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quinta-feira, 16 de julho de 2020

O Estado De Deserto


John Wesley
           
'Assim também vós agora, na verdade, tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém vo-la tirará'. (João 16:22)

1. Depois de Deus ter operado um grande livramento para Israel, trazendo seu povo para fora da casa de escravidão, eles não entraram imediatamente na terra que Ele havia prometido aos seus antepassados; mas 'perderam o caminho no deserto', e foram variavelmente tentados e afligidos. De igual maneira, depois de Deus tê-los livrado daquele medo da escravidão do pecado e satanás; depois que eles foram 'justificados livremente, pela Sua graça, através da redenção que está em Jesus', ainda assim, não muitos deles, entraram imediatamente 'no descanso que permanece para o povo de Deus'. A grande parte deles perdeu-se, mais ou menos, do bom caminho que Ele trouxe a eles. Eles vieram, por assim dizer, para um 'enorme deserto devastado', onde foram tentados e atormentados de várias maneiras. E isto, alguns, em alusão ao caso dos israelitas, têm denominado 'um estado de deserto'.

2. É certo que a condição em que esses se encontraram merece a mais terna compaixão. Eles labutaram debaixo de doenças terríveis e maléficas; embora comumente não compreendessem bem; e, por esta mesma razão, foi mais difícil a eles encontrarem um remédio. Não é possível supor que eles mesmos, estando na escuridão, entenderam a natureza da própria enfermidade; e poucos desses irmãos; talvez, de seus professores, sabiam a doença deles, assim como curá-la. Assim sendo, existe ainda mais necessidade de inquirir:

I. Em Primeiro Lugar, qual a natureza desta enfermidade?

II. Em Segundo Lugar, qual a causa?

III. Em Terceiro Lugar, qual a cura para ela?

I

1. Primeiro: Qual a natureza desta enfermidade, que acometeu a tantos, depois que eles creram? No que ela propriamente consiste; e quais são os sintomas genuínos dela?

Em Primeiro Lugar, ela consiste propriamente na perda daquela fé que Deus, uma vez, forjou em seus corações. Eles que estão no deserto, não têm agora a 'evidência' divina; aquela convicção satisfatória 'das coisas não vistas', da qual eles desfrutaram uma vez. Eles não têm aquela demonstração interior do Espírito que, antes, os capacitava a dizer: 'A vida que eu vivo, eu vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou, e deu a si mesmo por mim'. A luz dos céus não mais 'brilha em seus corações', nem eles 'vêem a ele que é invisível'; mas a escuridão está novamente no semblante de suas almas, e a cegueira nos olhos de seu entendimento. O Espírito Santo, não mais 'testemunha com seus espíritos, que eles são filhos de Deus'; nem Ele continua como o Espírito de adoção, 'clamando' em seus corações, 'Aba, Pai'.  Eles não têm mais confiança certa em seu amor, e a liberdade de aproximar-se dele com coragem santa. 'Embora ele me mate, ainda assim, eu irei confiar nele', não é mais a linguagem de seus corações; mas eles perderam suas forças, e se tornaram débeis e fracos de espírito, assim como os outros homens.

2. Disto, Em Segundo Lugar, sucede a perda do amor; que não pode deixar de nascer e morrer, ao mesmo tempo, e na mesma proporção, que a fé verdadeira e viva. Assim sendo, eles que estavam desprovidos de sua fé, foram também desprovidos do amor de Deus. Eles não puderam dizer: 'Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que eu amo a Ti'. Eles não estavam felizes em Deus, como todos os que verdadeiramente O amam. Eles não mais se deleitaram Nele, como no passado, e 'sentiram o aroma de seu ungüento'. Antes, todos 'os desejos' deles 'eram junto a Ele, e na lembrança de Seu nome'; agora, mesmo seus desejos estavam frios e sem vida; se não, extremamente extinguidos. E como o amor deles para com Deus tornou-se frio, então, também o seu amor para com seu próximo. Agora, eles não mais tinham aquele zelo pelas almas dos homens; aquele desejo em busca do bem-estar deles; aquele desejo ardoroso, irrequieto, e ativo de serem reconciliados para Deus. Eles não mais sentiam aquelas 'entranhas de misericórdia', pela ovelha perdida, -- aquela 'compaixão pelo ignorante, e por aqueles que estavam fora do caminho'. Antes, eles 'eram gentis em direção a todos os homens'; humildemente instruindo tais que se opunham à verdade; e, 'se alguém era surpreendido na falta, restauravam-no, no espírito da submissão': Mas, depois de uma pausa; talvez, de muitos dias, a ira começou a readquirir seu poder; sim, a impertinência e a impaciência causaram-lhes dores, até que eles caíram; ainda que, algumas vezes, não fossem dirigidos a 'pagar o mal com o mal, e a injúria com a injúria'.   

