John
Wesley
'Não cuideis que vim destruir a lei
ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir. Porque, em verdade vos digo: até
que o céu e a terra passem, nem um jota ou til se omitirá da lei, até que ela
seja cumprida. Qualquer, pois, que violar um desses menores mandamentos, e
assim ensinar aos homens, será chamado o menor no Reino dos céus: aquele,
porém, que os cumprir e os ensinar, será chamado grande no Reino dos céus' (Mateus 5:17-20).
1. Em meio à imensidade de
reprovações que caíram sobre Ele, que 'era o menosprezado e rejeitado dos
homens', não seria de se surpreender, que Ele fosse o professor das boas
novas; o introdutor da nova religião. Isto poderia ser afirmado, com
muitas cores, porque muitas das expressões que Ele usou não eram comuns entre
os judeus: ou eles não as usaram, afinal; ou não as usaram no mesmo sentido; ou
no seu significado completo e forte. Acrescente a isto que o adorar a Deus 'em
espírito e verdade' parecia ser uma religião nova àqueles que não
conheceram, até o momento, a não ser a adoração exterior; coisa alguma, a não
ser a 'forma de santidade'.
2. E não é improvável que alguns
poderiam esperar que Ele fosse abolir a velha religião e trazer uma outra, --
uma em que eles tivessem a esperança de ser um caminho mais fácil para os céus.
Mas nosso Senhor refuta isto, nessas palavras, tanto as vãs esperanças de uns,
quanto as calúnias infundadas de outros. Eu devo considerá-las, na mesma ordem,
em que elas se colocam, tomando cada verso do discurso, num título distinto.
I
I. ''Não pensem que vim destruir a
Lei, ou os Profetas: eu não vim destruir, mas cumpri-las'.
A lei ritual ou cerimonial,
entregue por Moisés para os filhos de Israel, contendo todas as injunções e
ordenanças que eram relacionadas aos antigos sacrifícios e serviços do templo, nosso
Senhor, de fato, veio destruir, dissolver e abolir completamente.
Para isto, foram testemunhas todos os Apóstolos; não apenas Barnabé e Paulo,
que veementemente opuseram-se contra todos que ensinaram que os cristãos
deveriam 'manter a lei de Moisés' (Atos 15:5) 'Alguns, porém,
da seita dos fariseus que tinham crido se levantaram, dizendo que era mister
circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés'; não apenas
Pedro, que denominou o insistir nisso, na observância da lei ritual, 'por
Deus à prova', e 'colocar um jugo no pescoço dos discípulos, que nem
nossos anciãos', diz ele, 'nem nós, somos capazes de suportar', mas todos os Apóstolos, presbíteros, e irmãos,
estando reunidos em um só acordo (Atos 15:22)¸ declararam que ordenar a
eles que mantenham esta lei, era 'subverter suas almas'; e que 'pareceu
bem ao Espírito Santo' e para eles, não impor tal fardo sobre eles. (Atos
15:28). Essas 'ordenanças escritas' nosso Senhor destruiu, jogou
fora, e pregou em Sua cruz.
2. Mas a lei moral,
contida nos Dez Mandamentos, - e reforçada pelos profetas, Ele não tirou
fora. Não era o objetivo de Sua vinda, ab-rogar alguma parte dela. Esta é
uma lei que nunca poderá ser quebrada; que resiste, como uma testemunha fiel
nos céus.
A
lei moral se situa, em uma fundação completamente diferente da lei cerimonial
ou ritual, que foi apenas designada para uma restrição temporária, em cima da
desobediência e obstinação das pessoas; considerando que isto foi no começo do
mundo, não sendo 'escrita em tábuas', mas nos corações de todos os
filhos dos homens, quando eles vieram das mãos do Criador. E, não obstante, as
letras, uma vez escritas pelo dedo de Deus, estejam agora, em grande parte,
desfiguradas pelo pecado; ainda assim, elas não podem ser apagadas, enquanto
nós tivermos alguma consciência de bem e mal. Cada parte dessa lei deve
permanecer em vigor, sobre toda a humanidade, e em todas as épocas; não
dependendo de tempo ou lugar; ou quaisquer outras circunstâncias, sujeitas a
mudanças; mas sobre a natureza de Deus e a natureza do homem, e a relação
imutável para com um e outro.
3. 'Eu
não vim destruir a lei, mas cumpri-la'.
Alguns têm imaginado que nosso Senhor quis dizer, -- Eu vim para cumpri-la,
através de minha inteira e perfeita obediência a ela. Mas isto não parece ser o
que Ele pretende aqui, sendo estranho à extensão de seu presente discurso. Sem
dúvida, seu significado neste lugar é, (consistentemente com tudo o que vem
antes e segue depois) – Eu vim estabelecê-la, em sua plenitude, a despeito de
todo a aparência enganosa dos homens: Eu vim situá-la, em seu entendimento
completo e claro, por mais difícil de entender e obscura que seja: eu vim
declarar a verdade, e o completo significado de cada parte dela; para mostrar o
comprimento e largura; a inteira extensão de todo mandamento contido nela; e a
altura e profundidade, a sua pureza e espiritualidade inimagináveis, em todas
as suas ramificações.
4. E isto nosso Senhor tem
abundantemente demonstrado nas partes precedentes e subseqüentes do discurso,
diante de nós, nas quais ele introduziu uma nova religião no mundo. Mas a
mesma,desde o início: -- a religião, cuja essência é sem dúvida, tão antiga
quanto a criação, sendo contemporânea do homem, e tendo procedido de Deus, no
momento em que 'o homem tornou-se uma alma vivente'; (a essência,
eu digo; porque algumas circunstâncias dela, relaciona-se agora ao homem como
uma criatura caída); -- a religião testemunhada, tanto pela lei, quanto pelos
profetas, em todas as gerações que se seguiram. Ainda assim, ela nunca foi tão
completamente explicada, nem tão inteiramente entendida, até que o próprio grande Autor condescendeu
em dar à humanidade esse comentário autêntico sobre todas as ramificações
essenciais dela; ao mesmo tempo, declarando que ela nunca deverá ser mudada,
mas deverá permanecer em vigor até o fim do mundo.
