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sexta-feira, 31 de julho de 2020

O Peso das Múltiplas Tentações


John Wesley

 

 

'Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações' (I Pedro 1:6)

 

 

1. No discurso precedente, eu falo, em específico, daquela escuridão de mente, para a qual vão, aqueles que uma vez caminharam na luz do semblante de Deus, e caíram. Proximamente relacionado a isto está o peso da alma, que é ainda mais comum, mesmo entre os crentes. De fato, quase todos os filhos de Deus experimentam isto, em um grau maior ou menor. E tão grande é a semelhança entre um e outro, que eles freqüentemente os confundem, e se sentem aptos a dizerem indiferentemente: 'Tal está na escuridão'; ou 'Tal pessoa está oprimida'; -- como se eles fossem termos equivalentes; um dos quais implica não mais do que o outro.

 

Mas eles estão longe disto. Escuridão é uma coisa; opressão é outra. Existe uma diferença; sim, uma diferença ampla e essencial, entre a primeira e a última. E tal diferença, todos os filhos de Deus devem estar profundamente interessados em compreender: Do contrário, nada será mais fácil para eles, do que trocar opressão por escuridão. Com o objetivo de prevenir isto, eu me esforçarei para mostrar:

 

I.              Quais são aquelas pessoas a quem o Apóstolo diz: 'Vocês estão contristados'. 

II.           Em que tipo de opressão elas se encontram:

III.        Quais são as causas dela:

IV.        Qual a finalidade dela:

V.           Devo concluir com algumas inferências.

 

I

 

1. Em primeiro Lugar, eu vou mostrar, como são aquelas pessoas a quem o Apóstolo diz: 'Vocês estão oprimidos'.  Para começar, está acima de qualquer disputa, que eles eram crentes, no momento em que o Apóstolo se dirigiu a eles: Uma vez que ele diz expressamente: (I Pedro 1:5) 'Que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo'. E novamente em (I Pedro 1:7), ele menciona: 'Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo'. E de novo em (I Pedro 1:9), ele fala de eles 'Alcançarem a finalidade da vossa fé, a salvação das vossas almas'. Ao mesmo tempo, portanto, que eles estavam 'em opressão', eles estavam possuídos da fé viva. A Opressão deles não destruiu a fé deles: Eles ainda 'persistiam em ver a Ele que é invisível'.

 

2. Nem a opressão destruiu a paz deles; 'a paz que ultrapassa todo entendimento'; que é inseparável da fé verdadeira e viva. Isto nós podemos facilmente reunir do segundo verso, em que o Apóstolo não diz que a graça e a paz podem ser dadas a eles; mas, tão somente, que elas poderão 'ser multiplicadas junto a eles'; que a bênção, que eles já desfrutam, poderia ser mais abundantemente conferida junto a eles.

 

3. As pessoas das quais o Apóstolo aqui fala estavam também cheias de uma esperança viva. Porque assim ele fala em (I Pedro 1:3) 'Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma esperança viva, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos', -- eu e você, todos nós que somos 'santificados pelo Espírito', e desfrutamos 'do sangue aspergido de Jesus Cristo', -- 'para uma esperança viva, para uma herança', -- ou seja, para a esperança viva de uma herança, 'incorruptível, imaculada, e que não se desvanece'. De modo que, não obstante sua opressão, eles ainda retém uma esperança cheia da imortalidade.   

 

4. E eles ainda se 'regozijam na esperança da glória de Deus'. Eles foram preenchidos com a alegria no Espírito Santo. Assim, em (I Pedro 1:8), o Apóstolo, tendo justamente mencionado 'a revelação' final 'de Jesus Cristo' (ou seja, quando Ele começa a julgar o mundo), ele imediatamente acrescenta, 'em quem, vocês não podem ver agora'; não com seus olhos corpóreos, 'ainda assim, crêem, vocês se regozijam com alegria inexprimível e cheia de glória'.

 

(I Pedro 1:7-9) 'Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo; ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso; - Alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas'.

 

A opressão deles, portanto, não era apenas consistente com aquela esperança viva, mas também com a alegria inexprimível: Ao mesmo tempo em que eles estavam assim oprimidos, eles, apesar disto, eles se regozijavam com alegria cheia de glória.

 

5. Em meio à opressão, eles igualmente ainda desfrutavam do amor de Deus, que derramava por todo seus corações, -- 'a que', diz o Apóstolo, 'não tendo visto, vocês amam'. Embora não vejam, face a face; vocês, conhecendo a Ele, pela fé, têm obedecido à sua palavra: 'Meu filho, dê-me seu coração'. 'Ele é seu Deus, e o seu amor; o desejo de seus olhos; e a sua grande recompensa'. Vocês têm buscado, e encontrado a felicidade Nele; vocês 'se deleitam no Senhor', e dão a Ele o 'desejo de seus corações'.

 

6. Uma vez mais: Embora eles estivessem oprimidos, ainda assim, eles eram santos; eles retiveram o mesmo poder sobre o pecado. Eles ainda estavam 'protegidos' disto, 'pelo poder de Deus'; eles eram 'filhos obedientes, não modeladas de acordo com seus desejos anteriores'; mas 'como Aquele que os havia chamado era santo'; então, eles eram 'santos em todas as formas de conversação'. Sabendo que foram 'redimidos pelo precioso sangue de Cristo, como um Cordeiro, sem mácula, e sem culpa'; eles, através da fé e esperança que tinham em Deus, 'purificaram suas almas, através do Espírito'. Assim sendo, o que se conclui é que a opressão deles era constituída com a fé, com a esperança, com o amor de Deus e homem, com a alegria no Espírito Santo, com a santidade interior e exterior. Eles, de modo algum diminuíram, muito menos, destruíram, alguma parte da obra de Deus em seus corações. Ela não se interpôs com aquela 'santificação do Espírito', que é a raiz de toda obediência verdadeira; nem com a felicidade que precisa resultar da graça e paz reinando no coração.

 

II

 

1. Disto, nós podemos facilmente aprender o tipo de opressão que eles tinham; -- e que, em Segundo Lugar, eu me esforçarei para mostrar. A palavra no original, "islupEthentes", -- feito pesaroso, afligido; de lupE, -- aflição ou tristeza. Este é o significado constante, literal, da palavra: E isto, sendo observado, não existe ambigüidade na expressão; nem alguma dificuldade na compreensão dela. As pessoas, das quais se fala aqui, estavam afligidas: A opressão em que eles se encontravam, não era, nem mais, nem menos, do que tristeza ou aflição; -- uma paixão que todo filho do homem está bastante familiarizado.

 

2. É provável que nossos tradutores a interpretaram como opressão (embora uma palavra menos comum) para denotar duas coisas: Primeiro, o grau; e em seguida, a continuidade dele. De fato, parece que não se trata de um grau insignificante ou inconsiderado de aflição, de que se fala a respeito aqui; mas de tal que causa uma forte impressão sobre a alma, e a faz deprimir-se. Nem ela parecer ser uma tristeza temporária, tal que passa em uma hora; mas, antes, tal que se segura com firmeza no coração, e que não desaparece rapidamente, mas continua por algum tempo, como um temperamento enraizado, preferivelmente, do que uma paixão, -- mesmo naqueles que têm a fé viva em Cristo, e o amor genuíno de Deus, em seus corações. 

 

3. Mesmo nesses, essa opressão pode ser, algumas vezes, tão profunda, que obscurecesse toda a alma; para dar uma aparência de verdade, por assim dizer, a todas as afeições, tais que irão aparecer em todo o comportamento. Ela pode igualmente ter uma influência sobre o corpo; particularmente, naqueles que são tanto de uma constituição naturalmente fraca, ou estão enfraquecidos por alguma doença acidental, especialmente, do tipo nervoso. Em muitos casos, nós nos certificamos que 'o corpo corruptível deprime a alma'. E nisto, a alma, certamente, deprime o corpo, e o enfraquece mais e mais. Eu não direi que a tristeza profunda e duradoura do coração não pode, algumas vezes, enfraquecer uma constituição forte, e causar tais desordens corpóreas, não facilmente removidas: No entanto, tudo isto pode ainda consistir com a medida daquela fé que é operada pelo amor.

 

4. Esta bem pode ser denominada uma 'provação ardente': E embora não seja a mesma que o Apóstolo fala no quarto capítulo [I Pedro 4:12 'Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse']; ainda assim, muitas das expressões lá usadas, com respeito aos sofrimentos exteriores, podem ser adaptadas a essa aflição interior. Na verdade, elas não podem, com alguma propriedade, serem aplicadas àqueles que estão na escuridão: Esses, não podem regozijar-se; nem é verdade que 'o Espírito da glória e de Deus repousa sobre' eles. Mas Ele freqüentemente o faz naqueles que estão na opressão; de modo que, embora pesarosos, eles, mesmo então, se regozijam sempre.

 

III

 

1. Mas para prosseguir para o Terceiro ponto: Quais são as causas de tal tristeza ou opressão em um verdadeiro crente? O Apóstolo nos diz claramente: 'Vocês estão contristados', diz ele, 'pelas múltiplas tentações'; múltiplas, não apenas muitas em número, mas de muitos tipos. Elas podem ser variadas e diversificadas, em milhares de formas, pela mudança ou adição de numerosas circunstâncias. E esta mesma diversidade e variedade tornam mais difícil nos protegermos delas. Entre essas nós podemos classificar todas as doenças corpóreas; particularmente, as enfermidades repentinas, e a dor violenta de todo tipo; quer afetando o corpo todo, ou a menor parte dele. É verdade, que aqueles que têm desfrutado de saúde ininterrupta, e não têm sentido qualquer uma dessas enfermidades podem fazer pouco delas; e se admirarem de que a doença ou a dor do corpo possa trazer opressão sobre a mente. Talvez, um, em mil, seja de uma constituição tão peculiar, que não sinta dor como os outros homens. De modo que Deus tem se agradado de mostrar seu poder, produzindo alguns desses prodígios da natureza, que parecem não se preocupar com a dor, afinal; mesmo a dos tipos mais severos, se este desprezo pelas dores não se dever parcialmente à força da educação; e, parcialmente, a uma causa sobrenatural, -- ao poder tanto dos bons, quanto dos maus espíritos, que elevam estes homens, acima do estado da mera natureza. Mas, abstraindo esses casos particulares, em geral, a justa observação é que a dor é miséria plena e extrema; aniquilando completamente toda resignação. E mesmo onde esses são protegidos pela graça de Deus; onde os homens 'mantêm suas almas pacientes, ela pode, não obstante, ocasionar muita opressão interior; com a alma compadecendo-se do corpo. 

