John Wesley
"E, partindo dali, encontrou-se com Jonadabe, filho de Recabe, que
lhe vinha ao encontro, ao qual saudou e lhe perguntou: O teu coração é sincero
para comigo como o meu o é para contigo? Respondeu Jonadabe: É. Então, se é, disse
Jeú, dá-me a tua mão". (II Reis
10:15)
I. Vamos considerar a questão proposta
por Jeú a Jonadabe, "O teu coração é
sincero para comigo, como o meu o é para contigo?"
II. "Se
teu coração for sincero, como o meu coração é com o teu", ama toda a
humanidade, teus inimigos, os inimigos de Deus, os estranhos, como irmãos em
Cristo.
III. Nós podemos aprender disto qual é
o espírito católico.
1. Admite-se, mesmo em meio àqueles que
não pagam este grande débito, que o amor é devido a toda a humanidade, a lei
real: "Tu deves amar a teu próximo,
como a ti mesmo", levando sua própria evidência a todos que ouvem
isto: e que, não de acordo com a construção miserável colocada sobre ele, pelos
zelotes dos tempos antigos: "Tu
deves amar teu próximo", teus parentes, conhecidos, amigos, "e odiar teus inimigos"; não
desta forma; "eu digo a vocês",
diz o Senhor, "Amem seus inimigos;
abençoem aqueles que os amaldiçoam; façam o bem àqueles que os odeiam; e orem
por aqueles que maliciosamente os usam, e perseguem vocês; para que vocês
possam ser os filhos", possam parecer assim à toda a humanidade de "seu Pai que está nos céus; aquele
que faz Seu sol brilhar sobre o mal e o bom, e envia a chuva, sobre o justo e o
injusto.
2. Mas é certo que existe um amor
específico que nós devemos àqueles que amam a Deus. Assim Davi: "Todo meu deleite é junto aos santos
que estão na terra, e junto tais que se distinguem na virtude". E
assim, um maior do que ele: "Um novo
mandamento eu dou a vocês: que amem uns aos outros: como eu tenho amado vocês,
que vocês também amem uns aos outros. Através disto, todos os homens deverão
saber que são Meus discípulos, se tiverem amor um para com o outro" (João 13:34-35). Este é aquele amor sobre o qual o Apóstolo João
insiste tão freqüentemente e tão fortemente: "Esta", diz ele, "é
a mensagem que vocês ouviram, desde o início, que nós devemos amar uns aos
outros". (I João 3:11)."Por
meio disto, percebemos o amor de Deus, porque ele dispôs sua vida por nós: e
nós devemos", se o amor puder nos chamar para isto, "dispor nossas vidas pelos irmãos"
(Versículo 16). E novamente: "Amados, amemo-nos uns aos outros,
porque o amor é de Deus; e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.
Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor" (4:7-8). "Nisto está o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em
que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos
pecados. Amados, se Deus assim nos amou, nós também devemos amar-nos uns aos
outros" (Versículo 10.11).
3. Todos os homens aprovam isto; mas
todos os homens praticam isto? Experiência diária mostra o contrário. Onde
estão, até mesmo os cristãos que "amam uns aos outros, como Aquele que nos
deu o mandamento?" Quantos obstáculos colocam-se no caminho! Dois grandes e
gerais obstáculos são, primeiro, que eles não podem todos pensar da mesma
maneira, em conseqüência disto; segundo, que eles não podem caminhar de maneira
semelhante; mas em diversos pontos menores, a prática deles deve diferir na
proporção da diferença de seus sentimentos.
4. Mas, embora a diferença de opiniões
e os modos de adoração possam impedir uma união inteira externa, ainda assim,
ela precisa impedir nossa união em afeição? Embora não possamos pensar da mesma
forma, nós não podemos amar da mesma forma? Sem dúvida que podemos. Nisto todos
os filhos de Deus podem se unir, não obstante essas diferenças menores. Essas
permanecendo como estão, eles podem favorecer uns aos outros em amor e nas boas
obras.
5. Certamente, a este respeito, o
exemplo do próprio Jeú, quando misturado ao caráter como o dele era, é
merecedor tanto da atenção quanto da imitação por parte de todo cristão sério. "E, partindo dali, encontrou-se com
Jonadabe, filho de Recabe, que lhe vinha ao encontro, ao qual saudou e lhe
perguntou: O teu coração é sincero para comigo como o meu o é para contigo?
Respondeu Jonadabe: É. Então, se é, disse Jeú, dá-me a tua mão".