II
1.
'Em verdade eu digo a vocês', (um prefácio solene, que denota a
importância e a certeza do que estava sendo falado) 'até que o céu e
terra passem, nem um jota ou um til, deverá, de forma alguma, serem tirado da
lei, até que ela seja cumprida'.
'Um jota':-- Literalmente,
nem um iota [letra grega]; nem a mais insignificante vogal: 'Nem um
til', -- um ângulo, ou ponto
de uma consoante. Esta é uma expressão proverbial que significa que nenhum
mandamento contido na lei moral; nem a menor parte de algum dele, por mais
insignificante que seja, deverá ser anulado.
'Não deverá, de maneira nenhuma,
deixar de cumprir a lei'. A negativa dupla, aqui usada, fortalece o
sentido, de modo a admitir nenhuma contradição: E pode ser observado, que não
se trata apenas do futuro, declarando o que será; mas tem igualmente a
força de um imperativo, ordenando que deverá ser. Esta é uma palavra
de autoridade, expressando a soberana vontade e poder Dele que fala; Dele, cuja
palavra é a lei do céu e terra, e se mantém para sempre e sempre.
'Um jota ou um til deverá, de
maneira alguma, passar, até que o céu e terra passem'; ou como está expresso
imediatamente depois, até que tudo (ou melhor, todas as coisas) sejam
cumpridas; até a consumação de todas as coisas. Aqui não existe, por
conseguinte, lugar para aquela pobre evasão (com a qual alguns têm livrado a si
mesmos grandemente) de que 'nenhuma parte da lei deveria para passar, até
que toda a lei fosse cumprida: Mas ela já foi cumprida por Cristo;
portanto, agora, deverá passar, para que o Evangelho possa ser estabelecido'. Não
é assim; a palavra todo não significa toda a lei, mas todas as coisas no
universo; nem o termo 'cumprida', faz qualquer referência à lei, mas a
todas as coisas no céu e terra.
2. De
tudo isto nós podemos aprender que não existe contradição entre a lei e o
Evangelho; que não existe necessidade da lei ser extinta, para que o Evangelho
possa ser estabelecido. De fato, nem um deles substitui o outro, mas concordam
perfeitamente bem juntos. Sim, as mesmas palavras, consideradas em diferentes
aspectos, são partes, tanto da lei, quanto do Evangelho. Se eles são
considerados como mandamentos, eles são parte da lei; se, como promessas, do
Evangelho. Assim, 'Tu deves amar ao Senhor teu Deus com todo teu coração',
quando considerado como um mandamento, é uma ramificação da lei; quando levado
em conta de promessa, é uma parte essencial do Evangelho; -- o Evangelho, sendo
nada mais do que os mandamentos da lei, dispostos, através do caminho das
promessas. Assim sendo, pobreza de espírito; pureza de coração e qualquer outro
que esteja anexa na santa lei de Deus, não é outra coisa, quando vista sob a
luz do Evangelho, do que as tão grandes e preciosas promessas.
3. Existe, por conseguinte,
uma conexão intima que pode ser concebida, entre a lei e o Evangelho. De um
lado, a lei continuamente cria o caminho para o Evangelho, e nos aponta até
ele; do outro, o Evangelho continuamente nos conduz a um cumprimento mais exato
da lei. A lei, por exemplo, requer que amemos a Deus, que amemos nosso próximo,
que sejamos humildes, mansos e santos. Nós sentimos que não somos suficientes
para essas coisas; sim, que 'com o homem isto é impossível': Mas nós
vemos a promessa de Deus, nos dando aquele amor, e nos tornando humildes,
mansos e santos: Nós nos agarramos a esse Evangelho; a essas boas novas; e isto
é feito junto a nós, de acordo com nossa fé; e a 'retidão da lei é cumprida
em nós', através da fé que está em Jesus Cristo.
Nós podemos ainda observar, mais
além, que todo mandamento nas Escrituras Sagradas é apenas uma promessa
encoberta. Porque, através daquela declaração solene: 'Esta é a aliança que
eu farei, diz o Senhor; eu irei colocar as leis em suas mentes, e escrevê-las
em seus corações'. Deus se comprometeu a dar o que quer que ele ordene. Ele
nos ordena, então, que 'oremos, sem cessar?'. Que 'nos regozijemos,
mais e mais?'. 'Que sejamos santos, como Ele é santo?'. É o
suficiente. Ele irá operar em nós essas mesmas coisas. Elas serão em nós, de
acordo com sua palavra.
4. Mas, se essas coisas são
assim, nós não podemos estar perdidos quanto ao que pensar sobre aqueles que,
em todas as épocas da Igreja, têm empreendido mudar ou substituir alguns
mandamentos de Deus, como eles professaram, através da direção peculiar de seu
Espírito. Cristo aqui tem nos dado uma regra infalível, por meio da qual, julga
todas essas pretensões. O Cristianismo, como ele inclui toda a lei moral de
Deus; tanto pelo caminho da injunção, quanto da promessa, se nós entendermos
que ele é designado de Deus para ser a última de todas as suas revelações; não
haverá outra a vir depois disso. Isto deve durar até a consumação de todas as
coisas. Como conseqüência, essas tais novas revelações são de Satanás, e não de
Deus; e todas essas pretensões à outra revelação, por mais perfeitas que sejam,
caem por terra, afinal.'Céus e terra passarão'; mas esta palavra 'não
passará'.
III
1.
'Qualquer, pois, que violar um desses menores mandamentos, e assim
ensinar aos homens, será chamado o menor no Reino dos céus: aquele, porém, que
os cumprir e os ensinar, será chamado grande no Reino dos céus'.