3. Em conseqüência da perda da fé e amor, segue-se, Em Terceiro Lugar, a perda da alegria no Espírito Santo. Porque, se não mais existe a consciência do perdão, a alegria resultante dela não poderá permanecer. Se o Espírito não mais testemunha com nosso espírito que somos filhos de Deus, a alegria que fluía do testemunho interior deverá também estar no fim. E, de igual maneira, eles que, uma vez, se 'regozijaram com alegria inexprimível', 'na esperança da glória de Deus', agora se encontram desprovidos daquela 'esperança completa da imortalidade'; desprovidos da alegria que ela proporcionava; como também, daquela que resultava da consciência do 'amor de Deus', então, 'espalhado por todo seus corações'. Uma vez a causa, sendo removida, então, também o efeito: Com a fonte sendo represada, essas águas vívidas não mais brotavam frescas para a alma sedenta.

4. Com a perda da fé, amor e alegria, Em Quarto Lugar, sucede também a perda da paz que antes ultrapassava todo o entendimento. Aquela doce tranqüilidade de mente, aquela mansidão de espírito não mais existem. Dúvidas dolorosas retornam; dúvidas, se, alguma vez, cremos, ou, talvez, se deveremos crer. Começamos a duvidar, se encontramos, em nossos corações, o testemunho real do Espírito; se, antes, não enganamos nossas almas, e tomamos a voz da natureza, pela voz de Deus. Mais do que isto, se alguma vez, ouviremos a voz Deus e encontraremos favor aos Seus olhos. E essas dúvidas estavam novamente reunidas ao medo servil, ao medo que causava tormento. Assim como antes de crermos, passamos a temer a ira de Deus: Tememos, com receio de que pudéssemos ser tirados de Sua presença; e, por isto, mergulharmos novamente naquele medo da morte, do qual tínhamos sido libertos anteriormente.

5. Mas, mesmo isto não é tudo; porque a perda da paz é acompanhada com a perda do poder. Nós sabemos que todo aquele que tem paz com Deus, através de Jesus Cristo, tem poder sobre todo o pecado. Mas quando quer que ele perca a paz de Deus, ele perde também o poder sobre o pecado. Enquanto esta paz permanece, o poder também permanece; mesmo sobre o pecado constante, se pecado da sua natureza, constituição, educação, ou aquele de sua crença; sim, e sobre todos aqueles temperamentos e desejos pecaminosos que, até então, ele não pôde vencer; o pecado, então, não tinha mais domínio sobre ele; mas agora, ele é que não tem mais domínio sobre o pecado. De fato, ele pode se esforçar, mas não pode vencer; a coroa saiu de sua cabeça. Seus inimigos novamente prevalecem sobre ele, e, mais ou menos, o trazem cativo. A glória está separada dele, mesmo o reino de Deus que estava em seu coração. Ele está despojado da retidão, assim como da paz e alegria no Espírito Santo.

II

1. Tal é a natureza do que muitos têm denominado, e não impropriamente, 'O Estado de Deserto'. Mas a natureza dele pode ser mais completamente entendida inquirindo, Em Segundo Lugar, quais são as causas dele?

Essas, de fato, são várias. Mas eu não me atrevo a enumerar, em meio a essas, a mera e soberana vontade de Deus. Ele 'se regozija na prosperidade de seus servos: Ele se deleita, não em afligir ou em molestar os filhos dos homens'. Sua vontade invariável é nossa santificação, atendida com 'a paz e alegria no Espírito Santo'. Esses são seus dons gratuitos; e nós afirmamos que 'os dons de Deus são', da parte Dele, 'sem arrependimento'. Ele nunca se arrepende do que dá, ou deseja removê-los de nós. Desta forma, Ele nunca desiste de nós, como alguns dizem; somos nós apenas que desistimos Dele.  

1a. Causa

2. A causa mais usual da escuridão interior é o pecado, de um tipo ou de outro. Isto é o que geralmente ocasiona o que é freqüentemente uma complicação do pecado e miséria. Primeiro, o pecado de cometimento. Este se pode freqüentemente observar, escurece a alma de repente; especialmente, se, se tratar de um pecado conhecido, obstinado ou insolente. Se, por exemplo, uma pessoa que agora está caminhando na luz clara do semblante de Deus, de alguma forma, prevalecer em cometer um ato simples de embriaguez, ou impureza, não seria de se admirar, se, naquela mesma hora, ela caísse na mais profunda escuridão. É verdade que existem alguns casos raros, em que Deus impediu isto, através de uma disposição extraordinária de sua misericórdia redentora, quase no mesmo instante. Mas, em geral, tal abuso da bondade de Deus; tão grosseiro insulto ao seu amor, ocasiona uma imediata alienação de Deus, e uma 'escuridão que pode ser sentida'.

