele não pode deixar de vê-las, por si mesmo,
e ouvir delas, ele mesmo. Já que o amor não tira fora seus olhos, é impossível
a ele não ver que tais coisas são feitas; nem tira fora seu entendimento, não
mais do que seus sentidos, de maneira que ele não pode deixar de saber que elas
são más. Por exemplo: quando ele vê um homem golpear seu próximo, ou o ouve
blasfemar contra Deus, ele não pode questionar a coisa feita, ou as palavras
faladas, ou duvidar de que sejam pecaminosas. A palavra 'suspeitar' não
se refere ao nosso ver e ouvir, ou aos primeiros e involuntários atos de nosso
entendimento; mas à nossa disposição em pensar o que não precisamos; nossa
dedução do mal, onde ele não aparece; ao nosso raciocínio concernente às coisas
que não vemos; nossa suposição ao que nós não vemos, nem ouvimos. Isto é o que
o amor verdadeiro absolutamente destrói. Ele rasga em pedaços; completamente,
toda a idéia do desconhecido. Ele atira fora toda desconfiança; toda a maldade
presumível; toda prontidão a acreditar no mal. Ele é franco, aberto, sem
malícia; e, como ele não pode ocasionar, então, ele nem teme o mal.
12. 'Ele não folga com a
iniqüidade'; tão comum quanto isto seja, mesmo entre aqueles que
testemunham o nome de Cristo, e que têm escrúpulos, em não se regozijarem sobre
seus inimigos, quando eles caem seja na desgraça, no erro, ou no pecado. De
fato, quão dificilmente podem evitar isto, os que estão tão zelosamente atados
a alguma parte! Quão difícil é para eles não se agradarem com qualquer falta
que eles descobrem, naqueles da parte oposta, -- com alguma mancha real ou
suposta, tanto em seus princípios, quanto em sua prática! Que defensor
fervoroso de alguma causa é mais perspicaz do que esses? Sim; quem está tão
sereno, para ser completamente livre? Quem não se regozija, quando seu
adversário dá um passo em falso, o que ele pensa irá trazer vantagem a sua
própria causa? Apenas o homem que verdadeiramente ama. Apenas ele chora, tanto
sobre o pecado, quanto sobre a tolice de seu inimigo; não tendo prazer em
ouvir, ou em repetir isto, mas, preferivelmente, deseja que ele possa ser
esquecido para sempre.
13. Mas ele 'se regozija
na verdade', onde quer que ela se encontre; na 'verdade que busca a
santidade', que produz seus frutos próprios, santidade de coração e
santidade de conversa. Ele se regozija se certificar que mesmos esses que se
opõem a ele, se com respeito às opiniões, ou alguns pontos da prática, são, não
obstante, amantes de Deus, e em outros aspectos, irrepreensíveis. Ele fica
feliz em ouvir falar bem deles, e fala tudo o que ele pode consistentemente com
a verdade e a justiça. Realmente, o bem, em geral, é sua glória e alegria, em
qualquer parte, espalhado, através da raça humana. Como um cidadão do mundo,
ele clama por uma porção na felicidade de todos os habitantes dele. Porque ele
é um homem, ele não está despreocupado com o bem-estar de qualquer homem; mas
se alegra com o que quer que traga glória a Deus, e promove a paz e boa-vontade
entre os homens.
14.
Este 'amor encobre todas as coisas': (assim, sem dúvida, 'suporta
todas as coisas'): Porque um homem misericordioso não se regozija na
iniqüidade; nem de boa vontade faz menção disto. O que quer de mal que ele
veja, ouça, ou saiba, ele, porém, se cala. Tanto quanto ele pode, sem tornar-se
'parceiro no pecado de outrem'. Onde quer, ou com quem quer que ele
esteja, se ele vê alguma coisa que ele não aprova, isto não sai de sua boca;
exceto para a pessoa a quem diz respeito, se, por acaso, ele pode ganhar um
irmão. Ele está, muito longe, de fazer, das faltas ou falhas de outros, o
assunto de sua conversa, já que do ausente ele nunca fala, afinal; a não ser,
se ele puder falar bem. O fofoqueiro, o caluniador, o murmurador, o
maledicente, é para ele como um assassino. Assim como ele cortaria a garganta
de seu próximo, ele mataria sua reputação. Assim como ele pensaria em se
divertir, ateando fogo na casa de seu próximo, ele 'distribuiria flechas a
sua volta; tição e morte', dizendo, 'eu não estou praticando esporte?'.