Quem,
ou o que são eles que darão à 'pregação da lei', um caráter de
reprovação? Será que eles não sabem, em quem a reprovação deles irá cair, --
quais cabeças ela deverá golpear, por fim? Qualquer um que, por este motivo,
menosprezar a nós, menosprezará a Ele que nos enviou. Por que homem algum
pregou a lei como Ele; mesmo quando ele veio, não para condenar, mas para
salvar o mundo; quando ele veio propositadamente para 'trazer vida e
imortalidade à luz, através do Evangelho?'. Pode alguém pregar a lei mais
expressamente, mais rigorosamente, do que Cristo faz nessas palavras? E quem é
ele que deve corrigi-la? Quem é ele que deve instruir o Filho de Deus, em como
pregar? Quem irá ensinar a Ele um caminho melhor, para entregar a mensagem que
Ele recebeu do Pai?
2. 'Qualquer,
pois, que violar um desses mandamentos', ou um dos menores desses mandamentos. – Nós
podemos observar, que 'esses mandamentos' é um termo usado por nosso
Senhor, como equivalente com a lei e os Profetas, -- o que é a mesma coisa;
vendo que os Profetas nada acrescentaram à lei; apenas declararam, explicaram
ou reforçaram-na, quando movidos, pelo Espírito Santo.
'Qualquer que violar alguns desses menores
mandamentos';
especialmente, se for feito propositadamente ou presunçosamente: -- Apenas um;
-- porque 'ele que mantém toda a lei, e', mesmo assim, 'viola em um
ponto, é culpado afinal'; a ira de Deus habita nele, tão certo, quanto se
ele tivesse violado cada um. De modo que nenhuma tolerância é feita para uma
única concupiscência predileta; nenhuma ressalva para um ídolo; nenhuma
desculpa por se reprimir de todas as demais; apenas dando caminho para um único
pecado íntimo. O que Deus exige é uma obediência total; como se tivéssemos um
olho único para todos Seus mandamentos; do contrário, nós perderemos todo o
trabalho que tivemos em manter alguns, e as nossas pobres almas para todo o
sempre.
'Algum desses menores', ou um
dos menores desses mandamentos: -- Aqui está uma outra desculpa eliminada, por
meio da qual, muitos que não enganaram a Deus, miseravelmente ludibriaram as
suas próprias almas. 'Este pecado', diz o pecador, 'não é um pecado
pequeno? O Senhor não irá me poupar nisso? Certamente, que ele não será
extremista para marcar este, já que eu não ofendi nas maiores questões da lei'.
Esperança vã! Falando como homens, nós podemos denominar esses, de grandes, e
aqueles, de pequenos mandamentos; mas, na realidade eles não são assim. Se nós
usarmos a propriedade da linguagem, não existe tal coisa como um pequeno
pecado; todo pecado é uma transgressão da lei santa e perfeita; e uma
afronta à grande Majestade dos céus.
3. 'E
ensinarem aos homens dessa maneira'.
De alguma forma, pode ser dito que, qualquer que abertamente viola algum
mandamento, ensina aos outros o mesmo; porque o exemplo fala, e muitas vezes,
mais alto do que a regra. Neste sentido, é aparente que cada bêbado declarado é
um professor de alcoolismo; todo aquele que viola o sábado, constantemente
ensina seu próximo a profanar o dia do Senhor. Mas isto não é tudo: Um violador
habitual da lei, raramente está satisfeito em parar por aqui; ele geralmente
ensina outros homens a fazerem o mesmo, através de palavras, assim como, de
exemplo; especialmente, quando ele se embrutece, e odeia ser reprovado. Tal
pecador, logo se principia, em um advogado para o pecado; ele defende o que ele
está resolvido a não renunciar; ele desculpa o pecado que ele não irá deixar,
e, assim, ensina diretamente todo pecado que ele comete.
'Ele será chamado o menor no reino dos céus'; -- ou seja, não terá parte nele;
Ele é um estranho ao reino dos céus, que está na terra; ele não terá porção
naquela herança; não compartilhará daquela 'retidão, e paz, e alegria no
Espírito Santo'. Nem, em conseqüência, poderá ter alguma parte na glória a
ser revelada.
4. Mas, se até mesmo esses
que assim violam, e ensinam a outros a violarem 'um dos menores desses
mandamentos, serão chamados menores no reino dos céus'; não terão parte no
reino de Cristo e de Deus; se estes deverão ser lançados para dentro da 'escuridão
exterior, onde existe lamentação e ranger de dentes', então, como será para
aqueles que nosso Senhor, principalmente e originalmente, pretende nessas
palavras, -- aqueles que, não obstante, levem o caráter de Professores enviados
de Deus, violam seus mandamentos; sim, e abertamente ensinam a outros a assim
procederem; sendo corruptos tanto na vida quanto na doutrina?
5. Esses são de diversos
tipos. Os do primeiro tipo, vivem em algum pecado terrível habitual. Agora, se
um pecador comum ensina, através do seu exemplo, quanto mais um Ministro
pecaminoso, -- mesmo que ele não pretenda defender, desculpar ou minorar seu
pecado! Se ele faz isto, ele é um assassino, de fato; sim, um assassino geral
de sua congregação! Ele povoa as regiões da morte. Ele é o instrumento
preferido do príncipe das trevas. Quando ele procede assim, 'o inferno
move-se para encontrá-lo em sua vinda'. Nem ele pode afundar no abismo
insondável, sem carregar uma multidão atrás de si.
