John Wesley
'Vós sois o sal da terra; e, se o
sal for insípido, com o que há de se salgar? Para nada mais presta, senão para
ser lançado fora, e ser pisado por homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode
esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se
coloca debaixo do alqueire; mas no velador, e dá luz a todos que estão em casa.
Assim, resplandeça a vossa luz, diante dos homens, para que eles possam ver as
suas boas obras, e glorificarem seu Pai que está no céu'. (Mateus 5:13-16)
1. A beleza da santidade
interior, daquele do homem de coração, que é renovado na busca da imagem de
Deus, não pode deixar de atingir cada olho que Deus tem aberto, -- cada
entendimento erudito. O ornamento do manso, do humilde, do espírito amoroso,
irá, por fim, estimular a aprovação de todos aqueles que são capazes, em algum
grau, de discernirem o bem e o mal
espirituais. Do momento em que os homens começam a emergir da escuridão que
cobre o mundo leviano e insensato, eles não podem deixar de perceber quão
desejável é ser assim transformado na semelhança daquele que os criou. Essa
religião interior carrega a forma de Deus, tão visivelmente gravada sobre ela,
que uma alma deverá estar totalmente imersa na carne e sangue, para duvidar de
sua origem divina. Nós podemos dizer sobre isso, em um sentido secundário, até
mesmo do próprio Filho de Deus, que é 'o esplendor de sua glória; a imagem
expressa de Si mesmo'; -- 'a irradiação de sua' eterna 'glória';
que, ainda assim, ele é tão suave e agradável, que mesmo os filhos dos homens
podem ver Deus nele, e viverem; -- 'o caráter, o selo, a impressão viva de
Si mesmo', aquele que é a fonte da beleza e amor; a fonte original de toda
excelência e perfeição.
2. Se a religião, no entanto,
não fosse levada, mais além do que isto, eles não teriam dúvidas concernente e
ela; eles não teriam objeção, em irem ao seu encalço, com todo o ardor de suas
almas. 'Mas, por que', eles perguntam, 'ela está obstruída com outras
coisas? Qual a necessidade de oprimi-la - com fazer e sofrer? Não
são essas coisas que refreiam o vigor da alma, e a fazem sucumbir a terra
novamente? Não é suficiente seguir em busca do amor?'; elevar-se nas asas
do amor? Não será suficiente adorar a Deus, que é um Espírito, com o espírito
de nossas mentes, sem sobrecarregarmos a nós mesmos, com coisas exteriores; ou
mesmo, pensando sobre elas, afinal? Não é melhor que toda a extensão de nossos
pensamentos possa ser elevada, através de uma contemplação elevada e divina; e
que, ao em vez de ocupar a nós mesmos, afinal, com coisas externas, nós
poderíamos apenas comungar com Deus em nossos corações?
3. Muitos homens iminentes
têm falado assim; têm nos aconselhado a 'pararmos com as ações exteriores';
retirarmo-nos totalmente do mundo; deixando o corpo atrás de nós;
abstraindo-nos de todas as coisas sensíveis; não termos preocupação com
respeito à religião exterior, a não ser para operar todas as virtudes na
vontade; como uma maneira mais excelente; mais perfeita da alma; tanto
quanto mais aceitável para Deus.
4. Não é necessário que
alguém fale a nosso Senhor dessa obra-prima de nossa sabedoria; esse mais fiel
de todos os conselhos, por meio dos quais, Satanás tem pervertido os caminhos
corretos do Senhor! E, Ó, que instrumentos ele tem encontrado, de tempos em
tempos, para empregar nesse seu serviço; para manejar essa grande máquina do
inferno contra algumas das mais importantes verdades de Deus! – Os homens que 'ludibriariam,
se fosse possível, os próprios escolhidos'; os homens de fé e amor; sim,
que têm, por algum tempo, enganado e conduzido fora um número não
insignificante deles, que têm caído, em todas as épocas, na armadilha dourada;
e, dificilmente, escapado com o esmalte de seus dentes.
5. Mas nosso Senhor tem
estado em falta sobre o que lhe cabe? Ele não nos tem suficientemente guardado
contra essa ilusão prazerosa? Ele não nos tem armado aqui com a armadura do
testemunho, contra Satanás 'transformado em anjo de luz?'. Sim, verdadeiramente: Ele aqui defende, da
maneira mais clara e forte, a religião ativa e paciente que ele tinha
justamente descrito. O que pode ser mais completo e claro do que as palavras
que ele anexa imediatamente ao que ele tem dito sobre fazer e sofrer?
'Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido,
com o que há de se salgar? Para nada mais presta, senão para ser lançado fora,
e ser pisado por homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma
cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do
alqueire; mas no velador, e dá luz a todos que estão em casa. Assim,
resplandeça a vossa luz, diante dos homens, para que eles possam ver as suas
boas obras, e glorificarem seu Pai que está no céu'. (Mateus 5:13-16)
Com o objetivo de explicar e
reforçar completamente essas importantes palavras, eu vou me empenhar para
mostrar:
1o. Que o
Cristianismo é essencialmente uma religião social; e que fazer dele uma
religião solitária é destruí-lo.
2o. Que ocultar
essa religião é impossível, assim como extremamente contrário ao objetivo de
seu Autor.
3o. E responder algumas objeções; e concluir o
todo, com uma aplicação prática.
I
1. Eu
vou me esforçar para mostrar que o Cristianismo é essencialmente uma religião
social; e que torná-lo uma religião solitária é de fato destruí-lo.