 

2. Todas as enfermidades de longa duração, embora menos dolorosas, estão aptas a produzirem o mesmo efeito. Quando Deus determina sobre nós a consumação, ou a febre intermitente, que esfria e queima, se ela não for rapidamente removida, não irá apenas 'consumir os olhos', mas 'causará tristeza no coração'. Este é eminentemente o caso, com respeito a todas estas que são denominadas doenças nervosas. E a fé não destrói o curso da natureza: As causas naturais ainda produzem efeitos naturais. A fé não mais impede os declínios dos espíritos (como se diz), em uma doença histérica que surge da agitação de uma febre.

 

3. Novamente: quando 'a calamidade vem como um redemoinho de vento, e a escassez como um homem armado'; trata-se de uma pequena provação? Não é estranho que ela cause tristeza e opressão? Mesmo que esta seja uma coisa pequena para aqueles que se mantêm a uma distância, ou que olham, e 'passam, pelo outro lado'; ainda assim, por outro lado, é dessa forma, para aqueles que a sentem. 'Tendo alimento e vestimenta' (de fato, a última palavra, skepasmata, sugere moradia, assim como, vestuário), nós podemos, se o amor de Deus está em nossos corações, 'estarmos satisfeitos com isto'. Mas o que devem fazer aqueles que nada têm? Quem, por assim dizer, 'adotam a rocha como abrigo?'. Que têm apenas a terra para se deitar, e apenas o céu para cobri-los? Que não têm uma residência seca, quente, nem mesmo limpa, para si mesmos, e seus pequeninos; nenhuma roupa para mantê-los, ou àqueles a quem eles amam, junto a si mesmos, do frio penetrante, tanto do dia, quanto da noite? Eu rio do estúpido pagão clamando: 'Quão ridículos os homens podem ser!'.

 

A pobreza tem alguma coisa pior, do que fazer os homens serem capazes de rirem dela? É um sinal de que esse poeta inútil falou, sem pensar, das coisas que ele não conhecia. Não é a falta de alimento, alguma coisa pior do que isto? Deus a decretou como uma calamidade sobre o homem, para que ele possa prover, 'através do suor de sua testa'. Mas quantos existem, nesta região cristã, que labutam, e trabalham, e suam, e não o têm, afinal, mas lutam com fraqueza e fome juntas? Não é pior para alguém, depois de um dia de trabalho, voltar para sua moradia pobre, fria, suja e desconfortável, e encontrar nem mesmo o alimento que é necessário para reparar suas forças perdidas?  Vocês, que vivem confortavelmente na terra; que nada necessitam, a não ser, de olhos para verem, ouvidos para ouvirem, e corações para entenderem o quanto bem Deus tem partilhado com vocês, -- não é pior buscar o pão, dia a dia, e encontrar nada? Talvez, encontrar o conforto também de cinco ou seis crianças, clamando pelo que ele não tem para dar! Não fosse ele refreado por uma mão invisível, ele não poderia logo 'amaldiçoar a Deus e morrer?'. Ó necessidade de pão! Necessidade de pão! Quem pode dizer o que isto significa, sem ter sentido isto em si mesmo? Eu estou surpreso que isto ocasione não mais do que opressão, mesmo nesses que crêem!

 

4. Talvez, proximamente a isto, nós possamos colocar a morte daqueles que eram próximos, e queridos a nós; de um pai jovem, e um que não entrou muito no declínio dos anos; de uma criança amada, recém surgindo para a vida, e apertando nossos corações; de um amigo que foi como nossa própria alma, -- próximo à graça de Deus, o último, e o melhor dom do Céu. E milhares de circunstâncias podem acentuar a aflição. Talvez, a criança e o amigo morreram em nossos braços! – talvez, foram arrebatados, quando nós não cuidamos deles! No vigor da juventude, e cortados como uma flor! Em todos esses casos, nós, não apenas não podemos, mas devemos, estar afligidos: é o objetivo de Deus que possamos. Ele não nos teria como animais e pedras. Ele não teria nossas afeições equilibradas, não extintas. Portanto, -- 'A natureza não repreendida, faz derramar uma lágrima'. Pode haver tristeza, sem pecado.

 

5. Uma tristeza ainda mais profunda, nós podemos sentir por aqueles que estavam mortos, enquanto viviam; com respeito à indelicadeza, ingratidão, apostasia daqueles que estavam unidos a nós na mais íntima aliança. Quem pode expressar o que um amante das almas pode sentir por um amigo, um irmão, morto para Deus? Por um marido, uma esposa, um pai, um filho, precipitando-se no pecado, como um cavalo dentro da batalha; e, a despeito de todos os argumentos e persuasões, apressando-se para executar a sua própria condenação? E esta angústia do espírito pode ser intensificada a um grau inconcebível, ao se considerar que ele que agora caminha para a destruição, uma vez, seguiu bem no caminho da vida. O que quer que ele tenha sido no passado, serve agora a nenhum outro propósito, do que nos fazer refletir no que ele está mais penetrado e afligido.

 

6. Em todas essas circunstâncias, nós podemos estar seguros de que nosso grande adversário não ficará sem aproveitar sua oportunidade. Ele, que sempre 'tem andado buscando a quem ele possa devorar', irá, então, usar, especialmente, todos os seus poderes, todas as suas habilidades, se, por acaso, ele puder obter alguma vantagem sobre a alma que já está subjugada. Ele não poupará seus dardos certeiros, tais que são mais adequados para encontrarem uma entrada, e fixarem-se mais profundamente no coração, porque são próprios das tentações que o assaltam. Ele irá trabalhar para injetar os pensamentos descrentes, blasfemos ou descontentes. Ele irá sugerir que Deus não cuida, e não governa, a terra; ou, pelo menos, que Ele não a governa da maneira correta; não, através da justiça e misericórdia. Ele irá se esforçar para incitar o coração contra Deus; para renovar nossa inimizade natural contra Ele. E se nós empreendemos lutar com Ele, com as suas próprias armas, nós iremos raciocinar com ele, e mais e mais opressão, irá, sem dúvida, resultar, se não, escuridão extrema.

 

7. Freqüentemente se supõe que existe uma outra causa; se não, da escuridão, pelo menos, da opressão; ou seja, Deus se retira da alma, porque é sua vontade soberana. Certamente, Ele irá fazer isto, se nós afligirmos seu Espírito Santo, tanto por pecado exterior, quanto exterior; tanto por fazer o mal; por negligenciar a fazer o bem; dando oportunidade para o orgulho ou ira; para a indolência espiritual; para o desejo tolo, ou afeições desordenadas. Mas que Ele sempre se retira, porque Ele quer; meramente porque é seu bom prazer, eu absolutamente nego. Não existe um texto em toda a Bíblia que faz qualquer menção a tal suposição. Mais do que isto: trata-se de uma suposição contrária; não apenas a muitos textos particulares, mas a todo o teor das Escrituras. É repulsiva à própria natureza de Deus: É extremamente inferior à sua majestade e sabedoria, (como um escritor eminente, expressa fortemente), 'brincar de esconde-esconde com suas criaturas'. É inconsistente, com sua justiça e misericórdia, e com a profunda experiência de todos os seus filhos. 

 

8. Uma causa mais da opressão, é mencionada por muitos daqueles que são denominados autores místicos. E a noção tem se arrastado, eu não sei como, até mesmo entre as pessoas sinceras que não têm familiaridade com eles. Eu não posso explicar isto melhor, do que nas palavras de uma recente escritora, que relata isto como sua própria experiência: -- 'Eu continuei tão feliz no meu Amado, que, mesmo que eu tivesse sido forçada a perambular no deserto, eu não teria encontrado dificuldade nisto. Este estado, porém, não durou muito, quando, em efeito, eu me encontrei conduzida ao deserto. Eu me achei numa condição de desamparo, completamente pobre, desgraçada e miserável. A fonte apropriada desta aflição, o conhecimento de nós mesmos; através do qual, nos certificamos que existe uma extrema dessemelhança entre Deus e nós. Nós nos vemos em maior oposição a Ele; vemos que no fundo de nossa alma, somos inteiramente corruptos, depravados, e cheios de toda espécie de mal e malignidade, do mundo e da carne; e todas as sortes de abominações'. – Disto, pode-se concluir que o conhecimento de nós mesmos, sem o que podemos perecer eternamente, deve, mesmo depois de termos conseguido a justificação pela fé, nos ocasionar a mais profunda opressão.

 

9. Mas, sobre isto, eu observaria:

 

(1)          No parágrafo precedente, esta escritora diz: 'Compreendendo que eu não tinha a fé verdadeira em Cristo, eu me entreguei a Deus, e imediatamente senti seu amor'. Pode ser; e ainda assim, não parece que isto foi justificação. É mais provável que não foi mais do que é usualmente denominado de 'As delineações do Pai'. E se for assim, o peso e a escuridão que se seguem, não são outra coisa, que a convicção do pecado; que na natureza das coisas, deve preceder aquela fé, por meio da qual somos justificados.

 

(2)          Supondo-se que ela fosse justificada, quase no mesmo momento em que ela foi convencida da falta de fé, não houve, então, tempo para aquele crescimento gradual do autoconhecimento, que costuma preceder a justificação: Neste caso, portanto, ele veio depois, e foi, provavelmente, o mais severo, o menos esperado.

 

(3)          Pode ser que vá existir um conhecimento de nosso pecado inato, de nossa corrupção total pela natureza, mais profundo, mais claro e mais completo, depois da justificação, e que nunca houve antes dela. Mas esta necessidade não ocasiona obscuridade da alma: Eu não direi que ela deva nos trazer para a opressão. Se fosse assim, o Apóstolo não teria usado aquela expressão; se fosse preciso, haveria uma necessidade absoluta e indispensável dele, para todos que conhecessem a si mesmos; ou seja, em efeito, para todos que conhecessem o amor perfeito de Deus, e fossem, por meio disto, 'feitos adequados para serem parceiros na herança dos santos na luz'. Mas isto, de modo algum, é o caso. Ao contrário, Deus pode aumentar o conhecimento de nós mesmos em algum grau; e aumentar na mesma proporção, o conhecimento de Si mesmo e a experiência de Seu amor. E, neste caso, não haveria 'deserto, miséria, condição de abandono'; mas amor, paz, e alegria, gradualmente brotando para a vida eterna.