6. Próximo a estes, estão os
agradáveis; um tipo de homens bons: os que vivem uma vida fácil, e inofensiva;
não se preocupando com pecado exterior, nem com santidade interior; homens
que não são notáveis, nem por um
caminho, nem por outro; nem para a religião, nem para a descrença; que são
bastante regulares, tanto em público, quanto em privado, mas que não pretendem
ser alguém mais perfeito do que seu próximo. Um Ministro deste tipo não apenas
viola um, ou alguns dos menores mandamentos de Deus; mas todas as grandes e
importantes ramificações de sua lei, que se relaciona ao poder da santidade, e
a tudo que requer que 'passemos o tempo de nossa hospedagem em temor';
para 'operarmos nossa salvação com temor e tremor'; ' tendo sempre
nossos quadris amarrados, e nossas luzes queimando'; nos esforçando ou nos
afligindo 'para entrarmos pelo portão estreito'. E ele ensina os
homens assim, através de toda a forma de sua vida, e no teor geral de sua
pregação, que uniformemente tende a confortar aqueles que, em seus sonhos
prazerosos, se imaginam cristãos e não o são; para persuadir a todos que atendem
ao seu ministério, a dormirem e descansarem. Não seria de se maravilhar, por
conseguinte, que ele, e aqueles que o seguem acordassem juntos no fogo eterno'.
7.
Mas, acima de todos estes, no mais alto pódio dos inimigos do Evangelho de
Cristo, estão aqueles que abertamente e explicitamente 'julgam a lei',
por si mesma, e 'falam mal dela'; aqueles que ensinam os homens a
violarem, (a dissolverem, a desprenderem-se, a se desobrigarem dela), não
apenas de um mandamento, quer seja ele o menor, ou o maior, mas de todos, de
uma tacada só; os que ensinam, sem qualquer pretexto, em tantas palavras: 'O
que nosso Senhor fez com a lei? Ele a aboliu. Não existe outra obrigação, a não
ser crer. Todos os mandamentos são inadequados para nossos tempos. Nenhum homem
é obrigado agora a seguir um passo; a gastar um centavo; a retirar ou omitir um
pedaço, de qualquer exigência da lei'. Isto, realmente, é levar os assuntos
com um pulso forte; isto é opor-se a nosso Senhor, e dizer a Ele que Ele não
soube como entregar a mensagem para o qual Ele fora enviado. Ó, Senhor, não
coloque este pecado na responsabilidade deles! Perdoa-lhes, Pai; porque eles
não sabem o que fazem!
8.
A mais surpreendente de todas as circunstâncias que atendem a essa forte
ilusão, é que eles que desistiram dela, realmente acreditam que eles honram a
Cristo, subvertendo sua lei, exaltando seu trabalho, enquanto destroem sua
doutrina! Sim, eles o honram, assim como fez Judas, quando ele disse: 'Saudações,
Mestre', e o beijou. E Jesus pode justamente dizer a cada um deles: 'Traístes
o Filho do Homem com um beijo?'. Isto não é nada diferente, do que traí-lo
com um beijo; falar de seu sangue, e tirar fora sua coroa; estabelecer a luz,
através de alguma parte de sua lei, debaixo da pretensão de melhorar seu
Evangelho. Não, de fato, pode alguém escapar dessa responsabilidade, quem prega
fé, de tal maneira, que tanto direta, quanto indiretamente tende a colocar de
lado algum ramo da obediência. Que prega Cristo, como que a ab-rogar, ou
enfraquecer, de qualquer modo, o menor dos mandamentos de Deus.
9. É
impossível, de fato, ter tão alta estima pela 'fé do eleito de Deus'. E
nós devemos todos declarar: 'Pela graça,você é salvo, através da fé; não da
obras, a fim de que homem algum possa gabar-se'. Devemos clamar alto para
todo pecador penitente: 'Creia no Senhor Jesus Cristo, e você será salvo'.
Mas, ao mesmo tempo, nós devemos cuidar que todos os homens saibam, que nós não
estimamos a fé, a não ser aquela que é operada, através do amor. 'Porque em
Jesus Cristo, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm virtude alguma, mas
sim a fé que opera pelo amor'. (Gálatas 5:6); e que nós não somos
salvos pela fé, a menos que sejamos libertos do poder e da culpa do pecado. E,
quando nós dizemos: 'Creia, e você será salvo'; nós não queremos dizer: 'Creia,
e você dará um passo do pecado para o céu, sem alguma santidade entre eles; a
fé substituindo a santidade'; mas: 'Creia, e você será santo; acredite
em nosso Senhor Jesus, e terá paz e poder juntos. Você terá a paz Dele, em que
você crê, para colocar o pecado debaixo de seus pés; terá poder, para amar o
Senhor teu Deus, com todo o seu coração; e para servi-lo com todas as suas
forças:terá poder 'pela perseverança continua em fazer o bem, em buscar pela
glória, e honra e imortalidade; você deverá tanto cumprir, como ensinar os
mandamentos de Deus - do menor até o maior: Você deverá ensiná-los, através de
sua vida, assim como de suas palavras, e assim sendo, 'ser chamado grande no
reino dos céus'.
1.
Qualquer que seja o outro caminho que ensinemos para o reino dos céus, para a
glória, honra e imortalidade; seja ele chamado de caminho da fé, ou por algum
outro nome, ele será, na verdade, o caminho para a destruição. Ele não irá
trazer paz ao homem, por fim. Para isto, disse o Senhor: '[Verdadeiramente]
digo a vocês, que com exceção à sua retidão que deve exceder a retidão dos
Escribas e fariseus, você, de maneira alguma, entrará no reino dos céus'.
Os Escribas, tão freqüentemente
mencionados no Novo Testamento, como alguns dos mais constantes e veemente
opositores de nosso Senhor, não eram apenas os secretários, ou homens
encarregados das escritas, como este termo nos inclinaria a acreditar. Nem eram
advogados, como em nosso senso comum da palavra; embora ela tenha sido assim
transcrita em nossa tradução. A ocupação deles não tinha afinidade com aquela
de um advogado, entre nós, afinal. Eles eram familiarizados com as leis de
Deus, e não com a lei dos homens. Essas eram a matéria dos estudos deles: Era
ocupação pessoal e peculiar deles, lerem e exporem as leis e os Profetas,
particularmente nas sinagogas. Eles eram os pregadores costumeiros e declarados
entre os judeus. De maneira que, se o sentido da palavra original era para ser
observada assim, nós podemos reproduzi-la como, os Clérigos. Porque esses eram
os homens que fizeram da Teologia sua profissão: e eles eram geralmente (como
os nomes deles literalmente significam), homens de letras; os maiores homens do
saber que existiam, então, na nação judaica.