3. Mas, pode-se esperar que este caso não seja muito freqüente; que não existem muitos que assim desprezam as riquezas de sua bondade, enquanto eles caminham em Sua luz; que, tão grosseiramente e presunçosamente, se rebelem contra Ele. Aquela luz é muito mais freqüentemente perdida, ao se dar lugar aos pecados de omissão. Estes, de fato, não extinguem o Espírito imediatamente, mas gradualmente e vagarosamente. O anterior pode ser comparado a derramar água sobre o fogo; o segundo em diminuir o combustível dele. E, muitas vezes, aquele Espírito amoroso reprova ou negligencia, antes de partir de nós. Muitas são os obstáculos interiores, as notícias secretas que Ele dá, antes que Sua influência seja diminuída. De maneira que apenas uma série de omissões, obstinadamente persistida, pode nos levar para a mais extrema escuridão.

4. Talvez, nenhum pecado de omissão mais freqüentemente ocasione isto, do que a negligência da oração privada; a falta dela não pode ser suprida por qualquer outra ordenança que seja. Nada pode ser mais óbvio do que a vida de Deus na alma não mais continuar; muito menos, aumentar, a menos que usemos de todas as oportunidades de comunhão com Deus, e despejemos nossos corações diante Dele. Se, portanto, somos negligentes nisto; se nós permitimos que o trabalho, companhia ou qualquer outra ocupação que seja impeçam esses exercícios secretos da alma, (ou, o que vem a ser a mesma coisa, nos faça passar rapidamente por ela, de uma maneira superficial e sem cuidados), aquela vida irá certamente declinar. E se nós a interrompermos, por muito tempo, ou freqüentemente, ela irá gradualmente morrer.

5. Um outro pecado de omissão, que freqüentemente conduz a alma de um crente para dentro da escuridão, é a negligência do que estava tão fortemente unido, mesmo sob a dispensação judaica: 'Tu deverás, de qualquer forma, repreender teu próximo, e não permitir o pecado sobre ele: Tu não deverás odiar teu irmão no teu coração'.  Agora, se odiamos nosso irmão em nossos corações; se não o alertamos, quando virmos que ele está em falta, mas permitimos o pecado sobre ele, isto logo trará pobreza para nossa própria alma; vendo que, por meio disto, somos cúmplices de seu pecado. Negligenciando reprovar nosso próximo, estamos tornando o pecado dele, nosso próprio pecado: Nós nos tornamos responsáveis por ele diante de Deus: Se virmos o perigo que ele corre, e não o advertimos: Assim, 'se ele perecer em sua iniqüidade'.  Deus pode justamente requerer 'seu sangue de nossas mãos'. Não é de se admirar, então, que se, através disto, afligimos o Espírito Santo, perderemos a luz de Seu semblante.

6. Uma terceira causa de perdermos isto, é dar caminho para algum tipo de pecado interior. Por exemplo: Nós sabemos que todo aquele que é 'orgulhoso no coração, é uma abominação para o Senhor'; e isto, embora esse orgulho do coração não possa aparecer na conversa exterior. Agora, quão facilmente, uma alma, preenchida com a paz e a alegria, pode cair nesta armadilha do diabo! Quão natural, é para ele imaginar que ele tem mais graça, mais sabedoria ou força, do que ele realmente tem, para 'pensar mais altamente de si mesmo do que deveria'. Quão natural, glorificar-se em alguma coisa que ele tenha recebido, como se ele não a tivesse recebido! Mas, vendo que Deus continuamente 'opõe-se ao orgulho, e dá graça' apenas 'para o humilde', isto deve certamente obscurecer, se não, destruir totalmente, a luz que antes brilhava em seus corações.

7. O mesmo efeito pode ser produzido, ao se dar lugar à ira, qualquer que seja a provocação ou oportunidade; sim, embora disfarçada com o nome de zelo pela verdade, ou pela glória de Deus. Na verdade, todo zelo que é outro, que não a chama do amor é 'mundano, animal e diabólico'. É a chama da ira: É a ira clara, pecaminosa, nem melhor, nem pior. E nada é um inimigo tão maior para o amor meigo e gentil de Deus, do que isto: eles nunca subsistiram, nem nunca poderão subsistir juntos em um peito. Na mesma proporção que esta prevalece, o amor e a alegria no Espírito Santo decresce. Isto é particularmente observável no caso da ofensa; eu quero dizer, a ira para com qualquer um de nossos irmãos; a qualquer um desses que estão unidos a nós, seja por alianças civis ou religiosas. Se nós dermos caminho para o espírito da ofensa, nós perderemos as doces influências do Espírito Santo; de modo que, em vez de reformá-los, nós destruiremos a nós mesmos e nos tornaremos presas fáceis para qualquer inimigo que nos assalte.