O
texto naturalmente divide-se em duas partes: -- Primeiro, a questão proposta por Jeú a Jonadabe: "Teu coração é sincero, assim como o
meu coração é sincero com o teu?". Em Segundo Lugar, um oferecimento feito sobre a resposta de
Jonadabe: "Se é"; "Se ele for, dá-me a tua mão".
I
1. Em Primeiro Lugar, vamos considerar
a questão proposta por Jeú a Jonadabe: "Teu
coração é sincero, como meu coração é para com o teu?".
A
primeira coisa que podemos observar nestas palavras, é que aqui não existe
pergunta, concernente às opiniões de Jonadabe. E ainda assim, é certo que ele
mantinha algumas, que eram muito incomuns,; na verdade, completamente
específicas a ele mesmo; e algumas que tinham uma influência restrita à sua
prática; sobre a qual, igualmente, ele colocava tão grande ênfase, de maneira a
vinculá-la junto aos filhos de seus filhos, até à última posteridade deles.
Isto está evidente do relato dado por Jeremias, muitos anos depois de sua
morte: "Então tomei a Jaazanias,
filho de Jeremias, filho de Habazínias, e a seus irmãos, e a todos os seus
filhos, e a toda a casa dos recabitas,
os introduzi na casa do Senhor, na câmara dos filhos de Hanã, filho de
Jigdalias, homem de Deus, a qual estava junto à câmara dos príncipes que ficava
sobre a câmara de Maaséias, filho de Salum, guarda do vestíbulo; e pus diante
dos filhos da casa dos recabitas taças cheias de vinho, e copos, e disse-lhes:
Bebei vinho. Eles, porém, disseram: Não beberemos vinho, porque Jonadabe, filho
de Recabe, nosso pai, nos ordenou, dizendo: Nunca jamais bebereis vinho, nem
vós nem vossos filhos; não edificareis casa, nem semeareis semente, nem
plantareis vinha, nem a possuireis; mas habitareis em tendas todos os vossos
dias; para que vivais muitos dias na terra em que andais peregrinando.
Obedecemos pois à voz de Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, em tudo quanto
nos ordenou, de não bebermos vinho em todos os nossos dias, nem nós, nem nossas
mulheres, nem nossos filhos, nem nossas filhas; nem de edificarmos casas para
nossa habitação; nem de possuirmos vinha, nem campo, nem semente; mas habitamos
em tendas, e assim obedecemos e fazemos conforme tudo quanto nos ordenou
Jonadabe, nosso pai". (Jeremias
35:3-10)
2. E ainda assim,
Jeú (embora pareça ter sido sua maneira, ambas nas coisas seculares quanto
religiosas, dirigir-se furiosamente) não se preocupou, afinal, com algumas
dessas coisas, mas deixou Jonadabe afluir em sua própria consciência. E nenhum
deles parecer ter dado ao outro a menor perturbação, no tocante às opiniões que
mantinham.
3. É muito provável, que muitos homens
bons agora também possam acolher opiniões específicas; e alguns deles podem ser
tão singulares nisto, quanto Jonadabe foi. E é certo, até onde conhecemos, a
não ser em parte, que todos os homens não irão ver as coisas do mesmo modo. É
uma conseqüência inevitável da presente fraqueza e pequenez do entendimento
humano, que muitos homens irão ser de diversas mentes na religião, assim como
na vida comum. Assim tem sido, desde o começo do mundo; e assim será "até
a restituição de todas as coisas".
4. Mais do que isto: embora cada homem
necessariamente acredite que cada opinião específica que ele abrace é a
verdadeira (uma vez que acreditar que alguma opinião não é verdadeira, é a
mesma coisa que não acatá-la); ainda assim, nenhum homem pode estar seguro de
que todas as suas opiniões, juntas, são verdadeiras. Mais ainda, todo homem
pensante está seguro de que elas não são, vendo que para o homem "ser ignorante em muitas coisas, e
equivocar-se em algumas, é a condição necessária da humanidade". Isto, portanto, ele está consciente, é seu
próprio caso. Ele sabe, no geral, que ele mesmo comete erros; embora naqueles
equívocos específicos, ele não saiba, ou talvez, não possa saber.
5. Eu digo que "talvez, ele não
possa saber"; porque quem pode dizer quão longe a ignorância indômita pode
se estender? Ou (o que vem a ser a mesma coisa) o preconceito invencível? – que
está tão freqüentemente fixado nas mentes ternas, de maneira que é impossível,
mais tarde, arrancar o que tem tão profunda raiz. E quem pode dizer, a menos
que ele conhecesse todas as circunstâncias que a atendem, quão longe qualquer
equívoco é censurável? Vendo-se que toda culpa deve supor alguma conformidade
com a vontade; da qual somente Ele que inspeciona os corações pode julgar.