2. Os fariseus eram uma
facção, ou um corpo de homens, muito antigos, entre os judeus; originalmente
assim chamados da palavra hebraica PRS – que significa separar ou
dividir. Não que eles tivessem feito alguma separação formal, ou divisão
dentro da igreja nacional. Eles eram apenas distinguidos de outros, através da
maior rigor de vida; através de uma conversa mais precisa. Já que eles eram
zelosos da lei, em seus mínimos pontos; pagando o dízimo de hortelã, anis
verde, e cominho: e, por isto eles eram honrados, por todas as pessoas, e
geralmente, estimados como os homens mais santos.
Muitos dos Escribas eram da seita
dos fariseus. Assim o próprio Paulo, que foi educado por um Escriba, primeiro
na Universidade de Tarsus; e, mais tarde, naquela em Jerusalém, sob a responsabilidade
de Gamaliel, (um dos mais ilustrados Escribas ou Doutores da lei que existiam,
então, na nação) declara de si mesmo, perante o Concílio: 'Varões, irmãos,
eu sou um fariseu, filho de fariseu!' (Atos 23:6). E, diante do Rei
Agrippa: 'Sabendo de mim, desde o princípio (se o quiserem testificar), que,
conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu'. (Atos 26:5). E todo o corpo de
Escribas, geralmente, estimava e atuava, em concordância com os fariseus. Por
isto, nós encontramos nosso Senhor, tão freqüentemente, unindo os dois, em
muitos aspectos, debaixo da mesma consideração. Assim sendo, eles parecem ter
sido mencionados juntos, como os mais eminentes professores de religião; os
primeiros deles, considerados os mais sábios, -- os últimos, os mais santos dos
homens.
IV
3. O que 'a retidão dos
Escribas e fariseus' realmente eram, não é difícil determinar. Nosso Senhor
tem preservado um relato autêntico, do que um deles deu de si mesmo: E ele é
claro e completo na descrição de sua própria retidão; e não se pode supor que
tenha omitido alguma parte dele. Ele fora, realmente, 'até o templo para
orar'; mas estava tão concentrado em suas próprias virtudes, que ele se
esqueceu do porquê tinha vindo. Porque é digno de nota, que ele não orou
propriamente, afinal. Ele apenas disse a Deus quão sábio e bom ele era. 'Deus,
eu agradeço a ti, que eu não seja como os outros homens, extorquidores,
injustos, adúlteros; ou mesmo como esse publicano. Eu jejuo duas vezes, na
semana: Eu dou o dízimo de tudo que possuo'. Sua retidão, por conseguinte,
consistiu de três partes:
1o. Disse ele,'eu
não sou como os outros homens'; Eu não sou um extorquidor, um homem
injusto, um adúltero; nem 'mesmo como esse publicano'.
2. 'Eu
jejuo duas vezes na semana':
3o. 'Eu dou o dízimo de tudo que possuo'.
'Eu não sou como outros homens são'. Este não é um ponto pequeno. Não é
todo homem que pode dizer isto. Isto é como se ele tivesse dito: 'Eu não me
deixarei levar embora por esta grande correnteza, o hábito. Eu não vivo,
através do que é de costume, mas, através da razão; não pelos exemplos de
homens, a não ser a Palavra de Deus. Eu não sou um extorquidor, um injusto, um
adúltero; não obstante, o quão comuns esses pecados sejam, mesmo entre esses
que são chamados o povo de Deus; (extorsão, em particular, -- uma espécie de
injustiça legal, não punível, através de alguma lei humana; o obter ganho da
ignorância ou carência de outro, tendo preenchido cada canto da terra): nem
mesmo como esse publicano; nem culpado de algum pecado declarado ou presumido;
nem um pecador exterior; mas um homem justo e honesto, de vida e conversa
irrepreensíveis".
4. 'Eu
jejuo duas vezes na semana'.
Existe mais coisa incluída nisto, do que nós podemos, a princípio estar
sensíveis a respeito. Todos os estritos fariseus observavam os jejuns semanais;
ou seja, toda segunda e quinta-feira. No primeiro dia, eles jejuavam, em
memória de Moisés ter recebido, naquela data, (como a tradição deles ensina),
as duas tábuas de pedra escritas pelo dedo de Deus; no último, em memória da
expulsão deles de suas terras, quando ele viu o povo dançando em volta do
bezerro de ouro. Nesses dias, eles não se alimentavam, afinal, até três horas
da tarde; a hora que começavam a oferecer o sacrifício vespertino no templo.
Até esta hora, era costume deles permanecerem no templo, em alguns cantos,
salas, ou pátio dele; para que eles pudessem estar prontos para assistir todos
os sacrifícios, e reunirem-se em todas as orações públicas. O tempo de espera
eles estavam acostumados a empregar, parcialmente em recomendações pessoais a
Deus; parcialmente no estudo das Escrituras, em ler a Lei e os Profetas, e em
meditação depois disso. Assim, muito está subtendido em 'Eu jejuo duas vezes
na semana'; a segunda ramificação da retidão de um fariseu.
5. 'Eu
dou o dízimo de tudo que possuo'.
Isto os fariseus faziam com a mais extrema exatidão. Eles não faziam exceção da
coisa mais insignificante; não, nem hortelã, anis verde, e cominho. Eles não
trariam de volta a menor parte do que eles acreditavam pertencer propriamente a
Deus; mas davam um décimo inteiro de todo recurso anualmente, e de todo o
ganho, qualquer que ele fosse.