8. Mas suponha que estejamos vigilantes quanto a esta armadilha do diabo, nós podemos ser atacados de outra parte. Quando a ferocidade e a ira estão adormecidas, e apenas o amor está desperto, nós podemos, não menos, sermos postos em perigo, pelo desejo que igualmente tende a obscurecer a alma. Este é o efeito certo de qualquer desejo tolo; qualquer afeição vã e excessiva. Se nós colocamos nossa afeição nas coisas da terra, em alguma pessoa ou coisa debaixo do sol; se nós desejarmos alguma coisa, a não ser Deus, e o que tende a Deus; se nós buscarmos felicidade em alguma criatura; o Deus zeloso certamente irá contender conosco, porque ele não pode admitir rival. E, se nós não ouvirmos Sua voz de advertência, e retornamos para Ele com toda nossa alma, se continuarmos a afligi-lo com nossos ídolos, e correndo atrás de outros deuses, nós deveremos logo estar frios, improdutivos e estéreis; e o deus deste mundo irá cegar e escurecer nossos corações.

9. Mas isto ele freqüentemente faz, mesmo quando nós não damos chance a algum pecado evidente. É suficiente, ele dar a ele suficiente vantagem; se nós não 'estimularmos o dom de Deus que está em nós'; se nós não agonizamos continuamente para 'entrarmos pelo portão estreito'; se nós, sinceramente, não nos 'esforçamos para obter o domínio', e 'tomarmos o reino dos céus, através da violência'. Não haverá necessidade de lutar, e certamente seremos conquistados. Basta que sejamos apenas descuidados ou 'fracos em nossa mente'; que sejamos fáceis e indolentes, e nossa escuridão natural logo irá retornar, e espalhar-se em nossa alma. Será suficiente, portanto, darmos oportunidade para a indolência espiritual; isto irá certamente escurecer a alma: Irá certamente destruir a luz de Deus, se não tão prontamente, quanto um assassinato ou adultério.

10. Mas deve ser bem observado que a causa da nossa escuridão (qualquer que seja ela, se de omissão, ou cometimento; quer pecado interior ou exterior) não está sempre à mão. Algumas vezes, o pecado que ocasionou a presente angústia pode se situar a uma distância considerável. Ele pode ter sido cometido, dias, semanas, ou meses antes. E o fato de Deus retirar agora sua luz e paz, por causa do que foi feito tanto tempo atrás, não é (como algum poderia a princípio imaginar) um exemplo de sua severidade, mas, antes, uma prova de sua misericórdia longânime e terna. Ele esperou todo este tempo, para que, por acaso, pudéssemos ver, reconhecer e corrigir o que estava impróprio. E na falta disto, Ele, por fim, mostrou seu desprazer, para que, assim, pelo menos, Ele pudesse nos trazer ao arrependimento.  

2a. Causa

1. Uma outra causa geral desta escuridão, é a ignorância, que é igualmente de vários tipos. Se os homens não conhecem as Escrituras; se eles imaginam que existem passagens, tanto no Velho, quanto no Novo Testamento que afirmam que todos os crentes, sem exceção devem, algumas vezes, estarem na escuridão; esta ignorância irá naturalmente trazer sobre eles a escuridão que eles esperavam. E quão comum tem sido o caso, em nosso meio! Quão poucos existem que não esperam isto! E não é de se admirar, uma vez que eles são ensinados a esperarem-na; uma vez que seus guias os conduzem para este caminho. Não apenas os escritores místicos da Igreja de Roma, mas muitos dos mais espirituais e experimentais em nossa própria Igreja (poucos foram exceção no último século) colocam isto com toda a segurança, como uma doutrina Bíblica clara e inquestionável, e citam muitos textos para provarem.

2. A ignorância também da obra de Deus na alma, freqüentemente ocasiona esta escuridão. Os homens imaginam (porque eles assim têm sido ensinados; particularmente, pelos escritores da comunhão papista, cujas afirmativas plausíveis, muitos dos protestantes têm recebido sem um exame devido) que eles não caminham sempre na fé luminosa.  Que este é apenas um plano menor; que como eles subiram muito alto, eles devem deixar esses confortos sensíveis, e viverem pela fé nua (nua, de fato, se ela for despida pelo amor, paz e alegria no Espírito Santo!); que o estado de luz e alegria é bom, mas que o estado de escuridão e aspereza é melhor; que é somente através desses que podemos ser purificados do orgulho, amor ao mundo e do amor próprio desordenado; e que, portanto, nós não devemos, nem esperar, nem desejar caminharmos sempre na luz. Conseqüentemente é que, (embora outras razões possam ocorrer) o principal corpo de homens devotos na Igreja papista geralmente caminha na escuridão desconfortável, e se, alguma vez ele recebeu, logo perdeu a luz de Deus.