Por
Cristianismo, eu quero dizer aquele método de adoração a Deus, que está aqui
revelado ao homem, através de Jesus Cristo. Quando eu digo que ele é
essencialmente uma religião social, eu não quero dizer apenas que ele não
subsistiria assim tão bem, mas que ele não subsistiria, afinal, sem a
sociedade, -- sem viver e conversar com outros homens. E, em mostrando isto, eu
devo confinar a mim mesmo àquelas considerações que irão se erguer do mesmo
discurso diante de nós. Mas, se for assim mostrado, então, sem dúvida, tornar
isto uma religião solitária é destruí-la. Não que devemos, de maneira alguma,
condenar a solidão e retiro, misturados, com a sociedade. Isto não é apenas
permitido, mas conveniente; mais ainda, isto é necessário, como as experiências
mostram diariamente, a todos que, tanto já são, quanto os que desejam ser
cristãos verdadeiros.
Dificilmente,
pode ser que nós passemos um dia inteiro, em um intercurso continuado com
homens, sem sofrermos perda, em nossas almas; e, em alguma medida, afligirmos o
Espírito Santo de Deus. Nós temos necessidade diariamente de nos retirarmos do
mundo, pelo menos de manhã e à noite, para conversarmos com Deus, para
comungarmos mais livremente com nosso Pai, que está em secreto. Nem, de fato,
pode um homem de experiência condenar mesmo as mais longas épocas de retiro
religioso, de modo que eles não implicam alguma negligência do emprego mundano,
onde a providência de Deus tem nos colocado.
2. Ainda assim, tal retiro
não deve ocupar todo o nosso tempo; isto iria destruir, e não trazer progresso
à verdadeira religião. Já que aquela religião, descrita por nosso Senhor, nas
palavras precedentes, não pode subsistir, sem a sociedade; sem nosso viver e
conversar com outros homens, fica evidente nisto, que diversas das mais
essenciais ramificações dela não terão lugar, se nós não tivermos um intercurso
com o mundo.
3. Não
existe disposição, por exemplo, que seja mais essencial ao Cristianismo do que
a humildade. Agora, até porque ela implica resignação para com Deus, e
paciência, na dor e sofrimento, ela pode subsistir no deserto, em uma cela
hermética, na total solidão; ainda assim, como ela implica (o que não é menos
necessariamente feito), indulgência, gentileza, e longanimidade, ela não pode possivelmente
ter uma existência; ela não teria lugar debaixo dos céus, sem um intercurso com
outros homens. De maneira que, tentar tornar isto em uma virtude solitária, é
destruí-la da face da terra.
4. Um outro ramo necessário do
verdadeiro Cristianismo é a pacificação; ou fazer o bem. Que isto é igualmente
essencial, com alguma das outras partes da religião de Jesus Cristo, não pode
existir argumento mais forte para evidenciar, (e, por esta razão, é absurdo
eleger algum outro), do que aquele que está aqui inserido, no plano original,
no qual Jesus tem estabelecido os fundamentos de sua religião. Por conseguinte,
colocar de lado isto, é o mesmo que ousar insultar a autoridade de nosso Grande
Mestre; assim como colocar aparte a misericórdia, pureza de coração ou qualquer
outro ramo de sua instituição.
Mas
isto é aparentemente colocado de lado, por todos que nos chamam ao deserto; que
recomendam a inteira solidão, tanto aos bebês, aos jovens, quanto aos adultos
em Cristo. Pode algum homem afirmar que um cristão solitário (assim chamado,
embora seja pouco menos do que uma contradição, em termos) possa ser um homem
misericordioso, -- ou seja, alguém que aproveita todas as oportunidades para
fazer o bem a todos os homens? O que pode ser mais claro do que, sem a sociedade;
sem nosso viver e conversar com outros homens, este ramo fundamental da
religião de Jesus Cristo não pode possivelmente subsistir?
5. 'Mas, será oportuno,
contudo', alguém poderia naturalmente perguntar, 'conversar apenas com
homens bons, -- apenas com aqueles que nós sabemos serem mansos e
misericordiosos, -- santos de coração, e santos na vida? Não é conveniente
refrearmo-nos de alguma conversa ou intercurso com homens de caráter oposto, --
homens que não obedecem, talvez, nem acreditem, no Evangelho de Nosso Senhor
Jesus Cristo?'. O conselho de Paulo aos cristãos, em Corinto, pode parecer
favorecer isto: 'Já por carta vos tenho escrito que vos associeis com os que
se prostituem'. (1 Cor. 5:9). E certamente não é aconselhável estar,
assim, em companhia deles, ou quaisquer outros trabalhadores da iniqüidade;
como ter alguma familiaridade particular; ou alguma amizade estreita com eles.
Contrair ou continuar uma intimidade com alguns como esses, não é expediente
para um cristão. Isto necessariamente o exporia a uma abundância de perigos e
armadilhas, em que ele não poderia ter esperança razoável de livramento.
Mas o Apóstolo não nos proíbe de ter
algum intercurso, afinal; mesmo com os homens que não conhecem a Deus! 'Porque,
para isto', diz ele, 'nós precisaríamos sair do mundo!'; o que ele
nunca poderia aconselhá-los a fazer. Mas, ele anexa: 'Se algum homem que
seja chamado de irmão', que professe a si mesmo como um cristão, 'for um
adúltero, um avarento, um idólatra, um maldizente, um bêbado, um extorquidor';(I
Co. 5:11); eu agora tenho escrito a vocês, para não estarem em companhia
deles; com estes, não comam'. Isto
deve necessariamente implicar que nós devemos romper toda a familiaridade; toda
a intimidade de conhecimento com estes. 'Todavia, não o tenhais', diz o
Apóstolo, em outro lugar, 'como um inimigo, mas admoestai-o como irmão' (2 Tess. 3:15); mostrando claramente que,
mesmo em tal caso como este, nós não devemos renunciar toda amizade com ele. De
modo que aqui não é aconselhável separar-se totalmente, até mesmo do homem
pecaminoso. Sim. Essas mesmas palavras nos ensinam a fazer completamente ao
contrário.