 

IV

 

1. Para que finalidade, então, (a Quarta coisa que deverá ser considerada) Deus permite que a opressão caia sobre tantos de seus filhos? O Apóstolo nos dá uma resposta clara e direta a esta importante questão: - 'Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo' (I Pedro 1:7). Pode haver uma alusão a isto, naquela bem conhecida passagem do quarto capítulo (embora primeiramente relacione-se a quase outra coisa, como já foi observado): 'Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse; mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis' (I Pedro 4:12, &c).

 

2. Disto, nós aprendemos que a primeira e grande finalidade de Deus permitir as tentações, que trazem opressão sobre seus filhos, é testar a fé deles, que é testada por elas, como o ouro, pelo fogo. Agora, nós sabemos que o ouro tentado no fogo, é purificado, através dele; é separado de sua impureza. E assim é a fé, no fogo da tentação; quanto mais ela é tentada, mais é purificada; -- sim, e não apenas purificada, mas também fortalecida, confirmada, abundantemente aumentada, por tantas mais provas de sabedoria e poder, o amor e fidelidade de Deus. Por isto, então, -- para aumentar nossa fé, -- é uma das graciosas finalidades de Deus permitir essas múltiplas tentações. 

 

3. Elas servem para experimentarem, purificarem, confirmarem e aumentarem aquela esperança viva também, onde junto 'a Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo temos sido recriados de sua abundante misericórdia'. De fato, nossa esperança não pode deixar de aumentar, na mesma proporção que nossa fé. Sobre este alicerce, ela se situa: Crendo em Seu nome; vivendo pela fé no Filho de Deus, nós esperamos; nós temos expectativa confiante da glória que será revelada; e, conseqüentemente, o que quer que fortaleça nossa fé, aumenta nossa esperança também. Ao mesmo tempo, em que aumenta nossa alegria no Senhor, que não pode deixar de atender a uma esperança cheia de imortalidade. Neste panorama, o Apóstolo exorta os crentes em outro capítulo: 'Regozijem-se vocês, parceiros dos sofrimentos de Cristo'.  A este mesmo respeito, 'felizes são vocês; porque o Espírito da glória e Deus descansa sobre vocês': E, por meio disto, somos capacitados, mesmo em meio aos sofrimentos, a 'nos regozijarmos com alegria inexprimível e cheia de glória'.

 

4. Eles se regozijam mais, porque as provas que aumentam a fé e a esperança, aumentam também seu amor; sua gratidão para com Deus, por todas as suas misericórdias, e sua boa-vontade para com toda humanidade. Assim sendo, quanto mais profundamente conscientes eles estão da bondade amorosa de Deus, seu Salvador, mais seus corações inflamam-se com amor para com Ele que 'primeiro os amou'. Quanto mais clara e forte a evidência que eles têm da glória que deverá ser revelada, mais eles amam a Ele que a adquiriu para eles, e 'deu a eles a garantia' dela, 'em seus corações'. E esta, o aumento de seu amor, é outra finalidade para que seja permitido que as tentações venham sobre eles.

 

5. Uma outra finalidade ainda, é o crescimento deles na santidade: santidade de coração; santidade de conversação; a última, resultando da primeira; porque uma boa árvore produz bons frutos. E toda santidade interior é o fruto imediato da fé que é operada pelo amor. Através disto, o Espírito abençoado purifica o coração do orgulho, obstinação, paixão; do amor do mundo, dos desejos tolos e danosos; das afeições vis e inúteis. Além do que, afeições santificadas têm, através da graça de Deus, uma tendência imediata e direta à santidade. Através da operação do seu Espírito, elas humilham e degradam, mais e mais, a alma diante de Deus. Elas acalmam e abrandam nosso espírito turbulento; submetem a fúria de nossa natureza; enfraquecem nossa obstinação e vontade própria; crucificam-nos para o mundo; e nos fazem esperar nossa força, e buscar nossa felicidade, em Deus.

 

6. E todas essas têm como grande objetivo, que nossa fé, esperança, amor, e santidade 'possam ser encontrados', se eles ainda não apareceram; 'para o louvor' do próprio Deus; ' e a honra' de todos os homens, e anjos; 'e a glória', imputada, pelo grande Juiz, a todos que perseverarem até o fim. E isto será imputado naquele dia terrível, a todo homem, 'de acordo com suas obras'; de acordo com a obra que Deus tem forjado em seu coração, e as obras exteriores que ele tem forjado para Deus; e igualmente de acordo com o que ele tem suportado. De modo que todas essas tentações são um ganho inexplicável. De várias maneiras, essas 'aflições brandas, que são apenas para o momento, forjam em nós um mais excelente, e eterno ônus de glória!'.

 

7. Acrescentemos a isto, a vantagem que outros podem receber, vendo nosso comportamento debaixo de aflição. Nós nos certificamos, pela experiência, que o exemplo freqüentemente causa uma impressão mais profunda em nós, do que preceitos. E quais exemplos têm uma influência mais forte, não apenas naqueles que são parceiros de igual fé preciosa, mas, naqueles que não têm conhecido a Deus, do que de uma alma calma e serena, em meio às tempestades; triste, ainda assim, regozijando-se; humildemente aceitando o que quer que seja da vontade de Deus, embora seja doloroso para a natureza; dizendo, na doença e dor: 'O cálice que meu Pai me deu, eu não deverei beber?'. – na perda e necessidade, 'O Senhor deu; o Senhor tira; abençoado seja o nome do Senhor!'.

 

V

 

1. Eu vou concluir, com algumas inferências. Em Primeiro Lugar, quão ampla é a diferença entre a escuridão da alma e a opressão; que, não obstante, são tão geralmente confundidas uma com a outra; mesmo pelos cristãos experientes! Escuridão, ou estado de deserto, implica uma total perda da alegria no Espírito Santo: A opressão não; em meio a ela, nós podemos 'nos regozijar com alegria inexprimível'. Eles que estão na escuridão perderam a paz de Deus. Eles que estão na opressão não a perderam. Longe disto, naquele mesmo momento, 'a paz', assim como 'a graça' podem 'ser multiplicadas' junto a eles. No primeiro caso, o amor de Deus tornou-se frio, se não foi totalmente extinguido; no segundo, ele retém toda sua força; ou melhor, aumenta, diariamente. No primeiro, a própria fé, se não totalmente perdida, está, não obstante, gravemente em declínio: A evidência, e a convicção das coisas que não são vistas; particularmente, do amor redentor de Deus, não está mais tão clara ou forte, quanto no passado; e a confiança deles em Deus está proporcionalmente enfraquecida: No segundo, embora eles não o vejam, ainda assim, têm uma confiança clara e inabalável em Deus; e uma evidência duradoura do amor, por meio do qual, seus pecados foram apagados. De modo que, assim como nós podemos distinguir a fé da descrença; esperança do desespero; paz da guerra; amor a Deus do amor do mundo; nós podemos infalivelmente distinguir opressão de escuridão!

 

2. Em Segundo Lugar, nós podemos aprender disto, que pode haver necessidade de opressão; mas não, necessidade de escuridão. Pode haver necessidade de estamos 'contristados por algum tempo', com o objetivo das finalidades acima citadas; pelo menos, neste sentido, como resultado natural dessas 'múltiplas tentações', que são necessárias para testarem e aumentarem nossa fé; para confirmarem e aumentarem nossa esperança; para purificarem nossos corações de todos os temperamentos não santos, e aperfeiçoarem-nos no amor. E, em conseqüência disto, elas são necessárias com o objetivo de fazerem brilhar nossa coroa, e acrescentarem ao nosso ônus de glória eterna. Mas nós não podemos dizer que a escuridão seja necessária com o objetivo a algumas dessas finalidades. De modo algum, ela nos conduz a elas: A perda da fé, esperança, amor, certamente não é, nem condutiva à santidade; nem aumenta aquela recompensa no céu que será na proporção de nossa santidade na terra.

 

3. Em Terceiro Lugar, nós podemos reunir, da maneira do Apóstolo falar, que, mesmo a opressão, não é sempre necessária. 'Agora, por um tempo, se preciso'; De modo que nem é necessária a todas as pessoas; nem para alguma pessoa todo o tempo. Deus é capaz; Ele tem poder e sabedoria para operar, quando lhe agradar, a mesma obra da graça, em alguma alma, por outros meios. E, em algumas instâncias, Ele faz assim; Ele faz com que esses, a quem Ele se agrada de seguir adiante, de força em força, até mesmo fazendo com que eles 'aperfeiçoem a santidade em seu medo'; raramente com alguma opressão, afinal; como tendo um poder absoluto sobre o coração do homem, e movendo todas as fontes dele como lhe agrada. Mas esses casos são raros: Deus geralmente acha bom testar 'os homens aceitáveis na fornalha de aflições'. De modo que aquelas múltiplas tentações e opressão são, mais ou menos, usualmente a porção de seus filhos mais queridos.

 

4. Para concluir, nós devemos, portanto, vigiar e orar; e usarmos de nossos mais extremos esforços, para evitarmos cair na escuridão. Mas não precisamos estar apreensivos, em como evitarmos, tanto quanto, em como melhorarmos, através da opressão. Nosso grande cuidado deve ser, então, nos comportarmos sob ela; esperarmos junto ao Senhor, para que ela possa responder completamente a todo o desígnio de Seu amor; permitindo que ela venha sobre nós; e que ela possa ser os meios de aumentar nossa fé; de confirmar nossa esperança; de aperfeiçoar-nos em toda santidade. Quando quer que ela venha, que tenhamos um olho para essas finalidades graciosas, para as quais ela é permitida; e usemos de toda a diligência que pudermos, para que não tornemos sem efeito o conselho de Deus a nós mesmos. Vamos, sinceramente, trabalhar junto com ela, através da graça que Ele continuamente nos dá; 'purificando a nós mesmos da poluição da carne e espírito'; e diariamente crescendo na graça de nosso Senhor Jesus Cristo, até que sejamos recebidos em seu reino eterno!

 

[Editado por Tim Dawson, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções por George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]

 


PRONTOS PARA AS ALTURAS?

 


Marcelo Augusto de Carvalho

 

 

MARCOS 13.35

 

v  Jesus prometeu aos discípulos que iria para seu pai mas que voltaria.

v  Isto já faz 2000 anos, e Ele ainda não voltou.

v  Isto torna nossa vida um pouco mais pesada e difícil. Sabemos que deste mundo nada podemos esperar, por isto vivemos esperando Seu regresso. Mas Ele não vem.