Ele
faz apenas uma exceção; algumas vezes, ele está convencido de que é para a glória
de Deus, ou (o que vem a ser o mesmo) o bem de seu próximo, que um mal não deva
ser encoberto. Nesse caso, para o benefício do inocente, ele é constrangido a
declarar o culpado. Mas, mesmo aqui:
1o. Ele não falará, afinal, até que o amor; o amor superior,
o obrigue;
2o. Ele não fará isto, de uma visão geral confusa em
fazer o bem, ou promover a glória de Deus, mas de um sinal claro de alguma
finalidade pessoal; algum bem determinado que ele persiga;
3o. Ainda assim, ele não pode falar, a menos que ele
esteja completamente convencido de que esse mesmo meio é necessário para aquela
finalidade; que a finalidade não pode ser respondida; pelo menos, não tão
efetivamente, através de algum outro caminho;
4o. Ele, então, o faz, com a mais extrema tristeza e
relutância; usando isto como um último e pior remédio; um remédio extremo, em
um caso extremo; uma espécie de veneno, que nunca deverá ser usado, a não ser
para expelir o veneno;
5o. Conseqüentemente, ele usa isto tão frugalmente quanto
possível. E o faz com temor e tremor, a fim de que não transgrida a lei do
amor, por falar demais; mais do que ele poderia ter feito, não falando,
afinal.
15. O amor 'acredita em todas as
coisas'. Ele está sempre disposto a pensar o melhor; a colocar a mais
favorável construção sobre tudo. Ele está sempre pronto a acreditar, no que
quer que possa tender ao proveito do caráter de alguém. Ele é facilmente
convencido da inocência (o que ele sinceramente deseja), ou integridade de
qualquer homem; ou, pelo menos, da sinceridade de seu arrependimento; se ele,
uma vez, errou no seu caminho. Ele fica feliz em desculpar o que quer que seja
inoportuno; a condenar o ofensor, tão pouco quanto possível; e a dar toda
permissão para a fraqueza humana, que possa ser feita, sem trair a verdade de
Deus.
16. E
quando ele não puder acreditar mais, então, o amor 'terá esperança, em todas
as coisas'. Algum mal está relacionado a algum homem? O amor espera que a
relação não seja verdadeira; que a coisa relacionada nunca tenha sido feita. É
certo que ela foi? – 'Mas, talvez, não tenha sido feita, em tais
circunstâncias, como está relatada; de maneira que, aceitando o fato, existe
uma oportunidade de esperar que ela não seja tão ruim quanto está reproduzida'.
A ação foi inegavelmente pecaminosa? O amor espera que a intenção não tenha sido
tanto. Está claro que o objetivo foi pecaminoso também? – 'Ainda assim, ele
não deveria brotar de um temperamento firme do coração, mas de um ímpeto de
paixão, ou de alguma tentação veemente, que precipita o homem fora da
compreensão de si mesmo'. E, mesmo quando não houver dúvida de que todas as
ações, objetivos, e temperamentos são igualmente maus; ainda assim, o amor
espera que Deus estenda seu braço, e leve a si mesmo à vitória; e haverá 'alegria
nos céus, por conta', deste 'único pecador que se arrepende, do que por
causa de noventa e nove pessoas que não precisam de arrependimento'.
17. Por fim: Ele 'suporta todas as coisas'.
Isto completa o caráter daquele que é verdadeiramente misericordioso. Ele não suporta
apenas algumas; não muitas coisas apenas; nem a maioria; mas, absolutamente
todas as coisas. O que quer que a injustiça, malícia, crueldade dos homens
podem infligir, ele será capaz de suportar. Ele não considera coisa alguma
intolerável; ele nunca diz de alguma coisa, 'Isto não pode ser suportado'.
Não; ele não apenas faz, mas suporta todas as coisas, através de Cristo, que o
fortalece. E tudo o que ele suporta não destrói seu amor; não o enfraquece, por
fim. É evidência contra tudo. É a chama que queima, mesmo no meio do grande
abismo. 'Muitas águas não podem extinguir' o seu 'amor; nem pode a
inundação sucumbi-lo'. Ele triunfa sobre tudo. Ele 'nunca falha',
tanto no tempo, quanto na eternidade.