3a. Causa

1. A Terceira causa geral desta escuridão é a tentação. Quando a luz do Senhor brilha sobre nossa cabeça, a tentação freqüentemente foge, e desaparece totalmente. Tudo está calmo por dentro; talvez, por fora também, enquanto Deus faz com que nossos inimigos estejam em paz conosco. É, então, muito natural supor que nós não possamos ver a guerra mais. E existem muitos exemplos, onde esta calma tem continuado, não apenas por semanas, mas por meses e anos. Mas, comumente acontece o contrário: Em pouco tempo, 'os ventos sopram, a chuva cai, e as inundações se erguem' renovadas. Eles que não conhecem o Pai, nem o Filho, e, conseqüentemente, odeiam os filhos de Deus, quando Ele afrouxa as rédeas que estão em seus dentes, mostram aquele ódio de várias maneiras. Como no passado, 'ele que nasceu segundo a carne perseguiu aquele que nasceu segundo o Espírito, assim como é hoje'; a mesma causa produz ainda o mesmo efeito. O mal que ainda permanece no coração irá também se movimentar; a ira, e muitas outras raízes da amargura irão se esforçar para brotarem. Ao mesmo tempo, satanás não será deficiente em lançar seus dardos flamejantes; e a alma terá de lutar, não apenas com o mundo, não apenas 'com a carne e o sangue, mas com principados e potestades; com os soberanos da escuridão deste mundo; com os espíritos maus nos lugares elevados'. Agora, quando tantos assaltos são feitos de repente, e, talvez, com a mais extrema violência, não é estranho que possa ocasionar, não apenas aflição, mas também escuridão no crente fraco; -- mais especialmente, se ele não esteve vigiando; se esses assaltos foram feitos, em uma hora em que ele não os viu; quando ele esperava nada menos, mas credulamente dissera a si mesmo, -- o dia do diabo não retornará mais. 

2. A força dessas tentações, que se erguem interiormente, serão excessivamente alimentadas, se, antes, superestimarmos a nós mesmos, como se nós já estivéssemos limpos de todo pecado. E quão naturalmente, imaginamos isto durante o entusiasmo do nosso primeiro amor! Quão prontos, estamos em acreditar que Deus 'cumpriu em nos' toda 'a obra de fé com poder!'. Que, porque nós não sentimos o pecado, nós não temos mais algum deles em nós; e que a alma é toda amor! E bem pode um ataque severo de um inimigo, que nós supomos estar não apenas derrotado, mas morto, nos atirar para dentro da maior opressão da alma; sim, algumas vezes, para a mais extrema escuridão. Particularmente, quando raciocinamos com este inimigo, em vez de, imediatamente, clamarmos a Deus, e nos colocarmos em Suas mãos, através da fé simples no 'único sabe como livrar' a nós 'da tentação'.  

III

Estas são as causas comuns desta segunda escuridão. Em Terceiro Lugar, vamos inquirir, qual é a cura para ela?

1. Supor que isto seja uma e a mesma coisa em todos os casos, é um erro fatal; e ainda assim, extremamente comum, mesmo em meio a muitos que passam por cristãos experimentados; sim, talvez, professores em Israel, e guias de outras almas. Assim sendo, eles conhecem e usam apenas um medicamento, qualquer que seja a causa da enfermidade. Eles começam imediatamente aplicando as promessas; a pregar o Evangelho, como eles o denominam. Dar conforto é o único objetivo que eles almejam; para o qual eles dizem coisas muito delicadas e ternas, concernentes ao amor de Deus aos pobres pecadores desamparados, e da eficácia do sangue de Cristo. Agora, isto é, na verdade, charlatanice, e da pior espécie, uma vez que tende, se não a matar os corpos dos homens; ainda assim, sem a misericórdia peculiar de Deus, 'a destruir seus corpos e suas almas no inferno'. É difícil falar desses negociantes de promessas, como eles merecem. Eles bem merecem o título que tem sido, de maneira ignorante, dado a outros: Eles são charlatões espirituais. Eles, em efeito, tornam 'o sangue da aliança uma coisa impura'. Eles prostituem perversamente as promessas de Deus, aplicando-as, sem qualquer distinção. Visto que, na verdade, a cura das enfermidades espirituais, assim como corpóreas devem ter vários medicamentos, conforme as suas várias causas. A primeira coisa, portanto, é encontrar a causa; e isto irá naturalmente apontar a cura.