6. Mais
do que isto, as palavras de nosso Senhor; estão longe de nos direcionar a
romper todo o comércio com o mundo, o que sem ele, de acordo com sua
consideração de Cristianismo, nós não podemos ser cristãos, afinal. Seria fácil
mostrar que alguns intercursos, mesmo com os homens descrentes e impuros, são
absolutamente necessários, com o objetivo de uma completa aplicação de cada
temperamento que ele tem descrito, como caminho para o reino; e que são
indispensavelmente necessários, para o completo exercício da pobreza de
espírito, do murmurar e de qualquer
outra disposição que tenha um lugar aqui, na religião genuína de Jesus Cristo.
Sim. Eles são necessários, para a própria existência de diversos deles; -- daquela
mansidão, por exemplo, que, em vez de exigir 'olho por olho; dente por
dente', 'não resiste ao mal', mas faz com que, preferivelmente,
quando lhe baterem 'na face direita, seja-lhe dado a outra, também'; -- daquela
misericórdia, por meio da qual, 'nós amamos nossos inimigos; abençoamos
a quem nos praguejam; fazemos o bem a todos que nos odeia; e oramos por aqueles
que maliciosamente nos usam e nos perseguem'; -- daquele enredamento do amor e todos os temperamentos santos que
são exercitados no sofrer por causa da retidão. Agora, todos esses, é
claro, não teriam existência, não tivéssemos intercurso com algum deles, a não
ser com os cristãos reais.
7. Realmente, fosse para nos
separarmos totalmente dos pecadores, como possivelmente poderíamos responder
àquele caráter que nosso Senhor dá nessas mesmas palavras? "Vocês"
(cristãos; vocês que são humildes, sérios e mansos de coração; vocês que têm
fome de justiça; que amam a Deus e ao homem; que fazem o bem a todos, e, no
entanto sofrem o mal; vocês) 'são o sal da terra': É da própria natureza
de vocês temperarem o que quer que esteja em sua volta. É da natureza de seu
divino sabor, o que está em vocês, entremearem-se ao que quer que vocês toquem;
espalharem-se, para todos os lados, para todos esses, entre os quais vocês
estão. Esta é a grande razão, porque a providência de Deus tem tanto misturado
vocês, com outros homens – para que qualquer que seja a graça que vocês tenham
recebido de Deus, ela possa, através de vocês, ser comunicada a outros; para
que todo temperamento santo, e palavra, e obra de vocês, possam ter uma
influência sobre eles também. Para que, por meio disto, uma repressão, em
alguma medida, seja feita à corrupção que está no mundo; e uma pequena parte,
pelo menos, seja salva da infecção geral, e se coloque santa e pura diante de
Deus.
8.
Para que possamos mais diligentemente trabalhar, para temperarmos tudo que
pudermos, com todo temperamento santo e divino, nosso Senhor prossegue
mostrando o estado desesperado daqueles que não comungam com a religião que
eles têm recebido; o que, de fato, eles possivelmente fracassam ao fazer, por
quanto tempo ela permanece apenas em seus corações. 'Se o sal for insípido,
com o que há de se salgar? Para nada mais presta, senão para ser lançado fora,
e ser pisado por homens'. Se vocês que têm sido santos e religiosos, e
conseqüentemente, zelosos das boas obras, não tiverem, por mais tempo, o sabor
em vocês mesmos; e, por conseguinte, não mais temperarem a outros; se vocês que
cresceram monótonos, insípidos, mortos; tanto negligentes de suas próprias
almas, quando inúteis às almas de outros homens; 'de que maneira poderão se
tornar novamente o sal da terra? Como vocês poderão ser recuperados? Com que
ajuda? Com que esperança?Pode um sal insípido recuperar seu sabor? Não; para
nada mais presta, senão para ser lançado fora', mesmo no atoleiro das ruas,
'e ser pisado por homens', para ser esmagado com desprezo eterno.
Se
vocês nunca antes tinham conhecido ao Senhor, poderia existir esperança, -- se
você nunca tivessem sido 'encontrados Nele: Mas o que vocês podem dizer
para aquela declaração solene dele, justamente paralela ao que ele tem aqui
falado? 'Todo ramo em mim que não dá fruto', ele, o Pai 'tira fora.
Ele que habita em mim, e eu nele, produziremos muitos frutos'. 'Se alguém não
estiver em mim; ou não produzir frutos, será lançado fora, como vara, e secará;
e os homens o colhem, não o plantam novamente, mas 'o atiram ao fogo,
para arder'. (João 15:2, 5,6)
9. Com respeito àqueles que nunca
provaram da boa palavra, Deus está realmente compadecido, e tem uma
misericórdia terna. Mas a justiça toma lugar, no que se refere àqueles que já
provaram que o Senhor é gracioso; mas, mais tarde, voltaram atrás, 'nos
santos mandamentos', então, 'entregues a eles'. 'Porque é impossível que
os que já uma vez foram iluminados' (Hebreus 6:4-6); em cujos
corações Deus uma vez brilhou, para iluminá-los com o conhecimento da Sua
glória, na face de Jesus Cristo; 'e provaram o dom celestial' - a
redenção em seu sangue, o perdão dos pecados; 'e se fizeram participantes do Espírito
Santo', da humildade, da mansidão, e do amor de Deus e homem, espalhados
por todo seu coração, através do Espírito Santo que foi dado junto a eles: mas 'caíram';
-- (aqui não se trata de uma suposição, mas de uma declaração clara do
fato) 'para renová-los novamente no arrependimento; vendo que eles de novo
crucificaram o filho de Deus e o
expuseram à vergonha declarada'.