Sim, os estritos fariseus (como tem
sido freqüentemente observado, por aqueles que são versados nos escritos judeus
antigos), não satisfeitos em dar um décimo do que tinham para Deus, nos seus
sacerdotes e Levitas [membro da tribo de Levi, entre os judeus]; dar outro
décimo para Deus, nos pobres; e assim continuamente; eles davam a mesma
proporção de tudo que tinham em donativos, como eles estavam acostumados a dar
em dízimo. Ele isto igualmente eles ajustavam com a mais extrema exatidão; para
que não trouxessem de volta alguma parte, mas devolvendo completamente a Deus
as coisas que eram de Deus, como eles consideravam isto ser. De modo que, sobre
o total, eles tiravam, de ano a ano, um quinto completo de tudo que eles
possuíam.
6. Esta era 'a retidão dos
Escribas e fariseus'; uma retidão que, em muitos aspectos, vai muito além
da concepção que muitos estão acostumados a tomar em consideração, no que
concerne a ela. Mas, talvez, seja dito: 'Era tudo falso e dissimulado;
porque eles eram todos uma companhia de hipócritas'. Alguns deles, sem
dúvida, eram; homens que não tinham religião alguma realmente; nenhum temor a
Deus, ou desejo de agradá-lo; que não tinham preocupação pela honra que vem de
Deus, mas apenas pelo reconhecimento de homens. E esses são aqueles que nosso
Senhor condena severamente; reprova tão categoricamente, em muitas ocasiões.
Nós
não podemos supor, porque muitos fariseus eram hipócritas, que, por
conseguinte, todos eram assim. Nem de fato é a hipocrisia, por meio de algum
significado, os princípios básicos do caráter de um fariseu. Esta não é a marca
característica da seita deles. Ela é, preferivelmente, de acordo com o relato
de nosso Senhor, isto: 'Eles confiavam em si mesmos, que eles eram retos, e
menosprezavam outros'. Este é o distintivo genuíno deles. Mas o fariseu
desse tipo não era um hipócrita. Ele devia ser, em um senso comum, sincero; do
contrário, ele não poderia 'confiar em si mesmo que ele fosse justo'. O
homem que estava aqui recomendando a si mesmo a Deus, inquestionavelmente
acreditava que era reto. Conseqüentemente, ele não era hipócrita; ele mesmo não
era consciente de alguma insinceridade. Ele agora falava para Deus, exatamente
o que ele pensava; ou seja, que ele era abundantemente melhor do que outros
homens.
Mas
o exemplo de Paulo, não existisse algum outro, é suficiente para colocar isto
fora de toda questão. Ele não poderia apenas dizer, quando cristão, 'E, por
isto, procuro sempre ter uma consciência sem ofensa, em direção a Deus e em
direção a homens' (Atos 24:16); mas mesmo concernente ao tempo em
que era um fariseu, 'Varões e irmãos, eu tenho vivido em boa consciência,
diante de Deus, até esse dia'. (Atos
23:1). Ele era, portanto, sincero, enquanto fariseu, tanto quanto, quando
foi um cristão. Ele não era mais hipócrita, quando ele perseguia a Igreja, do
que quando ele pregou a fé que uma vez ele perseguiu. Que a isto, então, seja
acrescentado: 'a retidão dos Escribas e fariseus', -- uma crença sincera
de que eles eram justos, e, em todas as coisas,
fazendo o serviço de Deus'.
7. E ainda, 'com exceção
de sua retidão', diz nosso Senhor, exceder a retidão dos Escribas e
fariseus; ainda assim, de maneira alguma, entrará no reino dos céus'. Uma
declaração solene e importante, e que coube a todos os que eram chamados pelo
nome de Cristo, considerarem séria e profundamente. Mas, antes que perguntemos
como nossa retidão pode exceder a deles, vamos examinar se, no momento, nós nos
aproximamos dela.
Primeiro, um fariseu não era 'como
outros homens eram'. No exterior ele era singularmente bom. Nós somos
assim? Nós nos atrevemos a sermos singulares, afinal? Nós não preferimos nadar
com a correnteza? Nós não prescindimos da religião e da razão juntas, muitas
vezes, porque não pareceríamos singulares? Nós não estamos mais
temerosos de estarmos fora da moda, do que de estarmos fora do caminho da
salvação? Nós temos coragem de enfrentar a maré? – de andar na contramão do
mundo? – 'de obedecer a Deus, preferivelmente, a homem'. Do contrário, o fariseu nos deixa para trás,
no mesmo primeiro passo. Seria bom, se nós o alcançássemos mais.
Mas, para chegar perto, nós podemos
usar sua primeira justificativa com Deus, que é, em substância: 'Eu não
causo dano: Eu não vivo em pecado exterior. Eu não faço coisa alguma, pela qual
meu coração me condena'. Você não faz? Você está certo disto? Você não
vive, em uma prática, pela qual seu coração o condena? Se você não é um
adúltero, se você não é lascivo, tanto na palavra ou ação, você não é injusto?
A grande medida da justiça, assim como da misericórdia é: 'Não faça aos
outros, o que você não quer que seja feito a você'. Você caminha por esta
regra? Você nunca fez a alguém o que você não gostaria que ele fizesse a você?
Mais ainda: você não é grosseiramente injusto? Você não é um extorquidor? Você
não obtém ganho com a ignorância e carência de alguém; nem comprando, nem
vendendo? Suponha que você esteja envolvido em um comércio: Você demanda; você
recebe não mais do que o valor real do que você vende? Você demanda; você
recebe, não mais do ignorante do que do instruído, -- de uma criança pequena,
do que de um experiente comerciante? Se você faz, porque seu coração não o
condena? Você é um extorquidor descarado! Você não exige de alguém que esteja
em necessidade premente, mais do que o
preço usual das mercadorias, -- a quem você deve, e isto sem demora, as coisas
com as quais você apenas pode prover a ele? Se você procede assim, isto
também é uma extorsão clara. De fato, você não alcança a retidão de um
fariseu.