 

Talvez a maior pergunta a se fazer nesta virada de milênio é a seguinte: PORQUE NÃO VOLTOU O MEU JESUS?

Ele se esqueceu do que prometeu? Está atrasado? Seus planos falharam? Deixou de ser confiável?

O texto que lemos é curioso: Ele marca o tempo que Cristo voltará.

 

v  À TARDE- época dos discípulos. Eles saíram a pregar, e pregaram a todas as pessoas de então. Mas Paulo já previa em breve o homem do pecado que os perseguiria e mergulharia a terra nas mais densas trevas da ignor6ancia da história mundial. Ainda não era a época.

v  À MEIA-NOITE- Idade Média. De 538 a 1453. Tempo de total ignorância tanto do conhecimento natural quanto da palavra de Deus. Os cristão foram perseguidos por sua luz, mortos pela Igreja. Mas ainda não era a época.

v  AO CANTAR DO GALO- da reforma protestante à época de EGW. Tempo em que surgiram os raios da luz do Evangelho, e iluminou o mundo. Houve despertamentos por todo o planeta, preparando o mundo para Sua chegada.

v  SE PELA MANHÃ- nossa época. Vivemos na manhã do conhecimento secular. Nunca se soube tanto sobre tudo do que agora. Nunca se pregou tanto sobre a Palvra de Deus. Este é o tempo. Não há mais nenhum outro tempo. Se não à tarde, viria, à noite, senão ao cantar do galo, senão finalmente ao amanhecer. Vivemos no tempo da volta de Jesus!

 

Mas porque Ele demora tanto? Há vários motivos.

 

1- EU E VOCÊ SOFREMOS A SÍNDROME DE MUNCHAUSEN.

Doença rara e incurável, que faz com que a pessoa precise de constante cuidado médico.

ü  William McCoy. Passou 50 anos entrando e saindo de 100 hospitais. Foi submetido a 400 cirurgias, e o maior tempo que conseguiu passar fora de um hospital foi de 6 meses. Ele conseguiu estes tratamentos porque morava na Inglaterra, país que paga pelo tratamento médico de seus habitantes. O governo inglês gastou com ele mais de 4 milhões de dólares. Finalmente, depois de 50 anos, William se cansou de hospitais. Mudou-se para um asilo, e ali esperou a sua sorte. 2000. 150

v  Eu e você também somos doentes. Apesar de nossa relativa saúde, vivemos em meio à muito sofrimento e pesar. Sofremos com problemas emocionais, familiares, educação dos filhos, com as escolhas que eles fazem, com a violência, com o medo, com o desemprego, com as misérias que este mundo tem e com todas as conseqüências do pecado. Mas o incrível é que, mesmo com todas estas dores de cabeça, nós ainda não desejamos verdadeiramente que Cristo volte e mude nossa vida. Ainda desejamos que Ele demore pelo menos uns aninhos aí pela frente.

v  A criança que ainda crescer, o jovem quer ainda se casar e Ter sua família, o adulto quer ainda se realizar profissionalmente e financeiramente, e os velhos querem que Jesus venha logo para que não sofram com as doenças, com as agulhas, com os hospitais ou com o medo da morte.

 

2- POR CAUSA DESTA INDIFERENÇA ESPIRITUAL, NÃO ESTAMOS PREPARADOS PARA VIVER LÁ EM CIMA, NAS ALTURAS, COM O SENHOR.  Salmo 15. 1 e 2.  I Pedro. 3.9-10

ü  Às 11.30 h da manhã do dia 29 de maio de l953, Edmund Hillary, da Nova Zelândia, e Tenzing Norgay, membro de uma tribo do Nepal, realizaram o sonho de centenas de alpinistas de todo o mundo: tornaram-se os primeiros homens a atingir o teto do mundo, o topo do Everest.

ü  Após contemplarem a fantástica cena, Hillary tomou a câmara fotográfica e registrou o que se podia ver dali. Bateu também uma foto de Tenzing  acenando com seu machado, com o qual ele fixou as bandeiras dos Estados Unidos, Inglaterra, Nepal e Índia. Quinze minutos depois começaram a descida.

ü  O interesse em subir o Everest, que fica na fronteira entre a Índia e o Nepal, começou quando em l852 identificou-se que este era o ponto mais alto do planeta. Chamava-se Pico XV até l865, quando o Governador da Índia Sir George Everest rebatizou-o com o próprio nome. Sua altura exata foi discutida até l955, quando se estabeleceu definitivamente a medida de 8 848 metros.

ü  A façanha de Hillary e Norgay já havia sido perseguida pôr dez expedições à enorme montanha, desde l920, mas com fracasso em todas elas. Os ventos fortíssimos e a temperatura muito baixa não permitiram que realizassem a escalada. E mais recentemente, em muitas outras tentativas de repetir o feito, estima-se que quase 200 alpinistas e mais de 50 guias sherpas já morreram.

ü  O que torna tão difícil a escalada de montanhas sendo que hoje em dia temos tantos avanços tecnológicos que podem ser usados para tal fim?

ü  Pôr incrível que pareça, não são os obstáculos do percurso em terra que frustram as tentativas dos alpinistas, e sim a adaptação de seus corpos ao clima das montanhas. Quanto mais alta uma montanha, mais fria é a temperatura e menos oxigênio para respirar. Só que o corpo humano não foi feito para viver em tais condições. Exemplo: quando no corpo de uma pessoa existe apenas 30 pôr cento do oxigênio necessário, considera-se que ela está à beira da morte - ou seja, tanto pode estar na UTI de um hospital ou no topo do Everest. Esta é a condição de um alpinista  numa montanha com mais de 7000 metros de altura.  A diferença das condições climáticas em relação à condição física do homem é tão diferente que, se alguém saísse de uma cidade ao nível do mar e subisse diretamente ao topo do Everest, desmaiaria em alguns segundos e morreria em poucos minutos. Porém se o alpinista aclimatar seu corpo, isto é adaptá-lo, poderá fazer o mesmo percurso em algumas semanas.

ü  Numa escalada como ao Everest, até 2800 metros a maioria das pessoas não encontram problemas. No máximo, pode-se sentir cansaço ou dor de cabeça bem leve. Mas a partir desta altitude é comum muita dor de cabeça, fadiga, falta de ar, distúrbios de sono e náusea. A pessoa passa a respirar mais rápido e mais profundamente, na tentativa de colocar mais oxigênio para dentro. Ao mesmo tempo, para melhor distribuí-lo a todas as partes do corpo, a freqüência cardíaca aumenta.

ü  Mesmo quando a aclimatação é feita lenta e adequadamente, subindo entre 300 e 500 metros por dia de desnível, passar por ela não é uma experiência agradável. É comum sentir muito cansaço e perder o apetite nesse processo. Por isso, um corpo aclimatado faz toda a diferença do mundo.

ü  De 3000 a 5500 metros ocorre a maioria dos casos de edema pulmonar (acúmulo de líquido nos pulmões), devido à grande falta de oxigênio. Os sintomas- falta de ar, tosse forte, letargia e febre baixa- geralmente se desenvolvem depois de 36 a 72 horas na altitude.  Quem não respeita os limites e sobe rápido demais, sem dar tempo ao corpo para se aclimatar, pode ser vítima de uma série de distúrbios, chamada mal agudo da montanha, que provoca dor de cabeça, perda de apetite, náusea e prostração, mas que pode desaparecer em 2 ou 3 dias com boa alimentação, muito líquido e algum repouso. Mas a situação começa a se complicar quando os sintomas perduram por mais tempo, caracterizando o perigo do edema pulmonar e edema cerebral ( acúmulo de líquido no cérebro). Tudo por culpa de falta de oxigenação. É que o aumento de ventilação, ao mesmo tempo em que leva mais oxigênio para dentro dos pulmões, elimina muito gás carbônico, deixando o sangue mais alcalino, alterando assim as reações normais do organismo, permitindo o acúmulo de líquido nos alvéolos pulmonares. Se o doente não for levado a altitudes mais baixas, pode morrer em 5 dias.  Semelhantemente acontece no cérebro. A maior permeabilidade sangüínea provoca vazamento de fluido para o tecido cerebral ocasionando o edema. Esse problema é percebido pelo andar cambaleante da vítima, como se estivesse embriagada, além de perturbações na visão e alucinações. Se não for tratado em poucas horas, o edema pode levar ao coma e à morte.

ü  No alto de uma montanha, tratamento só existe um- descer. E às vezes isso pode ser impossível. Acima de 5 000 metros, é muito difícil resgatar um doente ou acidentado, porque os helicópteros não chegam até lá. Ele precisa descer enquanto consegue andar. caso contrário, é possível que fique lá mesmo. O perigo é que um alpinista nessas condições nem sempre percebe que há algo errado. É que a falta de oxigênio no cérebro afeta o julgamento- a capacidade de raciocinar, de executar tarefas aparentemente simples e de perceber os perigos.

ü  De 5500 a 8000 metros diminui muito a capacidade de adaptação do organismo, bem como a capacidade de trabalho. Não se pode e nem se consegue subir a montanha rápido. Tarefas simples, como calçar botas ou arrumar a mochila, deixam a pessoas extenuada. Para compensar um pouco a escassez de oxigênio, os montanhistas levam garrafas com o gás. Mas isto não significa que o alpinista fique inteirão. O oxigênio suplementar dá um ganho de 2000 metros, ou seja, quem o utiliza a 8000 metros respira como se estivesse a 6000.

ü  A partir de 6000 metros o corpo não se adapta mais, só degrada, e quanto mais alto alguém for, menor o tempo que poderá ficar lá em cima.    

ü  A 7000 metros começa a zona da morte, onde a degradação física é muito rápida. O alpinista sofre também neste estágio com o frio intenso. Depois de uma noite de sono, uma pessoa se sente tão cansada quanto antes de dormir. O problema não é apenas a temperatura baixa, que chega até 20 graus negativos, mas o frio que o corpo sente quando o gelado vento ajuda a tirar calor de si. Sob uma temperatura de 20 graus negativos e os ventos de 60 km/h, uma pessoa sente frio de 50 graus negativos, correndo o risco de congelamento, e amputação dos dedos. Qualquer parte do corpo exposta congela em  minuto. Calcula-se que nessa altitude, a cada 100 metros para cima o alpinista perde 1 por cento da capacidade de trabalho, tornando quase impossível tarefas simples e triviais.

ü  Outro problema é a desidratação. É necessário tomar de 3 a 4 litros de líquidos pôr dia, o que é feito derretendo a neve pôr longos minutos em pequenos fogareiros.