Mas, para que ninguém possa
interpretar mal essas terríveis palavras, deve ser cuidadosamente observado:
1o. Quem são
estes, de quem se está falando aqui; ou seja, eles, tão somente, que uma vez
foram, assim, 'iluminados'; eles apenas, 'que provaram' daquele 'dom
celestial, e foram', assim, 'feitos parceiros do Espírito Santo'; de
modo que todo aquele que não experimentou essas coisas está totalmente fora
deste contexto?
2o. Do que se
trata o terem caído, de que se fala aqui: trata-se de uma apostasia
[mudança de religião] absoluta e total. Um crente pode cair; porém, não cair
fora. Ele pode cair; mas se erguer novamente. E, se ele pode cair, até
mesmo no pecado, ainda assim, esse caso, terrível como ele é, não é
desesperador. Porque 'nós temos um Advogado com o Pai, Jesus Cristo, o
justo; e Ele é a reparação de nossos pecados'.
Mas
que o crente possa, acima de todas as coisas, tomar cuidado, a fim de que seu 'coração
não se endureça por causa da aparência enganosa do pecado'; a fim de ele
não possa sucumbir, para mais e mais baixo, até que tenha caído totalmente; até
que ele se torne como o sal que perdeu seu sabor: Porque, se nós pecamos,
assim, intencionalmente, depois de termos recebido 'o conhecimento' experimental
'da verdade; não restará lá sacrifício algum para os pecados; a não ser,
certamente, um olhar temeroso, por causa da indignação flamejante, que devora
os adversários'.
II
1.
'Mas, embora não possamos nos separar totalmente da humanidade; embora seja
afirmado que nós devemos temperá-la, com a religião que Deus tem forjado em
nossos corações; ainda assim, isto não pode ser feito de maneira menos
sensível? Nós não podemos comunicar isto aos outros, em segredo, e de uma
maneira quase imperceptível, de modo que dificilmente alguém seja capaz de
observar, como e quando é feito? – assim
como o sal transmite seu próprio sabor, naquilo em que ele é temperado, sem
alarde, e sem estar sujeito a alguma observação exterior? E, sendo dessa forma,
por conseguinte, nós podemos não sair do mundo, mas, ainda assim, estarmos
escondido nele. Nós podemos, então, manter nossa religião, para nós mesmos; sem
melindramos aqueles a quem não podemos ajudar'.
2. Com
respeito a este raciocínio plausível da carne e sangue, nosso Senhor esteve
atento também. E Ele deu uma resposta completa a isto, naquelas palavras que
agora serão consideradas; na explicação das quais, eu me esforçarei para
mostrar, como eu me propus fazer, em segundo lugar, que, por quanto tempo a
religião verdadeira habite em nossos corações, é impossível ocultá-la; assim
como é absolutamente contrário ao
desígnio do seu grande Autor. Primeiro, é impossível para qualquer que a
tenha, ocultar a religião de Jesus Cristo. Isto nosso Senhor torna claro, além
de toda contradição, por dupla comparação: 'Vocês são a luz do mundo? Uma
cidade situada em cima de uma colina não poderá ser oculta'. Vocês,
cristãos, 'são a luz do mundo' - com respeito a ambos: temperamento e
ações. Sua santidade torna vocês tão evidentes, como o sol no meio do firmamento.
Já que vocês não podem sair fora do mundo; nem podem estar nele, sem se
apresentarem a toda humanidade.Vocês não podem fugir de homens; e, enquanto
vocês estão, entre eles, é impossível que vocês escondam sua humildade,
mansidão, e todas aquelas outras disposições, por meio das quais, vocês aspiram
ser perfeitos, como seu Pai, que está nos céus é perfeito. O amor não pode se
ocultar mais do que a luz; e, menos ainda, quando ele brilha publicamente em
ação; quando vocês exercitam a si mesmos nas tarefas do amor, em beneficência
de toda espécie. Assim como os homens pensam em esconder uma cidade, eles
pensem em ocultar um cristão; sim, tanto quanto eles podem ocultar uma cidade,
situada em cima de uma colina, eles podem ocultar um amante de Deus e homem, santo,
zeloso e presente.
3. É
verdade que os homens que amam a escuridão, preferivelmente, à luz, porque seus
atos são pecaminosos, irão fazer todo o possível para provar que a luz que está
em vocês é treva. Eles irão falar mal; dizer toda forma de maldade, e
falsidade, a respeito do que existe de bom em vocês; eles irão colocar, como
sendo da responsabilidade de vocês, o que está muito longe de seus pensamentos;
o que é contrário a tudo aquilo que vocês são, e a tudo o que vocês fazem. E a
sua permanência contínua, na beneficência, sua mansidão, sofrendo todas as
coisas por causa do Senhor, sua calma; alegria humilde, em meio à perseguição,
e seu trabalho incansável, para pagar o mal com o bem, irão fazer com que vocês
sejam ainda mais visíveis e proeminentes do que eram antes.
4. Tão impossível quanto é
manter nossa religião, sem ser vista, a menos que nós a lancemos fora; tão tolo
quanto é o pensamento de esconder a luz, a menos que a coloquemos fora! Certo é
que a religião secreta, desapercebida, não pode ser a religião de Jesus Cristo.