6. Todo homem sábio, portanto, irá
permitir que outros tenham a mesma liberdade de pensamento que ele deseja eles
permitam a ele; e não irá insistir que eles abracem suas opiniões, mais do que
eles insistem que ele abrace as deles. Ele suporta aqueles que diferem dele, e
apenas pergunta àquele com que ele deseja se unir em amor cristão: "Teu coração é sincero comigo, como o
meu coração é sincero com o teu?".
7. Em
Segundo Lugar, nós podemos observar que aqui não existe pergunta feita
quanto ao modo de adoração de Jonadabe; embora seja altamente provável que
havia, neste aspecto também, uma muito ampla diferença entre eles. Porque nós
podemos bem acreditar que Jonadabe, assim como toda sua posteridade, adorou a
Deus em Jerusalém! Considerando que Jeú não o fez: ele tinha mais cuidado com a
diplomacia de estado do que com a religião. E embora ele matasse os adoradores
de Baal, e "destruísse Baal de Israel", ainda assim, do pecado
conveniente de Jeroboão, a adoração dos "bezerros de ouro", ele
"não se separou". (II Reis
10:29).
8. Mas, até mesmo, entre os homens de
corações honestos; homens que desejam "ter uma consciência nula de
ofensa", há necessidade, por quanto tempo existirem várias opiniões, de
haver várias maneiras de adorar a Deus; vendo-se que a variedade de opiniões
implicam uma variedade de prática. E como, em todas as épocas, os homens
diferiram, em nada mais do que em suas opiniões, concernentes ao Ser Supremo;
então, em nada mais eles diferiram uns dos outros, do que na maneira de
adoração dele. Tivesse isto sido apenas no mundo pagão, não teria sido de todo
surpresa; porque nós sabemos que "através" da "sabedoria"
eles "não conheciam a Deus"; nem, portanto, poderiam eles saber como
adorá-Lo. Mas não é estranho que, até mesmo, no mundo cristão, embora eles
todos concordem em geral que "Deus é um Espírito; e que aqueles que o
adoram devem adorá-Lo em espírito e verdade"; ainda assim, nos modelos
específicos de adorar a Deus, são quase tão variados quanto entre os ateus?
9. E como devemos escolher entre tantas
variedades? Nenhum homem pode escolher ou prescrever por outro. Mas cada um
deve seguir os ditames de sua própria consciência, na simplicidade e
sinceridade divina. Ele deve ser completamente persuadido em sua própria mente,
e, então, agir de acordo com o melhor entendimento que ele tiver. Nem alguma
criatura tem poder para constranger outra a caminhar pelas suas próprias
regras. Deus tem dado nenhum direito a alguns dos filhos dos homens, de assim
agirem como senhores sobre a consciência de seus irmãos; mas cada homem deve
julgar por si mesmo, uma vez que cada homem deve dar um relato de si mesmo a
Deus.
10. Embora, portanto, cada seguidor de
Cristo seja obrigado, pela mesma natureza da instituição cristã, a ser um
membro de alguma congregação particular ou de qualquer outra igreja, como isto
é usualmente denominado (o que implica uma maneira pessoal de adoração a Deus;
uma vez que "dois não podem caminhar juntos, a menos que estejam de
acordo"); ainda assim, ninguém pode ser obrigado, por qualquer poder na
terra, mas aquele de sua própria consciência, a preferir esta ou aquela congregação
à outra; esta ou aquela maneira de adoração. Eu sei que é comumente suposto,
que o lugar de nosso nascimento fixa a igreja para a qual devemos pretender;
que alguém, por exemplo, que seja nascido na Inglaterra, deva ser membro
daquela que é denominada de Igreja da Inglaterra, e, conseqüentemente, adorar a
Deus de uma forma específica que seja prescrita por aquela Igreja. Eu fui uma
vez um zeloso mantenedor disto; mas eu encontrei muitas razões para minorar
este zelo. Eu temo que ele seja atendido com tais dificuldades que nenhum homem
razoável poderia superar. Nem o menor deles que é, se esta regra tivesse tomado
lugar, não teria havido Reforma do Catolicismo Romano; vendo que ele destrói
inteiramente o direito do julgamento privado, no qual toda a Reforma se situa.
11. Eu não me atrevo, portanto,
presumir impor meu modo de adoração a algum outro. Eu acredito que isto seja
primitivamente verdadeiro e apostólico: mas minha crença é nenhuma regra para
outro. Eu não pergunto, conseqüentemente, a ele, com quem eu quero me unir em
amor cristão: você é da minha igreja, da minha congregação? Você recebe a mesma
forma de governo religioso e permite os mesmos oficiais religiosos, como eu?