ü  Acima de 8000 metros,  há apenas um terço do oxigênio que existe ao nível domar. Acima desta altitude, uma pessoa bem adaptada só fica dois ou três dias, antes que a falta de oxigênio o leve à morte.

v  Da mesma forma como é necessária a  adaptação do corpo para atingir tais altitudes, todos nós precisamos adaptar nosso caráter para um dia subirmos ao monte do Senhor para vivermos com Ele. Ir para o céu envolve um enorme plano de mudança de vida, o qual só tem resultado pelo poder de Jesus. Se fôssemos viver com Ele do jeito que somos agora Sua santidade nos destruiria em segundos.

v  Precisamos limpar nosso caráter de todo pecado. Mudar nossas palavras, pensamentos e atos. Assim resistiremos à maravilhosa presença de Jesus. Prepare-se. Ele está voltando.

v  Se o Senhor voltasse hoje, você o estaria esperando?

v  FIDO

 

3- UMA CERTEZA PODEMOS TER: DEUS ESTÁ PREPARANDO UM LAR PARA NÓS.

ü  Os pássaros demonstram seu amor por suas fêmeas preparando para elas um lindo ninho. Há um pássaro que trabalha durante dias para construir um ninho sofisticado. Quando termina, pode-se ver uma mansão com mais de 1 m de comprimento, mais de 1 m de altura, e decorado por dentro com flores e frutinhas bem coloridas. E mesmo depois que sua "senhora" muda-se para o ninho, ele continua a trazer-lhe presente: penas, seixos, flores, conchas de caracóis e tudo o que lhe chame a atenção. E o mais impressionante é que todos os presente que ele traz são azuis, a cor dos olhos de sua amada. E para dar o toque final à sua obra arquitetônica, ele se dá ao trabalho de pintar o interior das paredes do ninho  com o suco azulado colhido e retirado das amoras. Fale a a verdade: Isto é que é amor verdadeiro!  IJ 2000 18

v  O mesmo está fazendo Deus por nós; preparando mansões perfeitas para nosso maior prazer lá no Céu. Eu creio que já estão prontas. Só faltam os moradores.

 

4- VIVEMOS NUM ECLIPSE, MAS LOGO VEREMOS NOSSO DEUS COMO ELE É.

ü  Em um eclipse total do Sol, a lua se posiciona diretamente entre o Sol e a Terra. Durante este espetáculo, só podemos ver os gases explosivos que estão acima da superfície do Sol. Tudo fica muito estranho e sinistro, pois o dia parece meio acinzentado. IJ 2000. 93

v  Durante séculos, milênios, vivemos num eclipse espiritual. O pecado te desvirtuado nossa imagem e nossa relação com nosso Deus. O vemos vem de longe, e às vezes só enxergamos seus atos explosivos por detrás de Suas atitudes para com a humanidade. Mas tudo isto é apenas uma pálida idéia do que Ele é.

v  Mas em breve, nós o veremos, assim como Ele é. Não por um véu, por um Livro, por uma história. Nós viveremos com Ele.

 

ü  O ESPAÇO sideral começa a 150 km acima do nível do solo. Para se chegar lá levaríamos 1 hora e meia se os automóveis atuais pudessem andar na vertical.

ü  Parece fácil, mas não é. A força da gravidade puxa todos os corpos para o centro da Terra. Seria necessário viajar a 11km/s ou 40 mil km/h para sairmos do planeta. Quando se chega lá, é necessário um veículo que não utilize o ar para decolar, pois lá não há ar.

ü  Em 25 de julho de 1909 Louis Blériot cruzou pela primeira vez os 41 km do Canal da Mancha. Só nos falta cruzarmos o canal manchado do sangue de Cristo para chegarmos às mansões celestiais, além do rio.

ü  O Sol fica a 30 mil anos-luz do centro de nossa galáxia, a Via Láctea. Para se Ter uma idéia da distância: um ano-luz equivale a 9.460.500.000.000 de quilômetros. Já a Via Láctea tem uma extensão de 100 mil anos-luz, ou seja, 950 quatrilhões de km.

v  Estas distâncias serão metros para nós quando tivermos um corpo glorificado lá na eternidade.

v  Quando Cristo voltar, faremos não só uma viagem para fora de nosso planeta, mas inter-galáctica, vencendo todas estas barreiras até chegarmos ao Céu, lugar onde Ele mesmo mora.

 

APELO- Por que não voltou o meu Jesus? - VP

 

Pr. MARCELO AUGUSTO DE CARVALHO 12/01/2001. Campo Limpo. SP.


quinta-feira, 16 de julho de 2020

O Estado De Deserto


John Wesley
           
'Assim também vós agora, na verdade, tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém vo-la tirará'. (João 16:22)

1. Depois de Deus ter operado um grande livramento para Israel, trazendo seu povo para fora da casa de escravidão, eles não entraram imediatamente na terra que Ele havia prometido aos seus antepassados; mas 'perderam o caminho no deserto', e foram variavelmente tentados e afligidos. De igual maneira, depois de Deus tê-los livrado daquele medo da escravidão do pecado e satanás; depois que eles foram 'justificados livremente, pela Sua graça, através da redenção que está em Jesus', ainda assim, não muitos deles, entraram imediatamente 'no descanso que permanece para o povo de Deus'. A grande parte deles perdeu-se, mais ou menos, do bom caminho que Ele trouxe a eles. Eles vieram, por assim dizer, para um 'enorme deserto devastado', onde foram tentados e atormentados de várias maneiras. E isto, alguns, em alusão ao caso dos israelitas, têm denominado 'um estado de deserto'.

2. É certo que a condição em que esses se encontraram merece a mais terna compaixão. Eles labutaram debaixo de doenças terríveis e maléficas; embora comumente não compreendessem bem; e, por esta mesma razão, foi mais difícil a eles encontrarem um remédio. Não é possível supor que eles mesmos, estando na escuridão, entenderam a natureza da própria enfermidade; e poucos desses irmãos; talvez, de seus professores, sabiam a doença deles, assim como curá-la. Assim sendo, existe ainda mais necessidade de inquirir:

I. Em Primeiro Lugar, qual a natureza desta enfermidade?

II. Em Segundo Lugar, qual a causa?

III. Em Terceiro Lugar, qual a cura para ela?

I

1. Primeiro: Qual a natureza desta enfermidade, que acometeu a tantos, depois que eles creram? No que ela propriamente consiste; e quais são os sintomas genuínos dela?

Em Primeiro Lugar, ela consiste propriamente na perda daquela fé que Deus, uma vez, forjou em seus corações. Eles que estão no deserto, não têm agora a 'evidência' divina; aquela convicção satisfatória 'das coisas não vistas', da qual eles desfrutaram uma vez. Eles não têm aquela demonstração interior do Espírito que, antes, os capacitava a dizer: 'A vida que eu vivo, eu vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou, e deu a si mesmo por mim'. A luz dos céus não mais 'brilha em seus corações', nem eles 'vêem a ele que é invisível'; mas a escuridão está novamente no semblante de suas almas, e a cegueira nos olhos de seu entendimento. O Espírito Santo, não mais 'testemunha com seus espíritos, que eles são filhos de Deus'; nem Ele continua como o Espírito de adoção, 'clamando' em seus corações, 'Aba, Pai'.  Eles não têm mais confiança certa em seu amor, e a liberdade de aproximar-se dele com coragem santa. 'Embora ele me mate, ainda assim, eu irei confiar nele', não é mais a linguagem de seus corações; mas eles perderam suas forças, e se tornaram débeis e fracos de espírito, assim como os outros homens.

2. Disto, Em Segundo Lugar, sucede a perda do amor; que não pode deixar de nascer e morrer, ao mesmo tempo, e na mesma proporção, que a fé verdadeira e viva. Assim sendo, eles que estavam desprovidos de sua fé, foram também desprovidos do amor de Deus. Eles não puderam dizer: 'Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que eu amo a Ti'. Eles não estavam felizes em Deus, como todos os que verdadeiramente O amam. Eles não mais se deleitaram Nele, como no passado, e 'sentiram o aroma de seu ungüento'. Antes, todos 'os desejos' deles 'eram junto a Ele, e na lembrança de Seu nome'; agora, mesmo seus desejos estavam frios e sem vida; se não, extremamente extinguidos. E como o amor deles para com Deus tornou-se frio, então, também o seu amor para com seu próximo. Agora, eles não mais tinham aquele zelo pelas almas dos homens; aquele desejo em busca do bem-estar deles; aquele desejo ardoroso, irrequieto, e ativo de serem reconciliados para Deus. Eles não mais sentiam aquelas 'entranhas de misericórdia', pela ovelha perdida, -- aquela 'compaixão pelo ignorante, e por aqueles que estavam fora do caminho'. Antes, eles 'eram gentis em direção a todos os homens'; humildemente instruindo tais que se opunham à verdade; e, 'se alguém era surpreendido na falta, restauravam-no, no espírito da submissão': Mas, depois de uma pausa; talvez, de muitos dias, a ira começou a readquirir seu poder; sim, a impertinência e a impaciência causaram-lhes dores, até que eles caíram; ainda que, algumas vezes, não fossem dirigidos a 'pagar o mal com o mal, e a injúria com a injúria'.   

3. Em conseqüência da perda da fé e amor, segue-se, Em Terceiro Lugar, a perda da alegria no Espírito Santo. Porque, se não mais existe a consciência do perdão, a alegria resultante dela não poderá permanecer. Se o Espírito não mais testemunha com nosso espírito que somos filhos de Deus, a alegria que fluía do testemunho interior deverá também estar no fim. E, de igual maneira, eles que, uma vez, se 'regozijaram com alegria inexprimível', 'na esperança da glória de Deus', agora se encontram desprovidos daquela 'esperança completa da imortalidade'; desprovidos da alegria que ela proporcionava; como também, daquela que resultava da consciência do 'amor de Deus', então, 'espalhado por todo seus corações'. Uma vez a causa, sendo removida, então, também o efeito: Com a fonte sendo represada, essas águas vívidas não mais brotavam frescas para a alma sedenta.