2. Por exemplo: É o pecado que ocasiona a escuridão? Que pecado? É o pecado exterior de que tipo? A sua consciência o acusa de cometer algum pecado, por meio do qual você aflige o Espírito Santo? É por este motivo que Ele está separado de você, e aquela alegria e paz não estão mais consigo? E como você espera que elas possam retornar, até que você tire fora esta coisa detestável? 'Que o pecaminoso renuncie a seu caminho'; 'limpe suas mãos, vocês pecadores'; 'tire o mal de seus feitos'; desta forma, sua 'luz deverá brilhar na obscuridade', e o Senhor irá retornar e 'perdoar abundantemente'.

3. Se, depois de uma procura minuciosa, você não puder encontrar pecado de cometimento que ocasione a nuvem sobre sua alma, inquira a seguir, se não existe algum pecado de omissão que separa você de Deus. Você 'não permitiu o pecado junto a seu irmão?'. Você não reprovou aqueles que pecaram aos seus olhos? Você caminhou em todas as ordenanças de Deus? Nas orações públicas, familiares, privadas? Se não, se você habitualmente negligencia qualquer um desses deveres conhecidos, como você pode esperar que a luz do semblante de Deus continue a brilhar junto a você? Apresse-se para 'fortalecer as coisas que permanecem', então, sua alma deverá viver. 'Hoje, se você ouvir a voz Dele', através de Sua graça, supra o que está faltando. Quando você ouvir uma voz atrás de si dizendo, 'Este é o caminho, caminhe nele', não endureça seu coração; não seja mais 'desobediente ao chamado celeste'. Até que o pecado, se de omissão ou cometimento, seja removido, todo conforto é falso e enganoso. Ele está apenas brilhando sobre a ferida que ainda ulcera e causa inflamação abaixo. Não busque pela paz dentro, até que você esteja em paz com Deus; o que não poderá acontecer sem 'os frutos do arrependimento'.

4. Talvez, você não esteja consciente; até mesmo, de algum pecado de omissão que diminuiu sua paz e alegria no Espírito Santo. Não existe, então, algum pecado interior que, como a raiz da amargura, brota em seu coração para atormentar você? A sua aspereza e aridez da alma não foram ocasionadas, porque seu coração 'se afastou do Deus vivo?'. A 'raiz do orgulho não avança contra' você? Você não 'tem pensado mais elevado sobre si mesmo do que deveria?'. Você não tem atribuído o seu sucesso, em qualquer empreendimento, à sua própria coragem, força ou sabedoria? Você não tem se vangloriado de alguma coisa que 'recebeu, como se não tivesse recebido?'. Você não tem se gloriado em coisa alguma, 'salvo sobre a cruz de nosso Senhor Jesus Cristo?'. Você não buscou ou desejou o louvor de homens? Você não teve prazer nisto? Se assim for, você sabe o caminho que deve tomar. Se você caiu por causa do orgulho, 'humilhe-se, debaixo da mão poderosa de Deus, e Ele irá exaltar você no devido tempo'. Você não o obrigou a partir de você, dando lugar à ira? Você não tem 'se afligido por causa do descrente' ou 'sido objeto de inveja dos malfeitores?'. Você não tem se ofendido com quaisquer de seus irmãos, olhando para os seus pecados (reais ou imaginários), de maneira a pecar você mesmo contra a grande lei do amor, afastando seu coração deles? Então, olhe para o Senhor, para que você possa renovar suas forças; para que toda esta aspereza e frieza possam sair; para que o amor, a paz e a alegria possam retornar, juntas, e para que você possa ser invariavelmente gentil, e 'bondoso de coração, perdoando, um ao outro, assim como Deus, por causa de Cristo, perdoou a você'. Você tem dado lugar a algum desejo tolo? A alguma espécie ou grau de afeição excessiva? Como, então, o amor de Deus pode ter lugar no seu coração, até que você jogue fora seus ídolos? 'Não se engane: Deus não é falso': Ele não irá habitar em um coração dividido. Por quanto tempo, portanto, você afagar Dalila em seu peito, Ele não terá lugar lá. É inútil esperar por uma recuperação de Sua luz, até que você arranque o olho direito, e o atire para longe de si. Ó, que não haja uma demora maior! Clame a Ele, para que Ele possa capacitar você a assim fazer! Lamente a sua impotência e desamparo; e com o Senhor, sendo seu ajudador, entre no portão estreito; tome o reino dos céus veementemente! Atire fora todo ídolo de seu santuário, e a glória do Senhor logo deverá aparecer.

5. Talvez, seja exatamente isto, a necessidade de empenho, a indolência espiritual que mantêm sua alma na escuridão. Você habita em paz na terra; não existe guerra em suas costas; e então você está quieto e despreocupado. Você segue em frente, na mesma trilha das obrigações exteriores, e está satisfeito lá para continuar. E você se surpreende, entretanto, que sua alma esteja morta? Oh! Movimente-se diante do Senhor! Levante-se e sacuda o pó; lute com Deus pela bênção poderosa: derrame sua alma junto a Deus, na oração, e continue nisto com toda perseverança! Vigie! Acorde do sono; e se mantenha acordado! Do contrário, nada poderá ser esperado, a não ser que você se aliene, mais e mais, da luz e vida de Deus.