Você se reúne na mesma forma de oração, na qual eu adoro a Deus? Eu não
inquiro: Você recebe a Ceia do Senhor, na mesma postura e maneira que eu o
faço? Nem se, na administração do batismo, você concorda comigo em admitir
garantia para o batizado, na maneira de administrá-lo; ou quanto à idade daqueles
a quem ele deveria ser administrado. Mais do que isto, eu não pergunto de você
(tão claro quanto eu estou em minha mente), se você permite batismo e Ceia do
Senhor, afinal. Deixe que todas essas coisas como estão: nós iremos falar
delas, se for necessário, em uma ocasião mais conveniente. Minha única pergunta
no momento é esta: "Teu coração é
sincero para comigo, quanto o meu é sincero para contigo?".
12. Mas o que está propriamente
implícito nesta questão? Eu não quero dizer: O que Jeú inseria nisto: Mas, o
que poderia um seguidor de Cristo entender por meio disto, quando ele propõe
isto a algum dos seus irmãos?
11. Eu não me atrevo, portanto,
presumir impor meu modo de adoração a algum outro. Eu acredito que isto seja
primitivamente verdadeiro e apostólico: mas minha crença é nenhuma regra para
outro. Eu não pergunto, conseqüentemente, a ele, com quem eu quero me unir em
amor cristão: você é da minha igreja, da minha congregação? Você recebe a mesma
forma de governo religioso e permite os mesmos oficiais religiosos, como eu?
Você se reúne na mesma forma de oração, na qual eu adoro a Deus? Eu não
inquiro: Você recebe a Ceia do Senhor, na mesma postura e maneira que eu o
faço? Nem se, na administração do batismo, você concorda comigo em admitir
garantia para o batizado, na maneira de administrá-lo; ou quanto à idade
daqueles a quem ele deveria ser administrado. Mais do que isto, eu não pergunto
de você (tão claro quanto eu estou em minha mente), se você permite batismo e
Ceia do Senhor, afinal. Deixe que todas essas coisas como estão: nós iremos
falar delas, se for necessário, em uma ocasião mais conveniente. Minha única
pergunta no momento é esta: "Teu
coração é sincero para comigo, quanto o meu é sincero para contigo?".
12. Mas o que está propriamente
implícito nesta questão? Eu não quero dizer: O que Jeú inseria nisto: Mas, o
que poderia um seguidor de Cristo entender por meio disto, quando ele propõe
isto a algum dos seus irmãos?
A primeira
coisa inserida é esta: Teu coração é sincero em direção a Deus? Tu crês na
existência Dele e em suas perfeições? Sua eternidade, imensidão, sabedoria e
poder? Sua justiça, misericórdia e verdade? Crês que ele agora sustenta todas
as coisas, através da palavra de seu poder? E que ele governa, até mesmo o mais
minúsculo; mesmo o mais nóxio, para sua própria glória, e o bem daqueles que o
amam? Tu tens a evidência divina, a
convicção sobrenatural das coisas de Deus? Tu "caminhas pela fé, e não
pelas vistas?". Não olhando para as coisas temporais, mas para as coisas
eternas?
13. Tu crês no Senhor Jesus Cristo, "Deus sobre todos, abençoado para
sempre?". Ele está revelado em tua alma? Tu conheces Jesus Cristo, e
Ele crucificado? Ele habita em ti, e tu Nele? Ele está formado em teu coração
pela fé? Tendo absolutamente repudiado todas as tuas próprias obras, tua
própria retidão, tu tens te "submetido à retidão de Deus, que é pela fé em
Jesus Cristo?" Tu te "encontras Nele, não tendo tua própria retidão,
mas a retidão que é pela fé?". E tu estás, através Dele, "lutando a
boa luta da fé, agarrando-se à vida eterna?".
14. Tua fé está preenchida com a
energia do amor? Tu amas a Deus (eu não digo, "acima de todas as coisas", porque se trata de uma
expressão não bíblica ou ambígua, mas) "com
todo teu coração, e com toda tua mente, e com toda tua alma, e todas as tuas
forças?". Tu buscas toda tua felicidade Nele apenas? E tu encontras o
que buscaste? Tua alma continuamente "glorifica o Senhor, e teu espírito
se regozija no Deus teu Salvador?". Tendo aprendido "em todas as coisas, dar graças, tu consideras que esta é uma
coisa alegre e prazerosa?". Deus é o centro da tua alma; a somatória
de todos os teus desejos? Tu estás, conseqüentemente juntando tesouros nos
céus, e considerando todas as outras coisas mais, esterco e imundície? O amor a
Deus expulsou o amor do mundo de tua alma? Então, tu estás "crucificado para o mundo"; tu estás morto para todos
abaixo; e tua "vida está oculta com
Cristo em Deus".