4. Com a perda da fé, amor e alegria, Em Quarto Lugar, sucede também a perda da paz que antes ultrapassava todo o entendimento. Aquela doce tranqüilidade de mente, aquela mansidão de espírito não mais existem. Dúvidas dolorosas retornam; dúvidas, se, alguma vez, cremos, ou, talvez, se deveremos crer. Começamos a duvidar, se encontramos, em nossos corações, o testemunho real do Espírito; se, antes, não enganamos nossas almas, e tomamos a voz da natureza, pela voz de Deus. Mais do que isto, se alguma vez, ouviremos a voz Deus e encontraremos favor aos Seus olhos. E essas dúvidas estavam novamente reunidas ao medo servil, ao medo que causava tormento. Assim como antes de crermos, passamos a temer a ira de Deus: Tememos, com receio de que pudéssemos ser tirados de Sua presença; e, por isto, mergulharmos novamente naquele medo da morte, do qual tínhamos sido libertos anteriormente.

5. Mas, mesmo isto não é tudo; porque a perda da paz é acompanhada com a perda do poder. Nós sabemos que todo aquele que tem paz com Deus, através de Jesus Cristo, tem poder sobre todo o pecado. Mas quando quer que ele perca a paz de Deus, ele perde também o poder sobre o pecado. Enquanto esta paz permanece, o poder também permanece; mesmo sobre o pecado constante, se pecado da sua natureza, constituição, educação, ou aquele de sua crença; sim, e sobre todos aqueles temperamentos e desejos pecaminosos que, até então, ele não pôde vencer; o pecado, então, não tinha mais domínio sobre ele; mas agora, ele é que não tem mais domínio sobre o pecado. De fato, ele pode se esforçar, mas não pode vencer; a coroa saiu de sua cabeça. Seus inimigos novamente prevalecem sobre ele, e, mais ou menos, o trazem cativo. A glória está separada dele, mesmo o reino de Deus que estava em seu coração. Ele está despojado da retidão, assim como da paz e alegria no Espírito Santo.

II

1. Tal é a natureza do que muitos têm denominado, e não impropriamente, 'O Estado de Deserto'. Mas a natureza dele pode ser mais completamente entendida inquirindo, Em Segundo Lugar, quais são as causas dele?

Essas, de fato, são várias. Mas eu não me atrevo a enumerar, em meio a essas, a mera e soberana vontade de Deus. Ele 'se regozija na prosperidade de seus servos: Ele se deleita, não em afligir ou em molestar os filhos dos homens'. Sua vontade invariável é nossa santificação, atendida com 'a paz e alegria no Espírito Santo'. Esses são seus dons gratuitos; e nós afirmamos que 'os dons de Deus são', da parte Dele, 'sem arrependimento'. Ele nunca se arrepende do que dá, ou deseja removê-los de nós. Desta forma, Ele nunca desiste de nós, como alguns dizem; somos nós apenas que desistimos Dele.  

1a. Causa

2. A causa mais usual da escuridão interior é o pecado, de um tipo ou de outro. Isto é o que geralmente ocasiona o que é freqüentemente uma complicação do pecado e miséria. Primeiro, o pecado de cometimento. Este se pode freqüentemente observar, escurece a alma de repente; especialmente, se, se tratar de um pecado conhecido, obstinado ou insolente. Se, por exemplo, uma pessoa que agora está caminhando na luz clara do semblante de Deus, de alguma forma, prevalecer em cometer um ato simples de embriaguez, ou impureza, não seria de se admirar, se, naquela mesma hora, ela caísse na mais profunda escuridão. É verdade que existem alguns casos raros, em que Deus impediu isto, através de uma disposição extraordinária de sua misericórdia redentora, quase no mesmo instante. Mas, em geral, tal abuso da bondade de Deus; tão grosseiro insulto ao seu amor, ocasiona uma imediata alienação de Deus, e uma 'escuridão que pode ser sentida'.

3. Mas, pode-se esperar que este caso não seja muito freqüente; que não existem muitos que assim desprezam as riquezas de sua bondade, enquanto eles caminham em Sua luz; que, tão grosseiramente e presunçosamente, se rebelem contra Ele. Aquela luz é muito mais freqüentemente perdida, ao se dar lugar aos pecados de omissão. Estes, de fato, não extinguem o Espírito imediatamente, mas gradualmente e vagarosamente. O anterior pode ser comparado a derramar água sobre o fogo; o segundo em diminuir o combustível dele. E, muitas vezes, aquele Espírito amoroso reprova ou negligencia, antes de partir de nós. Muitas são os obstáculos interiores, as notícias secretas que Ele dá, antes que Sua influência seja diminuída. De maneira que apenas uma série de omissões, obstinadamente persistida, pode nos levar para a mais extrema escuridão.

4. Talvez, nenhum pecado de omissão mais freqüentemente ocasione isto, do que a negligência da oração privada; a falta dela não pode ser suprida por qualquer outra ordenança que seja. Nada pode ser mais óbvio do que a vida de Deus na alma não mais continuar; muito menos, aumentar, a menos que usemos de todas as oportunidades de comunhão com Deus, e despejemos nossos corações diante Dele. Se, portanto, somos negligentes nisto; se nós permitimos que o trabalho, companhia ou qualquer outra ocupação que seja impeçam esses exercícios secretos da alma, (ou, o que vem a ser a mesma coisa, nos faça passar rapidamente por ela, de uma maneira superficial e sem cuidados), aquela vida irá certamente declinar. E se nós a interrompermos, por muito tempo, ou freqüentemente, ela irá gradualmente morrer.

5. Um outro pecado de omissão, que freqüentemente conduz a alma de um crente para dentro da escuridão, é a negligência do que estava tão fortemente unido, mesmo sob a dispensação judaica: 'Tu deverás, de qualquer forma, repreender teu próximo, e não permitir o pecado sobre ele: Tu não deverás odiar teu irmão no teu coração'.  Agora, se odiamos nosso irmão em nossos corações; se não o alertamos, quando virmos que ele está em falta, mas permitimos o pecado sobre ele, isto logo trará pobreza para nossa própria alma; vendo que, por meio disto, somos cúmplices de seu pecado. Negligenciando reprovar nosso próximo, estamos tornando o pecado dele, nosso próprio pecado: Nós nos tornamos responsáveis por ele diante de Deus: Se virmos o perigo que ele corre, e não o advertimos: Assim, 'se ele perecer em sua iniqüidade'.  Deus pode justamente requerer 'seu sangue de nossas mãos'. Não é de se admirar, então, que se, através disto, afligimos o Espírito Santo, perderemos a luz de Seu semblante.

6. Uma terceira causa de perdermos isto, é dar caminho para algum tipo de pecado interior. Por exemplo: Nós sabemos que todo aquele que é 'orgulhoso no coração, é uma abominação para o Senhor'; e isto, embora esse orgulho do coração não possa aparecer na conversa exterior. Agora, quão facilmente, uma alma, preenchida com a paz e a alegria, pode cair nesta armadilha do diabo! Quão natural, é para ele imaginar que ele tem mais graça, mais sabedoria ou força, do que ele realmente tem, para 'pensar mais altamente de si mesmo do que deveria'. Quão natural, glorificar-se em alguma coisa que ele tenha recebido, como se ele não a tivesse recebido! Mas, vendo que Deus continuamente 'opõe-se ao orgulho, e dá graça' apenas 'para o humilde', isto deve certamente obscurecer, se não, destruir totalmente, a luz que antes brilhava em seus corações.

7. O mesmo efeito pode ser produzido, ao se dar lugar à ira, qualquer que seja a provocação ou oportunidade; sim, embora disfarçada com o nome de zelo pela verdade, ou pela glória de Deus. Na verdade, todo zelo que é outro, que não a chama do amor é 'mundano, animal e diabólico'. É a chama da ira: É a ira clara, pecaminosa, nem melhor, nem pior. E nada é um inimigo tão maior para o amor meigo e gentil de Deus, do que isto: eles nunca subsistiram, nem nunca poderão subsistir juntos em um peito. Na mesma proporção que esta prevalece, o amor e a alegria no Espírito Santo decresce. Isto é particularmente observável no caso da ofensa; eu quero dizer, a ira para com qualquer um de nossos irmãos; a qualquer um desses que estão unidos a nós, seja por alianças civis ou religiosas. Se nós dermos caminho para o espírito da ofensa, nós perderemos as doces influências do Espírito Santo; de modo que, em vez de reformá-los, nós destruiremos a nós mesmos e nos tornaremos presas fáceis para qualquer inimigo que nos assalte.

8. Mas suponha que estejamos vigilantes quanto a esta armadilha do diabo, nós podemos ser atacados de outra parte. Quando a ferocidade e a ira estão adormecidas, e apenas o amor está desperto, nós podemos, não menos, sermos postos em perigo, pelo desejo que igualmente tende a obscurecer a alma. Este é o efeito certo de qualquer desejo tolo; qualquer afeição vã e excessiva. Se nós colocamos nossa afeição nas coisas da terra, em alguma pessoa ou coisa debaixo do sol; se nós desejarmos alguma coisa, a não ser Deus, e o que tende a Deus; se nós buscarmos felicidade em alguma criatura; o Deus zeloso certamente irá contender conosco, porque ele não pode admitir rival. E, se nós não ouvirmos Sua voz de advertência, e retornamos para Ele com toda nossa alma, se continuarmos a afligi-lo com nossos ídolos, e correndo atrás de outros deuses, nós deveremos logo estar frios, improdutivos e estéreis; e o deus deste mundo irá cegar e escurecer nossos corações.

9. Mas isto ele freqüentemente faz, mesmo quando nós não damos chance a algum pecado evidente. É suficiente, ele dar a ele suficiente vantagem; se nós não 'estimularmos o dom de Deus que está em nós'; se nós não agonizamos continuamente para 'entrarmos pelo portão estreito'; se nós, sinceramente, não nos 'esforçamos para obter o domínio', e 'tomarmos o reino dos céus, através da violência'. Não haverá necessidade de lutar, e certamente seremos conquistados. Basta que sejamos apenas descuidados ou 'fracos em nossa mente'; que sejamos fáceis e indolentes, e nossa escuridão natural logo irá retornar, e espalhar-se em nossa alma. Será suficiente, portanto, darmos oportunidade para a indolência espiritual; isto irá certamente escurecer a alma: Irá certamente destruir a luz de Deus, se não tão prontamente, quanto um assassinato ou adultério.

10. Mas deve ser bem observado que a causa da nossa escuridão (qualquer que seja ela, se de omissão, ou cometimento; quer pecado interior ou exterior) não está sempre à mão. Algumas vezes, o pecado que ocasionou a presente angústia pode se situar a uma distância considerável. Ele pode ter sido cometido, dias, semanas, ou meses antes. E o fato de Deus retirar agora sua luz e paz, por causa do que foi feito tanto tempo atrás, não é (como algum poderia a princípio imaginar) um exemplo de sua severidade, mas, antes, uma prova de sua misericórdia longânime e terna. Ele esperou todo este tempo, para que, por acaso, pudéssemos ver, reconhecer e corrigir o que estava impróprio. E na falta disto, Ele, por fim, mostrou seu desprazer, para que, assim, pelo menos, Ele pudesse nos trazer ao arrependimento.  