Qualquer que seja a religião que possa ser oculta, ela não é Cristianismo. Se
um cristão pudesse ser oculto, ele não teria sido comparado a uma cidade sobre
uma colina; à luz do mundo; ao sol que brilha no firmamento, e que é visto por
todo o mundo abaixo. Por conseguinte, que nunca entre no coração daquele que
Deus tem renovado no espírito de sua mente, esconder esta luz; guardar sua
religião para si mesmo; especialmente considerando que não é apenas impossível
ocultar o Cristianismo verdadeiro, mas que isto é, de igual forma,
absolutamente contrário ao desígnio do grande Autor dele.
5. Isto aparece claramente
nas seguintes palavras: 'Nem os homens deverão ascender a candeia e
colocá-la debaixo do alqueire'. [Esta expressão
também significa: não esconda seus talentos. O Sr. Wesley a usou, referindo ao
talento de John Fletcher, seu pregador preferido, que ele acreditava seria seu
sucessor natural. O Sr. Fletcher morreu antes do Sr. Wesley]. Como se ele [Jesus] tivesse dito:
assim como os homens não podem esconder a candeia, apenas para depois cobri-la
e ocultá-la; assim, Deus não ilumina alguma alma, com seu glorioso conhecimento
e amor, para tê-la coberta e oculta; tanto pela prudência, falsamente assim
chamada, quanto pela vergonha, ou humilhação voluntária; e tê-la escondida,
tanto em um deserto, quanto no mundo; tanto se esquivando dos homens, quanto
conversando com eles. 'Mas eles a colocam em um castiçal, e ela ilumina tudo
o que está na casa': De igual maneira, é o objetivo de Deus, que cada
cristão possa estar em um lugar estratégico; para que ele possa iluminar tudo a
sua volta; para que ele possa visivelmente expressar a religião de Jesus
Cristo.
6. Assim, Deus tem falado, em
todas as épocas, ao mundo; não apenas por preceitos, mas por exemplo também.
Ele não tem 'deixado a si mesmo, sem testemunha', em qualquer nação,
onde o som do Evangelho tenha surgido, sem que alguns tenham testificado sua
verdade, através de suas vidas, tanto quanto, através de suas obras. Esses têm
sido 'como as luzes, brilhando em um lugar escuro'. E, de tempos em
tempos, eles têm sido os meios de iluminar alguns; preservando uma sobra, uma
pequena semente que foi 'confiada junto ao Senhor por gerações'. Eles
têm conduzido algumas pobres ovelhas, para fora da escuridão do mundo, e guiado
seus pés para o caminho da paz.
7. Alguém poderia imaginar que, onde
ambas, a Escritura e a razão das coisas, falam tão claramente e expressamente,
não poderá haver muito avanço do outro lado, pelo menos não com alguma
aparência de verdade. Mas eles, que pensam dessa forma, sabem pouco das
profundezas de Satanás. Afinal de contas, toda esta Escritura e razão têm dito
que os pretextos para a religião solitária; para que um cristão saia do mundo,
ou, pelo menos, se esconda nele, são tão excessivamente plausíveis; que nós
precisamos de toda a sabedoria de Deus para vermos, através da armadilha, e
todo o poder de Deus, para escaparmos dela; tantas e fortes são as objeções que
têm sido trazidas contra o fato de serem cristãos sociais, abertos e presentes.
III
1. Para
responder a esses, eu proponho uma terceira coisa. Primeiro, que tem sido
freqüentemente objetado que a religião não se situa nas coisas exteriores;
mas no coração, no mais íntimo da alma; que se trata da união da alma com Deus;
a vida de Deus, na alma do homem; que a religião exterior não é válida - vendo
que Deus 'não se satisfaz com as burnt-offerings, nos serviços
exteriores, mas que um coração - puro e santo -
é 'um sacrifício que ele não irá desprezar'.
Eu
respondo que é mais do que verdade que a raiz da religião se situa no coração,
no mais íntimo da alma; que esta é a união da alma com Deus; a vida de Deus na
alma do homem. Mas, se essa raiz estiver realmente no coração, ela não poderá
deixar de desenvolver seus ramos. E esses são os diversos exemplos da
obediência exterior, que compartilham da mesma natureza da raiz; e,
conseqüentemente, não são apenas marcas ou sinais, mas partes substanciais da
religião.
É
verdade também que essa religião exterior desnudada, que não tem raiz no
coração, não tem valor; que Deus não está satisfeito com tais serviços
exteriores; não mais do que com as 'burnt-offerings' dos judeus; e que
um coração puro e santo é um sacrifício do qual ele se agrada. Mas ele também
está muito feliz com todo aquele serviço exterior que se ergue do coração; com
o sacrifício de nossas orações (quer públicas ou privadas), de nossos louvores
e ações de graça; com o sacrifício de nos bens, humildemente devotados a ele, e
empregados totalmente para sua glória; e com aquele de nossos corpos, que ele
peculiarmente reivindica; que o Apóstolo implora a nós, 'pelas misericórdias
de Deus, que apresentemos junto a Ele, como um sacrifício vivo, santo e
aceitável ao Pai'.
2. Uma
segunda objeção, proximamente relacionada a isto, é aquele amor que é tudo
em tudo; que é 'o cumprimento da lei'; 'finalidade do
mandamento', de todo o mandamento de Deus; que tudo o que fazemos, e tudo o
que sofremos, se nós não tivermos caridade ou amor, de nada valerá; e, por
conseguinte, o Apóstolo nos direciona a 'ir a busca do amor' e aplicar
isto 'da maneira mais excelente'.