8. Em
Segundo lugar, um fariseu (para expressar seu sentido em nosso caminho comum)
usou todos os meios da graça. Como ele jejuava freqüentemente e muito, duas
vezes em cada semana, então ele atendia todos os sacrifícios. Ele era constante
nas orações públicas e privadas, e em ler e ouvir as Escrituras. Você chega a
tanto? Você jejua muito e freqüentemente? – duas vezes na semana? Eu temo que
não! Uma vez, pelo menos, 'todas as sextas-feiras do ano?' (assim nossa
igreja, clara e categoricamente ordena a todos os seus membros a fazerem; a
observarem todos esses, tanto quanto as vigílias, e os quarenta dias de
quaresma, como dias de jejum e abstinência). Você jejua duas vezes por semana?
Eu temo que alguns, entre nós, não podem alegar até mesmo isto! Você não
negligencia a oportunidade de atender e participar do sacrifício cristão?
Quantos
são eles que chamam a si mesmos cristãos, e, ainda assim, são extremamente
descuidados disto, -- ainda assim, não comem daquele pão; ou bebem daquela
taça, por meses; talvez, anos, juntos? Você ouve, lê e medita sobre as
Escrituras, todos os dias? Você se reúne em oração com a grande congregação,
diariamente, se você tem oportunidade; se não, quando você pode;
particularmente, naquele dia que você 'lembra de mantê-lo santo?'. Você
se esforça para 'criar oportunidades?'. Você fica feliz, quando eles
dizem a você: 'Vamos à casa do Senhor?'. Você é zeloso e diligente nas
orações privadas? Você não suporta um dia passar sem elas? Antes, alguns de
vocês não estão tão longe de passarem nisto, (como os fariseus) diversas horas,
no dia, de maneira a pensarem que uma hora já é completamente suficiente, se
não, muito? Você passa uma hora de um dia, ou de uma semana, em oração para o
Pai que está em secreto? Sim, uma hora em um mês? Você passa uma hora, reunido
em oração privada, desde que você nasceu? Ah! Pobres cristãos! O fariseu não
deveria se levantar em julgamento contra vocês e condena-los? A retidão dele
está tão acima da sua, quanto os céus estão acima da terra!
9. Em
Terceiro lugar, o fariseu dava os dízimos, e fazia donativos de tudo o que
possuía. E de que maneira profusa! De modo que ele era (como nós expressamos
isto) 'um homem que fazia muito o bem'. Nós o alcançamos aqui? Qual de
nós é assim tão abundante como ele, nas
boas obras? Qual de nós dá a quinta parte de tudo que tem a Deus? Tanto do
essencial, quanto do lucro? Quem de nós, em vez de (supondo-se) cem libras por
ano, dá vinte a Deus e ao pobre; em vez de cinqüenta, dez; e assim em uma
proporção maior ou menos: Quando nossa retidão, usando de todos os meios da
graça; atendendo a todas as ordenanças de Deus; evitando o mal e fazendo o bem,
irá se igualar, por fim, à retidão dos Escribas e fariseus?
10. E, mesmo que apenas se
iguale à deles, de que proveito seria? 'Porque, verdadeiramente, eu digo,
que, exceto, se a retidão de vocês excederem à retidão dos Escribas e fariseus,
vocês, de modo algum, entrarão no reino dos céus'. Mas como ela poderá exceder a deles? Em que a
retidão de um cristão excederia aquela de um Escriba e fariseu? A retidão
cristã excede a deles:
Primeiro,
na extensão dela. A maioria dos fariseus, embora fossem rigorosamente
exatos, em muitas coisas, ainda assim, eram encorajados, pelas tradições dos
presbíteros a prescindirem de outras de igual importância. Assim, eles eram
extremamente pontuais em manter o quarto mandamento, -- eles não roubariam uma
espiga de milho, no sábado judeu; mas, não em manter o terceiro, afinal, --
tendo a menor consideração ao mais leve, ou até mesmo falso juramento. De modo
que a retidão deles era parcial; considerando que a retidão de um cristão real
e universal. Ele não observa uma, ou algumas partes da lei de Deus, e
negligencia o restante; mas mantêm todos os seus mandamentos, amando-os todos,
valorizando-os acima do outro e pedras preciosas.
11. Realmente, pode ser que
alguns dos Escribas e fariseus se esforçaram para manterem todos os
mandamentos; e, conseqüentemente foram, no tocante à retidão da lei, ou seja,
de acordo com a letra dela, irrepreensíveis. Mas, ainda assim, a retidão de um
cristão excede todas essas retidões de um Escriba e fariseu, no cumprimento do
espírito, tanto quanto da letra da lei; através da obediência interior e
exterior. Nisto, na espiritualidade dela, não se admite comparação. Este é o
ponto que nosso Senhor tem tão largamente provado, em todo o teor deste
discurso. A retidão deles era apenas externa: a retidão cristã está no intimo
do homem. O fariseu 'limpava o exterior da taça e da travessa'; o
cristão é limpo por dentro. O fariseu esforçava-se para apresentar a Deus uma
vida boa; o cristão, um coração santo. Um livrava-se das folhas, talvez dos
frutos do pecado; o outro, 'deitava o machado na raiz', não estando
contente com a forma da santidade exterior, por mais exata que ela pudesse ser,
a menos que a vida, o Espírito e o poder de Deus junto à salvação, fossem
sentidos, no mais íntimo da alma.