2a. Causa

1. Uma outra causa geral desta escuridão, é a ignorância, que é igualmente de vários tipos. Se os homens não conhecem as Escrituras; se eles imaginam que existem passagens, tanto no Velho, quanto no Novo Testamento que afirmam que todos os crentes, sem exceção devem, algumas vezes, estarem na escuridão; esta ignorância irá naturalmente trazer sobre eles a escuridão que eles esperavam. E quão comum tem sido o caso, em nosso meio! Quão poucos existem que não esperam isto! E não é de se admirar, uma vez que eles são ensinados a esperarem-na; uma vez que seus guias os conduzem para este caminho. Não apenas os escritores místicos da Igreja de Roma, mas muitos dos mais espirituais e experimentais em nossa própria Igreja (poucos foram exceção no último século) colocam isto com toda a segurança, como uma doutrina Bíblica clara e inquestionável, e citam muitos textos para provarem.

2. A ignorância também da obra de Deus na alma, freqüentemente ocasiona esta escuridão. Os homens imaginam (porque eles assim têm sido ensinados; particularmente, pelos escritores da comunhão papista, cujas afirmativas plausíveis, muitos dos protestantes têm recebido sem um exame devido) que eles não caminham sempre na fé luminosa.  Que este é apenas um plano menor; que como eles subiram muito alto, eles devem deixar esses confortos sensíveis, e viverem pela fé nua (nua, de fato, se ela for despida pelo amor, paz e alegria no Espírito Santo!); que o estado de luz e alegria é bom, mas que o estado de escuridão e aspereza é melhor; que é somente através desses que podemos ser purificados do orgulho, amor ao mundo e do amor próprio desordenado; e que, portanto, nós não devemos, nem esperar, nem desejar caminharmos sempre na luz. Conseqüentemente é que, (embora outras razões possam ocorrer) o principal corpo de homens devotos na Igreja papista geralmente caminha na escuridão desconfortável, e se, alguma vez ele recebeu, logo perdeu a luz de Deus.

3a. Causa

1. A Terceira causa geral desta escuridão é a tentação. Quando a luz do Senhor brilha sobre nossa cabeça, a tentação freqüentemente foge, e desaparece totalmente. Tudo está calmo por dentro; talvez, por fora também, enquanto Deus faz com que nossos inimigos estejam em paz conosco. É, então, muito natural supor que nós não possamos ver a guerra mais. E existem muitos exemplos, onde esta calma tem continuado, não apenas por semanas, mas por meses e anos. Mas, comumente acontece o contrário: Em pouco tempo, 'os ventos sopram, a chuva cai, e as inundações se erguem' renovadas. Eles que não conhecem o Pai, nem o Filho, e, conseqüentemente, odeiam os filhos de Deus, quando Ele afrouxa as rédeas que estão em seus dentes, mostram aquele ódio de várias maneiras. Como no passado, 'ele que nasceu segundo a carne perseguiu aquele que nasceu segundo o Espírito, assim como é hoje'; a mesma causa produz ainda o mesmo efeito. O mal que ainda permanece no coração irá também se movimentar; a ira, e muitas outras raízes da amargura irão se esforçar para brotarem. Ao mesmo tempo, satanás não será deficiente em lançar seus dardos flamejantes; e a alma terá de lutar, não apenas com o mundo, não apenas 'com a carne e o sangue, mas com principados e potestades; com os soberanos da escuridão deste mundo; com os espíritos maus nos lugares elevados'. Agora, quando tantos assaltos são feitos de repente, e, talvez, com a mais extrema violência, não é estranho que possa ocasionar, não apenas aflição, mas também escuridão no crente fraco; -- mais especialmente, se ele não esteve vigiando; se esses assaltos foram feitos, em uma hora em que ele não os viu; quando ele esperava nada menos, mas credulamente dissera a si mesmo, -- o dia do diabo não retornará mais. 

2. A força dessas tentações, que se erguem interiormente, serão excessivamente alimentadas, se, antes, superestimarmos a nós mesmos, como se nós já estivéssemos limpos de todo pecado. E quão naturalmente, imaginamos isto durante o entusiasmo do nosso primeiro amor! Quão prontos, estamos em acreditar que Deus 'cumpriu em nos' toda 'a obra de fé com poder!'. Que, porque nós não sentimos o pecado, nós não temos mais algum deles em nós; e que a alma é toda amor! E bem pode um ataque severo de um inimigo, que nós supomos estar não apenas derrotado, mas morto, nos atirar para dentro da maior opressão da alma; sim, algumas vezes, para a mais extrema escuridão. Particularmente, quando raciocinamos com este inimigo, em vez de, imediatamente, clamarmos a Deus, e nos colocarmos em Suas mãos, através da fé simples no 'único sabe como livrar' a nós 'da tentação'.  

III

Estas são as causas comuns desta segunda escuridão. Em Terceiro Lugar, vamos inquirir, qual é a cura para ela?

1. Supor que isto seja uma e a mesma coisa em todos os casos, é um erro fatal; e ainda assim, extremamente comum, mesmo em meio a muitos que passam por cristãos experimentados; sim, talvez, professores em Israel, e guias de outras almas. Assim sendo, eles conhecem e usam apenas um medicamento, qualquer que seja a causa da enfermidade. Eles começam imediatamente aplicando as promessas; a pregar o Evangelho, como eles o denominam. Dar conforto é o único objetivo que eles almejam; para o qual eles dizem coisas muito delicadas e ternas, concernentes ao amor de Deus aos pobres pecadores desamparados, e da eficácia do sangue de Cristo. Agora, isto é, na verdade, charlatanice, e da pior espécie, uma vez que tende, se não a matar os corpos dos homens; ainda assim, sem a misericórdia peculiar de Deus, 'a destruir seus corpos e suas almas no inferno'. É difícil falar desses negociantes de promessas, como eles merecem. Eles bem merecem o título que tem sido, de maneira ignorante, dado a outros: Eles são charlatões espirituais. Eles, em efeito, tornam 'o sangue da aliança uma coisa impura'. Eles prostituem perversamente as promessas de Deus, aplicando-as, sem qualquer distinção. Visto que, na verdade, a cura das enfermidades espirituais, assim como corpóreas devem ter vários medicamentos, conforme as suas várias causas. A primeira coisa, portanto, é encontrar a causa; e isto irá naturalmente apontar a cura.

2. Por exemplo: É o pecado que ocasiona a escuridão? Que pecado? É o pecado exterior de que tipo? A sua consciência o acusa de cometer algum pecado, por meio do qual você aflige o Espírito Santo? É por este motivo que Ele está separado de você, e aquela alegria e paz não estão mais consigo? E como você espera que elas possam retornar, até que você tire fora esta coisa detestável? 'Que o pecaminoso renuncie a seu caminho'; 'limpe suas mãos, vocês pecadores'; 'tire o mal de seus feitos'; desta forma, sua 'luz deverá brilhar na obscuridade', e o Senhor irá retornar e 'perdoar abundantemente'.

3. Se, depois de uma procura minuciosa, você não puder encontrar pecado de cometimento que ocasione a nuvem sobre sua alma, inquira a seguir, se não existe algum pecado de omissão que separa você de Deus. Você 'não permitiu o pecado junto a seu irmão?'. Você não reprovou aqueles que pecaram aos seus olhos? Você caminhou em todas as ordenanças de Deus? Nas orações públicas, familiares, privadas? Se não, se você habitualmente negligencia qualquer um desses deveres conhecidos, como você pode esperar que a luz do semblante de Deus continue a brilhar junto a você? Apresse-se para 'fortalecer as coisas que permanecem', então, sua alma deverá viver. 'Hoje, se você ouvir a voz Dele', através de Sua graça, supra o que está faltando. Quando você ouvir uma voz atrás de si dizendo, 'Este é o caminho, caminhe nele', não endureça seu coração; não seja mais 'desobediente ao chamado celeste'. Até que o pecado, se de omissão ou cometimento, seja removido, todo conforto é falso e enganoso. Ele está apenas brilhando sobre a ferida que ainda ulcera e causa inflamação abaixo. Não busque pela paz dentro, até que você esteja em paz com Deus; o que não poderá acontecer sem 'os frutos do arrependimento'.

4. Talvez, você não esteja consciente; até mesmo, de algum pecado de omissão que diminuiu sua paz e alegria no Espírito Santo. Não existe, então, algum pecado interior que, como a raiz da amargura, brota em seu coração para atormentar você? A sua aspereza e aridez da alma não foram ocasionadas, porque seu coração 'se afastou do Deus vivo?'. A 'raiz do orgulho não avança contra' você? Você não 'tem pensado mais elevado sobre si mesmo do que deveria?'. Você não tem atribuído o seu sucesso, em qualquer empreendimento, à sua própria coragem, força ou sabedoria? Você não tem se vangloriado de alguma coisa que 'recebeu, como se não tivesse recebido?'. Você não tem se gloriado em coisa alguma, 'salvo sobre a cruz de nosso Senhor Jesus Cristo?'. Você não buscou ou desejou o louvor de homens? Você não teve prazer nisto? Se assim for, você sabe o caminho que deve tomar. Se você caiu por causa do orgulho, 'humilhe-se, debaixo da mão poderosa de Deus, e Ele irá exaltar você no devido tempo'. Você não o obrigou a partir de você, dando lugar à ira? Você não tem 'se afligido por causa do descrente' ou 'sido objeto de inveja dos malfeitores?'. Você não tem se ofendido com quaisquer de seus irmãos, olhando para os seus pecados (reais ou imaginários), de maneira a pecar você mesmo contra a grande lei do amor, afastando seu coração deles? Então, olhe para o Senhor, para que você possa renovar suas forças; para que toda esta aspereza e frieza possam sair; para que o amor, a paz e a alegria possam retornar, juntas, e para que você possa ser invariavelmente gentil, e 'bondoso de coração, perdoando, um ao outro, assim como Deus, por causa de Cristo, perdoou a você'. Você tem dado lugar a algum desejo tolo? A alguma espécie ou grau de afeição excessiva? Como, então, o amor de Deus pode ter lugar no seu coração, até que você jogue fora seus ídolos? 'Não se engane: Deus não é falso': Ele não irá habitar em um coração dividido. Por quanto tempo, portanto, você afagar Dalila em seu peito, Ele não terá lugar lá. É inútil esperar por uma recuperação de Sua luz, até que você arranque o olho direito, e o atire para longe de si. Ó, que não haja uma demora maior! Clame a Ele, para que Ele possa capacitar você a assim fazer! Lamente a sua impotência e desamparo; e com o Senhor, sendo seu ajudador, entre no portão estreito; tome o reino dos céus veementemente! Atire fora todo ídolo de seu santuário, e a glória do Senhor logo deverá aparecer.