Eu
respondo: Admite-se que o amor de Deus e homem, surgindo da fé sincera, é tudo
em todos; o cumprimento da lei; a finalidade de todo mandamento de Deus. É
verdade que, sem isto, o que quer que façamos; o que quer que soframos, de nada
vale. Mas não se segue que este amor é tudo, em tal sentido, como para relegar,
tanto a fé ou as boas obras. Ele é 'o cumprimento da lei'; não, por nos
livrar dela; mas, por nos constranger a obedecê-la. 'E a finalidade do
mandamento', uma vez que todo mandamento conduz a ele, e faz convergir a
ele. É permitido, que, o que quer que façamos ou soframos, sem amor, não tem
proveito algum. Mas, sobretudo, o que quer que façamos ou soframos no amor,
embora seja apenas o sofrer reprovação por causa de Cristo, ou dar um copo de
água fria, em seu nome, não deverá, de maneira alguma, perder seu
galardão.
3. 'Mas
o Apóstolo não nos direciona a seguir em busca do amor?'. E ele não denomina isto 'um
caminho mais excelente?' – Ele nos direciona a 'seguir em busca do
amor'; mas não em busca dele apenas. Suas palavras são: 'seguir em busca
do amor'; e 'procurar com zelo os dons espirituais'. (I Cor.
14:1). Sim. 'Busque o amor', e deseje usar e ser usado por seus irmãos. 'Seguir
em busca do amor'; e quando tiver
oportunidade, fazer o bem a todos os homens.
No
mesmo verso também, no qual ele denomina o caminho do amor, 'um caminho mais
excelente', ele direciona os Corintios a desejarem outros dons além dele;
sim, a desejarem sinceramente. Portanto, procurai com zelo', diz ele,
'os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente. (I
Cor 12:31). Mais excelente do que? Do que os dons da cura, do falar em
línguas, e de interpretá-la, mencionado no verso precedente; mas não mais
excelente do que o caminho da obediência. Disto o Apóstolo não está falando;
nem ele está falando da religião exterior, afinal: De modo que este texto está
completamente fora da presente questão.
Mas supondo-se que o Apóstolo tenha
falado da religião exterior, assim como da interior, e as comparado, uma com a
outra; supondo-se que, na comparação, ele tenha dado preferência muito mais à
segunda; supondo-se que ele tenha preferido (como ele justamente poderia) o
coração amoroso, diante de todas as obras exteriores, quaisquer que fossem;
ainda assim, isto não significaria que nós deveríamos rejeitar, tanto uma
quanto a outra. Não. Deus as tem reunido, desde o começo do mundo; e que nenhum
homem as coloque em separado.
4. "Mas 'Deus é um
Espírito; e eles o adoram; devem adora-lo, em espírito e verdade'. E isto não é
suficiente? Mais ainda... Nós não devemos empregar toda a força de nossa mente
nisto? Não atende às coisas exteriores, frear a alma, para que ela não possa
elevar-se nas alturas, na contemplação santa? Isto não amortece o vigor de
nosso pensamento? Isto não tem uma tendência natural de dificultar e distrair a
mente? Considerando que Paulo nos teria dito para que fôssemos 'sem esmero', e
para 'esperarmos no Senhor sem abstração?'".
Eu
respondo que 'Deus é um Espírito; e eles que o adoram, devem adorar a Ele em
espírito e verdade'. Sim, e que isto é suficiente: Nós devemos empregar
toda força de nossa mente nisto. Mas, então, eu perguntaria:
Por
que adorar a Deus, um Espírito, 'em espírito e em verdade?'.
Porque
é adorá-Lo, com nosso espírito; adorá-Lo, da maneira que ninguém mais é capaz,
a não ser os espíritos. É para crer Nele, como um Ser sábio, justo e santo; os
mais puros olhos que observam a iniqüidade; e, ainda assim, sendo
misericordioso, gracioso, e longânime; perdoando a iniqüidade, transgressão e
pecado; jogando todos os nossos pecados,
atrás de suas costas, e aceitando-nos no Amado. Significa amá-Lo, deleitarmo-nos
Nele, desejarmos a Ele, com todo nosso coração, e mente, e alma, e força; para
imitarmos a Ele, nós amamos, purificando a nós mesmos, assim como Ele é puro; e
obedecemos a Ele, a quem amamos, e em quem cremos - tanto em pensamento,
palavra e obra. Conseqüentemente, um ramo da adoração a Deus, em espírito e em
verdade, é manter seus mandamentos exteriores. É glorificá-Lo, por conseguinte,
com nossos corpos, tanto quanto com nossos espíritos; seguirmos através das
obras exteriores, com os corações erguidos até ele; para tornarmos nosso
empreendimento diário, um sacrifício a Deus; quer comprando, ou vendendo;
comendo e bebendo, sendo para Sua glória; -- isto é adorar a Deus, em espírito
e verdade, assim como, o orar a Ele, na solitude.
5. Mas,
em assim sendo, então, a contemplação é apenas um caminho da adoração a Deus,
em espírito e verdade. Por conseguinte, nos entregando inteiramente a isto,
seria destruir muitos outros ramos da adoração espiritual; todos igualmente
aceitáveis a Deus, e igualmente proveitosos, e em nada prejudiciais, para a
alma. Por isso, trata-se de um grande equívoco, supor que uma atenção a essas
coisas exteriores, por meio das quais a providência de Deus nos tem chamado, é
algum obstáculo para um cristão, ou algum impedimento, afinal, a que ele sempre
busque a Ele que é invisível. Isto, afinal, não impede o ardor de seu
pensamento; não obstrui ou distrai sua mente; não significa um cuidado
inquietante e prejudicial àquele que faz isto junto ao Senhor; àquele que tem
aprendido que, o que quer que ele faça, em palavra ou ação, deverá ser tudo
feito, no nome do Senhor Jesus; a sua alma tendo apenas um olho, que se move em
torno das coisas exteriores, e um que se fixa em Deus, imóvel.