15. Tu estás empregado em fazer,
"não tua própria vontade, mas a vontade dele que o enviou a ti" –
Dele que enviou a ti para que permaneças aqui, por algum tempo, para passar
poucos dias em uma terra estranha, até que tendo terminado a obra que Ele deu a
ti para fazer, tu retornes à casa de teu Pai? É tua carne e bebida "fazer
a vontade de teu Pai que está nos céus?". Teu olho é puro em todas as
coisas? Sempre fixado Nele? Sempre olhando para Jesus? Tu objetivas a Ele, no
que quer que tu faças? Em todo o teu trabalho, teus negócios, teu modo de vida?
Almejas apenas a Glória de Deus em tudo, "o que quer que tu faças, quer em
palavra ou ação, fazendo tudo em nome do Senhor Jesus; dando graças junto a
Deus, mesmo ao Pai, através Dele?".
16. O amor de Deus te constringe a
servir a Ele com temor; a "regozijar-se junto a Ele com reverência?".
Estás tu mais temeroso de desagradar a Deus, do que tanto da morte quanto do
inferno? Nada é tão terrível a ti, do que o pensamento de ofender os olhos de
Sua glória? Sobre este alicerce, tu "odeias todos os maus caminhos";
todas as transgressões à sua lei perfeita e santa; e nisto "exercita-te a
ter uma consciência nula de ofensa em direção a Deus, e em direção ao
homem?".
17. Teu coração está sincero em direção
ao teu próximo? Tu amas toda a humanidade, como a ti mesmo, sem exceção?
"Se tu amas apenas aqueles que te amam, que agradecimento tens tu?".
Tu "amas teus inimigos?". Tua alma está cheia de boa-vontade, de
afeição terna, em direção a eles? Tu amas, até mesmo, os inimigos de Deus; os
ingratos e iníquos? No mais íntimo de ti, tu te enterneces por eles? Tu "aceitarias
ser amaldiçoado" temporariamente por causa deles? E tu mostras isto,
"abençoando aqueles que te amaldiçoam, e orando por aqueles que,
maliciosamente usam, e perseguem a ti?".
18. Tu demonstras teu amor, através de
tuas obras? Enquanto tens oportunidade, de fato, "fazes o bem a todos os
homens", próximos, ou estranhos; amigos ou inimigos; bons ou maus? Fazes a
eles todo o bem que podes; esforçando-te para suprir todas as necessidades
deles; assistindo a eles, tanto no corpo quanto na alma, no máximo de teu
poder? – Se tu estás assim inclinado, possa cada cristão dizer, sim, se tu
estás sinceramente desejoso disto, e seguindo até que consigas, então,
"teu coração é sincero, como meu coração é sincero com o teu".
II
1. "Se for assim, dá-me tua
mão". Eu não quero dizer, "seja da minha opinião". Você não
precisa: Eu não espero ou desejo isto. Nem eu quero dizer que "eu serei da
tua opinião". Eu não posso; isto não depende de minha escolha: Eu não
posso pensar mais do que eu possa ver ou ouvir, como eu desejo. Mantém tua opinião;
eu a minha; e isto tão firmemente quanto sempre. Você não precisa, nem mesmo,
se esforçar para vir até mim, ou me levar até ti. Eu não desejo disputar esses
pontos, ou ouvir ou falar, concernente a eles. Deixa todas as opiniões apenas
de um lado ou de outro; apenas "dá-me a tua mão".
2. Eu não quero dizer, "abraça
meus modos de adoração", ou "eu irei abraçar os teus". Esta
também é uma coisa que não depende quer da tua escolha ou da minha. Nós devemos
ambos agir como completamente persuadidos em nossa própria mente. Segura com
firmeza aquilo que acreditas seja mais aceitável para Deus, e eu irei fazer o
mesmo. Eu creio que a forma episcopal do governo religioso seja bíblica e
apostólica. Se tu consideras que o Presbiteriano Independente é melhor, continua
a pensar assim, e age de acordo. Eu acredito que as crianças devam ser
batizadas; e que isto pode ser feito, por imersão ou aspersão. Se tu estás
persuadido do contrário, seja, então, assim, e siga tua própria persuasão.