Em
obediência ao que o céu decreta
o
conhecimento pode falhar, e a profecia cessar;
Mas
a maior influência do amor eterno,
não
limitado pelo tempo, nem sujeito à decadência,
em
triunfo feliz viverá para sempre;
e
o bem infinito espalhará, e o louvor infinito receberá.
Assim deverá 'o misericordioso
obter misericórdia'; não apenas, pela bênção de Deus sobre todos os seus
caminhos; por retribuir agora o amor que eles suportaram, por seus irmãos,
milhares de vezes, em seus próprios peitos; mas, igualmente, pelo 'peso
excessivo e eterno da glória', no 'reino preparado para eles, desde o
começo do mundo'.
18. Por
enquanto, você pode dizer, 'Ai de mim, que' estou constrangido
'a habitar com Mesech, e ter minha
morada entre as tendas de Kedar!'. Você pode verter sua alma, e lamentar a perda do amor verdadeiro e
genuíno na terra: Perdido, realmente! Você bem pode dizer, (mas não, em um
sentido remoto): 'Veja como esses cristãos amam uns aos outros!'. Esses
reinos cristãos, que estão dilacerando suas entranhas mutuamente; devastando
uns aos outros, com o fogo e a espada! Esses exércitos cristãos que estão sendo
enviados, aos milhares, rapidamente para o inferno! Essas nações cristãs que
estão sendo tomadas pelo fogo; pelas contendas; partido contra partido; facção
contra facção!
Essas
cidades cristãs, onde o dolo e a fraude; opressão e iniqüidade; sim, roubo e
assassinato, não saem de suas ruas! Essas famílias cristãs, feitas em pedaços,
pela cobiça, ciúme, ira, disputa doméstica, inumerável, interminável! Sim. E o
que é mais terrível; o mais lamentável de tudo, essas igrejas cristãs! –
Igrejas ('não diga isto, em Gath' -- mas, meu Deus, como nós poderemos ocultar
isto dos judeus, turcos ou dos pagãos?); que testemunhamos o nome de Cristo, o
Príncipe da Paz, promovendo guerra contínua uns com os outros! Que os pecadores
convertidos, os queimam vivos! Que estão 'embriagados pelo sangue dos
santos!' –
Será
que essa glória pertence apenas à grande Babilônia, 'a mãe das meretrizes e
abominações da terra?'. Mais do que isto; as Igrejas Reformadas (assim
chamadas) têm sinceramente aprendido a trilhar em seus passos. As Igrejas
Protestantes também sabem oprimir, quando elas têm poder, em suas mãos; mesmo
com sangue. E, nesse meio tempo, como elas também anatematizam umas às outras!
Consagram umas às outras, ao mais baixo inferno! Que ira; que contenda; que
malícia; que amargura está em todos os lugares, encontradas, em meio delas;
mesmo quando elas concordam nos princípios básicos, e apenas diferem em
opiniões, ou em pormenores da religião! Quem segue em busca apenas das 'coisas
que trazem paz; e das coisas onde nós podemos edificar o outro?'. Ó Deus!
Por quanto tempo ainda? Será que tua promessa irá falhar?
Não
a tema, pequeno rebanho! Contra a esperança, acredite na esperança! É o bom
prazer de seu Pai ainda renovar a face da terra. Certamente, todas as coisas
chegarão ao fim, e os habitantes da terra deverão aprender a retidão. 'Nações
não erguerão espadas contra nação; nem elas conhecerão a guerra mais'. 'As
montanhas da casa do Senhor serão edificadas, no topo das montanhas'; e 'todos
os reinos da terra tornar-se-ão os reinos de nosso Deus'. 'Eles', então, 'não
causarão dano, ou destruição, em todas as suas santas montanhas'; mas
chamarão os 'seus muros de salvação, e seus portões de louvor'. Eles todos
serão, sem mácula ou mancha; amando uns aos outros, como Cristo nos tem amado
– Sê tu parte dos primeiros frutos, se o
tempo da colheita ainda não chegou. Tu amas a teu próximo como a ti mesmo? O
Senhor Deus preencherá teu coração com tal amor por cada alma, que tu estarás
pronto a entregar tua vida, pela causa dele! A tua alma pode continuamente ser
dominada pelo amor, consumindo cada temperamento indelicado e impuro, até que
Ele te chame para a região do amor, para que reines com ele para sempre e sempre!
Editado por William A. Buckholdt III com correções de
Ryan Danker and George Lyons para o Wesley Center for Applied Theology.
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Theology.
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