Aprendam o que
isto significa, vocês pobres reclusos, para que vocês possam discernir
claramente sua própria insignificância de fé. Sim. Que vocês possam não mais
julgar os outros, por vocês mesmos, e seguirem e aprenderem o que aquilo
significa: --
Tu,
Ó Senhor, em terno amor,
torna
todos os meus fardos suportáveis.
Eleva
meu coração para as coisas acima.
E
o fixa sempre lá.
Calmo,
nas rodas do tumulto, eu me sento;
Sozinho,
em meio às multidões atarefadas;
Docemente
esperando, a teus pés
6. Mas a grande objeção ainda
está atrás: 'Nós apelamos', eles dizem, 'para a experiência. Nossa
luz brilhou; nós usamos de todas as coisas exteriores, durante muitos anos; e,
ainda assim, elas não valeram de nada. Nós atendemos a todas as ordenanças; mas
nós não ficamos coisa alguma melhor; nem, realmente, qualquer outro. Mais do
que isto, nós ficamos piores; já que nós nos supúnhamos cristãos, por assim
estarmos agindo, quando nós não sabíamos o que o Cristianismo
significava'.
Eu reconheço o fato: Eu concordo que
você, e outros dez mil mais, têm assim abusado das ordenanças de Deus; tomando
os meios pelos fins; supondo que fazendo essas, ou outras obras exteriores,
tanto seria a religião de Jesus Cristo, quanto seria aceitável no lugar dela.
Mas permita que esse abuso seja tirado fora, e use o que permanecer. Agora, use
todas as coisas exteriores, mas a use com um olho constante, para a renovação
de sua alma, na retidão e santidade verdadeira.
7. Mas isto não é tudo: Eles
afirmam: 'A experiência mostra igualmente, que tentar fazer o bem é trabalho
perdido. Que proveito existe em alimentar e vestir o corpo dos homens, se ele
serão atirados no fogo eterno? E que bem estará algum homem fazendo às suas
almas? Se essas coisas pudessem mudar, Deus mesmo se incumbiria disto. Tanto
dos homens que são bons, ou desejosos de assim serem, quanto os que são
obstinadamente maus. Agora, os primeiros não precisam de nós; que eles peçam,
então, ajuda a Deus, e ela será dada a eles: E os últimos, não irão receber o
que se pode considerar ajuda de nós. Mais ainda: nosso Senhor proíbe 'atirar
pérolas aos porcos!'.
Eu respondo:
1o. Quer eles
estejam finalmente condenados ou salvos, você é expressamente ordenado a
alimentar o faminto e a vestir o desnudo. Se você puder fazê-lo, e não o fizer,
no que quer que eles se tornem, você irá direto para o fogo eterno!
2. Embora seja Deus
unicamente quem muda os corações; ainda assim, Ele geralmente o faz, através do
homem. Esta é a parte que nos cabe fazer, em tudo o que ele nos coloca, tão
diligentemente, como se nós pudéssemos mudá-los por nós mesmos; e, então,
deixarmos o que for acontecer a Ele.
3o. Deus, em
respeito às orações deles, edificou seus filhos, um por um, com todo bom dom:
nutrindo e fortalecendo todo o 'corpo, para que com isso, todas as juntas
sejam supridas'. De maneira que 'o olho não possa dizer para a mão: eu
não preciso de ti'; não; nem mesmo 'a cabeça aos pés: eu não tenho
necessidade de você'. Por fim, como
vocês podem afirmar que essas pessoas, diante de vocês, são cães ou porcos? Não
os julguem, até que vocês tenham tentado. 'Quanto tu sabes, ó homem,a não
ser que tu podes ganhar um irmão'; -- a não ser que tu podes, debaixo de Deus,
salvar sua alma da morte? Quando ele rejeitar teu amor, e blasfemar das boas
palavras, então, será hora de entregá-lo aos cuidados de Deus.
8. 'Nós
tentamos; nós trabalhamos, para reformar pecadores; e do que adiantou? Em
muitos nós não causamos impressão alguma, afinal. E, se alguns mudaram, por
algum momento, ainda assim, a santidade dele foi como o orvalho da manhã, e
eles logo estavam maus; mais ainda, estavam piores do que nunca: De modo que
nós apenas causamos dor a eles e a nós mesmos, também; já que nossas mentes
estavam tão preocupadas e perturbadas. – talvez, cheia de raiva, em vez de
amor: Por conseguinte, melhor seria que tivéssemos mantido nossa religião para
nós mesmos'.