6. Se, em um exame completo e mais imparcial de si mesmo, você não puder discernir que você, no momento, dá lugar, tanto à indolência espiritual, ou algum outro pecado interior ou exterior, então, traga à lembrança o tempo que é passado. Considere seus temperamentos anteriores, palavras e ações. Estes têm estado corretos diante de Deus? 'Converse intimamente com Ele em seu aposento, e esteja quieto'; e deseje que Ele investigue a razão de seu coração, e traga para sua lembrança o que quer que, em qualquer tempo, tenha ofendido os olhos de Sua glória. Se a culpa de algum pecado não arrependido permanecer em sua alma, você irá permanecer na escuridão, até que, tendo sido renovado pelo arrependimento, você possa novamente ser lavado pela fé na 'fonte aberta para o pecado e impureza'.

7. Inteiramente diferente será a maneira de curar, se a causa da enfermidade não for o pecado, mas a ignorância. Pode ser a ignorância do significado das Escrituras; talvez, ocasionada pelos explanadores ignorantes; ignorância, pelo menos, neste aspecto, qualquer conhecimento e aprendizado que eles possam ter em outros particulares. E, neste caso, aquela ignorância deve ser removida, antes que possamos remover a escuridão se erguendo dela. Nós devemos mostrar o verdadeiro significado daqueles textos que têm sido mal compreendidos. Meu objetivo não me permite considerar todas as passagens das Escrituras que têm sido reclamadas neste serviço. Eu devo justamente mencionar duas ou três que são freqüentemente trazidas para provar que todos os crentes devem, mais cedo ou mais tarde, 'caminhar na escuridão'.

8. Um desses está em (Isaias 50:10) 'Quem há entre vós que tema ao Senhor, e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, e não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor, e firme-se sobre o seu Deus'. Mas como aparece, tanto do texto quanto do contexto, que a pessoa aqui falada, alguma vez teve luz? Alguém que seja convencido do pecado 'teme o Senhor, e obedece a voz de seu servo'. E ele, nós podemos afirmar, embora esteja ainda na escuridão da alma, e nunca tenha visto a luz do semblante de Deus, ainda assim, 'confia no nome do Senhor, e permanece junto ao seu Deus'. Este texto, portanto, não prova nada menos, que o crente em Cristo 'deve, algumas vezes, caminhar na escuridão'.

9. Um outro texto que tem sido suposto falar da mesma doutrina está em (Oséias 2:14) 'Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração'. Disto tem sido inferido que Deus irá trazer todo crente para o deserto, para o estado de morte e escuridão. Mas é certo que o texto não fala tal coisa; porque não parece que ele fala de alguns crentes em particular, afinal: Ele manifestadamente se refere à nação judaica; e, talvez, a esta apenas. Mas, se ela for aplicável às pessoas específicas, o significado claro dele é este: - eu irei atraí-lo pelo amor; em seguida, irei convencê-lo do pecado; e, então, confortá-lo, através da misericórdia redentora.

10. A terceira Escritura, da qual a mesma inferência tem sido esboçada é aquela acima citada: (João 16:22) 'Assim também vós agora, na verdade, tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém vo-la tirará'. Mas tem sido suposto que isto significa que Deus, depois de um tempo, se afastaria de todos os crentes; e que eles não poderiam, até que eles estivessem assim entristecidos, ter a alegria que nenhum homem poderia tirar deles. Mas o contexto todo mostra que nosso Senhor está aqui falando, estritamente, aos Apóstolos, e não a outros; e que Ele está falando, concernente aqueles eventos particulares, sua própria morte e ressurreição. 'Por algum tempo', diz ele, 'e vocês não mais me verão'; a saber, enquanto eu estiver na sepultura: 'E novamente, por algum tempo, e vocês não verão a mim'; quando eu tiver me erguido dos mortos. Vocês irão chorar e lamentar, e o mundo irá se regozijar: Mas a tristeza de vocês se tornará em alegria. – 'Vocês agora têm tristeza', porque eu estou preste a ser tirado do comando de vocês; 'mas eu verei vocês novamente', depois de minha ressurreição, 'e seus corações irão se regozijar; e a alegria', que eu, então, lhes darei, 'nenhum homem poderá tirar de vocês'. Tudo isto nós sabemos foi literalmente cumprido no caso particular dos Apóstolos. Mas nenhuma inferência pode ser esboçada disto com respeito aos acordos de Deus para com os crentes em geral.