Parece a mim, que as formas de oração são de uso excelente, particularmente, na
grande congregação. Se tu julgas a oração improvisada de melhor uso, age,
adequado ao teu próprio julgamento. Meu sentimento é que eu não devo proibir
água, onde as pessoas possam ser batizadas; e que eu devo comer pão e beber
vinho, em memória do meu mestre morto: entretanto, se tu não estás convencido
disto, age de acordo com o entendimento que tu tens. Eu não tenho desejo de
disputar contigo, em nenhum momento, sobre esses assuntos precedentes. Deixa todos
esses pontos menores de lado. Que eles nunca sejam revelados, "se teu
coração é como o meu"; se tu amas a Deus e a toda a humanidade, eu não
faço mais perguntas. "dá-me a tua mão".
3. Em Primeiro Lugar, eu quero dizer,
ama-me: e isto não apenas como tu amas a toda a humanidade; não apenas como tu
amas teus inimigos, ou os inimigos de Deus, aqueles que odeiam a ti, que
"maliciosamente usam a ti, e te perseguem"; não apenas como um
estranho; como alguém de quem tu não sabes nem bem, nem mal, -- Eu não estou
satisfeito com isto, -- não; "se teu coração é sincero, como o meu é
sincero para contigo", então, ama-me com uma afeição muito terna, como um
amigo que é mais íntimo que um irmão; como um irmão em Cristo, um concidadão da
Nova Jerusalém, um soldado companheiro engajado na mesma guerra, sob o mesmo
Capitão de nossa salvação. Ama-me como um companheiro no reino e amor de Jesus,
e um co-herdeiro de Sua glória.
4. Ama-me (mas em um grau mais sublime
do que tu fazes com a massa da humanidade), com o amor que é longânime e
delicado; que é paciente, -- se eu sou ignorante ou estou fora do caminho,
carrega e não aumenta meu fardo; e é terno, delicado, e compassivo ainda; não
inveja, se, em algum tempo, agradar a Deus prosperar-me em Sua obra, muito mais
do que a ti. Ama-me com o amor que não se altera, quer por minhas tolices ou
enfermidades; ou mesmo devido ao meu agir (se algumas vezes puder parecer assim
a ti), não de acordo com a vontade de Deus. Ama-me de modo a não desejar mal a
mim; a jogar fora todo ciúme e maldade presumida. Ama-me com o amor que cobre
todas as coisas; que nunca exibe minhas faltas ou enfermidades, -- que crê em
todas as coisas; está sempre desejoso de pensar o melhor; de colocar a mais
fiel edificação sobre todas as minhas palavras e ações, -- que espera todas as
coisas; mesmo aquelas coisas relatadas que nunca foram feitas; ou não foram
feitas com tais circunstâncias como são relatadas; ou, pelo menos, aquelas que
foram feitas com uma boa intenção, ou em uma profunda influência de tentação. E
espere até o fim, para que o que quer que esteja defeituoso, irá, pela graça de
Deus, ser corrigido; e o que quer que esteja faltando, suprido, através das
riquezas de Sua misericórdia em Jesus Cristo.
5. Em Segundo Lugar, recomenda-me a
Deus, em todas as tuas orações; luta por mim, em meu benefício, para que Ele
possa rapidamente corrigir o que parece a Ele, impróprio; e suprir o que seja
necessário em mim. Em teus acessos mais próximos ao trono da graça, implora a
Ele que está, então, tão presente em ti, que meu coração possa ser mais como o
teu coração; mais sincero tanto em direção a Deus quanto em direção ao homem;
para que eu possa ter uma convicção mais completa das coisas não vistas, e um
entendimento mais forte do amor de Deus em Jesus Cristo; possa mais rapidamente
caminhar pela fé, e não pelas vistas; e mais honestamente agarrar a vida
eterna. Ora para que o amor a Deus e a toda a humanidade possa ser mais
largamente derramado em meu coração; para que eu possa ser mais fervente e ativo
ao fazer a vontade de meu Pai que está nos céus; mais zeloso das boas obras; e
mais cuidadoso em abster-me de toda a aparência do mal.
6. Em
Terceiro Lugar, eu quero dizer, incentiva-me a amar e fazer as boas obras.
Apóia tua oração, quanto tiveres oportunidade, falando a mim, em amor, no que
quer que tu acreditas ser para a saúde de tua alma. Apressa-me na obra que Deus
tem me dado a fazer, e instrua-me em como fazê-la mais perfeitamente. Sim,
"atinja-me amigavelmente e me reprove", onde quer que eu pareça a ti
estar fazendo preferivelmente a minha vontade, do que a vontade Daquele que me
enviou. Ó fala, e não poupa, o que quer que tu acreditas possa conduzir, tanto
a emendar minhas faltas, fortalecer minha fraqueza, edificar-me no amor, quanto
tornar-me mais adequado, em qualquer tipo, para o uso do Mestre.