Assim
sendo, não causar mal, fazer o bem, e atender a todas as ordenanças de Deus (a
retidão de um fariseu) eram todas externas; considerando que, ao contrário, a
pobreza de espírito, o murmurar, a humildade, a fome e sede em busca da
retidão, o amor nosso próximo, e a pureza do coração - (a retidão de um
cristão) - são todas internas. E mesmo a pacificação (ou fazer o bem), e sofrer
por causa da retidão, dão direito às bênçãos anexadas a eles, apenas porque
implicam nessas disposições interiores que brotam deles, são exercitadas e
confirmadas neles. Assim, considerando que a retidão dos Escribas e fariseus
era tão somente externa, pode-se dizer, em algum sentido, que a retidão de um
cristão é apenas interna: todas as suas ações e sofrimentos, como não sendo
nada em si mesmos, e sendo considerados, diante de Deus, apenas, através dos
temperamentos do qual elas brotam.
12. Quem quer que, por
conseguinte, você seja, que carregue o nome santo e honrado de um cristão,
veja, primeiro, que a sua retidão não se resuma na retidão de um Escriba e
fariseu. Não seja você, 'como os outros homens'. Ouse permanecer
sozinho, em ser 'um exemplo contra o singularmente bom'. Se você 'seguir
a multidão', afinal, será como 'praticar o mal'. Não permita que o
costume e a moda sejam seus guias, mas a razão e a religião. A prática de
outros é nada para você: 'Cada homem dará um relato de si mesmo a Deus'.
De fato, se você não pode salvar a alma de outro, tente, pelo menos, salvar a
sua, -- a própria alma. Caminhe, não nos passos do morto, porque é largo, e
muitos caminham nele. Mais ainda, por essa mesma marca, você pode
identificá-lo. É este o caminho, no qual você caminha – um caminho largo, bem
freqüentado, moderno? Então, ele infalivelmente o conduzirá para a destruição. Oh! Não seja 'condenado, apenas por
companhia!'. Cesse o mal; fuja do pecado, como da face de uma serpente! Por
fim, não cause dano. 'ele que comete o pecado é do diabo'. Que você não
seja encontrado neste número! No tocante aos pecados exteriores, certamente a
graça de Deus é, mesmo agora, suficiente para você. 'Nisto', pelo menos, 'exercite-se
para ter uma consciência que evita a ofensa, em direção a Deus, e em direção ao
homem'.
Segundo. Não permita que
sua retidão esteja abaixo da deles, com respeito às ordenanças de Deus. Se a sua força de trabalho ou corpórea não
lhe permite jejuar duas vezes na semana, de qualquer modo, proceda fielmente
com sua alma, e jejue tão freqüentemente quanto suas forças permitam. Não omita
a oportunidade pública ou privada de derramar
a sua alma em oração. Não negligencie a ocasião de comer do pão e beber
daquela taça que é a comunhão do corpo e sangue de Cristo. Seja diligente em
buscar as Escrituras: leia-nas, o quanto pode, e medite nelas dia e noite.
Regozije-se em abraçar cada oportunidade de ouvir 'a palavra da
reconciliação' declarada pelos 'embaixadores de Cristo', os 'administradores
dos mistérios de Deus'. Em usar todos os meios da graça; em um atendimento
constante e cuidadoso a cada ordenança de Deus, esteja à altura (até que você
possa ir além) 'da retidão dos Escribas e fariseus'.
Em Terceiro lugar: Não esteja abaixo de um fariseu, no fazer o bem. Dê donativos de
tudo o que possui. Alguém está faminto? Alimente. Está com sede? Dê-lhe de
beber. Nu? Cubra-o com uma vestimenta. Se você tem esses bens materiais, não
limite sua beneficência a uma proporção
insuficiente. Seja misericordioso, ao extremo do seu poder. Por que não, tanto
quanto esse fariseu? Agora, 'faça amizade com eles', enquanto o tempo é do 'espírito de cobiça
da retidão', para que, quando caíres¸ quando esse tabernáculo terrestre for
dissolvido, 'eles possam receber a ti nas habitações eternas'.
13. Mas não fique por aqui.
Deixe que sua 'retidão exceda a retidão dos Escribas e fariseus'. Não
fique satisfeito 'em manter toda a lei, e ofender em algum ponto'.
Cumpra rapidamente todos os mandamentos Dele, e, todos 'os falsos caminhos,
abomine totalmente'. Faça todas as coisas que Ele tem ordenado, e isto, com
toda a sua força. Você pode fazer todas as coisas, através de Cristo que o
fortalece; embora, sem ele, você nada possa.
Acima de tudo, permita que sua
retidão exceda a deles, na pureza e espiritualidade dela. Qual é a mais
diligente forma de religião para você? A mais perfeita na retidão exterior? Vá
mais além e mais profundamente do que todas essas! Permita que sua religião
seja a religião do coração. Seja pobre em espírito; pequeno, comum, desprezível
e vil aos seus próprios olhos; maravilhado e humilhado, diante do 'amor de
Deus, que está em Jesus Cristo, seu Senhor. Seja sério: Permita que toda a
correnteza de seus pensamentos, palavras e obras sejam tais que fluam da mais
profunda convicção de que você está na beira do grande abismo; você e todos os
filhos dos homens; prontos para caírem, tanto na glória, quanto no fogo eterno!
Seja manso: Deixe que sua alma seja repleta com a brandura, gentileza,
perseverança, longanimidade, em direção a todos os homens; ao mesmo tempo, que
tudo que existe em você, esteja sedento de Deus, do Deus vivo, desejando acordo
em busca de Seu semblante, e estar satisfeito com ele. Seja um amante de Deus,
e de toda a humanidade. Neste espírito, suporte todas as coisas. Assim,
'excedido a retidão dos Escribas e Fariseus', você será 'chamado o maior no reino dos
céus'.
*.*
[Editado por Dekek e Beryl Johnson
(semi-aposentado pastor Metodista e esposa, em Meadpark, UK,) com correções de
George Lyons para a Wesley Center for
Applied Theology of Northwest Nazarene College (Nampa, ID.)]
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