É muito provável que este fato
também seja verdadeiro; que vocês tenham tentado fazer o bem, e não tenham tido
sucesso; sim, que esses que pareceram reformados, reincidiram no pecado, e seu
estado final tenha sido pior do que o anterior. E qual a admiração disto? É o
servo acima de seu mestre? Quão freqüentemente, Ele se esforçou para salvar
pecadores, e eles não puderam ouvir; ou quando o seguiram, por algum momento,
eles voltaram atrás, como um cão para seu vômito! Mas ele, no entanto, não
desistiu de se esforçar em fazer o bem: Quanto mais, vocês, qualquer que seja o
resultado. É a parte de vocês, fazerem como ele ordenou: O resultado está nas
mãos de Deus. Vocês não são responsáveis por isto. Deixem com ele que ordena todas as coisas para o
bem. 'Pela manhã, semeia a tua semente e, à tarde, não retires a tua mão,
porque tu não sabes qual prosperará, se esta, se aquela, ou se ambas igualmente
serão boas'. (Eclesiastes 11:6)
Mas a
tentativa inquieta e aborrece suas almas. Talvez, isto aconteça, nessa mesma
ocasião, porque vocês pensaram que fossem responsáveis pelo resultado, o que
homem algum é, e nem de fato pode ser, -- ou, talvez, porque vocês não estavam
se protegendo; vocês não estavam vigiando seus próprios espíritos. Mas isto não
é motivo para vocês desobedecerem a Deus. Tentem novamente; mas façam, com
maior prudência do que antes. Faça o bem (como vocês esqueceram) 'não sete
vezes apenas, mas até setenta vezes sete'. Apenas sejam mais sábios,
através da experiência? Empreendam isto, todo o tempo, mais cuidadosamente do
que antes. Sejam mais humildes, diante de Deus; mais profundamente convencidos
de que de vocês mesmos, vocês não podem fazer coisa alguma. Sejam mais zelosos,
sobre seu próprio espírito; mais gentis, e atentos junto às orações. Assim, 'mesmo
lançando seu pão nas águas, vocês irão encontrá-lo novamente, depois de muitos
dias'.
IV
1. Não obstante todas esses
pretextos plausíveis para ocultá-la, 'permitam que a luz de vocês brilhe,
diante dos homens; que eles possam ver suas boas obras, e glorificarem o Pai
que está nos céus'. Esta é a aplicação prática que o próprio nosso Senhor
faz nas considerações a seguir:
'Permitam que a luz de vocês
brilhe': -- Sua mansidão de coração; sua gentileza; sua humildade de
sabedoria; sua preocupação séria e ponderada, com respeito às coisas da
eternidade; e tristeza pelos pecados e misérias dos homens; seu sincero desejo
de santidade universal, e completa felicidade em Deus; sua disposição terna
para com toda a humanidade, e o ardoroso amor para com seu supremo Benfeitor.
Não se esforcem para esconderem essa luz, por meio da qual, Deus tem iluminado
suas almas; mas permita que ela brilhe diante de homens; diante de todos com
quem vocês estão; em todo teor de sua conversação. Que ela brilhe ainda mais
eminentemente, em suas ações, em vocês fazerem todo o bem possível a todos os
homens; no seu sofrer por causa da retidão, enquanto vocês 'se regozijam e
estão excessivamente felizes, sabendo que grande é o galardão de vocês nos
céus'.
2. 'Permitam, assim,
que a luz de vocês brilhe diante de homens, de modo que eles possam ver as boas
obras': -- Tanto quanto um cristão está sempre objetivando ou desejando
ocultar a própria religião! Pelo contrário, que seja desejo de vocês não
escondê-la; não colocar a luz, debaixo do alqueire. Que seja a tarefa de vocês
colocá-la 'sobre um castiçal, para que possa iluminar a todos que estão na
casa'. Apenas, atentem para não buscarem o seu próprio mérito nisto; a não
desejarem alguma honra para vocês mesmos. Mas que seja seu único objetivo, que
todos aqueles que vejam suas boas obras 'possam glorificar seu Pai que está
nos céus'.
3. Seja este seu objetivo
final, em todas as coisas. Com esta visão, sejam claro, abertos, sem disfarces.
Permitam que o amor de vocês seja sem dissimulação: Por que vocês esconderiam
um amor justo e desinteressado? Que a malícia não seja encontrada em suas
bocas: Permitam que suas palavras sejam a pintura genuína do coração de vocês.
Que não haja escuridão, ou segredos em suas conversas; nenhum disfarce em seus
comportamentos. Deixem isto para aqueles que têm outros objetivos em vista;
objetivos que não suportam a luz. Sejam naturais e simples, para com toda a
humanidade; para que todos vejam a graça de Deus que está em vocês. E, embora
alguns venham endurecer os próprios corações; ainda assim, outros levarão ao
conhecimento, que vocês têm estado com Jesus, e, ao retornarem para si mesmos "para
o grande Bispo da alma deles, 'glorificarem o Pai de vocês que está nos
céus'".
4. Com este único objetivo,
que os homens possam glorificar a Deus em vocês, sigam em nome Dele, e no poder
de Sua força. Não se envergonhem mesmo que fiquem sós; que seja nos caminhos de
Deus. Permitam que a luz, que está em seus corações brilhe, em todas as boas
obras – obras de devoção e obras de misericórdia. E, com o objetivo de ampliar
a sua habilidade em fazer o bem, renunciem a toda as superficialidades. Cortem
foram toda despesa desnecessária, em comida, móveis, vestuário. Sejam bons
mordomos de todo dom de Deus; mesmo desses seus dons menores. Eliminem todos os
gastos desnecessários de tempo; todos os empreendimentos supérfluos e inúteis;
e 'o que quer que suas mãos encontrem o que fazer, que vocês façam com toda a força de vocês'. Na palavra, sejam cheios de fé e amor; façam o
bem; sofram o mau. E, nisto, sejam 'firmes, imutáveis'; sim, 'sempre
abundando nas obras de Deus; visto que vocês sabem que o trabalho de vocês não
será em vão no Senhor'.
[Edited por John Edwin Walker, Jr., estudante da
Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções por George Lyons para a Wesley
Center for Applied Theology.]
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