7. Eu quero dizer, por ultimo, não me
ames em palavra apenas, mas em ação e em verdade. Tanto quanto conscientemente
puderes (retendo ainda tuas próprias opiniões, e tua maneira própria de adorar
a Deus), une-te a mim na obra de Deus; e vamos seguir de mãos dadas. E é certo
que tu podes ir assim tão longe. Fala honrosamente, onde quer que estejas, da
obra de Deus, através de quem quer que Ele opere, e delicadamente de seus
mensageiros. E, se estiver em teu poder, não apenas condoa-se deles, quando
estão em alguma dificuldade ou aflição, mas dê a eles uma assistência disposta
e efetiva, para que eles possam glorificar a Deus em teu proveito.
8. Duas coisas devem ser observadas com
respeito ao que tem sido falado sob este ultimo assunto: Qualquer que seja o
amor; qualquer que seja os ofícios do amor; qualquer que seja sua assistência
temporal ou spiritual, eu reivindico dele, cujo coração é sincero, como o meu é
para com ele, o mesmo que eu estou pronto, pela graça de Deus, de acordo com
minha medida, a dar a ele; o outro, a quem eu não fiz esta reivindicação, em
meu próprio proveito, mas de todos, cujos corações são sinceros em direção a
Deus e ao homem, para que possamos todos amar, uns aos outros, assim como
Cristo tem nos amado.
III
1. Uma inferência nós podemos fazer do
que foi dito. Nós podemos aprender disto, o que é um espírito universal.
Escassamente
existe alguma expressão que tenha sido mais grosseiramente mal compreendida, e
mais perigosamente mal aplicada do que esta: no entanto, para alguém que
calmamente considere as observações precedentes será fácil corrigir algumas
tais incompreensões, e impedir tais más aplicações.
Porque, disto
nós aprendemos, Em Primeiro Lugar,
que um espírito universal não é latitudinarismo especulativo [Sistema teológico
do século XVII na Inglaterra, que advogava a tolerância quanto a variações não
essenciais de doutrinas]. Não se trata de uma indiferença a todas as opiniões:
isto é cria do inferno, e não produto dos céus. Esta hesitação de pensamento;
isto sendo "dirigido para cima e para baixo, e isto se rendendo a todo
vento de doutrina", é uma grande maldição, não uma bênção; um inimigo
irreconciliável, não um amigo do verdadeiro universalismo. Um homem de um
espírito universal não tem que buscar agora a sua religião. Ele está fixo, como
o sol, em seu julgamento, concernente às principais ramificações da doutrina
cristã. É verdade, que ele está sempre pronto a ouvir e pesar o que quer que
possa ser oferecido contra seus princípios; mas como isto não mostra qualquer
indecisão em sua própria mente, assim, nem isto ocasiona alguma. Ele não hesita
entre duas opiniões, nem se esforça inutilmente para misturá-las em uma só.
Observem isto, vocês que não sabem do que se trata o espírito universal;
aqueles que chamam a si mesmos homens de um espírito católico, apenas porque
vocês são de um entendimento confuso; porque suas mentes são todas um nevoeiro;
porque vocês não têm estabelecido princípios consistentes, mas os têm misturado
desordenadamente. Esteja convencido de que vocês têm perdido seu caminho
completamente; vocês não sabem onde vocês estão. Vocês pensam que estão indo
para o mesmo espírito de Cristo; quando, na verdade, vocês estão mais perto do
espírito do anticristo. Vão, primeiro, e
aprendam os primeiros elementos do Evangelho de Cristo, e, então, poderão
aprender a ser de um espírito verdadeiramente universal.
2. Em
Segundo Lugar, daquilo que tem sido dito, nós aprendemos que um espírito
católico não é uma espécie prática de latitudinarismo. Ele não é indiferente
tanto à adoração pública, quanto às maneiras exteriores de executá-la. Isto,
igualmente, não seria uma bênção, mas uma maldição. Longe de ser uma ajuda a
isto, iria, por quanto tempo permanecesse, ser um obstáculo à adoração de Deus,
em espírito e em verdade. Mas o homem de um espírito verdadeiramente católico,
tendo pesado todas as coisas na balança do altar, não tem dúvida, não tem
escrúpulos, afinal, concernente à algum modo pessoal de adoração, em que ele
participe. Ele está claramente convencido de que esta maneira de adorar a Deus
é tanto bíblica quanto racional. Ele não conhece pessoa alguma no mundo que
seja mais bíblica; ninguém que seja mais racional. Portanto, sem divagar, daqui
para lá, ele adere-se mais perto a isto, e louva a Deus, pela oportunidade de
assim fazê-lo.