5. Talvez, seja exatamente isto, a necessidade de empenho, a indolência espiritual que mantêm sua alma na escuridão. Você habita em paz na terra; não existe guerra em suas costas; e então você está quieto e despreocupado. Você segue em frente, na mesma trilha das obrigações exteriores, e está satisfeito lá para continuar. E você se surpreende, entretanto, que sua alma esteja morta? Oh! Movimente-se diante do Senhor! Levante-se e sacuda o pó; lute com Deus pela bênção poderosa: derrame sua alma junto a Deus, na oração, e continue nisto com toda perseverança! Vigie! Acorde do sono; e se mantenha acordado! Do contrário, nada poderá ser esperado, a não ser que você se aliene, mais e mais, da luz e vida de Deus.

6. Se, em um exame completo e mais imparcial de si mesmo, você não puder discernir que você, no momento, dá lugar, tanto à indolência espiritual, ou algum outro pecado interior ou exterior, então, traga à lembrança o tempo que é passado. Considere seus temperamentos anteriores, palavras e ações. Estes têm estado corretos diante de Deus? 'Converse intimamente com Ele em seu aposento, e esteja quieto'; e deseje que Ele investigue a razão de seu coração, e traga para sua lembrança o que quer que, em qualquer tempo, tenha ofendido os olhos de Sua glória. Se a culpa de algum pecado não arrependido permanecer em sua alma, você irá permanecer na escuridão, até que, tendo sido renovado pelo arrependimento, você possa novamente ser lavado pela fé na 'fonte aberta para o pecado e impureza'.

7. Inteiramente diferente será a maneira de curar, se a causa da enfermidade não for o pecado, mas a ignorância. Pode ser a ignorância do significado das Escrituras; talvez, ocasionada pelos explanadores ignorantes; ignorância, pelo menos, neste aspecto, qualquer conhecimento e aprendizado que eles possam ter em outros particulares. E, neste caso, aquela ignorância deve ser removida, antes que possamos remover a escuridão se erguendo dela. Nós devemos mostrar o verdadeiro significado daqueles textos que têm sido mal compreendidos. Meu objetivo não me permite considerar todas as passagens das Escrituras que têm sido reclamadas neste serviço. Eu devo justamente mencionar duas ou três que são freqüentemente trazidas para provar que todos os crentes devem, mais cedo ou mais tarde, 'caminhar na escuridão'.

8. Um desses está em (Isaias 50:10) 'Quem há entre vós que tema ao Senhor, e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, e não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor, e firme-se sobre o seu Deus'. Mas como aparece, tanto do texto quanto do contexto, que a pessoa aqui falada, alguma vez teve luz? Alguém que seja convencido do pecado 'teme o Senhor, e obedece a voz de seu servo'. E ele, nós podemos afirmar, embora esteja ainda na escuridão da alma, e nunca tenha visto a luz do semblante de Deus, ainda assim, 'confia no nome do Senhor, e permanece junto ao seu Deus'. Este texto, portanto, não prova nada menos, que o crente em Cristo 'deve, algumas vezes, caminhar na escuridão'.

9. Um outro texto que tem sido suposto falar da mesma doutrina está em (Oséias 2:14) 'Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração'. Disto tem sido inferido que Deus irá trazer todo crente para o deserto, para o estado de morte e escuridão. Mas é certo que o texto não fala tal coisa; porque não parece que ele fala de alguns crentes em particular, afinal: Ele manifestadamente se refere à nação judaica; e, talvez, a esta apenas. Mas, se ela for aplicável às pessoas específicas, o significado claro dele é este: - eu irei atraí-lo pelo amor; em seguida, irei convencê-lo do pecado; e, então, confortá-lo, através da misericórdia redentora.

10. A terceira Escritura, da qual a mesma inferência tem sido esboçada é aquela acima citada: (João 16:22) 'Assim também vós agora, na verdade, tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém vo-la tirará'. Mas tem sido suposto que isto significa que Deus, depois de um tempo, se afastaria de todos os crentes; e que eles não poderiam, até que eles estivessem assim entristecidos, ter a alegria que nenhum homem poderia tirar deles. Mas o contexto todo mostra que nosso Senhor está aqui falando, estritamente, aos Apóstolos, e não a outros; e que Ele está falando, concernente aqueles eventos particulares, sua própria morte e ressurreição. 'Por algum tempo', diz ele, 'e vocês não mais me verão'; a saber, enquanto eu estiver na sepultura: 'E novamente, por algum tempo, e vocês não verão a mim'; quando eu tiver me erguido dos mortos. Vocês irão chorar e lamentar, e o mundo irá se regozijar: Mas a tristeza de vocês se tornará em alegria. – 'Vocês agora têm tristeza', porque eu estou preste a ser tirado do comando de vocês; 'mas eu verei vocês novamente', depois de minha ressurreição, 'e seus corações irão se regozijar; e a alegria', que eu, então, lhes darei, 'nenhum homem poderá tirar de vocês'. Tudo isto nós sabemos foi literalmente cumprido no caso particular dos Apóstolos. Mas nenhuma inferência pode ser esboçada disto com respeito aos acordos de Deus para com os crentes em geral.

11. O quarto texto que tem sido freqüentemente citado como prova da mesma doutrina (para não mencionar mais) está em (I Pedro 4:12) 'Amados, não achem estranho, com respeito à prova ardente que irá testar vocês'. Mas isto é tão completamente deslocado do ponto quanto o precedente. O texto, literalmente afirmado segue assim: 'Amados, não estranhem a ardente prova que vem sobre vocês para tentá-los'. Agora, como quer que isto seja acomodado às provas interiores, em um sentido secundário; ainda assim, primariamente, ela, sem dúvida, se refere ao martírio e sofrimentos ligados a eles. Nem este texto tem, portanto, alguma coisa, afinal, com o propósito para o qual ele é citado. E nós podemos desafiar todos os homens a trazerem um texto, se do Velho, ou do Novo Testamento, que tenha alguma mais a ver com o proposto do que este. 

12. 'Mas as trevas não são de mais proveito para a alma do que a luz? A obra de Deus no coração, não é mais prontamente e efetivamente conduzida, durante o estado de sofrimento interior? O crente não é mais prontamente e totalmente purificado pela tristeza do que pela alegria? – através da angústia, dor, aflição, e martírios espirituais, do que pela paz contínua?'. Assim os místicos ensinam; assim está escrito em seus livros; mas não nos oráculos de Deus. As Escrituras, em parte alguma diz que a ausência de Deus aperfeiçoa sua obra no coração! Antes, Sua presença, e a comunhão clara com o Pai e o Filho: Uma forte consciência disto fará mais em uma hora, do que sua ausência em um século.  A alegria no Espírito Santo irá mais efetivamente purificar a alma, do que a falta daquela alegria; e a paz de Deus é o melhor meio de refinar alma dos entulhos das afeições mundanas. Retire, então, a opinião inútil, de que o reino de Deus está dividido contra si mesmo; de que a paz de Deus e a alegria no Espírito Santo são obstrutivas da retidão; e de que somos salvos, não pela fé, mas pela incredulidade; não pela esperança, mas pelo desespero!

13. Por quanto tempo os homens sonharem assim, eles bem poderão 'caminhar nas trevas': Nem o efeito poderá cessar, até que a causa seja removida. Mas, ainda assim, nós não devemos imaginar que ela cesse imediatamente, mesmo quando a causa não existe mais. Quando tanto a ignorância quanto o pecado causaram as trevas, um ou outro pode ser removido; porém, a luz que era obstruída por meio deles pode não retornar imediatamente. Como se trata do dom livre de Deus, Ele pode restaurá-lo, cedo ou tarde, como agradar a Ele. O pecado começa, antes da punição, que pode justamente permanecer depois do pecado ter terminado. E mesmo no curso natural das coisas, embora uma ferida não possa ser curada, enquanto o dardo estiver cravado na pele; não necessariamente ele é curado, tão logo este é arrancado dela, mas a sensação dolorosa e a dor podem permanecer muito depois.

14.  Por fim, se as trevas forem ocasionadas pelas múltiplas, pesadas, e inesperadas tentações, a melhor maneira de remover e prevenir isto é ensinar aos crentes a sempre esperar a tentação, vendo que eles habitam, em um mundo pecaminoso, em meio aos espíritos iníquos, hábeis e maliciosos, e têm um coração capaz de todo o mal. Convença-os de que toda a obra da santificação não é, como eles imaginam, forjada imediatamente; e que, no primeiro momento em que crêem, eles não passam de bebês recém-nascidos, que irão gradualmente se tornar adultos, e podem esperar muitas tentações, antes que eles tenham a estatura completa de Cristo. Acima de tudo, permita-lhes serem instruídos a não raciocinem com o diabo, quando a tempestade cair sobre eles, mas a orem; que eles; a derramarem suas almas diante de Deus, e a mostrarem a Ele as suas preocupações. E estas são as pessoas, junto aos quais, principalmente, somos capazes de aplicar as grandes e preciosas promessas; não para o ignorante, até que a ignorância seja removida; muito menos, ao pecador impenitente. A esses nós podemos, largamente e afetuosamente, declarar a bondade amorosa de Deus, nosso Salvador; discorrer sobre suas misericórdias ternas, que têm existido desde sempre. Aqui, nós podemos habitar junto à fidelidade de Deus, cuja 'palavra é testada ao extremo'; e junto à virtude daquele sangue que foi derramado por nós, para 'nos limpar de todo pecado': E Deus irá, então, ser testemunha de Sua palavra, e tirar suas almas para fora dos problemas. Ele dirá: 'Levanta, brilha; porque tua luz é vinda, e a glória do Senhor está sobre ti'. Sim, e que luz, se você caminha humildemente e intimamente com Deus, irá 'brilhar mais e mais junto ao dia perfeito'. 

 [Editado por Joshua Williams, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções de George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]