11. O quarto texto que tem sido freqüentemente citado como prova da mesma doutrina (para não mencionar mais) está em (I Pedro 4:12) 'Amados, não achem estranho, com respeito à prova ardente que irá testar vocês'. Mas isto é tão completamente deslocado do ponto quanto o precedente. O texto, literalmente afirmado segue assim: 'Amados, não estranhem a ardente prova que vem sobre vocês para tentá-los'. Agora, como quer que isto seja acomodado às provas interiores, em um sentido secundário; ainda assim, primariamente, ela, sem dúvida, se refere ao martírio e sofrimentos ligados a eles. Nem este texto tem, portanto, alguma coisa, afinal, com o propósito para o qual ele é citado. E nós podemos desafiar todos os homens a trazerem um texto, se do Velho, ou do Novo Testamento, que tenha alguma mais a ver com o proposto do que este. 

12. 'Mas as trevas não são de mais proveito para a alma do que a luz? A obra de Deus no coração, não é mais prontamente e efetivamente conduzida, durante o estado de sofrimento interior? O crente não é mais prontamente e totalmente purificado pela tristeza do que pela alegria? – através da angústia, dor, aflição, e martírios espirituais, do que pela paz contínua?'. Assim os místicos ensinam; assim está escrito em seus livros; mas não nos oráculos de Deus. As Escrituras, em parte alguma diz que a ausência de Deus aperfeiçoa sua obra no coração! Antes, Sua presença, e a comunhão clara com o Pai e o Filho: Uma forte consciência disto fará mais em uma hora, do que sua ausência em um século.  A alegria no Espírito Santo irá mais efetivamente purificar a alma, do que a falta daquela alegria; e a paz de Deus é o melhor meio de refinar alma dos entulhos das afeições mundanas. Retire, então, a opinião inútil, de que o reino de Deus está dividido contra si mesmo; de que a paz de Deus e a alegria no Espírito Santo são obstrutivas da retidão; e de que somos salvos, não pela fé, mas pela incredulidade; não pela esperança, mas pelo desespero!

13. Por quanto tempo os homens sonharem assim, eles bem poderão 'caminhar nas trevas': Nem o efeito poderá cessar, até que a causa seja removida. Mas, ainda assim, nós não devemos imaginar que ela cesse imediatamente, mesmo quando a causa não existe mais. Quando tanto a ignorância quanto o pecado causaram as trevas, um ou outro pode ser removido; porém, a luz que era obstruída por meio deles pode não retornar imediatamente. Como se trata do dom livre de Deus, Ele pode restaurá-lo, cedo ou tarde, como agradar a Ele. O pecado começa, antes da punição, que pode justamente permanecer depois do pecado ter terminado. E mesmo no curso natural das coisas, embora uma ferida não possa ser curada, enquanto o dardo estiver cravado na pele; não necessariamente ele é curado, tão logo este é arrancado dela, mas a sensação dolorosa e a dor podem permanecer muito depois.

14.  Por fim, se as trevas forem ocasionadas pelas múltiplas, pesadas, e inesperadas tentações, a melhor maneira de remover e prevenir isto é ensinar aos crentes a sempre esperar a tentação, vendo que eles habitam, em um mundo pecaminoso, em meio aos espíritos iníquos, hábeis e maliciosos, e têm um coração capaz de todo o mal. Convença-os de que toda a obra da santificação não é, como eles imaginam, forjada imediatamente; e que, no primeiro momento em que crêem, eles não passam de bebês recém-nascidos, que irão gradualmente se tornar adultos, e podem esperar muitas tentações, antes que eles tenham a estatura completa de Cristo. Acima de tudo, permita-lhes serem instruídos a não raciocinem com o diabo, quando a tempestade cair sobre eles, mas a orem; que eles; a derramarem suas almas diante de Deus, e a mostrarem a Ele as suas preocupações. E estas são as pessoas, junto aos quais, principalmente, somos capazes de aplicar as grandes e preciosas promessas; não para o ignorante, até que a ignorância seja removida; muito menos, ao pecador impenitente. A esses nós podemos, largamente e afetuosamente, declarar a bondade amorosa de Deus, nosso Salvador; discorrer sobre suas misericórdias ternas, que têm existido desde sempre. Aqui, nós podemos habitar junto à fidelidade de Deus, cuja 'palavra é testada ao extremo'; e junto à virtude daquele sangue que foi derramado por nós, para 'nos limpar de todo pecado': E Deus irá, então, ser testemunha de Sua palavra, e tirar suas almas para fora dos problemas. Ele dirá: 'Levanta, brilha; porque tua luz é vinda, e a glória do Senhor está sobre ti'. Sim, e que luz, se você caminha humildemente e intimamente com Deus, irá 'brilhar mais e mais junto ao dia perfeito'. 

 [Editado por Joshua Williams, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções de George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]


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