3. Em
Terceiro Lugar, nós podemos aprender disto, que um espírito católico não é
indiferente a todas as congregações. Esta é uma outra espécie de
latitudinarismo, não menos absurda, e não bíblica do que a anterior. Mas está
muito longe de um homem de espírito verdadeiramente universalista. Ele está
fixo em sua congregação, assim como em seus princípios. Ele está unido a uma;
não apenas a uma, em espírito, mas através de todos os laços de camaradagem
cristã. Lá ele participa de todas as ordenanças de Deus. Lá ele recebe a Ceia
do Senhor. Lá ele derrama sua alma em oração pública, e se reúne em louvor e
ação de graças pública. Lá ele se regozija de ouvir a palavra da reconciliação,
o evangelho da graça de Deus. Com esses seus mais próximos, seus mais amados
irmãos, nas ocasiões solenes, ele busca Deus pelo jejum. Esses particularmente
ele vigia em amor; como ele faz com sua alma; admoestando, exortando,
confortando, reprovando, e em todas as maneiras edificando um ao outro na fé.
Esses ele cuida como sua própria família; e, portanto, de acordo com a
habilidade que Deus tem dado a ele, naturalmente cuida deles, e providencia
para que eles possam ter todas as coisas que são necessárias para a vida e
santidade.
4. Mas, enquanto ele está firmemente
ajustado em seus princípios religiosos, os quais ele acredita ser a verdade que
está em Jesus; enquanto ele firmemente adere àquela adoração de Deus que ele
julga ser mais aceitável aos seus olhos; e enquanto ele está unido, através dos
laços mais ternos e íntimos a uma congregação em particular, -- seu coração se
estende em direção a toda a humanidade, esses que conhece, e esses que não
conhece; ele abraça com afeição forte e cordial o próximo e os estranhos;
amigos e inimigos. Este é o amor católico ou universal. Porque somente o amor
dá o título a este caráter: o amor universal é o espírito universal.
5. Se, então, tomamos esta palavra em
seu sentido mais estrito, um homem de espírito católico é alguém que, na
maneira acima mencionada, dá sua mão a todos os corações que são sinceros, como
seu coração: alguém que sabe como valorizar e louvar a Deus, por todas as
vantagens que ele desfruta, com respeito ao conhecimento das coisas de Deus, à
maneira bíblica de adorá-Lo, e, acima de tudo, sua união com a congregação,
temendo a Deus e operando retidão: alguém que, retém essas bênçãos, com o
cuidado mais estrito, mantendo-as como a menina de seus olhos, ao mesmo tempo
que ama – como amigos, como irmão no Senhor, como membros de Cristo e filhos de
Deus, como parceiros unidos agora do reino presente de Deus e companheiros
herdeiros de seu reino eterno – todos, qualquer que seja a opinião, ou
adoração, ou congregação, que crêem no Senhor Jesus Cristo; que amam a Deus e
homem; que, regozijando-se no agradar, e temendo ofender, é cuidadoso de
abster-se do mal, e zeloso das obras do bem. Ele é o homem de espírito
católico, que suporta todos esses continuamente junto ao seu coração; que tendo
uma inexplicável ternura por essas pessoas, e almejando pelo bem-estar delas,
não cessa de recomendá-las a Deus em oração, assim como defender a causa delas
diante de homens; que fala confortavelmente delas, e trabalha, através de todas
as suas palavras, para fortalecer suas mãos em Deus. Ele as assiste ao máximo
de suas forças em todas as coisas, espirituais e temporais. Ele está pronto
para "exaustar-se e ser exaustado por elas"; sim, de colocar sua vida
pela causa delas.
6. Tu, ó homem de Deus, pensa sobre essas
coisas! Se tu estás pronto neste caminho, segue em frente. Se tu, antes,
erraste o caminho, graças a Deus que te trouxe de volta! E agora corre a
corrida que está colocada diante de ti, no caminho real do amor universal.
Presta atenção, a fim de que tu não estejas hesitante em teu julgamento, ou
limitado em teu interior: mas mantém uma paz sempre, enraizada na fé uma vez
entregue aos santos, e alicerçada no amor, no verdadeiro amor universal, até
que tu sejas tragado no amor para sempre e sempre!
[Editado anonimamente na Memorial
University of Newfoundland com correções por George Lyons para a Wesley Center
for Applied Theology.]
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